Capítulo 1 - Velhos conhecidos
— C... Co... Bado! Por favor!
— Suas últimas palavras, Sandor.
— Diga aos meus filhos que morri lutando.
Bado permaneceu com o olhar fixo nos olhos do homem. Em um único movimento, empurrou com os pés o pedaço de tronco que servia de apoio para o homem que clamava por sua própria vida até então. Assim, já perto dos pântanos de Venore, encerrava-se a vida de Sandor, através de uma forca improvisada no meio das árvores. Seus olhos esbugalharam e um tom de roxo preencheu toda sua face. As gotas de suor percorriam rapidamente seu rosto, absorvendo o último instante de calor humano que restava naquele corpo. Em poucos segundos aquele homem não mais se mexia. Um sorriso sórdido repousava em sua expressão.
— Não desviem o olhar. Apesar de tudo, não cabe a nós julgarmos sua alma.
A frase do Comandante referia-se à uma antiga crença nutrida entre os primeiros membros da Irmandade, a de que a alma dos mortos não encontraria o julgamento divino se um dos presentes em seu último suspiro não o visse morrer.
Sandor era um membro da Irmandade das Almas Condenadas. Na noite anterior, no entanto, cartas trocadas entre ele e nobres próximos ao Rei Tibianus foram encontradas enquanto o mesmo dormia. Bado analisou-as friamente e não havia dúvidas de que a posição dos membros da Irmandade, no Bosque dos Arruinados, havia sido revelada por Sandor. Mesmo assim, esperou até o amanhecer para que pudesse executar o traidor da maneira que aprendera há muitos anos. Não é a primeira vez que isso acontecia, mas o peso que pairava sobre os ombros do Comandante não diminuíam com o passar do tempo. Sua expressão cansada após a execução atestava isso. Era um homem buscando o melhor para seus filhos e Bado não o culpava por isso. No entanto, não deixaria de tratar um traidor com o rigor que era necessário.
— Devemos enterrar o corpo e seguir o nosso caminho o mais rápido possível.
— Sim, senhor! Disseram três ou quatro homens que rapidamente trataram de cavar uma cova.
— O tom grave de sua voz continua o mesmo. Ela gostará de saber, disse uma voz que ecoou docemente pela neblina do pântano naquela manhã de inverno.
Nesse instante, cerca de uma dúzia de amazonas adentraram lentamente no local onde os membros da Irmandade estavam reúnidos.
— Gorgo... Percebo que você está ainda melhor. Não percebemos um único passo.
— Essas terras são nossas há centenas de anos. Não deveria esperar outra coisa, disse Gorgo, a líder daquele contingente de Amazonas, com uma lança apontada em direção à Bado.
— Não fui recebido assim na última vez em que estive aqui. O que há? Disse o Comandante.
— Vamos, você sabe como essas coisas funcionam. Você foi convidado na última vez. Não é esse o caso. Deixe suas armas, Bado. As outras amazonas conduzirão o restante do seu grupo para uma parte mais protegida do pântano. Estarão seguros, mas você precisa explicar seus motivos à ela.
— Ela saberá de todos os motivos, disse Bado, retirando a espada que estava em sua cintura e mais três adagas, duas nas costas e uma em sua bota.
— Gregor, você é o Comandante até o meu retorno.
Um aceno com a cabeça foi a resposta dada por Gregor, fazendo jus à sua fama de ser um homem de poucas palavras.
Bado caminhou em direção à Gorgo, que já estava com a lança abaixada e então pode recebê-lo com um rápido cumprimento. Os dois adentraram sorrateiramente nos caminhos tortuosos e íngrimes do Pântano. O restante da Irmandade seguiu as Amazonas remanescentes.
Brunnhild... Há quanto tempo não a vejo, pensou Bado.
Spoiler: Alterações no Prólogo
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