Envolto em trapos que já foram roupas um dia, Trasgo Caolho não culparia ninguém se o confundisse com um mendigo. O vento frio do início da noite fere sua pele pelos buracos no tecido. Entra apressado na capital do reino, a chuva não deve tardar e é preciso achar um abrigo.
“Tantos anos que não entro nessa cidade. Que não entro em uma cidade.”. Perdido em seus pensamentos, Trasgo não nota a falta de movimento no centro de Thais. Se notasse talvez estranhasse a ausência da algazarra ininterrupta de comerciantes, aventureiros e transeuntes dos velhos tempos. Ou talvez não lembrasse, assim como esqueceu tantas coisas.
Em busca de abrigo se aproxima da taverna local e nota diversas pessoas analisando manchas de barro no chão. Algumas seguram um pedaço de papel, observam a escrita com expressões confusas no rosto. Trasgo pega um dos papéis, jogado no chão, e lê. “Hnf, provavelmente uma campanha promocional de qualquer coisa.”, Trasgo pensa. Mas guarda o papel no bolso. Sua prioridade no momento é outra, precisa se esquentar. Procura o taverneiro em busca de uma bebida forte e informações.