Prólogo
Escrevo isso enquanto vejo o sol nascer novamente atrás das colinas rochosas da Ilha de Muhr. A cidade está extremamente movimentada, como era de se esperar, pois hoje é dia de festival e os preparativos começaram logo cedo. Os marceneiros já preparam todo o palco utilizando madeira fina, pois é onde acontecem as apresentações e, seria péssimo começar o ano com uma farpa no pé enquanto se dança agradecendo pelo belo ano que havia passado e torcendo por um ano ainda melhor. Muitas mulheres enfeitam a cidade jogando tiras de tecido colorido pelo chão, e pendurando outras nos locais mais agradáveis. Os escultores fizeram uma bela estátua ao longo do ano, com a imagem de Dongrerion Treny, um grande guerreiro que havia morrido em batalha protegendo a cidade dos Drahus na última grande migração, eu deveria estar feliz, se ele não fosse meu pai. Durante as migrações, os Drahus costumam visitar todas as cidades que encontram para se alimentar do gado que encontram, mas vivemos principalmente disso e não podemos nos dar ao luxo de perder uma só cabeça. O problema é que esses malditos animais conseguem destruir nossas muralhas e temos de lutar contra eles em campo aberto. Meu pai matou três deles sozinho, mas pagou com sua própria vida... Outras pessoas morreram sem matar ao menos um e, por conta disso, não havia nenhuma estátua reservada a ela. Meu pai deixou uma grande herança depois de morrer... Uma casa para minha mãe e minha irmãzinha e, para mim, que me torno um homem feito hoje, seu mais precioso bem: A Espada de Gladena. É um “artefato mágico” que pertence a nossa família desde que foi forjada nos antigos vulcões. Você deve se perguntar o que esta espada tem de mais... Eu não sei, nem mesmo acredito nas histórias que contam. As histórias dizem que esta espada foi forjada nos mais antigos vulcões por Abalon Treny, e para finalizar sua mais bela criação ele aprisionou dentro da espada um espírito antigo da sabedoria. Espíritos? Artefatos mágicos? Isto acabou há muito tempo atrás, quando houve um extermínio de todos os magos. O que meu pai me deixou, na verdade, foi uma velha espada. Bonita, mas velha. Mas... Uma coisa que eu percebi, é que quando ela era de meu pai, o rubi que adorna a espada era mais brilhante, era como olhar para um grande mar de chamas. Agora, mesmo estando comigo a quase um ano, tudo o que vejo é um rubi opaco, sem brilho. Mesmo assim, eu gostei do presente. Agora que completei 16 anos e, treino com minha espada a cerca de um ano, estou pronto para partir desta cidade em busca de meu destino, assim como meu pai fez aos 16, e antes dele meu avô. A família Treny sempre foi uma família de aventureiros e viajantes, alguns chegam a nos chamar de loucos, bobagem, eu chamo de espírito animado. Mas eu sou diferente... Irei inovar, farei algo que nunca fizeram: Escreverei sobre todas as minhas aventuras, para que possam compilar tudo em uma grande história, e então o mundo saberá quem foi Christopher Treny e seus feitos na Terra Prateada!