Depois de tanto tempo, resolvi postar um maiorzinho.
Capítulo narrado por Pepelu.
Capítulo 8 - O erro de Pepelu.
Eu esperava ser chamado em uma sala ao lado da que acontecia a reunião. Arieswar queria que eu entrasse e relatasse os fatos que testemunhei; a chegada do homem, a morte de Lynda e o depósito do bilhete no altar. O problema é que Arieswar achava que eu sabia demais.
Em um momento de raiva e inveja do homem que liderava e dava ordens às tropas, eu contei-lhe que vi o rosto do sujeito de relance, e tinha uma teoria um tanto quanto perturbadora. A primeira afirmativa, para o meu arrependimento e desespero atual, era completamente falsa. Eu não tinha visto nada daquele sujeito que adentrara na sala a não ser suas botas, isso, aliás, era a única prova que eu tinha do sexo da pessoa. Com pouco menos eu nem saberia se era mesmo um homem.
Agora eu me encontrava prestes a entrar na sala do Conselho de Segurança Real, onde teria que me desmentir perante aos homens mais poderosos de Thais, e arriscar minha reputação, ou continuar a mentira, na qual, se desmascarado, poria em risco minha liberdade.
A decisão teria que ser tomada rapidamente. A curto prazo era preferível eu manter a mentira, mas sabia que estaria arriscando a vida, de certa forma, boa que eu tinha por uma cela suja e tenebrosa, poucos metros abaixo do andar onde eu me encontrava.
A porta da sala fez um leve estampido e um cavalheiro me chamou:
- Senhor, por favor, me acompanhe.
Eu o segui até a sala na qual eu me imaginava muito ultimamente, mas em outras circunstâncias. A sala de reuniões do Conselho de Segurança Real era bem mais ampla do que eu pensava. Seus candelabros de ouro desciam do teto e beiravam as mesas de mogno reluzente. Eu achava que as coisas na cidade estavam muito erradas. Havia muito mais pobres do que ricos, e eu mesmo já tinha tido que trabalhar duro para arranjar dinheiro na infância. Sempre me imaginei naquela sala com poderes para mudar essas coisas, mas nunca numa situação difícil como aquela.
Numa longa mesa estavam as pessoas que me aguardavam. Fiz um cumprimento ao Rei e sentei-me numa cadeira indicada pelo próprio; minhas mãos suavam e eu ficava cada segundo mais nervoso. Aqueles olhares me assustaram, e tomei uma decisão muito tola: resolvi manter a mentira.
Enquanto todos me escutavam com toda sua atenção, eu ia tentando dar o mínimo de detalhes, para não me comprometer caso me pedissem um novo testemunho depois. Inventei uma face para o homem e algumas outras características corporais. Quando perguntado sobre a teoria que eu tinha, respirei fundo e disse algo que era, verdadeiramente, perturbador para mim:
- Não quero dar nenhuma afirmação equivocada, senhores, – a mentira anterior já estava de bom tamanho – porém vejo uma pequena possibilidade desse homem não ter invocado a criatura. Ele poderia ter de fato, não sei como, sido o monstro.
Todos se encararam por alguns instantes, sem falar nada, até que um dos Senadores deu a primeira palavra para a bagunça que aquela mesa logo se tornaria:
- Isso é absurdo!
A partir dali todos começaram a falar ao mesmo tempo e não se entendia mais o que se passava. Agora era tarde demais para eu me desmentir ou voltar atrás em qualquer coisa.
- Silêncio – disse o Rei, levantando-se, e todos se calaram – Já ouvi tudo que preciso inicialmente. Declaro encerrada essa reunião.
Após o Rei levantar-se e reverenciarmos-lhe outra vez, cada um seguiu seu rumo. Eu pretendia ir à casa de Octavian, mas quando ia saindo Arieswar segurou meu braço e pediu-me um minuto de sua atenção. Fomos até uma janela no final de um corredor, onde ele admirou longamente a cidade antes de ser direto comigo:
- Sabe, Pepelu, eu acho fantástica essa teoria que você apresentou. – ele sorria levemente, como uma criança que pensa no presente que receberá dentro de algum tempo – Isso quer dizer que há muita gente forte por aí, e há muitas coisas novas nesse velho mundo.
- É pra isso que trabalhamos nas expedições de expansão, não é?
- Sim, sim. – ele começou a andar em círculos – Só se vive uma vez, acredito eu, e por isso quero conhecer ao máximo tudo que a vida há de nos oferecer. Queria desvendar cada duna, cada caverna, conhecer cada pessoa e cada animal que divide esse chão conosco, porém eu reconheço que isso seja impossível. Entretanto, caro amigo, essa é uma história que não quero deixar para trás; não só pelas vidas que estão ameaçadas, mas pelo mistério que parece haver sobre ela.
Confirmei com a cabeça. Ele estava admirado com essa fantasia que criei; tanto que resolvi criar uma nova possibilidade, mas com o máximo de eufemismo:
- Contudo é essencial sabermos que eu posso estar errado. O rosto do sujeito é apenas uma vaga lembrança para mim.
- Mas você se lembra, não lembra? – perguntou, com uma inquietante desconfiança.
Demorei um pouco para responder.
- O mais importante é a possibilidade que eu levantei.
- Pepelu! – ele me encarava estarrecido – Você não inventou isso, não foi? – maldição, o filho da mãe já sabia e eu não podia negar - Tem idéia da gravidade de uma mentira?
Eu não respondi.
- DROGA! Pepelu, por sua causa eles podem estão com pistas falsas que podem empacar a busca!
- Calma, Arie...
- NÃO ME MANDE FICAR CALMO!
- Seja razoável...
- NÃO ERA O SEU NOME NAQUELE PAPEL!
Não conseguia falar nada, uma lágrima de raiva e agonia queria escorrer pelo rosto do cavaleiro, que a mantinha guardada nos olhos.
- O rei precisa saber disso. - falou ele firmemente.
Eu já tinha arriscado, não dava para voltar atrás, não podia deixá-lo fazer isso.
- Por favor, Arieswar. Por favor, você é influente, não faça isso diretamente. Retire a face de Ferumbras da cabeça do Rei de uma forma discreta, eu lhe peço.
- FACE QUE VOCÊ CRIOU! – gritou ele – Não posso arriscar tantas vidas a troco de uma, Pepelu.
Olhei ele virar o corredor enquanto pensava que daria tudo para voltar no tempo.
··Hail the prince of Saiyans··
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