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Tópico: O Sangue de Crunor

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  1. #1
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    @Dard: Eu parei de escrever a história e o tópico foi fechado por pedido meu. Agora que estou com um bom tempo livre (não tanto) novamente, vou retornar com o projeto.
    Como estou em época de provas vou repor os capítulos enquanto escrevo os inéditos.

    @Hutch: Eu gosto de underline.

    @Blarow: Sim senhora, é você. :*

    Bem, aproveitando que estou aqui...


    Capítulo 1 – O filho de Edgar Fall.


    - No início havia apenas um grande vácuo. – suas palavras ecoavam pelo saguão e era rapidamente absorvida pelos pequenos que o observavam com curiosidade e respeito – Neste vazio duas poderosas entidades apareceram, sendo por fim conhecidos como os deuses anciões: Fardos, o Criador e Uman Zathroth, o Destruidor. – um sorriso de desdenho surgia no canto direito de sua boca, enquanto seu óculos redondo e pequeno descansava sobre seu nariz levemente curvado.

    Um livro repousava sobre o colo do ancião, aberto e um dos seus dedos cumpridos e finos tocava a primeira página deste. O velho deixara o livro ali, mas não havia olhado nem sequer uma vez para ele. Contara tantas vezes a mesma história que as palavras saiam quase como automaticamente de sua boca, enquanto os pequenos ouviam as palavras do velho e seus olhos cintilavam quando o mago movimentava sua mão levemente e no ar surgiam, com cores e brilhos mágicos, as cenas de criação do continente, das águas, das guerras, do início da vida... As palavras se perdiam no vento. Com suas pálpebras pesando enquanto a voz doce e bela do velho dizia com detalhes todo o surgimento, o pequeno jovem adormeceu.


    No dia seguinte, Fafnar surgia no vasto lençol azul no alto, iluminando os rios e as choupanas de madeira e palha do vilarejo, ao mesmo tempo Suon surgia no outro horizonte ocupando seu local no belo céu. Os raios de Fafnar e seu irmão Suon, os sóis, adentravam pela janela acordando um por um.

    Argos esfregou os olhos ao sentir um leve calor no seu rosto, ainda de olhos fechados bocejou em alto e bom som enquanto sentava na cama.

    - Bom dia! – murmurou o rapaz para si mesmo, enquanto esticava os braços e tornava a bocejar. – Que sono! – o garoto abria os olhos verdes enquanto mexia nos cabelos negros e bagunçados, e olhava pela janela do seu quarto vendo alguns homens que já trabalhavam ao amanhecer.

    Argos caminhou sonolento até a cozinha, às vezes trombando contra a parede, o cheiro do desjejum apurava seu olfato e sua barriga roncava. Sua mãe estava servindo a mesa quando o garoto se sentou e recebeu um beijo carinhoso no rosto seguido por um bom dia. Os olhos de sua mãe estavam levemente vermelhos, assim como seu rosto, mas ela escondia para não preocupar o filho, que como estava com sono não notou nada.

    - Gadembler Elendar esteve aqui há alguns minutos, queria saber se você já havia acordado – sorriu a mãe, enquanto se sentava junto ao filho na mesa – Ele disse que mais tarde voltaria, parece que será amanhã o dia que os garotos da vila vão para a ilha.

    - Porque a senhora não me acordou? – perguntou o garoto ansioso, limpando os olhos para enxergar melhor – Senhor Elendar queria falar comigo? Ele já quer que eu arrume as malas?

    - Não Argos, não. – sussurrou sua mãe, enquanto apertava sua própria mão. – Ele voltará mais tarde, vocês terão todo o tempo do mundo para conversar.

    - Eu vou procurar ele! – o garoto se apressou a comer, enfiando pedaços de pão maiores que sua própria boca e virando a caneca com chá. Após terminar saiu correndo de casa escutando sua mãe gritando ao seu encalço. Seu nervosismo e sua ansiedade aumentavam conforme ele corria, não conseguia imaginar que o dia finalmente chegara e havia passado tão rápido: Finalmente ele poderia ser como seu pai.

    Ele avistou o mago conversando com uma senhora que sorria e dava gargalhadas com algumas piadas que o velho e bondoso Gadembler contava, o rapaz ficou observando o homem até ele se despedir da senhora para poder chamar sua atenção.

    - Senhor Elendar! – chacoalhava ambas as mãos por trás da fonte, sorrindo.

    - Oras, se não é o pequeno Argos! – o homem começou a caminhar na sua direção, os olhinhos espremidos por trás do pequeno óculos de lentes circulares. – Eu fui a sua casa logo hoje de manhã garoto, mas sua mãe me disse que estavas dormindo e eu não quis acordá-lo. Mas bem, o que quer?

    - É... Bem, eu procurei o senhor porque o senhor foi a minha casa. – coçava a cabeça e se mantinha sorrindo – Então, o que o senhor quer?

    O velho fitou-o. Seus olhos percorreram toda a vila antes de voltar para o rosto do garoto, ele sabia que o que seria dito não seria bem recebido pelo jovem Argos, aspirante a cavaleiro.

    - Você sabe que amanhã irei levar todos os garotos para a ilha de Rookgaard, certo meu caro? – o velho encarou o garoto, que conseguiu ainda sorrir mais. Sua boca estava anormalmente aberta.

    - Sim senhor! Sim! – dando socos na palma da mão esquerda.

    - Porém, hoje de manhã tivemos um problema. – o mago abaixou a cabeça brincando com as folhas que caiam das árvores – Sua mãe Argos, ela não quer que você vá.

    O sorriso sumiu do rosto do garoto, instantaneamente.

    Ele não respondeu nada, suas pernas o ajudaram a correr o mais rápido possível. Como sua mãe havia feito algo assim com ele? Era o sonho de sua vida e ela sabia, e não seria ela que o faria desistir desse sonho.

    A porta da sua casa foi aberta com ódio, escancarada. Ao ver o garoto entrando sua mãe não se conteve e começou a chorar.

    - Filho, eu não quero que você tenha o mesmo fim que... Filho! – as lágrimas escorriam pelo seu jovial rosto, mas o garoto não havia ouvido uma se quer palavra.

    Correndo até o seu quarto e trancando a porta, Argos então ficou o resto das horas desse dia parado, olhando os raios solares de Fafnar acariciar as águas do rio.


    Um apito ecoou no ar ao amanhecer do dia seguinte, garotos e suas famílias se despediam no cais da pequena vila de Filars Porl, extremo norte de Thais. Gadembler Elendar recebia os garotos e cumprimentava suas famílias.

    - Vamos garotos! – tão empolgado quanto os mesmos, o velho Gadembler os apressava a subir no barco.

    Quando o apito do barco tornou a soar todos foram até a proa, se despedirem. As águas do rio começaram a bater contra o barco e as velas estavam prontas, ele partiu. O sonho de muitos estava apenas começando e nunca estiveram tão próximos, logo essas águas desaguariam no mar e ao anoitecer muitos estariam chegando na famosa ilha.

    Gadembler viu uma mulher, sumindo conforme o barco se distanciava do cais, e lembrou do pequeno Argos. Como ele teria reagido à notícia.


    A viagem fora longa e a noite já caia sobre os mares de Tibia, o continente. Alguns garotos ainda simulavam uma batalha entre dois guerreiros usando pedaços de madeira e murmurando frases de grandes cavaleiros conhecidos por todo o mundo, ou usando palavras mágicas que Gadembler havia contado em suas histórias. Enquanto os sóis se ocultavam, terra ia surgindo ao horizonte. Os garotos ansiosos, e agora até algumas garotas, ficaram a frente do barco vendo a tão sonhada ilha que chegava.

    Ao aportar, Gadembler desceu e foi recebido por um homem de aparência jovial e de longos trajes marrons, um sorriso amigável no rosto. Os dois conversaram por um momento até que Gadembler se virou para os novatos empolgados.

    - Aqui começa a vida de vocês, o caminho para se tornarem grandes e conhecidos por todo o continente tibiano. Espero vocês no continente, daqui algum tempo. – e abrindo caminho, todos correram dando gritos de empolgação.

    Quando Gadembler tornou a subir para o barco, um garoto jovem, de cabelos negros, rebeldes e bagunçados passou por ele. A cabeça baixa, uma clava de madeira em punho, com alguns espinhos. Carregava uma bolsa com uma maçã e trajava as mesmas roupas do dia anterior quando havia recebido a notícia.

    - Com licença. – disse o garoto ao passar por Cipfried, o homem de vestes longas, guardião de Rookgaard.

    - Seja bem vindo a esta ilha, meu rapaz. – disse Cipfried, ainda sorrindo, sem se preocupar com a situação em que o garoto se encontrava.



    Rookgaard, o início de uma vida de batalhas.


    Divirtam-se...

    Sem mais;
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  2. #2

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    Sim senhora, é você. :*
    ( Enxugando as lágrimas )

    Muito boooom cara! chega na rápido na parte que Filars é atacada pls! \o///



  3. #3
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    nota 100, prox capitulo pls
    04:37 Cavaleiro Do Machado [27]: vc ainda vai viajar...
    04:37 Cavaleiro Do Machado [27]: paga pra cip
    04:37 Cavaleiro Do Machado [27]: e compra estamina
    04:37 Cavaleiro Do Machado [27]: lol
    04:38 Rokeiraa [41]: quanto paga?

  4. #4
    Eu não floodo. Você sim Avatar de Dard Drak
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    Ah ta, acho que já a vi, mas quando já ahavia sido fechado x)...

    Ok, poste rápido então >=D

    Dard*

  5. #5
    Avatar de Kronos Kal'deras
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    Plagio detectado.

    "A noite fria fazia com que George esfregasse as mãos contra o corpo. Estava relaxado, despreocupado. Afinal, o que deveria temer? A guerra era entre os grandes e a vila de Filars Porl não precisava se meter. Se não fosse o maldito clérigo Rod, que era chamado de padre, ele estaria em sua casa com sua mulher neste momento.

    Então William, um pescador, peidou.

    _Acho que esse vai manter os malditos orcs bem longe daqui. – comentou e os outros quatro soltaram uma gargalhada.

    Depois, todos deixaram os degraus da igreja do padre Rod e sentaram-se apoiados com as costas na parede. A mulher de William tinha preparado uma cesta de pão, queijo e peixe defumado, enquanto Edward, dono de uma loja de armamentos no centro da vila, levara cerveja.

    Normalmente em igrejas maiores como na cidade de Thais, eram cavaleiros que mantinham aquela vigília anual. Ficavam ajoelhados com armaduras reais, longas capas azuis bordados um grande dragão que lançava chamas para o alto dentro de um emblema. O emblema real de Thais. Porém não havia cavaleiros em Filars Porl e apenas o mais jovem dentre eles, que se chamava Argos e estava sentado ligeiramente afastado dos outros quatro, tinha uma arma. Era uma velha espada, de fio cego e um pouco enferrujada.

    _Você acha que essa espada velha vai espantar Zathroth, Argos? – perguntou-lhe George.

    _De qualquer modo. – disse Argos, encolhendo os ombros.

    _Talvez você possa nos proteger caso um exercito orc ataque nossa humilde vila. – caçoou William, enquanto virava uma caneca de cerveja. – Você é a nossa única salvação desde quando Gadembler foi embora."

    Esse trecho, é exatamente igual ao do Livro "O Arqueiro", exeto com algumas modificações para que fique coerente com tibia, que coisa feia!




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    [Extensão da Sign]

  6. #6
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    Como dito na primeira página, no próprio prólogo: Adaptação.
    Estou escrevendo SAGA no momento e adaptei esta maravilhosa obra de Bernard Cornwell para as terras tibianas.



    Se não viu, olha lá de novo. Coisa feia? Você que não lê direito e vem dizer o que ja estava explicado lá.

    Edit: A propósito, os capítulos iniciais foram escritor por mim para dar coerência à história.

    Sem mais;
    Asha Thrazi!
    Última edição por Kaoh; 18-10-2006 às 17:10.
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    Asha Thrazi!

  7. #7
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    Citação Postado originalmente por Kaoh
    Sem mais;Asha Thrazi!
    isso é uma zução com o Virgo Shaka ou vc gosto:riso:huahuhauhahua ...

    qnt a sua resposta com o meu coment...axo q vc errou,todos as pessoas importantes q conhecem Argos,fala de um jeito direto ou indireto q ele era diferente(ñ pela pelo modo estranho dele,mas o jeito de pensar),e é claro,como vc mesmo disse,ele tinha uma certa especialidade de matar,acho que são poucas essas pessoas,acho q só duentes ou loucos e + algumas pessoas poderia fazer isso...eu poderia treinar com uma arma 5 anos mas matar no cano frio acho que demoraria + 5 anos...a ñ ser algumas vezes q tenho uma vontade de esganar meu irmaum
    qnt á população de northport,eu q errei,apenas interpretei como no tibia q ñ é maior nem q greenshore,perdão...acho que algumas vezes eu iterpreto o cenario no tibia e ñ na minha cabeça...='(

    @Kronos Kal'deras:como é esse livro Kronos Kal'deras,pelo q parece é do tipw rpg medieval e é o q eu mais gosto =]

    Fim de semana? já dei meu coment agora pod ser hoje?:rolleyes:

  8. #8
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    Citação Postado originalmente por Sir Curioso
    isso é uma zução com o Virgo Shaka ou vc gosto:riso:huahuhauhahua ...

    qnt a sua resposta com o meu coment...axo q vc errou,todos as pessoas importantes q conhecem Argos,fala de um jeito direto ou indireto q ele era diferente(ñ pela pelo modo estranho dele,mas o jeito de pensar),e é claro,como vc mesmo disse,ele tinha uma certa especialidade de matar,acho que são poucas essas pessoas,acho q só duentes ou loucos e + algumas pessoas poderia fazer isso...eu poderia treinar com uma arma 5 anos mas matar no cano frio acho que demoraria + 5 anos...a ñ ser algumas vezes q tenho uma vontade de esganar meu irmaum
    qnt á população de northport,eu q errei,apenas interpretei como no tibia q ñ é maior nem q greenshore,perdão...acho que algumas vezes eu iterpreto o cenario no tibia e ñ na minha cabeça...='(

    @Kronos Kal'deras:como é esse livro Kronos Kal'deras,pelo q parece é do tipw rpg medieval e é o q eu mais gosto =]

    Fim de semana? já dei meu coment agora pod ser hoje?:rolleyes:
    Argos mata a sangue frio aliados de carlinianos porque foram eles que acabaram com a vida do jovem.
    Sobre o livro, é sobre a guerra dos 100 anos. Muito bom.

    Já que estou aqui...




    Capítulo 13 – A sofrida Blackarch.






    Blackarch fora batizada com o nome de Jeanette Marie Halevy, e aos 15 anos os pais a tinham levado para Vega, para o torneio anual das maçãs. O pai não era um aristocrata ou alguém que merecesse um título assim, e por isso a família não pôde sentar-se no recinto cercado sob a torre da igreja da ilha de Vega, mas encontrou um recinto perto dali, e Luis Halevy providenciou para que a filha ficasse visível, ao colocar as cadeiras na carroça da fazenda que os tinha levado de La Roche-Ogre. O pai de Jeanette era um próspero capitão de navio e mercador de vinho, proibido pela rainha Eloise na cidade de Carlin, embora sua fortuna nos negócios não se refletisse na vida. Um dos filhos morrera quando um dedo cortado infeccionara, e o segundo morreu afogado numa viagem para Senja. Jeanette, agora, era sua única filha.

    Havia um interesse na visita a Vega. A nobreza das ilhas geladas, pelo menos aqueles que eram favoráveis a uma aliança com Carlin, reunia-se no torneio no qual, durante quatro dias, diante de uma multidão que comparecia tanto pela feira quanto pelos combates, ela exibia seu talento com espada e lança. Jeanette achava enfadonha grande parte de tudo aquilo, porque os preâmbulos de cada luta eram longos e muitas vezes nem se podia ouvi-los. Cavaleiros desfilavam sem parar, as extravagantes plumas balançando, armaduras reluzentes, armas raras e títulos de elite, mas depois de algum tempo havia um curto som de gongo, um choque de metal, uma ovação, e um cavaleiro era morto ou clamava por sua vida. Era costume todo cavaleiro vitorioso espetar uma maçã com sua espada e dá-la de presente para a mulher da multidão que o tivesse atraído, e foi por isso que o pai dela levara a carroça da fazenda para Vega. Depois de quatro dias, Jeanette estava com 18 maçãs e a inimizade de umas vinte jovens mais bem nascidas do que ela.

    Os pais a levaram de volta para Northport e esperaram. Tinham exposto sua mercadoria e agora os compradores podiam dirigir-se à luxuosa casa à margem das águas de Sula. Pela frente, a casa parecia pequena, mas bastava atravessar o arco de entrada e o visitante se via num pátio amplo, que ia até um molhe de pedra onde os barcos menores de Luis Halevy podiam atracar quando o nível das águas chegava a seu ponto máximo. O pátio dividia um muro com a igreja da Deusa Bastesh e, por ter doado a torre à igreja, Luis Halevy tinha recebido permissão para fazer uma passagem em arco no muro, para que sua família não precisasse sair para a rua quando fosse à missa. A casa dizia a qualquer pretendente que aquela era uma família rica, e a presença do clérigo da paróquia à mesa de jantar dizia-lhe que se tratava de uma família devota. Jeanette não seria um brinquedo na mão de um aristocrata, seria uma esposa.

    Uma dúzia de homens dignou-se a visitar a casa dos Halevy, mas foi Bardo Henri, um jovem, habilidoso e belo rapaz, que ganhou a maçã. Ele foi uma presa de primeira, porque era sobrinho de Charles de Batalha, que por sua vez era sobrinho da rainha Eloise, e era Charles que os carlinianos reconheciam como duque e soberano de Batalha, uma nova cidade que crescia rapidamente pelas proximidades de Kazordoon. O tio de Bardo permitiu que ele apresentasse a noiva, mas depois aconselhou o sobrinho a livrar-se dela. A moça era filha de um mercador, pouco mais do que um camponês, embora até mesmo Charles admitisse que ela era uma beldade. Os cabelos eram de um preto brilhante, o rosto de traços firmes e delicados, de pele macia e branca, e ela possuía todos os dentes. Era graciosa, a ponto de um alto druida da corte da rainha bater palmas e exclamar que Jeanette era a imagem viva de Tibiasula ou tão bela quanto à magnífica Deusa. Charles concordava que ela era bonita, mas e daí? Muitas mulheres eram bonitas. Qualquer taberna de Vega, disse ele, podia exibir uma prostituta que custava duas moedas de platina e faria a maioria das mulheres casadas parecerem porcas. A tarefa de uma esposa não era ser bonita, mas rica. “Faça da garota sua amante”, aconselhou ela ao sobrinho, e praticamente mandou que Bardo se casasse com uma herdeira de uma fortuna de um grande, porém perto da morte, cavaleiro de Venore. Porém a herdeira era uma mulher relapsa, com o rosto cheio de marcas, e o jovem Bardo ficara entorpecido com a beleza de Jeanette e, por isso, desafiou o tio.

    Casou-se com a filha do comerciante na capela de seu castelo, na pequena cidade construída próxima à Kazordoon, Batalha. O duque admitiu que o sobrinho tinha ouvido um número exagerado de trovadores, mas Bardo e sua nova esposa estavam felizes e um ano depois do casamento, quando Jeanette estava com 16 anos, nasceu o filho deles. Eles lhe deram o nome Charles, em homenagem ao duque, mas se o duque de Carlin se sentiu homenageado, não disse nada. Recusou-se a tornar a receber Jeanette e tratava o sobrinho com frieza.

    Mais tarde, naquele ano, os thaisenses chegaram com toda força para apoiar Jean Monteforte, a quem eles reconheciam como duque de Batalha, e a rainha de Carlin enviou reforços para seu sobrinho Charles, a quem reconhecia como o verdadeiro duque, e assim a guerra civil começou de verdade. Bardo insistiu para que sua mulher e seu filho voltassem para a casa do pai dela em La Roche-Ogre, porque o castelo em Batalha era pequeno, estava mal conservado e ficava muito perto das forças invasoras.

    Naquele verão, o castelo caiu em mão dos thaisenses, tal como temia o marido de Jeanette, e no ano seguinte o rei de Thais passou a estação de campanha em Batalha, e seu exército fez recuar as forças de Charles, o tio de Bardo. Não houve uma grande batalha, mas uma série de sangrentas escaramuças, e numa dela, um embate desigual travado entre as fileiras de cerca viva de um vale íngreme, o marido de Jeanette foi ferido. Ele havia erguido o protetor do rosto de seu elmo para gritar palavras de estímulo a seus homens e uma flecha lhe atravessara a boca, entrando por um lado e saindo pelo outro. Os criados levaram Bardo até a casa à margem de Sula, onde ele levou cinco dias para morrer; cinco dias de dor constante, durante os quais não conseguia comer e al podia respirar, já que o ferimento inflamara e o sangue coagulara no esôfago. Dos poucos clérigos que haviam em Batalha nenhum sobrara, o exército de Tibianus matara todos e os que conseguiam fugir provavelmente eram mortos por cavaleiros selvagens que rondavam a ponte dos goblins, o caminho mais simples e mais usado para o comércio de Carlin com Batalha. Thais atacara com quatro magos e mais de vinte druidas, com seu enorme exército, para dominar Batalha e expulsar as forças de Carlin. Bardo tinha 28 anos, era um campeão em torneios, e no final chorava como uma criança. Morreu sufocado e Jeanette gritou de raiva e pela dor da frustração.

    E então começou a fase de sofrimento de Jeanette. Estava viúva, e mal se passaram seis meses da morte do marido e ela ficou órfã, quando o pai e a mãe foram assassinados por uma gigantesca aranha em uma viagem para Venore. Tinha apenas 18 anos e seu filho, Charles, dois, mas Jeanette herdara a riqueza do pai e decidiu usá-la para revidar o ataque aos odiados thaisenses que mataram seu marido, e por isso começou a equipar dois navios que pudessem atacar embarcações de Thais.

    Mon Belas, que era uma espécie de confidente e tinha sido o advogado do pai dela, manifestou-se contrário a gastar dinheiro com os navios. A fortuna de Jeanette não duraria para sempre, disse o advogado, e nada sugava dinheiro como equipar navios de guerra que raramente ganhavam dinheiro, a menos que por um golpe de sorte. Era melhor, disse ele, usar os navios para o comércio.

    - Os mercadores de Venore estão tendo um belo lucro com o vinho – sugeriu ele. Ele estava resfriado, porque era inverno, e espirrou. – Um lucro muito bom – disse ele, ansioso. Ele falava em batalhês, embora ele e Jeanette soubessem falar o carliniano, se fosse necessário.

    - Eu não quero vinho – disse Jeanette friamente -, mas almas thaisenses.

    - Nelas, não há lucro, senhora – disse Belas.

    Ele achou estranho chamar Jeanette de “senhora”. Ele a conhecia desde quando ela era criança, e ela sempre fora a pequena Jeanette para ele, mas ela se casara e se tornara uma viúva aristocrata e, além do mais, uma viúva geniosa.

    - Não se pode vender almas thaisenses – salientou Belas, delicado.

    - Exceto para Urgith – disse Jeanette benzendo-se. – Mas eu não preciso de vinho, Belas. Nós temos as rendas.

    - As rendas! – disse Belas, em tom zombeteiro.

    Ele era alto, magro, cabelos ralos e inteligente. Servira bem, e por muito tempo, ao pai de Jeanette e estava ressentido com o fato de o mercador não ter deixado nada para ele no testamento. Tudo tinha ido para Jeanette, exceto uma pequena doação para os clérigos de Vega, para que rezassem missas pela ala do falecido. Belas escondeu o ressentimento.

    - Não vem coisa alguma de Batalha – disse ele a Jeanette. – Os thaisenses estão lá, e por quanto tempo a senhora acha que as rendas virão das fazendas de seu pai? Os homens de Thais irão tomá-las dentro em pouco.

    Um exército thaisense tinha ocupado os arredores de Femur Hills, e ficava à apenas uma hora a pé ao norte. Mataram besteiros de Carlin, clérigos e tudo com o emblema da cidade pelos arredores de Femur Hills. Belas tinha a esperança de que os thaisenses se retirassem em breve, porque era pleno inverno e os suprimentos deles deviam estar acabando, mas temia que devastassem o interior em torno de La Roche-Ogre antes de partir. E se devastassem, as fazendas de Jeanette perderia o valor.

    - Que renda se pode obter de uma fazenda incendiada? – perguntou ele.

    - Não me importo! – vociferou ela. – Eu venderei tudo, se precisar, tudo! – Exceto a armadura e as armas do marido. Elas eram valiosas e um dia passariam para seu filho.

    Belas suspirou diante da tolice dela, depois enrolou-se em sua capa preta e recostou-se perto do fogo baixo que estalava na lareira. Um vento frio vinha do mar perto dali, fazendo com que a chaminé soprasse fumaça.

    - Madame, a senhora permite que eu lhe dê um conselho? Primeiro, a empresa. – Belas fez uma pausa para enxugar o nariz na comprida manga preta. – Ela vai mal, mas eu posso arranjar-lhe um bom homem para dirigi-la tal como seu pai fazia, e eu redigiria um contrato que garantisse que o homem lhe pagaria bem com parte dos lucros. Segundo, madame, a senhora deve pensar em casamento.

    Ele fez uma pausa, como que esperando um protesto, mas Jeanette não disse nada. Belas suspirou. Ela era tão bonita! Havia uma meia dúzia de homens na cidade que se casariam com ela, mas o casamento com um aristocrata virara a cabeça dela e ela não iria aceitar nada, a não ser outro homem com um título.

    - A senhor, madame – continuou o advogado, cauteloso -, é uma viúva que possuiu, no momento, uma fortuna considerável, mas eu tenho visto fortunas assim derreterem como neve quando Suon brilha em busca de Fafnar. Procure um homem que possa cuidar da senhora, de suas posses e de seu filho.

    Jeanette voltou-se e o encarou.

    - Eu me casei com o melhor homem de todos – disse ela -, e onde é que o senhor acha que vou encontrar outro igual a ele?

    Homens como Bardo Henri, pensou o advogado, eram encontrados em toda parte, o que era lamentável, porque o que eram eles a não ser uns brutos idiotas de armadura que acreditavam que a guerra era esporte? Jeanette, pensou ele, deveria casar-se com um mercador prudente, talvez um viúvo que tivesse fortuna, mas Belas desconfiava que um conselho daqueles seria desperdiçado.

    - Lembre-se do velho ditado, senhora – disse ele, irônico. – Coloque um gato para vigiar um rebanho de ovelhas, e os lobos comerão bem.

    Jeanette teve um estremecimento de raiva ao ouvir aquelas palavras.

    - O senhor está passando de seus limites, Senhor Belas.

    Ela falou com frieza, e depois dispensou-o, e no dia seguinte os thaisenses chegaram a La Roche-Ogre e Jeanette tirou do local onde guardava seus bens valiosos a besta que pertencera a seu falecido marido e juntou-se aos defensores nos muros. Que vá para o inferno o conselho de Belas! Ela iria lutar como um homem e o duque Charles, que a desprezava, aprenderia a admirá-la, a apoiá-la e devolveria as propriedades do falecido a seu filho.

    E assim Jeanette se tornara Blackarch, os thaisenses tinham morrido diante do muro e o conselho de Belas fora esquecido, e agora, reconhecia Jeanette, os defensores tinham confundido tanto os thaisenses, que não havia dúvida de que o certo seria levantado. Tudo ficaria bem, crença com a qual, pela primeira vez em uma semana, Blackarch dormiu bem.


    "Blackarch fora batizada com o nome de Jeanette Marie Halevy...".


    Sem mais;
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    Última edição por Kaoh; 23-12-2006 às 15:52.
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  9. #9
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    aew...que bom..vc está postando capitulo mais rapido...quanto ao livro...quero compra-lo...e quanto aquela resposta sobre matar a sangue frio está certa...o cara perdeu sua familia e tudo pelos carlinianos só não vou lá e tiro toda minha resposta que não gosto de fazer isso...
    acho que esse capitulo foi mais uma biografia xD...e acho que essa foi sua ideia porque Blackarch deve ter um papel + importante...talvez se apaixonará pelo Argos,talvez...com Sir Simon?Talvez...acho que não tem nada a falar desse rp,resumindo,é uma biografia de uma personagem chamada Jeanette Marie Halevy que será importante no futuro...se não vc ñ faria um capitulo INTEIRO de uma personagem terciaria
    Foi só eu ou tem + alguem que adimirou a ideia de cada cidade ter seu idioma,embora estranho e diferente,foi criativo...em rookgaard eles falam Thaiense(ou Thaisano)?se ñ for eu queria saber,fiquei curioso...


    previsão para o proximo capitulo?



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