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Tópico: O Baú

  1. #21
    Avatar de Wu Cheng
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    Padrão Comentário gigante, li tudo de uma vez

    Gostei muito do início de sua história, por isso resolvi comentar alguns detalhes.

    Como não sou dono da verdade, tome as críticas como alguém jogando conversa fora no botequim, debatendo o último filme ou livro que saiu.

    Numa manhã arrastada e poeirenta do verão de 1922...

    ...Alice May Susan, nascida no solstício de verão de 1921
    Bom, Alice nasceu no dia 21 de junho de 1921 e foi abandonada na estação entre 21 de junho e 21 de agosto do ano seguinte.

    Tinha pouco mais de um ano quando surgiu na plataforma. Gostei da maneira que forneceu esses dados, foi sofisticado.

    Só vou reclamar de uma coisa que vejo bastante na seção de histórias: "Alice May Susan Hopkins"? "Bill Carey"? "Bill Hoogener"?

    O que há de errado com nomes em português ou locações brasileiras?

    Tolstói falava que "Se queres ser universal, fala da tua aldeia".

    partiu de Denilburg após uma parada de cinco minutos
    Numa rápida pesquisa no google, entendi que é uma cidade fictícia dos EUA.

    É um bom recurso fugir de locações reais se não houver um grande conhecimento dos seus detalhes.

    Apesar de preferir nomes em português, é inegável que pela influência do cinema americano essa pseudo-referência a uma misteriosa cidadezinha americana causa curiosidade.

    não enquanto o amanhecer ainda estivesse na meia xícara de café de distância
    Essa comparação não consegui entender. A figura literária ficou interessante, comparando medidas de tempo e de volume.

    Você quis dizer que a manhã só começaria depois de terminada aquela meia xícara de café?

    Foi assim que Alice May Susan Hopkins chegou a Denilburg...
    Numa visão "careta", seria mais apropriado apresentar o nome completo da protagonista no final, quando aparece seu nome grafado no bilhete azul.

    De início achei um pouco sem sentido o narrador anunciar um nome tão grande sem nenhuma referência, e quando lemos o bilhete não constar seu último sobrenome.

    Depois viajei um pouco e pensei que Alice acabaria se casando com algum Hopkins e se tornaria a senhora Hopkins.

    Afinal ela chega na estação se chamando Alice May Susan. O narrador estaria nos reservando alguma surpresa para o futuro?

    Portanto, Alice May Susan juntou-se à família Hopkins e foi criada com as filhas biológicas de Stella
    É, o narrador nos reservava uma surpresa... Não precisa acreditar, mas escrevi o comentário acima sem ler o seu capítulo seguinte.

    Está realmente uma história bem costurada, as palavras ficam mais valiosas quando se sabe que o autor está preocupado com os detalhes.

    Até 1937, quando completou dezesseis anos.
    Suas irmãs tinham agora 25, 23 e 19 anos. Mas olhando a data assim, e por ser uma cidadezinha americana, não dá pra não lembrar da grande depressão americana de 29, que se estendeu por toda a década de 30.

    Lembrei também que Hitler já estava no poder na Alemanha desde 1936, mas aí já é divagação demais. Apesar da II Guerra Mundial ter acabado com a crise americana.

    se sentaram na varanda para ver a vida passar. Nada tinha passado, a não ser o gato dos Prowell.
    Muito bom, ri a beça.

    Parecia estranhamente natural segurá-lo e, sem qualquer planejamento consciente, ela acionou a alavanca, checou se o cano estava vazio e atirou em seco. Um segundo depois, percebeu que não sabia o que tinha feito, mas que, ao mesmo tempo, poderia repetir o movimento, e ainda mais. Sabia carregar a arma e atirar, sabia como esvaziá-la e limpá-la. Estava tudo na sua mente, embora só tivesse dado um tiro na vida
    Não tem nada a ver com o clima de faroeste da narrativa, mas lembrei de Identidade Bourne. Só que sua história parece melhor.

    Falando em faroeste, acabei lembrando também de um filme chamado O último matador, de Walter Hill, com o Bruce Willis num faroeste onde já existiam pistolas, metralhadoras e os primeiros Fords. Excelente filme.

    Não deixe de concluir a história, está muito boa.

    P.S.: O povo da seção se amarra num cenário extremamente detalhado, com parágrafos inteiros de descrições. Eu pulo todos, só quero saber dos detalhes que tenham relevância para o andamento do tema. Os livros do José de Alencar lia de 3 em 3 páginas, por obrigação escolar. Claro que isso é preferência e não crítica, só achei arrastada a parte das descrições do conteúdo do baú.

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    Última edição por Wu Cheng; 06-09-2009 às 00:22. Razão: Errei a idade das irmãs de Alice

  2. #22
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    A história tomou um rumo inesperado e criativo. Fiquei contente pelo contéudo do baú ter sido revelado – bem cedo, mas sem matar o grande segredo.

    Você conseguiu mesclar – competentemente! – descrições detalhadas e clima de suspense com a leveza e humor dos capítulos anteriores. Apesar da narrativa não apresentar bases sólidas, o clima de "mistério em uma cidadezinha interiorana" prende a atenção e agrada bastante.

    Seu texto é um dos mais interessantes da seção; pena não estar recebendo muitos comentários... todavia, não desista! Todo esforço será recompensado.


    Esse último capítulo foi muito bem escrito. O único erro (mínimo) que detectei:

    Citação Postado originalmente por Mago Teseu Ver Post
    Alice May já tinha corrido para o quarto e e todos a ouviram soluçar.

    Já sou leitor cativo. Aguardo o próximo.
    Última edição por Emanoel; 06-09-2009 às 11:10.

  3. #23
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    Bom, só posso dizer, que depois deste capítulo a ação começa =D.


    Apontem os erros.

    4 - Servos do Estado


    Quando Alice May desceu para o café da manha no dia seguinte, após uma noite praticamente sem dormir, os outros estavam alegres e animados. Ao fazer uma tentativa de falar sobre o que acontecera, ficou claro que, ou eles não tinham nenhuma lembrança do que haviam presenciado, ou o estavam negando com todas suas forças.

    Alice May não se esqueceu. Ela via a estrela prateada reluzindo em seus sonhos e várias vezes acordou com a sensação da coronha do rifle contra o rosto ou o peso implacável dos revólveres nos coldres sobre suas coxas.

    Com os sonhos veio um profundo sentimento de pavor. Alice May sabia que as armas e a estrela eram uma espécie de direito de nascença, e com elas vinha consciência de que um dia teriam de ser usadas. Ela temia esses dia e não podia imaginar em quem... ou em que... ela deveria atirar. Às vezes, a ideia de que talvez tivesse de matar outro ser humano a assustava mais do que qualquer coisa.. Outras vezes, ela ficava mais horrorizada ainda com a ideia estranha de que talvez o que ela um dia enfrentaria não fosse um ser humano.

    Um ano se passou e o verão chegou novamente, mais seco e quente do que nunca. As plantações da primavera morreram nos campos, e com as pequenas sementes feneceram as esperanças dos fazendeiros de Denilburg e da população que dependia delas para ganhar dinheiro.

    Ao mesmo tempo, inúmeros bancos que pareciam sólidos faliram. Foi uma surpresa, especialmente por terem sobrevivido à escassez de crédito de 1930¹ e à explosão da bolha de tântalo dois anos antes. A quebra dos bancos foi acompanhada por um crise de desconfiança na moeda, enquanto o país mudava das moedas de ouro e prata para as de alumínio e cobre, sem nenhum valor real.

    Um dos bancos que faliram foi o Nacional Faith, que guardava a maior parte das escassas poupanças dos habitantes de Denilburg, Alice May descobriu tal fato quando chegou em casa depois da aula e encontrou Stella chorando e Jake pálido na cozinha, picando mecanicamente o que devia ter sido uma abóbora.

    Por um tempo, parecia que iam perder a farmácia, mas o marido de Janice mantivera um estoque completamente ilegal de moedas de ouro no valor de vinte dólares, aquelas com o retrato da imperatriz Dowager. Vendê-las a um "colecionador de moedas licenciado" gerou uma quantia suficiente para pagar as dívidas dos Hopkins e manter a loja ativa.

    Jane, porém, teve de largar a faculdade. Sua bolsa foi afetada negativamente pela inflação, e Jake e Stella não tinham condições de lhe dar nada. Todos esperavam que ela voltasse para casa, mas ela não voltou. Em vez disso, escreveu uma carta dizendo que tinha conseguido um emprego, um bom emprego com um belo futuro pela frente.

    Levou mais alguns meses e algumas cartas para que descobrissem que o emprego de Jane era numa organização política chamada Servos do Estado. Ela enviou uma ferrotipia de si mesma de uniforme preto com distintivos e uma braçadeira com uma tocha desenhada. Jake e Stella não puseram a foto no consolo da lareira, ao lado dos retratos que davam conta das vidas das irmãs.

    A chegada da ferrotipia de Jane coincidiu com o fato de Alice May - e mais todo mundo - estar refletindo muito a respeito dos Servos. Durante vários anos, eles pareceram um grupo inofensivo. Apenas uma organização política pseudomilitar direitista, intolerante e reacionária, com algumas cadeiras no Congresso e uns dois cargos consultivos no Palácio.

    Mas na época que Jane se tornou membro do partido, as coisas haviam mudado. Os Servos tinham encontrado um novo líder em algum lugar, um homem a quem chamavam de Mestre. Ele parecia ser bastante comum pelos jornais, um sujeito baixinho com uma barba esquisita, topete grande e olhos arregalados. Era um pouco parecido com o comediante Harry Hopalong, que tinha o mesmo tipo de cavanhaque muitíssimo bem aparado - só que o Mestre não era engraçado.

    Era óbvio que o Mestre tinha um carisma que não podia ser captado pelo processo de ferrotipia ou reproduzido em publicações. Ele viajava o país constantemente e, onde quer que aparecesse, influenciava os políticos locais, os empresários importantes e grande parte da população. Prefeitos deixavam seus partidos políticos e se uniam aos Servos. Barões do petróleo e do tântalo faziam doações generosas. Professores escreviam ensaios apoiando as teorias econômicas do Mestre. Multidões se aglomeravam para aplaudir e venerar os avanços do Mestre.

    Em todos os lugares em que a popularidade do Mestre crescia, havia assassinatos e incêndios criminosos. Os adversários dos Servos morriam. Minorias de todos os tipos eram perseguidas, especialmente os Primeiros Povos e os adeptos das principais heresias. Mesmo os templos ortodoxos, cujos Arúspices² não concordavam que o destino estava a favor dos servos, eram queimados completamente.

    Assédios, espancamentos, assassinatos, incêndios e estupros não eram investigados de maneira adequada quando eram praticados por Servos ou em nome deles. Se investigados, os casos nunca eram levados a julgamento com sucesso, fosse no Tribunal Estadual ou Imperial. A polícia local deixava os Servos agir como bem entendessem.

    O imperador, homem já muito idoso que ficava abrigado no palácio em Washington, nada fazia³. As pessoas falavam com nostalgia de seus tempos de glória, quando liderava batalhas nos topos dos montes e atirava em ursos. Mas isso já fazia muito tempo e agora ele estava senil, ou perto disso, e o príncipe herdeiro da Coroa sofria de uma preguiça quase terminal; era um bufão sorridente que não podia ser incitado a tomar qualquer tipo de atitude.

    Em Denilburg, Alice May se sentia isolada do que estava acontecendo nos outros lugares. Mas, mesmo naquela cidade pequena e pacata, ela viu a ascensão dos Servos. As duas lojas pertencentes ao que os Servos chamavam de Outros - basicamente as pessoas que não eram brancas e não os cultuavam com regularidade - tiveram tochas vermelhas pintadas em suas janelas e perderam a maioria dos clientes. Em outras cidades seus proprietários teriam sido espancados ou jogados em alcatrão e cobertos de penas, mas em Denilburg ainda não havia se chegado a esse ponto.

    Pessoas que Alice conhecera a vida inteira falavam a repeito da Conspiração Internacional dos Outros e de como eles eram culpados pelo insucesso dos bancos, das plantações e de todos os outros insucessos - especialmente seus próprios insucessos nas coisas do dia-a-dia.

    Alice May compreendeu que algo muito grave estava acontecendo no dia em que seu tio Bill Carey passou em frente à casa dela vestido não com uniforme verde e azul de chefe de estação, mas, sim, com o preto e vermelho dos Servos. Alice May foi à rua para perguntar-lhe que diabos ele achava que estava fazendo. Mas quando parou em frente dele, notou um estranho vazio em seu olhar. Não era o Bill Carey que ela conhecia desde bebê. Instintivamente, soube que algo havia acontecido com ele, que o tio adotivo que conhecia e amava tinha mudado, que sua humanidade natural estava sendo soterrada por algo horrível e venenoso.

    - Louvado seja o Mestre - soltou Bill quando Alice May o olhou. Sua mão subiu até o ombro e bateu contra o peito, na saudação de golpe de faca dos Servos.

    Ele não disse mais nada. Seus olhos estranhos fitavam o nada, até que Alice May deu um passo para o lado. Ele andou a passos largos e ela correu para dentro de casa, sentindo-se mal.

    Mais tarde ela soube que ele tinha ido a Jarawak City, a capital do estado, no dia anterior. Tinha visto o Mestre discursar, só por curiosidade, assim como outras pessoas de Denilburg. Todos eles retornaram como Servos leais.



    1- Referência à crise de 29.

    2- Sacerdote existente nos templos romanos.

    3- Esta história se passa em um mundo alternativo, onde os EUA são um império hereditário.
    Última edição por Mago Teseu; 08-09-2009 às 22:44.

  4. #24
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    <aplaudindo, pasmo>

    Incrível. Com certeza, uma das melhores histórias que já vi nesse board, quiça a melhor. Sim, sou um newcommer, mas esse texto me agradou muitíssimo. Apenas uma coisa não me satisfez:


    Outras vezes, ela ficava mais horrorizada ainda com a ideia estranha de que talvez o que ela um dia enfrentaria não fosse um ser humano.
    Mas quando parou em frente dele, notou um estranho vazio em seu olhar. Não era o Bill Carey que ela conhecia desde bebê. Instintivamente, soube que algo havia acontecido com ele, que o tio adotivo que conhecia e amava tinha mudado, que sua humanidade natural estava sendo soterrada por algo horrível e venenoso.
    Sei que seria muita presunção da minha parte "adivinhar" o conflito da história, mas se você estiver cogitando a hipótese de colocar seres não-humanos, faça-os com cautela. Eu, particularmente, não gosto de histórias deveras fantasiosas.


    Alguns pequenos erros que detectei:

    que aparecesse, influenciava o políticos locais
    Os políticos ?

    O imperado, homem já
    Ri muito, imaginei um caipira dizendo isso. Mesmo assim, seria "o imperador", não ?

    passou em frente às casa dela vestido
    À casa, creio eu.



    Continue, por favor. Não comentei, mas gostei muito de você ter colocado fatos como a Crise de 29, por exemplo. Tornou o texto muito mais verossímil e, em outras palavras, foda.

  5. #25
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    Citação Postado originalmente por Ldm Ver Post
    <aplaudindo, pasmo>


    Sei que seria muita presunção da minha parte "adivinhar" o conflito da história, mas se você estiver cogitando a hipótese de colocar seres não-humanos, faça-os com cautela. Eu, particularmente, não gosto de histórias deveras fantasiosas.

    Quanto à isso fique tranquilo. Não haverá disso na história. No caso, a Alice só estava temendo que fosse.




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  6. #26
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    Realmente sua história tomou um rumo inesperado.

    Quem diria que neste universo paralelo o nazi-facismo floresceria em solo americano.

    Harry Hopalong (O Mestre, mas poderia ser "Il Duce") é um Hitler bem mais eficiente nos discursos do que este que conhecemos pelos livros de história.

    É um tremendo pano de fundo para seu enredo principal. O clima me lembrou uma história de Alan Moore, V de Vingança. Não o filme, mas os quadrinhos originais, que por sua vez são inspirados em Admirável Mundo Novo, 1984, Fahrenheit 451 e outros.

  7. #27
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    Algumas pessoas possuem uma boa história para contar e outras conhecem a melhor maneira de contar essa história. Posso estar sendo precipitado, mas fico contente em perceber essas duas características em você e na sua obra.

    Os capítulos estão ficando cada vez maiores e mais interessantes; mesmo quando tudo não passa de fundamentação, o charme e o estilo não se perdem. Finalmente começo a entender esse "mundo alternativo" e fico contente por ser mais complexo do que esperava.


    Devo dizer que tenho receio pelos próximos capítulos. Não foram poucas as histórias dessa seção que caíram de qualidade no momento da "ação", afogando-se no impressionismo e na falta de verossimilhança.

    Desejo-lhe paciência e inspiração.

  8. #28
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    Citação Postado originalmente por Wu Cheng Ver Post
    Realmente sua história tomou um rumo inesperado.

    Quem diria que neste universo paralelo o nazi-facismo floresceria em solo americano.

    Harry Hopalong (O Mestre, mas poderia ser "Il Duce") é um Hitler bem mais eficiente nos discursos do que este que conhecemos pelos livros de história.

    É um tremendo pano de fundo para seu enredo principal. O clima me lembrou uma história de Alan Moore, V de Vingança. Não o filme, mas os quadrinhos originais, que por sua vez são inspirados em Admirável Mundo Novo, 1984, Fahrenheit 451 e outros.

    Velho, esse comentário foi melhor que a minha história.


    Citação Postado originalmente por Emanoel Ver Post
    Algumas pessoas possuem uma boa história para contar e outras conhecem a melhor maneira de contar essa história. Posso estar sendo precipitado, mas fico contente em perceber essas duas características em você e na sua obra.

    Os capítulos estão ficando cada vez maiores e mais interessantes; mesmo quando tudo não passa de fundamentação, o charme e o estilo não se perdem. Finalmente começo a entender esse "mundo alternativo" e fico contente por ser mais complexo do que esperava.


    Devo dizer que tenho receio pelos próximos capítulos. Não foram poucas as histórias dessa seção que caíram de qualidade no momento da "ação", afogando-se no impressionismo e na falta de verossimilhança.

    Desejo-lhe paciência e inspiração.

    Devo dizer que também estou com receio. Pois a narrativa fica um pouco fora da realidade, embora tenha motivos. Creio que vão entender por que fiz isso.



    Gente, para os meus leitores fiéis. Trecho do capítulo 5 "Medo ou Morte". :eek:
    Seraá postado domingo, é o antepenúltimo (sem contar o epílogo).


    "Alice May olhou para os únicos pais que conhecera. Sentiu como se estivessem numa cena de cinema, com todos presos ao roteiro. Havia certa inevitabilidade nas palavras de Jake, mas ele parecia tão surpreso ao dizê-las quanto ela ficara ao ouvi-las. Ela viu o terror no fundo dos olhos dele e também a vergonha. Ele já estava com medo da pessoa que estava se tornando, com medo do lugar para onde seus temores o estavam levando. – Vou fazer as malas – anunciou Alice May, num tom de voz que soou débil aos seus próprios ouvidos. Não era o Jake de verdade que havia falado, ela sabia disso. Ele era um homem acanhado. Não sabia como ser audaz, e a raiva era a única válvula de escape que tinha para admitir sua covardia."



    BB.

  9. #29
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    Boa história.
    As vezes eu acho que ela está correndo rápido e não tivemos tempo de se identificar com nenhum personagem, mas talvez eu esteja pensando isso porque estou acustumado a ler livros grandes e não histórias desse tipo.
    Sei lá.
    Você escreve bem e teve uma boa idéia, vá em frente.
    Só queria que a personagem principal tivesse algo que a diferenciasse de todos os outros personagens, uma mania, uma frase que ela sempre repete, uma roupa específica, sei lá.
    I'm not a mage, i'm the keeper of the fire secrets.
    I'm not a paladin, i'm the seeker of holy justice.
    I'm not a druid, i'm the blessed child of nature.
    I'm not a knight, i'm the shield of mankind.
    I'm not a gamer, i'm a roleplay gamer.

    Leia minha história:
    http://forums.tibiabr.com/showthread...92#post4840992
    http://forums.tibiabr.com/showthread...77#post4858877

  10. #30
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    Antepenúltimo capítulo da saga.


    Medo e Morte



    Alice May tentou conversar com Jake e Stella sobre Bill, mas eles não lhe deram ouvidos. Tinham medo de falar sobre os Servos e não aceitavam o fato de que algo fora feito a Bill. Do seu ponto de vista, ele simplesmente tinha decidido seguir a maré.

    - Quando as coisas estão difíceis, as pessoas acreditam em qualquer coisa que ponha a culpa nos outros – disse Jake. – Bill Carey é um homem bom, mas o salário dele não subiu com a inflação. Acho que ele se agüentou por um tempo e que o Mestre de alguma forma lhe deu esperança.

    - Esperança misturada com ódio – retrucou Alice May. Ela ainda estava enojada por ter visto Bill com o uniforme dos Servos. Era ainda pior que a ferrotipia de Jane. Mais real e mais próximo. Era um erro, um erro, um erro.

    Uma batidinha na porta interrompeu a conversa. Jake e Stella trocaram olhares assustados. Alice franziu a testa, zangada por seus pais adotivos ficarem com medo de algo tão simples como uma batida na porta. Eles não teriam demonstrado medo antes. Ela saiu como um tufão para abrir a porta, correndo pela sala numa velocidade que derrubou o retrato do avô de Stella no chão. O vidro se estilhaçou e a moldura se dividiu em duas.

    Não havia ninguém lá fora, mas uma notificação fora empurrada por debaixo da porta. Alice May pegou o papel, viu o preto, o vermelho e a tocha em chamas e entrou em casa pisando forte, batendo a porta atrás de si.

    - O Mestre está vindo para cá! Esta tarde! – exclamou, balançando o papel diante de si. –Num trem especial. Ele vai discursar do trem.

    Pôs o dedo na última linha.

    - Aqui diz que “Todos devem comparecer” – disse ela, sombria. – Como se não pudéssemos escolher quem queremos ouvir.

    - É melhor a gente ir – murmurou Stella. Jake assentiu.

    - O quê? – gritou Alice May – Ele é só um político! Fiquem em casa.

    Jake fez que não com a cabeça.

    - Não. Não. Já ouvi dizer o que acontece quando as pessoas não vão. Temos de pensar na loja.

    - E meu avô era um homem dócil, conciliador – Stella disse baixinho. Ela olhou para os cacos de vidro e a pintura amassada. – Não vamos dar a eles um motivo para investigar nossa família. Precisamos ir.

    - Eu não vou – anunciou Alice May.

    - Você vai, enquanto viver nesta casa – vociferou Jake, numa rara demonstração de mau humor. – Não vou deixar que a vida de todos nós e a nossa fonte de sobrevivência corram risco por causa dos caprichos de uma menina tola.

    - Eu não vou – repetiu Alice May. Sentia-se estranhamente calma, claramente mais calma do que Jake, cujo rosto enrubesceu com súbita raiva, e Stella, que estava mortalmente pálida.

    - Então é melhor você ir embora de uma vez por todas – disse Jake, feroz. – Vá procurar seus pais verdadeiros.

    Stella chorou enquanto ele falava e se agarrou ao braço dele, mas não disse nada.

    Alice May olhou para os únicos pais que conhecera. Sentiu como se estivessem numa cena de cinema, com todos presos ao roteiro. Havia certa inevitabilidade nas palavras de Jake, mas ele parecia tão surpreso ao dizê-las quanto ela ficara ao ouvi-las. Ela viu o terror no fundo dos olhos dele e também a vergonha. Ele já estava com medo da pessoa que estava se tornando, com medo do lugar para onde seus temores o estavam levando. – Vou fazer as malas – anunciou Alice May, num tom de voz que soou débil aos seus próprios ouvidos. Não era o Jake de verdade que havia falado, ela sabia disso. Ele era um homem acanhado. Não sabia como ser audaz, e a raiva era a única válvula de escape que tinha para admitir sua covardia.


    Alice May não arrumou suas malas. Passou no seu quarto para pegar um par de botas de montaria e depois subiu para o sótão. Abriu o baú, soltando um suspiro aliviado ao ver que as correias e a fechadura não ofereciam resistência. Pegou a caixa em que estava escrito “munição” e a colocou no chão; ao lado dela pôs os revólveres guardados nos coldres e o cinto.

    Em seguida se despiu, ficando só com as roupas de baixo, e colocou o vestido branco. Ficou perfeito em seu corpo, como já imaginava. No ano que se passara desde a primeira vez que vira o vestido, havia crescido o suficiente para que does botões abertos pudessem descarrilar os trens de pensamentos e conversas da maioria dos garotos que conhecia – e de alguns dos homens.

    O vestido não era decotado, mas apertava seus seios e cintura antes de alargar-se, e era ousadamente curto, com seus três centímetros acima dos joelhos. O colete também era feito sob medida para mostrar suas formas. O estranho é que parecia ser bordado com tranças de fios de cabelo. Cabelos louros, de cor idêntica aos dela.

    O vestido, mesmo sem o colete, era frio ao toque, como se tivesse saído de um baú de gelo. A temperatura do lado de fora tinha feito o mercúrio subir até o topo no velho termômetro que havia ao lado da porta da cozinha, e o sótão estava abafado. Alice May não estava nem sentindo calor.

    Em seguida, ela prendeu os revólveres. O cinto descansava em seus quadris, com os coldres mais abaixo, contra as coxas. Descobriu que no lugar onde ficava o cinto o vestido era revestido com uma camada dupla de tecido, para evitar que ficasse gasto, e que havia pequenos laços para prender a alça de ambos os coldres ao vestido.

    Abriu com facilidade a caixa de munições. Dentro, havia uma dúzia de latinhas azuis. Pro algum motivo, Alice May não se surpreendeu ao ver as descrições, escritas à mão em etiquetas grudadas às latas. Seis delas levavam o rótulo de “Colt .45 Fourway Silver Cross” e seis o de “Winchester 44-40 Silvercutter”.

    Ela abriu uma lata de .45 Silver Cross. Os cartuchos bojudos de latão estavam cheios de balas de chumbo, mas na cabeça de cada uma delas havia quatro linhas grossas de prata. Alice May sabia que era prata de verdade. Os cartuchos para Winchester eram parecidos, mas as balas eram de prata ou de chumbo recoberto de prata.

    Alice May carregou rapidamente ambos os revólveres e depois o rifle, e encheu os espaços no cinto com os dois tipos de cartuchos. Por instinto, sabia que munição usar em cada arma e pôs somente cartuchos da .45 Silver Cross à esquerda da fivela com a insígnia de águia, e cartuchos de 44-40 à direita.

    Mesmo com o rifle ainda no chão, os revólveres e o cinto carregado de balas já faziam bastante peso sobre seus quadris e coxas.

    Ainda havia mais uma coisa no baú. Alice May pegou a caixinha de jóias e abriu-a. Antes de ser tocada, a estrela estava opaca, mas começou a brilhar quando ela a colocou. Também era pesada, mais pesada do que deveria ser, e seus joelhos dobraram um pouco quando o alfinete fechou.

    Alice May ficou paralisada por um instante, respirando devagar, tirando de cima de si o peso que era tanto imaginário como real. A luz de sua estrela foi esmorecendo a cada respiração, até não passar de um pedaço de metal brilhante refletindo o sol. Então, tudo pareceu mais leve. Os revólveres, o cinto, a estrela – e sua própria alma.

    Ela fechou o baú, sentou-se sobre ele e calçou as botas. Em seguida, pegou o rifle e desceu a escada.

    Não havia ninguém lá embaixo. O vidro quebrado e o porta-retratos ainda estavam no chão, em total contradição à natureza e aos hábitos de Stella. A pintura havia sumido.

    Alice May saiu pela porta dos fundos e rapidamente atravessou a rua para ir à casa do Tio Bill. O outro Bill, Bill Hoogener. O leiteiro. Queria falar com ele antes que ela... fizesse o que quer que fosse fazer.

    Havia uma calma incomum na rua. Soprou uma brisa quente, levantando redemoinhos de poeira que rodopiavam às margens da rua de cascalho. Não havia ninguém nas ruas. Nenhuma criança brincando. Ninguém andando, dirigindo ou cavalgando. Só havia o vento quente e as botas de Alice May pisando o cascalho, a andar os noventa metros em diagonal até a casa de Hoogener.


    Ela parou na cerca de estacas. Uma tocha vermelha fora pintada na porta entreaberta, a tinta ainda fresca e pingando. As mãos de Alice May puxaram a alavanca do rifle sem pensar conscientemente, e ela empurrou a porta, abrindo-a com a ponta da bota.

    A frieza do vestido se espalhava por sua pele, só que agora fazia mais frio, um gelo absoluto. Bill, como o sobrenome entregava, era descendente dos Unicistas, embora não fosse praticante. Os servos reservavam um ódio especial aos unicistas monoteístas.

    A sala toda tinha sido quebrada. Todas as pinturas de Bill retratando a cidade e sua população, uma vida inteira de trabalho, estavam amassadas no chão. O enorme porta-guarda-chuva fora arrebentado, e as bengalas e guarda-chuvas que ficavam guardados ali tinham sido usados como cacetetes para esmurrar o reboco. Havia muitos buracos, o papel de parede pendendo em volta deles como pele ferida.

    Havia sangue no chão. Muito sangue, um grande oceano escuro perto da porta e poças menores cujos rastros levavam ao interior da casa. Uma marca de mão feita de sangue ao lado da porta da cozinha mostrava onde alguém – não, não alguém, pensou Alice May, mas Bill, seu tio Bill – havia se apoiado.

    Ela andou em meio aos destroços, com mais frio ainda, o pior frio que já tinha sentido. Seus olhos se voltavam lentamente de um lado para o outro, o cano do rifle, com suas flores de prata, seguindo seu olhar. O dedo estava colocado no gatilho, a um instante de distância do disparo, do tiro, da morte.

    Tio Bill estava na cozinha. Estava sentado com as costas apoiadas no fogão, a pele pálida, quase translúcida contra o esmalte amarelo da porta do forno. Seus olhos estavam abertos e incrivelmente claros, mais brancos que qualquer leite que ele já carregara, mas suas pupilas azul-celeste estavam embotadas, escurecendo, ficando tão negras quanta a pequena gravata borboleta que pendia sobre seu peito, o elástico rompido.

    Sua boca estava aberta, um buraco disforme e escancarado. Levou um tempo para Alice May perceber que a língua dele tinha sido cortada.

    Da cintura para baixo, as roupas brancas geralmente impecáveis de Bill estavam pretas, empapadas e completamente encharcadas de sangue. Gotas ainda pingavam dele e caíam lentamente na macha embaixo de suas pernas. Alguém tinha usado o mesmo sangue para pintar no chão uma tocha malfeita e duas palavras. Porém o sangue tinha se espalhado e as palavras se juntado, por isso era impossível ler o que quer que os assassinos de Bill pretendessem comunicar. De qualquer forma, a tocha era suficiente para que a morte fosse reivindicada pelos Servos.

    Alice May contemplou seu tio morto, pensando coisas terríveis. Não havia desconhecidos naquela cidade. Ela devia conhecer os assassinos. Podia vê-los com facilidade. Homens vestidos com o uniforme vermelho e preto, bebendo uísque para ganhar coragem. Teriam passado diante da casa dezenas de vezes antes de finalmente baterem à porta de Bill. Talvez tivessem falado normalmente com ele por um minuto, antes de empurrarem-no para dentro. Então teriam golpeado, e golpeado, e golpeado Bill, enquanto ele cambaleava pelo corredor da própria casa, incapaz de acreditar do que estava acontecendo e incapaz de resistir.

    Bill Hoogener tinha morrido nas mãos de vizinhos, sem ter a menor idéia do que estava acontecendo.

    Alice May sabia o que estava acontecendo. Sabia, lá no fundo. O Mestre era um mensageiro do mal, um corruptor de almas. Os Servos não eram Servos do Estado, e, sim, escravos de algum veneno terrível e traiçoeiro que mudava sua natureza e os tornava capazes de cometer crimes horríveis como o assassinato do seu tio Bill.

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    Última edição por Mago Teseu; 12-09-2009 às 13:17.



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