Bem; eu mencionei que aquele texto passaria por mudanças, certo?
Só não sabia que as mudanças seriam tamanhas. Essa aqui é quase completamente nova, conservando somente o tal do Steve, o personagem principal.
Optei por ambientá-lo no mundo de Tormenta, um cenário de RPG nacional (mais informações Google). Sim, o prólogo se assemelhou bastante ao O Hobbit, mas para por aí.
A Última Balada do Bardo
Prólogo
Hongari é um reino simples e pacato, localizado na parte sudeste do Reinado. Nada de grandes histórias e lendas; ou aventureiros sedentos por aventuras. Nada de grandes masmorras e castelos, cheios de monstros e tesouros desconhecidos. Nada de nada, para falar a verdade. O pessoal daqui não gosta muito de tumultos, e não cultiva esse tipo de coisa. Costumam se contentar em preencher sua existência de um modo tranqüilo e sossegado, extravasando somente em umas raras festas onde nossos parentes mais velhos bebem até não agüentar. No mais, uma vida de colheitas, culinária e artesanato; e alguns arremessos de pedra para variar um pouco. Nada além disso.
Comigo, contudo, aconteceu diferente. Acabei metido em algumas encrencas que não estavam traçadas em meu plano de vida. Sabem; eu era jovem, e em Arton – até mesmo em lugares como Hongari – às vezes é difícil fugir de más influências. Um simples grupo de aventureiros que se hospeda um único dia na cidade e vai tudo por água abaixo. Foi exatamente o que aconteceu comigo. A curiosidade matou o gato. E, por pouco, não me levou também.
Mas esperem, nada de apressarmos a história. Terei muito tempo para descreve-la nos mínimos detalhes depois que chegarmos lá. Onde? Calma lá, não podia sair daquele jeito. Sabem, nunca gostei de lavar as mãos na pia da cozinha. Tudo bem, é frescura de minha parte, mas lá não tem toalha. Até a água parece um pouco mais gordurosa e menos limpa. Acontece que, naquele momento, meu filho estava usando o único banheiro de minha humilde toca. Isto é; aquela era uma medida necessária, infelizmente; visto que minhas mãos estavam cheias de resquícios da coxinha de galinha do almoço – que, por sinal, estava deliciosa.
Aquela hora, bem no iniciozinho da tarde, era perfeita para começar a realizar minha agradável tarefa de contador de histórias. Quando o Sol fumegava a sensível vista dos halflings e dava vida às Colinas; os mais velhos tiravam uma boa soneca após o almoço; e os jovens saíam às ruas para viver sua utopia antes que ela acabasse. Era o momento preferido de Steve, o Bardo Halfling, como sou conhecido há mais ou menos quarenta anos.
Pois bem; de bucho cheio e mãos devidamente limpas, apanhei o chapéu que repousava sobre o sofá da sala e ajeitei-o em minha pequenina cabeça. Era um chapéu feito em moldes humanos, e, portanto, um pouco maior do que deveria ser; de modo com que caísse um pouco para os ombros. Possuía uma pena dourada presa por uma fita a ele, e que dava o verdadeiro charme ao chapéu. Há muitas histórias sobre ele – e principalmente sobre aquela pena – mas que serão contadas no momento certo. Por hora, basta saber que aquele era o símbolo máximo de toda a minha vida. Algo de que não abdicaria nunca.
O velho, mas nunca desafinado bandolim me esperava na mesa, perto à porta. Este, por sua vez, possuía um formato peculiar. Parecia mais uma coxinha de galinha um pouco maior do que o normal, e com cordas. Bem, nunca pedi para repararem em minhas excentricidades, e muito menos em minhas preferências culinárias – muito menos refinadas do que a do restante do povo de Hongari.
Girei a maçaneta com minhas calejadas mãos de bardo, e com a ajuda de uma bengala saí de casa. Não era preciso avisar ninguém; todos já sabiam de minha rotina. O caminho até a praça era fácil e curto, e haveria um pequeno banco de madeira me esperando por lá. Costumavam chamá-lo exageradamente de palco, embora eu fosse ainda mais exagerado e preferisse me referir àquilo como uma espécie de altar, onde os deuses diariamente ouviam minhas preces – seja lá onde estiverem e o que estiverem planejando para nós, mortais.
Caminhei à passadas vagarosas; afinal, para quê pressa? Cumprimentei uns dois conhecidos que passaram por mim. Um deles, o velho Olsen, olhou-me atravessado. Era um daqueles velhos (fazendo jus à sua alcunha) rabugentos que ainda teimavam que eu fosse má influência para seus filhos e netos. Na verdade, eu era mesmo. Mas se não fossem por três certas más influências, vocês nunca teriam a oportunidade de ouvir essa história, e eu... Bem, eu certamente não seria o mesmo. Nunca teria saído dos limites de Hongari, e talvez estivesse bem mais infeliz. Ou não; afinal, Nimb nunca sabe o que faz.
Ao chegar ao centro da Praça tudo estava normal. As poucas lojas, todas abertas e funcionando; a Taverna do Dragão Sem Cabeça, com sua clientela esquisita de sempre; a Estalagem do Graveto Emproado, tão vazia quanto à vinte anos atrás. E o banco, bem no centro, intacto, esperando seu dono chegar. Cerca de dez jovens o rodeavam, uns um pouco maiores, outros menores, todos com o olhar ávido por aventuras que sua tradição e cultura não lhes permitiam viver. Outros ainda haveriam de chegar.
- Olá a todos – disse, acomodando-me, dedilhando as primeiras e suaves cordas do bandolim. Era incrível como minha voz havia adquirido um tom de liderança capaz de chamar a atenção de todos; algo que certamente não possuía no passado.
- Hoje tocarei em feridas que ainda não se curaram completamente – uma breve pausa, e a melodia do bandolim assumiu um teor dramático. – Hoje, falarei sobre como tudo isso começou.
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Ainda mais por ser ambientado em Tormenta. 