Chegou a hora da chave 2!
Lembrando que os textos são postados de forma anônima. Para votar, basta identificar qual a disputa e qual o texto escolhido. Todos usuários podem votar, mas apenas aqueles com uma justificativa plausível serão levados em conta. Votos de usuários fantasmas também serão desconsiderados. E lembrando que a votação popular será apenas um dos pesos da nota dos textos, e o vencedor final será decidido por membros da Equipe TibiaBR. Por último (e talvez o mais importante):
Seguem, então, os textos da chave 2!
Disputa A
Jvzs x FellypeSouza x Andrew_ x Atton
Tema: Os Portões da Fúria (Fury Gates)
Assim como ocorreu na primeira disputa da Chave 1, apenas um usuário enviou seu texto e não haverá votação nessa disputa.
Spoiler: Texto 1A ida à bastilha
As Lembranças
Ao afiar sua espada, Darun Neaj olhava para o próprio reflexo em sua espada e via-se pálido. Ao mesmo tempo trêmulo. Darun relembrava-se de uma data da qual ficara cravada em sua jornada. A ida à bastilha dos demônios. Cada flash de memória fazia seu coração palpitar forte, era a ansiedade daquilo que estava por vir.
Darun tornara-se um guerreiro muito experiente depois disso, havia treinado e aprendido muito com o tempo. Ele era temido e conhecido por todos os arredores.
Darun acreditava que desta vez tudo seria diferente, mas o medo e o trauma que fora cravado em seu peito continuaram o mesmo.
Após terminar de afiar sua espada e polir seu escudo, Darun deitou-se para, talvez, ter sua última noite de sono, porém não dormiu muito.
A Partida
O dia só começava. Pássaros cantavam e os primeiros raios do sol atingiam o deserto árido de Ankrahmun. Darun levantou-se, apanhou espada e escudo, sacou a mochila da cabeceira da cama e, a partir desse momento, iniciara uma vingança pessoal. Seguiu vagarosamente ao leste, local que o portal para a bastilha se abria a cada 666 dias, o ciclo demoníaco.
O que estava só começando era a partida de Darun Neaj para os Portões da Fúria. Era o reencontro do dia em que fora jogado ao fogo ardente de algo semelhante ao inferno, das trevas e das monstruosidades criadas pelo próprio Demônio. A incrível bastilha das mais perversas criaturas diabólicas e sedentas por sangue. Monstruosidades das quais ninguém ousaria enfrentar, não em sã consciência. Mas para Darun, descobrir os segredos que aquele local escondia era mais importante que sua própria vida.
Corriam muitos rumores a respeito dos Portões da Fúria, mais conhecida por bastilha do inferno. Mas só quem já esteve lá, sabe como é. Nenhum outro guerreiro, por mais experiente, atrevera ir até o portal nesse dia, apenas Darun.
O Trauma
Todos ao redor de Darun perguntava-se por qual motivo ele tinha tamanho ódio, muitos sabiam do sofrimento que ele sofrera quando foste pela primeira vez, mas o porquê de Darun querer tanto a vingança ninguém sabia. Darun havia revelado apenas para Krister Mize, um mago, companheiro de caça e amigo.
Tudo acontecera há uma década, quando Darun era apenas um caçador de recompensas e sem muita experiência. Um bruxo, vestido com uma manta preta e um capuz acinzentado convencera-lhe de atravessar um portal para pegar pequenas amostras das rochas que havia por lá, prometera-lhe um Elmo de Ouro. Darun inocente aceitou o desafio almejando conseguir o tão raro Elmo.
Ao seguir até o local indicado pelo bruxo e adentrar ao portal pela primeira vez, Darun viu um pequeno pesquisador, que não tinha o costume de falar muito, porém alertou-lhe dos perigos daquele lugar. Ignorando-o e almejando a recompensa, Darun continuou a andar e encontrou uma escada, resolveu descê-la. Ao pisar no último degrau, Darun deparou-se com muito fogo, lavas e alguns corpos humanos que estavam sendo queimados vivos. Os gritos eram atormentadores. Podia-se notar o sofrimento na face de cada um. A morte era desejada e inevitável para cada um que lá estava. Num piscar de olhos, Darun vê-se queimando, vê o fogo tomando conta do próprio corpo e tenta relutar, mas não adianta, o fogo o prende em uma parede, o pouco de lucidez permite-o ver um Mago Infernal, acompanhado de Dragões, era o mesmo mago que prometeu o Elmo caso trouxesse as amostras de rocha, porém com um traje diferente.
O mago Infernal vestia um chapéu vermelho, um manto acinzentado e tinha uma grande barba ruiva. Muitos destes magos, conhecidos por aprendizes de magia negra habitavam neste local. Mas só um destacava-se, esse que o torturou.
Após horas e horas de tortura, esse mago disse algumas palavras:
— Eu o libertarei, jovem tolo, porque o meu propósito com você não acabou. Você jamais se esquecerá deste dia e nós teremos um reencontro que será no dia de sua morte.
Darun foi libertado, voltando muito ferido, quase morto, para a cidade. Recuperou-se e a partir de então quer a sua vingança.
Volta à Bastilha
Frente a frente com o portal Darun estava. O dia mal havia começado a clarear e ventava forte. Darun diz algumas palavras frente ao portal: — Terei minha vingança e o reencontro será com a morte daquele maldito bruxo!
Entrou, caminhou lentamente e reencontrou o velho pesquisador, passou sem nenhum dialogo e foi diretamente à escada. Hesitou por um momento, mas respirou fundo e decidiu descer. Desceu degrau por degrau. Em sua mão direita carregava sua Espada de Esmeralda, e em sua mão esquerda defendia-se com seu Escudo Abençoado. Avistou o Mago que lhe torturou pela primeira vez e num piscar de olhos o mago desapareceu, apenas ouvia algumas palavras: — Venha até mim, Darun Neaj.
Darun ergueu sua espada de forma ofensiva, mas não teve tempo para atacar.
De repente surgem diante da lava, no mesmo instante, muitos elfos demoníacos, dragões, bestas incendiadas com o fogo do inferno. Bestas das quais eram temidas por todos, desde jovens a guerreiros mais experientes.
Com pouco custo, Darun enfrenta um a um e consegue derrotá-los. Segue andando calmamente e enfrentando mais criaturas diabólicas.
Ao chegar à escada que dá acesso a um nível mais insano da bastilha, Darun desce com cuidado, porém confiante. Com um pouco de dificuldade vai eliminando besta por besta. O sangue que tomara conta de sua espada já escondia o brilho dela, tornando-a toda vermelha.
Darun informou-se muito antes de iniciar essa vingança. Em sua cabeça, ele conhece cada canto deste local como a palma de sua mão, porém desconhece dos perigos que se localizam no último andar. Local mais sangrento e até então desconhecido por qualquer guerreiro. Existem apenas rumores do que habita lá e, inclusive boatos de que no último andar encontra-se o portal para o Inferno. Darun estava disposto e sabia que só encontraria o Bruxo no último andar.
Chega o tão esperado momento. Darun depara-se com a escada que o levaria para o local que esperara por tanto tempo. O local de sua vingança. O último andar que encontraria o Mago Infernal que o torturou pela primeira vez.
O Encontro
Darun estava descansando da batalha que havia tido com o cão, não tinha muitas forças para lutar novamente e estava ciente disso, mas de repente, começa a surgir uma fumaça acinzentada e um cheiro forte e desconhecido por ele. Darun teme que seja outro cão, porém não era, era algo pior.
Surge na frente dele algo que já era esperado. Era o Mago Infernal. Era o motivo da volta de Darun, enfrentar e matar esse bruxo. Num piscar de olhos, o singelo Mago transforma-se no verdadeiro Demônio e diz: — Eu posso tomar a face que eu quiser, porque sou o Rei das Trevas e o seu assassino.
Darun trava e não consegue pronunciar nada, o medo toma conta de todo o seu corpo, de toda a sua alma. Temia-se não poder se vingar, matar quem um dia o fez sofrer.
O Demônio era grande, seus olhos transbordavam medo e suas garras gigantescas. O fogo queimava a uma temperatura insuportável ao lado do demônio. A monstruosidade era toda vermelha e cada pisar do chão fazia tremer os arredores de Darun.
— Sinto o cheiro do medo! MUAHAHAHA! – disse o Demônio.
— P... p... por q.. que t... torturou-me? – diz Darun com a voz trêmula.
— Porque o seu sofrimento me satisfaz, fazer o mal me satisfaz – responde o Demônio.
— Eu vou matá-lo Demônio miserável – afirma Darun com uma voz confiante, porém amedrontado.
— Sua alma será minha e a sua resistência será inútil! MUAHAHAHA – retruca o Demônio.
Darun agindo instintivamente tenta atacá-lo, mas seu oponente é muito rápido, muito forte e profetiza cada movimento que vem em sua direção, esquiva-se com facilidade. O Demônio revida lançando uma onda de fogo do inferno, o fogo mais quente que alguém pudesse medir. Darun cai, perde espada e escudo e é preso pelas garras malignas do demônio.
— Você pode me matar, mas um dia iremos nos encontrar novamente, e nesse dia será o seu fim! – Darun diz suas últimas palavras.
O Demônio crava suas garras em seu peito.
As únicas palavras que Darun conseguia se lembrar enquanto agonizava e morria lentamente era: “A vingança corrói a alma.” Palavras que seu pai dizia em sua infância.
O triste fim do guerreiro foi por conta do ódio que cultivou dentro de si mesmo, a necessidade de vingança que tomou conta de sua vida.
Boatos
Rumores a respeito da morte do guerreiro espalharam-se pela cidade, alguns choravam, outros comemoravam.
Quem mais sofreu por essa morte foi Krister Mize, o melhor amigo de Darun. Krister queria poder tê-lo de volta, porém não sabia como. Sabia a respeito de rumores de um feitiço que poderia trazer uma vida de volta, mas o preço a se pagar era uma alma humana.
— Eu irei te trazer de volta, meu amigo – Krister prometeu a si mesmo.
Disputa B
obacana x Luinil x Enrique
Tema: Os carteiros do Tibia
Spoiler: Texto 1Entre a vida e a morte: a história do fruto da mentira e loucura de dois reinos.
Já passara das duas horas da madrugada quando ouvi batidas frenéticas na porta da Sede do Serviço Postal Tibiano. Kevin, que havia me dispensado muito tarde, em função das inúmeras cartas que precisavam ser separadas para envio, gritava do segundo andar.
- Vá, Wally, atenda a maldita porta! - disse um Kevin irritadíssimo.
- Já vou! - resmunguei.
A chuva açoitava as paredes da Sede. Detive-me frente à porta. Que pessoa, em sã consciência, usaria nossos serviços tão tarde? Minha curiosidade foi maior do que meu receio. Abri a porta.
- Finalmente! - aliviou-se a mulher encapuzada e ensopada, já entrando na Sede. - Preciso que você chame Kevin... Assunto da Rainha Eloise... Vamos, rapaz, corra! - falou a mulher, tremendo.
- Sim, eu...
Corri ao quarto de Kevin e o acordei às pressas.
- Acorde, senhor - sussurrei. - Uma visitante diz estar vindo em nome da Rainha Eloise.
- Que? Rainha Elo...
- Sim! - disse a estranha imponentemente, já no quarto e sem o capuz, aparentando ser uma das guardas reais. - A Rainha ordenou que você recebesse esta carta e que a responda imediatamente.
- Bem... Deixe-me ver a carta - Kevin a pegou, analisando o selo real. - Dê-me um minuto... Isso são horas, hein? - disse Kevin desgostoso.
Kevin leu a carta e, após isso, olhou horrorizado para a guarda. Um vazio perpassava seu rosto. O vento assoviava pelas janelas.
- Mas como? - indagou Kevin inconformado. - Wyda não havia resolvido esse problema? - perguntou Kevin indignado. - Como a Rainha está, Bambi?
- Desesperada - entristeceu-se Bambi. - Mandou-me ir atrás de Wyda, para que possamos negociar este empasse – disse Bambi. – O que eu peço a você, Kevin, é que vá a encontro da Rainha, você é o único que compreende a totalidade do problema.
- Eu não posso - disse Kelvin seriamente.
- Como? - assustou-se Bambi.
- Sim. Eu não posso - repetiu Kevin. - O Rei Tibianus proibiu terminantemente minha entrada a Carlin. Se souber que estive lá, me mata.
- É por isso que parei de viajar, Bambi - disse Kevin tristemente. - Contratei Wally para entregar as cartas... Ah, as cartas... - suspirou Kevin - As palavras ferem mais do que facas quando não sabemos usá-las.
- Então mande seu empregado - disse Bambi impaciente. - Não podemos perder tempo, a Rainha precisa de nossa ajuda.
O sangue esvaiu de meu rosto.
- Wally, quero que você resolva uma tarefa para mim - disse Kevin tentando buscar argumentos concretos. - Vou escrever uma carta e preciso que você a envie para a Rainha Eloise. Mas se atente ao que eu vou lhe dizer, você está terminantemente proibido de ler a carta ou contar a alguém a conversa presenciada nessa noite - disse Kevin com firmeza. - Estamos entendidos, Wally?
- Sim, claro... - disse eu inexpressivamente.
Kevin retirou-se em seu quarto e foi escrever a misteriosa carta que seria enviada a Rainha Eloise. Em sua ausência, fiquei próximo a Bambi. Sua expressão era altiva, digna de uma grande guerreira de Carlin. Não ousei olhar em seus olhos.
Após alguns minutos, que mais pareciam horas, Kevin voltou e me entregou a carta.
- Tome esta carta - disse Kevin secamente. - E você - Kevin se dirigiu a Bambi - passe aqui na Sede depois que vier de casa de Wyda. Quero estar a par do que vai acontecer.
- Sim - disse Bambi. - Manterei você informado. Agora preciso correr. O quanto antes Wyda nos ajudar, melhor. Obrigada, Kevin. Você continua sendo muito prestativo, como nos velhos tempos...
- Sim... Obrigado. - corou-se Kevin.
Bambi saiu apressada da Sede. Logo após ouvirmos a porta ser fechada, Kevin olhou seriamente para mim.
- Bom, vejo que você está totalmente aturdido com o que está acontecendo. É preocupante, Wally...
- O que é preocupante? - perguntei assustado.
- As cartas - respondeu Kevin tristemente. - Há anos atrás eu fui o mensageiro da Rainha Eloise, antes mesmo de você nascer. Eu fui seu carteiro particular e seu confidente... Foram anos de insanidades. Viajava quase que diariamente para Thais. Era proibido de ler as cartas, mas pelos olhares e suspiros da Rainha, já suspeitava do que elas se tratavam. Certo dia a Rainha resolveu visitar o Rei Tibianus. A viagem de um dia se tornou a estadia de pouco mais de um mês. Os thaianos ficaram inconformados, o Rei havia acabado de ficar viúvo, e sua esposa era estimada entre os habitantes de Thais. Resultado: a Rainha voltou grávida para Carlin, mas não estava feliz, o Rei Tibianus implorava pelo aborto da criança e, pressionado pelos thaianos, mandou que a guarda real visitasse Carlin frequentemente, para se certificar se a criança havia nascido. Você já deve imaginar o que aconteceu... Carlin foi sitiada nove meses após a viagem da Rainha e, na noite do nascimento, houve guerra entre as bravas guerreiras de Carlin e os cavaleiros de Thais. Em meio ao sangue e desgraça, o Rei ordenou que Muriel fosse a Carlin e amaldiçoasse a criança. Diante do trono da Rainha, Muriel viu uma menina, recém-batizada de Liz. Ameaçado pelas lanças dos guardas thaianos e com os olhos marejados, Muriel sentenciou Liz a um destino amargo: transformou-a em uma das agonizantes e atormentadas Banshees, e os guardas, em zombaria, jogaram a menina em Ghostlands.
Kevin estava aos prantos. Abracei-o e tentei consolar meu amigo. Meu abraço foi um misto de tristeza e desespero. Era surreal.
- Mas você não teve culpa, Kevin - tentei argumentar. - Como você poderia ter enfrentado o exército thaiano sozinho?
- Mas fui um covarde - disse Kevin cabisbaixo. - Obedeci às ordens de um assassino e esperei que as coisas acontecessem...
- Mas qual a relação de Wyda nessa história? - tentei mudar o rumo da conversa.
- Wyda é uma bruxa muito experiente e, compadecida da tristeza de Eloisa, e bem paga para isso, diga-se de passagem, usou todos os seus conhecimentos para fabricar uma poção para acabar com o sofrimento da filha da Rainha. O grande problema é que essa poção só poderia ser tomada uma vez por mês, devido ao forte abalo que os ingredientes provocam. Então, todos os meses, a Rainha vai escondida para a assombrosa Ghostalands e encontra sua filha e, dando-lhe a poção, torna-a humana por um dia - disse Kevin enquanto enxugava suas lágrimas.
- Pois bem rapaz - disse Kevin se pondo de pé. - Envie esta carta a Rainha e se certifique que ninguém a leia. E faça isso rápido. Vá até Thais e pegue o barco até Carlin. Tente não levantar suspeitas. Faça isso agora - disse Kevin triste.
Sim, claro... - disse eu sem acreditar. - Mas e a carta enviada para você, o que dizia?- perguntei curioso.
- O Rei descobriu que a Rainha encontra a sua filha e pretende armar uma emboscada para pegar a Rainha - disse Kevin assustado. - Por isso eu lhe peço rapaz, não demore!
Corri para o meu quarto, peguei minha capa de viagem e sai apressado da Sede.
Já passava das três horas da madrugada, a chuva continuava forte e, brilhando ameaçadoramente, a Triangle Tower recebia a luz dos trovões e lançava sua sombra ameaçadora ao Jakundaf Desert.
O caminho até Thais foi lento e frio. Logo que cheguei a Thais, a chuva começava a abandonar os céus. Já estava amanhecendo. A cidade estava em um silencio absoluto, como o silêncio que antecede a tempestade. Eu precisava correr. Cheguei ao barco e, recebido pelo sorridente Bluebear, pedi que me levasse a Carlin.
- Olá, Bluebear. Você pode me levar a Carlin? - perguntei apressadamente.
- Claro - disse o Capitão cordialmente. - Mas o que levaria um jovem carteiro a Carlin tão cedo? - perguntou Bluebear curioso.
- Ah... Assuntos comerciais... Cartas com um relatório do comercio entre os anões - respondi sem muita segurança.
- Ah, sim... Os velhos anões costumam ser difíceis nessas questões - disse Bluebear rindo.
- É... Muito - ri maquinalmente.
A viagem até Carlin foi tranquila, sem muitas surpresas. Durou pouco mais de duas horas. O vento estava nos favorecendo... Só o vento.
Chegando a Carlin, corri apressado até o castelo da Rainha. Fui recebido por duas guardas. A cidade estava em alerta.
- O que você deseja, rapaz? - perguntou uma das guardas grosseiramente.
Vi que não me deixariam entrar.
- Bem... Eu... Eu sou um dos camareiros da Rainha, preciso pegar sua roupa de cama - disse eu forçadamente.
- Bem... Então você pode entrar - disse a guarda olhando para a sua amiga, que confirmou.
Dirigi-me ao trono da Rainha. Ela estava afundada em seu trono. Seu olhar se direcionou a mim. Aproximei-me do trono e me ajoelhei.
- Kevin mandou uma carta - sussurrei.
- Ah, claro - disse a Rainha teatralmente. - Vamos até meu quarto, para você... Para você receber a recompensa por ter achado minha joia.
As guardas que estavam próximas ao trono não entenderam, mas não a questionaram.
Fomos ao seu quarto. Logo que chegamos a Rainha pegou a carta das minhas mãos e começou a ler.
Lágrimas escorriam de seus olhos. Olhou para mim, desamparada. E disse, sem ao menos me conhecer.
- Ela está aqui, Wally. Está no calabouço do castelo. E eles estão chegando, o exército de Thais já está próximo a Carlin.
- Então vamos fugir! - disse eu desesperado - Não podem capturar você e sua filha.
- Acabou - disse ela chorando. - O Rei nem ao menos preza pela vida de sua filha... Deixou-se levar por um povo ignorante - as lágrimas não paravam de cair em sua bela face.
Fiquei desesperado. A morte estava próxima e, provavelmente, eu seria um dos seus alvos.
Logo que abri a porta do quarto da Rainha, ouvi algo que congelou meu coração. As cornetas de guerra de Thais soavam pelos terrenos de Carlin. A aranha havia tecido suas teias habilmente, e nós erámos as moscas.
Despertei do desespero.
- Vamos, Rainha! - gritei desesperadamente.
Puxei-a pelo braço e descemos as escadas. Podíamos ouvir os gritos nos jardins da cidade, a guerra começara.
Nos últimos lances das escadas nos surpreendemos com um encontro inesperado, Bambi e Wyda. O susto foi tamanho que nos esbarramos e rolamos todos pelas escadas. A Rainha se levantou e abraçou Bambi, ambas choravam.
Olhei para Wyda e pedi sua ajuda, meu coração pulsava, a morte era iminente.
- Faça alguma coisa, Wyda! - disse eu desespero. - Você é uma bruxa, tire-nos daqui! - implorei.
- Não posso - disse a bruxa secamente. - O Rei enviou necromantes para a cidade. Sitiaram a cidade e a lacraram com magia além da minha perícia. Estamos presos - disse a bruxa séria.
Dirige-me a Rainha. Precisávamos escapar daquela prisão mortal. Os gritos das guerreiras de Carlin já podiam ser ouvidos próximos às portas do castelo.
- Rainha, mostre-nos o caminho para os calabouços - disse eu ofegante. - Podemos encontrar a sua filha e ver se Wyda pode providenciar alguma magia para nos salvar - disse eu olhando para a bruxa.
- Tentarei - disse a bruxa sem muita confiança.
A Rainha nos guiou. Descemos vários lances de escadas. Chegamos a um corredor imenso. Os gritos da batalha eram longínquos, quase sussurros. A Rainha distribuiu algumas tochas e a seguimos quase que correndo. Após alguns corredores, que mais pareciam labirintos, chegamos a outro lance de escada. Elas desciam em espiral para uma câmara muito escura. Somente uma vela iluminava o ambiente. Próximo à vela estava ela, a filha da Rainha. A dor estampava seu rosto, a dor de não pertencer a este mundo, a dor de não ser amada. Seu olhar ardente, mas puro e sincero, penetrou em minha alma, e lágrimas vieram aos meus olhos sem aviso algum.
- Filha! - gritou a Rainha correndo para o abraço.
- Não temos tempo - disse Bambi se desvencilhando das lágrimas. - Wyda, tente nos tirar daqui...
- Tirar? - interrompeu Wyda mudando totalmente seu tom de voz. - Quem disse que eu iria tirar vocês deste maldito lugar? - seu tom de voz beirava o deboche.
- Mas... - Bambi também mudou sua expressão, já compreendia a situação. - Eu sabia! Você aceitou prontamente vir a Carlin quando lhe chamei, sem ao menos me extorquir. Sua vaga...
Um lampejo de luz ofuscante saiu das mãos de Wyda. Bambi jazia no chão com os olhos desfocados. Era o nosso fim.
- Rainha Eloise... - analisou Wyda sorrindo, olhando para a Rainha. - Você achou mesmo que eu iria ajudar você, a patética rainha? Aquela que veio aos prantos até minha casa para que eu fabricasse uma poção do amor? Antes da visita ao Rei Tibianus...
Não poderia ser verdade. O olhar desesperado da Rainha a acusava. O terror invadiu meu coração.
- Você prometeu que não contaria a ninguém, Wyda. PROMETEU! - gritou a Rainha aos prantos.
- HAHAHAHAHAHA - riu Wyda. - E você acreditou, como sempre. Contei tudo ao Rei Tibianus, com a promessa de que ganharia todo o território do pântano de Venore, e ouro, muito ouro - seus olhos brilhavam maliciosamente.
- Bem, este é o fim de tudo. Os guardas de Thais estão chegando - disse a bruxa friamente, enquanto um tropel de passos podia ser ouvido. - Diga adeus à vida e ao seu reino, sua tola...
A Rainha nem teve tempo de falar, a mão de Wyda cortou a escuridão e lançou outro feitiço que acertou a Rainha do rosto. A Rainha caiu. O sangue escorria de sua boca.
Olhei para Liz desesperado. A melodia mortal que saia da boca de Liz era atormentadora. Um ser humano preso no corpo de um fantasma, entre a vida e morte. Wyda ria da cena.
- E vocês - disse olhando para nós com desprezo. - Últimas palavras. Isso se a besta conseguir falar... HAHAHAHAHA - Wyda se deliciava com a cena.
Outro lampejo de luz vermelho. Como se cortado por uma faca afiadíssima, minha mão sangrava. Wyda ria.
Liz olhou para mim, seu olhar pareceu uma eternidade, eu conseguia enxergar a beleza por trás do tormento e da tristeza. Sem nenhum aviso ou pedido, ela me beijou.
Escuridão. Gritos. O beijo de uma Banshee. Luzes.
- Acorde seu completo malandro - disse Kevin. - Você ainda não terminou de arrumar as cartas. E, além de tudo, dorme até o meio dia. Absurdo! - esbravejou Kevin.
- PARE, DEIXE LIZ EM PAZ. PARE, WYDA! - gritei desesperadamente. - Onde está Liz, Kevin? - meus olhos estavam começando a se acostumar com o dia ensolarado, com a luz que entrava por uma das janelas da Sede. Eu estava em casa.
- Liz? Wyda? - indagou Kevin assustadíssimo. - Onde você escutou isso? - perguntou Kevin. O sangue sumiu de seu rosto.
- A guerra... A Rainha morta... - tentei juntar as palavras.
- Wally, acho que as histórias dos forasteiros devem ter lhe assustado durante o sono. Eu disse para você ficar longe de Ghostlands quando fosse entregar minha correspondência a Dalbrect - disse Kevin desviando meu olhar.
- Liz. Onde ela está? - perguntei ainda desesperado.
- Liz? A filha da Rainha Eloise? - perguntou Kevin assustado. - Ela morreu há muitos anos atrás. Antes mesmo de você nascer - disse Kevin expressando certo pavor. - Agora volte ao trabalho, seu preguiçoso!
Fique desconcertado. Será que tudo aquilo não passara de um sonho? Fui ao banheiro, precisava lavar meu rosto. Quando apanhei o sabonete minha mão doeu. Olhei para a palma de minha mão, um corte profundo parecia estar cicatrizando. O corte. A dor. O beijo. Kevin deve estar certo, seria loucura...
Spoiler: Texto 2Uma das mais importantes profissões de todo o Tíbia, sem dúvida, são os carteiros. Eles são não somente entregadores de correspondências e pacotes, mas também corajosos profissionais, que cumprem com seu trabalho, seja na região perigosa de Talahu, enfrentando o árido deserto de Darashia ou as montanhas rochosas de Mistrock, e ainda a distante terra gelada de Folda.
Mas, acima de tudo, as pessoas se perguntam: Quem cuida de tudo isso? Quem é o responsável por recrutar tais profissionais e a seleção? É aí que entra um dos mais importantes personagens de todo o Tíbia, o homem responsável por manter a máquina dos correios funcionando. Sim, estamos falando de Kevin Postner, que trabalha como Chefe dos Carteiros, cuja sede está localizada ao sul de Kazordoon, no meio do caminho entre Thais.
Kevin trabalha incansavelmente, dia e noite, recrutando novos carteiros e fazendo do correio do Tíbia sempre um exemplo de rapidez e pontualidade, com qualidades jamais vistas.
Durante todos os anos em que tem trabalhado a frente desta organização, Kevin viu muita coisa acontecer, pessoas irem e virem recebeu agradecimentos. Anda ocupado a maior parte do tempo, mas quando pode gosta de viajar até Fíbula e conversar com seu amigo Dermot, a quem ele já enviou presentes várias vezes, através dos carteiros do Correio Tibiano.
Quando perguntado sobre sua profissão, ele diz que também deve o sucesso dela a todos os bravos carteiros que se empenham em cumprir diariamente com seus deveres. E então ele começa a contar alguns casos engraçados que aconteceram durante todos estes anos.
Como quando Waldo, um carteiro corajoso e curioso, que sempre procurava maneiras de não somente fazer seu trabalho direito, mas melhorá-lo. Certa vez, ao sair entregar uma encomenda para Hugo o alfaiate em Venore, ele saiu pela direita de Thais e viu um bando de Trolls ao redor de uma fogueira. Ele conseguiu passar despercebido pelas criaturas, e curioso como era, tentou cortar caminho pelas cavernas infestadas de trolls. Mas infelizmente, na parte mais funda da caverna, ele foi cercado por Trolls e acabou morrendo. Kevin ainda hoje, quando recruta novos carteiros, tenta descobrir o paradeiro de Waldo, mesmo não tendo certeza de que ele esteja vivo.
Outra situação, que não envolvia perigo, mas foi muito engraçada, aconteceu quando ele pediu para que um de seus carteiros fosse até certo dwarf em Kazorddon. Mas quando chegou lá, o carteiro acabou descobrindo que o dwarf era meio surdo, por trabalhar tantos anos perto de todas aquelas coisas que ele chamava de máquinas. O carteiro precisava falar com ele, mas ele não ouvia nada. Foi engraçado o relato de um carteiro, que ficou bravo por ter que repetir a mesma frase várias vezes até o maluco entender.
Havia em Venore um cara estranho, que ninguém sabia o nome, e muito menos ninguém sabia o eu ele fazia da vida, pois era sempre visto no andar abaixo do depot, fazendo sabe-se lá o que. Mas muitos carteiros falharam em entregar a ele uma conta de algo que ele devia. E também não se sabia o que e a quem ele devia. Kevin apenas mencionou ao carteiro: “Procure por um sujeito estranho abaixo do depot e faça com ele aceite esta conta”. Finalmente um dia, um dos carteiros achou o tal sujeito estranho, que parecia estar vestido de mágico, e usava uma cartola enorme. O carteiro perguntou a ele sobre a cartola algumas vezes, e numa delas, irritado, o sujeito a deixou cair e dela surgiram alguns coelhos. Ele então aceita a conta e pede para que o carteiro saísse de sua vista.
Mas nenhuma missão dada a seus carteiros foi tão perigosa quanto à de entregar uma carta a ninguém mais ninguém menos do que Markwin, o rei dos Minotauros de Mintwallin, enviada por sua mãe. Markwin era conhecido por não gostar de ser incomodado, e toda vez que alguém tentava lhe entregar algo, ele invocava alguns de seus mais poderosos soldados. Muitos carteiros morreram tentando cumprir com o seu dever, mas acabaram morrendo. Até que um dia um bravo e forte guerreiro se candidatou a uma vaga, e com um truque de magia aprendido em Edron, que permitia a ele ficar invisível, ele derrotou os soldados de Markwin e entregou a correspondência, e até hoje é uma lenda conhecida por toda a Guilda dos Carteiros.
Esse é o dever de todo carteiros do Tíbia: desbravar o desconhecido, não temer nada, ir onde quer que sejam mandados, entregar pontualmente e acima de tudo, nunca desistir.
Com um pouco de pressa, Kevin termina dizendo algumas palavras sobre ser carteiro: “Ser carteiro é trabalhar pensando em como a pessoa que vai te receber vai reagir, como ela vai responder ao teu esforço. É colocar a obrigação acima de si mesmo para um bem maior, pois sem os correios o mundo pode parar. Acredite.”.
Disputa C
Black Kamen Rider x Valentim Tuk x Mano Mendigo
Tema: Agentes da TBI
Spoiler: Texto 1Impedindo uma guerra
Caos na cidade. Guardas cercando as saídas, pessoas em pânico. Não entendendo o que acontecia, simplesmente espero. Algumas horas depois durmo ouvindo o som das tochas crepitarem no fundo da minha sela.
Pela manhã, sou acordado por um guarda que me tira da cela, cobre minha cabeça e tudo que penso é: chegou o dia do meu julgamento...
Subo escadas, ouço um barulho de porta rangendo, sou colocado em uma cadeira e minha cabeça é descoberta.
Me deparo com uma sala estranhamente familiar e sentado atrás de uma mesa está Chester Kahs, meu arquirrival e líder da TBI. Além de ser ele quem me prendeu.
Era difícil ver seu rosto, pois a sala estava escura, mas eu conhecia muito bem aquela armadura azul-clara que adquiria um tom pálido sob a luz bruxuleante da tocha ao fundo.
[Chester Kahs] - Preste atenção Ned Noxious. Você é procurado em todos lugar, pois é um assassino extremamente habilidoso - disse ele seriamente
[Ned Noxious] - Disso eu sei - digo sarcasticamente
[Chester Kahs] - Tenho uma oferta Ned, mas antes você terá que me ouvir.
[Ned Noxious] - Diga - murmurei
[Chester Kahs] - Você deve ter notado uma estranha agitação na cidade ultimamente. O fato é que uma mulher roubou a coroa do Rei Tibianus e ele acredita que era de Carlin, por isso disse que caso sua coroa não seja devolvida iniciará uma guerra contra Carlin.
Mas eu não tenho certeza se ela era realmente de Carlin ou se tem alguém tentando provocar uma guerra, preciso que você descubra se essa mulher está a serviço de Carlin e recupere essa coroa para evitar a guerra. Você tem aproximadamente três dias e deve começar sua missão, não tente fugir, pois caso isso aconteça milhares de vidas serão perdidas e sei que no fundo você também não que isso. Você foi escolhido porque é o mais capacitado para essa e missão e caso a conclua será absolvido de todos os seus crimes.
[Ned Noxious] - Que ironia, até ontem eu era um assassino odiado e agora vou me tornar um agente da TBI, pois aceito sua oferta - concluo
[Chester Kahs] - Não preciso te explicar como fazer sua missão porque sei que você tem seus próprios métodos.
Mais tarde naquele dia peguei meus pertences e segui rumo a saída de Thais. Chegando lá raciocinei que ela deve ter atravessado a ponte perto de Mount Sternum e provavelmente seguido para Carlin, não tenho certeza sobre isso mas é a minha melhor chance de encontra-la pois muitos utilizam esse caminho e encontrar pegadas é impossível. Por certo tempo segui na estrada de terra que leva em direção à ponte, até aproveitei para matar minha fome caçando alguns veados na região. Enquanto caminhava encontro alguns bandidos, caçadores e outros criminosos que parecem vir de Outlaw Camp. Tento me esconder, mas eles conseguem me capturar a tempo.
[Chester Kahs] - O que vocês querem comigo? - pergunto
[Foras da lei] - A única coisa que se pode ter de um viajante como você: dinheiro!
[Chester Kahs] - Saibam que não tenho nada.
Antes que eles possam responder ouvimos o barulho de uma grande legião de orcs que se aproximam. Nos últimos tempos eles atacavam a Thais com frequência e matavam qualquer um que estivesse fora dos portões.
A legião é imensa e muitos deles estão montados em lobos. Apenas um pequeno grupo de orcs se desloca do batalhão principal para nos matar. Eles enfrentam os foras da lei de Outlaw Camp, que impressionantemente conseguem resistir aos orcs, pelo menos por enquanto. Tento cortar minhas amarras e por sorte acho a espada caída de um orc, com a qual me livro das amarras que me prendem a uma estaca cravada no chão. Saio correndo no meio da confusão e três orcs guerreiros me perseguem. Não tenho força para fugir e me volto na direção deles. Desvio de seus golpes e cravo minha espada no coração de um deles. Corto a cabeça do segundo e vejo que o terceiro orc está prestes a desferir um golpe que irá perfurar minha barriga mas ouço uma flecha zunindo que o acerta diretamente na cabeça.
[Ranjit] - Prazer, me chamo Ranjit - diz um dos homens que pertenciam ao grupo de bandidos que encontrei na estrada.
[Ned Noxious] - Prazer, me chamo Ned Noxious e acho que deveríamos correr em direção a ponte de Mount Sternum antes que mais orcs nos vejam.
Ele consente e nós corremos.
Ranjit possuía cabelos escuros, era moreno, média estatura e parecia ser um oriental.
Chegando perto da ponte explico a ele minha missão, meu passado e explico que caso ele me apoie também pode ser absolvido. Ele aceita a oferta. Encontramos a ponte ocupado por ciclopes cinco ciclopes e decidimos esperar até a noite para atacarmos.
Quando anoitece eu e Ranjit começamos a usar nossos arcos para matar os ciclopes antes que eles nos localizem, é difícil pois eles são muito resistentes mas no momento em que o último ciclope vivo vai matar Ranjit eu o acerto no olho e ele cai.
[Ned Noxious] - Agora não te devo mais nada - digo em tom de brincadeira após salva-lo. Acampamos logo depois da ponte e assim passa-se o primeiro dia.
Acordo pela manhã e surpreendentemente as estradas estão vazias, como já dizia o ditado: depois da tempestade vem a calmaria. Seguimos rumo a Dwarf Bridge e quando estamos a quinhentos metros eu e Ranjit vemos uma mulher perto da agência de correios indo para Venore, seus cabelos são castanhos e ela usa um longo vestido preto.
[Ned Noxious] - Você acha que vale a pena checar?- pergunto.
[Ranjit] - Com certeza! por experiência própria eu lhe digo que não é normal ver mulheres sozinhas por essa região nesses tempos difíceis em que vivemos. Antes de nos aproximarmos dela combinamos que Ranjit irá distraí-la e eu tentarei olhar dentro da sacola que ela carrega. Ele anda até ficar lado a lado com ela e começa a pedir informações e distraí-la. Me aproximo cautelosamente e uso minhas habilidades de assassino para abrir levemente a sacola que la carrega, quando abro levo um susto que quase me faz gritar, ela está com a coroa. Deixo o artefato do Rei na sacola dela e me afasto. Ranjit volta depois de um tempo e explico a ele que não peguei a coroa para podermos usá-la como isca para saber quem armou isso. Seguimos a mulher, que curiosamente segue em direção à Venore.
Ela monta acampamento, eu e Ranjit também, nos dividimos em turno para segui-la quando ela sair da barraca.
O segundo dia do meu prazo se passa e ela sai de sua barraca e continua a seguir para Venore. Nós vamos atrás e as nove horas da manhã ela chega,assim como nós. A cidade é suspensa sobre um enorme pântano. Ela se dirige para a casa onde os barões e ricos comerciantes se encontram. Não conseguimos segui-la, pois dois guardas vigiam a porta. Ranjit os distrai e eu me esgueiro para dentro da casa. Quando entro nos aposentos sou nocauteado por alguém que estava escondido atrás da porta.
Quando retomo minha consciência vejo que estou preso em uma sela, que fica dentro de uma grande sala com velas, móveis finos e lustres feitos de ouro. Vários senhores, provavelmente os barões de Venore, eles conversam com a mulher que os entrega a coroa do Rei.
O barão que recebe a coroa diz:
[Barão de Venore] - Você conseguiu! A história de que bruxas podem pegar o que quiserem se confirma, hahahaha! Vou provocar uma grande guerra entre Thais e Venore, vender meus armamentos e suprimentos para ambas cidades e assim vou enriquecer. Deixarei que as duas se destruam e assim Venore vai se tornar a cidade mais poderosa, vou controlar as colônias de ambas cidades e me tornar o rei supremo!
[Bruxa] - Vejo que nosso agente da TBI acordou, bom dia Ned! Acha que não percebi que você me segui por todo caminho? Hahaha!
Os barões guardam a coroa em um cofre dentro da sala e se retiram para almoçar. A bruxa debocha de mim e se prepara para me matar, quando de repente a porta se abre e ela interrompe seu movimento.
Ranjit entra correndo e atrás dele vem dois guardas que ele mata com um golpe rápido de sua cimitarra. A bruxa o olha impressionada e começa a lançar bolas de fogo, das quais ele se desvia com dificuldade. Depois de uma longa batalha a bruxa se vê sem forças e foge. Ranjit me solta, e usa sua habilidade com fechaduras para abrir o baú no qual a coroa está. Antes que possamos nos comunicar uma enxurrada de guardas começa a entrar no aposento e nos nos jogamos da janela em direção ao pântano. A queda é grande mas nós dois ficamos vivos. O cheiro tóxico que o pântano exala é insuportável e nós tentamos sair daquele lugar o mais rápido possível. No caminho nos deparamos com uma grande criatura verde de um olho que nos persegue, porém nós nos camuflamos e esperamos com que ela passa. Exaustos, nós conseguimos chegar a entrada da cidade, só que pela parte de baixo. Nas escadarias e em volta delas vemos muitos guardas que colam papéis com nossas fotos por todos lugares. Eu e Ranjit percebemos que não conseguiremos sair do pântano e passar da entrada de Venore sem sermos percebidos. Armamos um plano mirabolante. Passamos correndo na maior velocidade possível, demora algum tempo até que os guardas nos notem, mas é ai que o plano entra em ação. Invadimos o estábulo que fica próximo a entrada da cidade e roubamos alguns cavalos, fato que deixa Appaloosa(a dona do estábulo) desesperada. Jogo algumas moedas no chão para tentar compensar o preço dos cavalos, mas sei que não compensa. Com a alta velocidade deles conseguimos chegar na noite do meu último dia de prazo para devolver a coroa. No portão de Thais vemos um grande exército se preparando para marchar rumo à Carlin. Soltamos os cavalos na esperança de que voltem até sua dona e nos dirigimos à sede da TBI. Encontro Chester Kahs e explico a ele tudo que descobrimos e entrego a coroa.
[Chester Kahs] - Vamos rápido entregá-la ao Rei. Nós vamos aos portões da cidade e entregamos a coroa ao seu verdadeiro dono, e também explicamos o plano dos barões de Venore.
[King Tibianus] - Informarei a Rainha de Carlin sob o mal entendido e marcharemos juntos sob Venore para acabar com esses barões que se julgam superiores a nós. Você Ned Noxious e seu amigo estão absolvidos de seus crimes e agora são livres!
Ranjit voltou para Ankrahmun, sua terra natal e eu decido que quero compensar todas as vidas que tirei no meu passado e vou passar a ajudar a salvar as pessoas, me tornando um agente da TBI.
Spoiler: Texto 2Ali estava eu, sentado, com as botas sobre a mesa, saboreando um belo charuto Thaianês. Nas mãos eu segurava e observava aquele lindo objeto brilhante, feito a ouro, com apenas 3 letras marcadas, TBI (Tibian Bureau of Investigation).
Ao observar aquele lindo objeto muitas historias vinham em minha mente, me lembro do tempo de academia e do sonho de me tornar um agente da Policia Secreta do Reino Thaiano. Lembro de tudo que eu passei para conseguir entrar, fui do pântano a praticamente o inferno, enfrentei de piratas a bárbaros e até o um dos mais temidos Dwarfs Geomancers.
Sim eu consegui! Com 25 anos, me tornei o mais novo Agente da TBI a entrar desde sua fundação.
Hoje, com 42, já estive presente em diversas missões, entre elas a mais importante de toda a história do Departamento, a prisão de Partos.
A historia começa no dia que completei dois anos como Agente, me lembro das palavras do Capitão.
[Chester Kahs] – Tom! Péssimas noticias, acabei de sair do castelo do Rei Tibianus, sua coroa foi roubada!
[Tom] – Roubada!!!? Quase cai de costas ao ouvir aquela noticia.
[Chester Kahs] – Sim meu caro, alguém entrou no castelo de madrugada e a levou, a única pista que temos foi este bilhete deixado no lugar da coroa real: “Um roubo que merece ser coroado”.
[Tom] - Partos! Falei em voz alta.
[Chester Kahs] – Exato meu caro agente, ninguém teria a capacidade e audácia de cometer um crime desses, conversei com os guardas e ninguém alega tê-lo visto, precisamos encontrar a coroa e captura-lo!
Partos era um ladrão já procurado pela TBI, pois sempre que cometia grandes roubos deixava um bilhete irônico, pois adorava ser temido. O Capitão Kahs foi o único a chegar perto de captura-lo, mas ele fugiu. As poucas informações que tínhamos era que ele roubava raridades para comercializar com Nomads de Ankrahmun. Alguns diziam que Partos tinha negócios com os próprios Djins, mas isso nunca foi provado.
Passei meses investigando seus passos, a cada novo crime lá estava eu tentando colher pistas, não havia muita lógica nos seus roubos, depois de tanto tempo a coroa já nem fazia tanta falta ao rei, mas eu queria pega-lo, sim por honra ao Departamento. Passei noites em claro, dias sem comer, aquilo já estava ficando serio demais, até que um dia a sorte bateu a minha porta, o maior bandido da historia Tibiana cometeu seu primeiro erro.
Eu estava sentado no balcão do bar, uma caneca de cerveja na mão, cabeça baixa, refletindo um pouco sobre tudo que aconteceu. Ao meu lado duas mulheres conversavam, uma delas muito bonita por sinal, olhos castanhos, cabelos dourados feito ouro, um vestido branco colado ao corpo quase transparente, eu queria poder olhar mais para aquele corpo, mas não pude deixar de mudar meu olhar para o seu pescoço, la estava uma bela e linda joia, eu mal pude acreditar mas aquilo era sim um lindo amuleto de ouro com uma linda e bela green gem lapidada no meio nos mais belos detalhes. Eu conhecia poucas mulheres que teriam condições de comprar um objeto daqueles, e essa com certeza não era uma delas.
Abordei aquela bela e jovem mulher, percebi que o melhor a fazer não era me identificar, pensei na melhor maneira de saber onde ela havia ganhado aquilo, tive que tirar algumas moedas de platinum do bolso, isso não me importava mais, o que importava era saber de quem e onde ela havia ganhado aquilo.
Após entregar todas as moedas que tinha no bolso, consegui finalmente a informação, o maldito Partos cometeu seu grande erro, mesmo sem saber, pois aquela joia, ironicamente, havia sido roubada por ela em seu quarto.
Sai correndo, montei em meu cavalo e fui em direção a Carlin, rumo ao local onde eles sempre se encontravam, ela me disse que ele morava uma casinha logo acima de Carlin, em Northport e que ao menos uma vez na semana ia visita-lo. Foram horas cavalgando e pensando no que estaria por vir.
Cheguei finalmente ao local, olhei por um pequeno vão entre a porta e parede, lá pude ver Partos sentado com diversos objetos ao seu redor, muitas moedas de Crystal jogadas pela casa, tentei agir como um Agente da TBI deveria, mas não consegui.
Eu tinha que ter analisado melhor o local antes de agir, mas a raiva e angustia eram maiores, fechei a mão e saguei minha espada, me lembro que ao meter o pé na porta meu sangue ferveu tanto que fiquei vermelho de raiva, apesar de assustar com aquela cena, Partos era muito ágil, em minha direção vieram duas adagas, só ouvi o barulho delas fincando na porta quando me abaixei para desviar, enquanto isso pude ver ele pegar uma espada pendurada em sua parede.
[Partos] – Quem diria agente Tom, que um dia vocês bateriam em minha porta. Sempre me diverti com TBI e agora não será diferente.
Trocamos diversos golpes, só podia ver pedaços dos moveis se partindo a cada golpe que desviávamos, a luta não parecia ter fim.
[Tom] - Você sempre subestimou nosso trabalho, e agora estando a minha frente não tira esse tom irônico da cara, vou lhe mostrar por que sou um Agente da TBI e membro da Legião Vermelha!!
Foram duros golpes que dei contra ele, a raiva trazia uma força fora do normal para mim, após alguns choques duros de espadas finalmente consegui!
Minha espada bateu de uma forma que Partos caiu para trás, só pude ouvir o som de sua espada voando para longe de suas mãos. A cena que marca até hoje minha vida foi ver aquele homem tentando se arrastar para pegar sua espada de volta.
Coloquei meus pés sobre suas costas com toda minha força e segurei firme minha espada com as duas mãos sobre sua cabeça.
[Tom] – Espero estar te fazendo rir meu caro, eu podia apertar esta espada sobre sua cabeça, mas isso não seria nenhum pouco divertido não é mesmo!? Você vai passar o resto de sua vida atrás de uma cela para se lembrar sempre disso aqui... Ele olhou para cima e viu muito bem aquele objeto de ouro com três letras colando bem no meio de sua cara, acompanhado logo em seguida de um belo soco.
Partos ainda tinha a marca TBI marcada em sua cara quando acordou na prisão de Thais, ao seu lado um pedaço de papel que ele logo pode ver escrito “Espero que goste deste ambiente único e raro”.
Muitos objetos foram recuperados em sua casa, mas a coroa do rei nunca mas foi vista. Mesmo assim o Rei Tibianus se sentiu satisfeito e honrado, mesmo sem o retorno na sua coroa, afinal ter Partos perambulando por trás de suas grades era um grande tesouro.
Acordei do cochilo com a porta se abrindo com toda força e batendo na parede!
[Chester Kahs] – Tom ACORDE!! O cachorro do Rei Tibianus foi roubado!! Precisamos achar o Noodles!!!
Spoiler: Texto 3Dias Escuros
Já era noite em Thais, a capital de Mainland. As ruelas devidamente iluminadas estavam completamente vazias, bem mais que de costume. Fazia frio, mas não era esse o motivo pelo qual a cidade estava deserta. E naquela noite silenciosa, diferente, Tibianus III estava sentado em seu trono, muito preocupado, afinal não é de costume o velho ficar acordado naquele horário. As ondas de desaparecimentos era o motivo de toda anormalidade, algo que jamais havia acontecido. Guerreiros e até alguns vendedores foram raptados, e em todos os casos não houve nenhum rastro, e a vítima não estava acompanhada. O rei tomou providências, duplicando ou até mesmo triplicando o número de guardas pelas ruas nas primeiras semanas da onda de desaparecimentos, mas mesmo assim pessoas ainda eram vitimadas. Ficando desesperado e não entendendo o motivo de tal brutalidade, o rei temia vítimas mais frágeis, o que de fato aconteceu. Samantha, filha de uma vendedora autônoma de botas, sumira em plena luz do dia, estava ao lado da mãe, uma coisa duplamente inédita. E nesta noite, foi aplicado o primeiro toque de recolher, e aqui voltamos ao ponto onde estávamos, o rei sentado em seu trono na noite mais vazia em tempos. Estava pensando na menina, em algo que poderia fazer para parar com a onda. Já fizera de tudo, desde o toque até mandar tropas de guardas reais para investigação, sem efeito. E pela primeira vez na história, sua reputação decrescia.
Seus pensamentos se voltavam a uma solução, e mesmo sem ideias ele recusava a chamar seu conselho, precisava fazer aquilo sozinho. Pensou no passado, pessoas que fizeram algo memorável, até que chegou ao ponto:
– Oras, como fui tão tolo? Mas é claro! – O rei replicou a si mesmo – Preciso dormir, afinal já é tarde e preciso visita-lo amanhã.
Com certa dificuldade, Tibianus desceu de seu trono, e usando suas vestes de dormir (um grande casaco branco feito de pele de veados) , foi se direcionando ao quarto, e por sorte não acordou seu mordomo, naquele momento ele não queria sermões ou ideias que poderiam “revolucionar o reino”. Ao entrar em seu quarto, tirou as sandálias, levantou o véu de sua cama e no instante em que se deitou, dormiu profundamente.
~~
Chester Kahs bebericava sofregamente seu vinho no bar do frodo, ao lado de seu amigo, Saloman Knep, os dois faziam sua visita rotineira ao lugar.
– É, parece que a vítima agora foi a filha da vendedora Eloise, Samantha. – Knep tentava puxar assunto com seu velho companheiro.
Mas Chester nunca foi a mesma pessoa depois do ocorrido em Carlin, onde tentou proteger a cidade de sucessivas invasões de ogros e minotauros (mais tarde descobriu-se que o ataque fora induzido por um humano, mas isso é outra história) e falhou. Depois do fracasso, se despediu de seus companheiros de batalha (inclusive Knep) e largou a grande carreira que fizera. Mas o rei não gostou de ver um veterano, homem com grande espírito de liderança e uma fidelidade que poucos possuem fora de seu pelotão, e resolveu o promover, junto com seus amigos, para a Tibian Bureau of Investigation, ou TBI, uma corporação que secretamente investiga casos (ou lugares) que teriam potencial para prejudicar qualquer cidadão de Thais. Kahs aceitou o pedido, e logo na sua primeira missão, que seria investigar alguns forasteiros de Zao vistos rodeando a cidade, obteve sucesso, lidando muito bem com a postura discreta e silenciosa que tivera de tomar. Todos os agentes são obrigados a conhecer tudo sobre cada cidadão, mas nenhuma pessoa pode estar ciente de que a corporação existe, podendo colocar a efetividade da mesma em risco. Todas as missões para o rei são secretas, mais em tempos tão calmos quase nenhuma ocorrência de grande porte fora registrada até então.
– Aquela garota é adorável, se eu pudesse fazer algo para ajuda-la eu o faria sem pensar. – Com um tom de desgosto misturado com tédio, Kahs lamenta.
Knep olhou para os lados, ninguém visitava o bar por puro medo, Frodo inclusive lamentava para os guerreiros que a clientela diminuíra drasticamente e que não temia seja lá quem fosse. E este estava longe, lustrando alguns copos. O paladino então se aproximou do amigo, encobrindo a boca com as mãos:
– Nós poderíamos fazer algo, se o rei nos cham... – Knep se auto interrompeu.
Por entre as portas, um sujeito de média altura, velho, usando uma grande túnica vermelha fortificada por causa do frio castigante, com grandes e volumosas barbas grandes e escoltado por 2 guardas reais de grande porte, adentrava ao bar. Assim que olhou, Frodo deixou seus copos (que foram trabalhosos para lustrar) caírem aos seus pés, estava em estado de choque:
– Não é possível... Não... – O dono do bar cai duro no chão, em puro choque.
Saloman Knep se impressionara com a coincidência que acabara de acontecer, enquanto Kahs observava meticulosamente a cena do Rei entrando, como se estivesse vendo alguma miragem. Tibianus III parecia abatido, não tinha aquela felicidade irradiante de antes, e se sentia levemente incomodado com o lugar que adentrara. Se aproximando o suficiente para os agentes ouvirem, ele começou:
– Quero ser breve, mas aqui não. Acompanhem-me por favor, e vamos discutir algo sério.
Os dois se entreolharam, mas aceitaram na hora, afinal só pelo fato do rei vir em pessoa, o motivo da discussão se mostraria sério... E óbvio. Depois de caminharem um pouco até a residência real e adentrarem na sala de reuniões, todos os três se acomodaram, o rei parecia mais feliz com a presença deles, mas ainda assim abatido.
– Creio que saibam o motivo de suas vindas. Algum pervertido está afetando nossa cracia, e nossos cidadãos estão sendo raptados, sem nenhum vestígio. O alarme alfa fora dado, ninguém sai de casa, só guerreiros do meu reino. Os guardas reais não dão conta de algo tão furtivo e rápido, e creio que é hora de reviver a TBI, pois os tempos calmos estão acabando. Vocês precisam ser igualmente furtivos, e... Rápidos.
Chester Kahs mostrava uma feição frígida, pensava em furos que poderiam ocasionar a falha na missão:
– Qual será nosso ponto de partida, e onde estão nossos companheiros, Jay e Steel? Eles foram a uma missão em Ankrahmun e não voltaram até hoje!
Knep se interpôs ao rei:
– Por mais que sejam efetivos, não precisaremos deles, eu tenho um plano...
~~
– Knep, isso vai realmente dar certo? – Kahs parecia inseguro sobre o plano de seu companheiro.
Já escurecera, e os dois estavam dentro do depósito de Thais. Com um imenso frio e ninguém além deles presentes nas ruas, a sensação de estar em uma cidade fantasma crescia. Saloman pedira ao rei que retirasse todos os guardas das ruas, e que deixasse somente a iluminação acesa. O que o paladino queria fazer era simplesmente ser raptado, ser um alvo fácil, pois depois de deduções, Kahs e Knep calcularam que o sequestrador não escolhia suas vítimas. O veterano Chester não queria afirmar, mas se sentia como se estivesse enfrentando seu primeiro dragão. Inseguro, com medo do que poderia acontecer. Um sentimento quase nulo para pessoas como Kahs crescera de tal forma que nem ele mesmo conseguia esconder, as ruas desertas realmente eram tenebrosas. Já Knep se segurou mais um pouco, tentou manter o foco no objetivo, mesmo sendo o mais novo e inexperiente da TBI, naquela hora se sentia o mais preparado:
– Não há o que temer, agora vamos sair da zona de proteção.
O tinindo da espada longa de Kahs sendo retirada ecoou pela imensidão das ruas, que agora pareciam ainda maiores e mais escuras. Assim que saíram, as armas empunhadas, o coração batia mais e mais forte. Ambos caminhavam em direção à loja de poções e runas, queriam seguir até a saída leste, na torre alfa. Mas enquanto os dois passavam em frente à loja de comidas, um grande vente soprou, e um barulho ensurdecedor de lâminas arranhando um escudo perturbou os dois agentes. Kahs desferiu um golpe no ar, enquanto Knep tentava enxergar seu arco que caíra de sua mão, ambos estavam atordoados. O barulho estranhamente cessara, mais ambos estavam em alerta total.
– Você está bem, filho? – Kahs se levantava, limpando a poeira de sua armadura, seus dentes rangiam (não sabia se era pelo frio ou pelo recente acontecimento).
– Nunca estive tão feliz. – Knep finalmente achara seu arco caído.
Os dois se juntaram ainda mais, e lentamente caminhavam por entre as ruas, quando algo aconteceu novamente: os postes apagaram. Totalmente nas escuras, Kahs conseguiu grudar ao seu parceiro, ambos de costas, o medo começava a tomar conta. Knep estava escorregando, parecia querer sentar no chão, quando disse algo em um tom aterrorizado:
– Eu estou sentindo algo, Kahs, estou sentindo algo aqui entre nós!
Tudo estava escuro, nada se via ou até mesmo se ouvia, Chester Kahs procurava algo para iluminar o ambiente, estava ficando desesperado. Assim que achou uma tocha em um de seus bolsos, deu para o amigo acendê-la, as mãos trêmulas, e quando Saloman acendeu a tocha, um grite cortou o silêncio da noite: Dois olhos amarelos fitavam-no, e um grande sorriso branco também se mostrava. A figura não tinha forma, apenas os olhos e a boca. Knep se sentiu puxado para baixo, como se a terra estivesse o sugando, Kahs também sentia isso mesmo sem ver a criatura, pois estava grudado ao amigo. Sem nenhum poder de reação, os dois foram sugados até tudo ficar escuro.
~~
Gemidos de dor e rangidos de correntes eram ouvidos como se estivessem muito longe dali. Assim que retomou a consciência, Chester Kahs percebera que se encontrava acorrentado, em algum lugar abaixo da terra, provavelmente. Parecia um grande esgoto, se não houvesse grandes e pequenas celas de ferro e correntes prendidas ao teto, torturando homens que ali se encontravam presos a elas, inclusive o guerreiro. Já Knep se encontrava ainda desacordado em uma cela, com dois homens e uma criança nelas. Kahs conseguia observar o local onde seu amigo estava, mesmo com a dor de seus braços sendo suspensos o cegando. A dor era cruciante, logo começara a gemer de dor, pensando em como acabar com tudo aquilo. Com tantas coisas em sua cabeça, ele não percebeu que a criança era Samantha, filha da vendedora de botas Eloise, a garota a qual ele simpatizava. Sua cabeça começou a rodar, tudo estava ficando escuro, ele desejava nunca ter acordado, quando um baque coletivo quebrou o silêncio da sala: Todas as correntes foram soltas. As vítimas da crueldade maior eram todos homens, guerreiros e de média idade, fortes o suficiente para aguentar o sofrimento. Com o barulho, muitos dos prisioneiros nas celas acordaram, mais alguns como Knep ainda se encontravam desacordados, como todos os ex-acorrentados... Exceto Kahs. Com outro barulho, uma porta ao fundo se escancarou, e homens vestidos de preto carregavam os corpos e abriam as grades, longe de Chester, que era o último acorrentado, o mais distante. Um homem caíra sobre ele, e ele aproveitou isso para se rastejar sem ser visto, e mesmo sentindo uma dor insuportável nos braços conseguiu movê-los para dar impulso. A dor era tanta que ele pegara um tecido rasgado do chão (provavelmente de algum dos homens) e colocara na boca, assim podendo abafar seus gritos. Depois de muito esforço, finalmente conseguira se esconder atrás de um gigante baú de madeira, e por um milagre conseguiu ouvir uma conversa:
– Creio que este número é suficiente. – Uma voz vazia e sem vida, como a de um lagarto, saiu da boca de um dos encapuzados.
– O grande mestre ancião retornará com tanto sangue da cidade prometida! – Outra voz, pervertida e maléfica, se mostrava em mais um dos homens.
Havia um terceiro, que carregava os corpos para dentro da porta que parecia ser um estreito corredor. Este era maior e vestia uma túnica revestida em diamantes negros, parecia ser o líder da turma:
– Vamos, temos um longo caminho até as Minas de Formorgar, parem de conversar!
A voz pervertida se voltou ao mestre, descontente:
– Perdão, perdão. Eu já estava indo recolher aquela cela – E apontou para Knep e Samantha – A da garota, o sangue puro.
Kahs não conseguia pensar direito, mas tamanha crueldade em chamar a menina de “sangue puro” o feriu como uma faca perfurando seu pulmão. Ele havia matado a charada, sabia o destino e o que aqueles humanoides fariam, só estava esperando todos irem embora. E de pouco em pouco os três humanoides foram carregando todas as pessoas pelo corredor, até sobrar o último corpo: o homem que caíra em cima dele. O mais baixo da turma, que seria o mais fraco, veio correndo carregar o homem pelas pernas, e estava encaixando-as para começar a andar, de costas para Kahs. Este, que por sua vez carregava uma faca dentro do couro de sua armadura, mesmo sofrendo conseguiu tirá-la, e com passos de um predador silencioso, chegou até perto do homem de preto, que foi perfurado logo em seguida, fazendo sequer barulho. Quando o corpo do homem caiu sob o outro, Chester vasculhou itens que poderiam ajudar na perseguição (ou fuga), e por sorte achou uma poção de vida em um compartimento da armadura preta do recém-morto. Usando-a no braço dolorido, se sentiu muito melhor, e deduzindo que aquela roupa preta não caberia nele e que o outro homem havia expirado, Kahs sacou sua velha faca e seguiu pela porta, que estava aberta.
Boa sorte a todos, e que os melhores textos vençam!
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