Mil perdões pelo atraso.Vi que ninguém percebeu que o prólogo era um acróstico (na verdade, uma adaptação de acróstico, já que só era a primeira letra de cada parágrafo).Mas ai vai o primeiro capítulo:
Capítulo Um – Noite Sangrenta.
Era um dia normal em Rookgaard. Quente. Todos estávamos no quartel. Ou melhor, na taberna que fica ao lado da caserna. Yuri contava histórias engraçadas para todos nós. Eu estava meio melancólico, já que a minha garota tinha me abandonado por um marinheiro de Idral. Mas fingia que não me importava, e ria com os outros. Acariciava de vez em quando meu machado, como que lembrando do toque da menina.
A taverna era escura, esfumaçada e fedorenta. Estávamos sentados em bancos de madeira, ao redor de uma mesa decrépita. O taverneiro insistira em acender a lareira, o que deixou o ar quente e esfumaçado. Mas o fogo era tão baixo que os buracos no teto de palha traziam mais luz. Ainda estava de dia, por isso éramos os únicos ocupantes do recinto, a não ser o taverneiro.
Como tínhamos pouco dinheiro, os únicos que bebiam a merecida cerveja eram os que contavam histórias. Ou seja: somente Yuri bebia e todos nós ríamos das suas histórias. Eu era o único que não estava totalmente concentrado no comandante. Por isso, fui o primeiro a notar o alvoroço na rua. Momentos depois, a porta foi escancarada e um homem ofegante correu para dentro da sala.
Parou, respirando forte, na frente de um surpreso Yuri. O homem era baixo, e seu cabelo era negro. Suas roupas estavam em farrapos e havia vários cortes em sua pele. Tinha uma face histérica, de quem está além do desespero. Balbuciava coisas sem sentido e tremia. Parecia estar tendo um ataque da “fúria dos deuses”. Segurou o braço musculoso de Yuri e murmurou:
- Rublien caiu, eles estão vindo. –
O homem soltou o braço do guerreiro e caiu no chão. Um profundo silêncio tomou conta de todos nós. Yuri foi o primeiro a se mexer. Verificou a pulsação do homem. Estava morto. Todos nós olhávamos aterrados para o cadáver no chão, as notícias eram terríveis demais para que pudéssemos reagir. Yuri se levantou, imponente. Levantou a espada curta e soltou um grito terrível, que inflamou a todos no salão.
Os soldados pegaram suas armas e bateram nos respectivos escudos, fazendo um barulho terrível e, ao mesmo tempo, maravilhoso de se ouvir. Começamos a gritar. Fomos correndo à rua, fazendo um grande estardalhaço. Todo mundo olhava espantado para nós, que corríamos para pegar o resto das armas, escudos e provisões no quartel. A notícia se alastrou rapidamente. A cidade começou a ficar tumultuada.
Saímos pelo portão norte da paliçada de terra e madeira. Vinte companheiros nossos ficaram na cidade, pois não estavam com a gente na taverna ou porque fugiram da “convocação” de guerra. Marchávamos desordenadamente, trombando um com os outros. Yuri puxava a canção de Banor, o herói dos humanos. A música retratava a grande batalha do início do mundo, na qual Banor massacrava sozinho mais de trezentos inimigos.
O tempo escureceu, nuvens se formaram no céu anteriormente límpido. Pessoas passavam correndo, em direção a vila. Algumas levavam pertences nas mãos, outras fugiam em carroças. Várias vinham em grupos de dez ou mais pessoas. Quando nos viam indo para o norte, gritavam esperançosos. Mas não havia nenhum sinal do inimigo.
No meio da tarde encontramos um grande grupo, composto mulheres, crianças e velhos, escoltados por quinze homens robustos e armados. Eles eram liderados por um homem chamado Ivan. Ele mandou cinco dos homens continuarem com os “incapacitados” para lutar e, com seus outros homens, marchou conosco.
Ivan era um latifundiário, dono de extensas terras entre Rookgaard e Rublien. Soube do ataque no fim da manhã. Os orcs tinham invadido a cidade fronteiriça de noite, na calada da madrugada. Mataram quase todos, poucos conseguiram fugir, pois os orcs tinham planejado bem o ataque. Queimaram primeiro o castelo de madeira, matando assim metade da guarnição. A outra metade estava dormindo nas tavernas. Não houve oportunidade de defesa. Foram massacrados os velhos e os jovens, escravizados.
Conforme a noite caía, menos refugiados víamos. Paramos para dormir na entrada do vale da Névoa, vinte quilômetros ao norte de Rookgaard. Dormi inquieto. O fogo da emoção de ir para a luta tinha passado. Agora, o único pensamento que estava na minha cabeça é o de que eu poderia morrer no dia seguinte. No meu turno de vigia, começou a chover. Fiquei o resto da noite orando a Crunor, para que ele me desse forças para sobreviver.
Amanheceu um dia cinzento, atípico de verão, o que muitos consideraram um mau presságio. Todos comemos uma refeição frugal, sem vontade. Parecia que a comida era terra, não conseguia engolir nada. Mais de um vomitou. Afiei meu machado, pensando que seria bom eu ter uma proteção melhor do que aquele gibão de couro ridículo. Ele estava pesado e fedendo, por causa da chuva e da lama. Todos estávamos nervosos.
Yuri decidiu esperar que os inimigos viessem até nós, por isso, sob a orientação do comandante, começamos a cavar, há poucos passos de onde nossa parede de escudos ficaria. Os buracos, de poucos centímetros de profundidade, atrapalhariam os inimigos, que poderiam torcer o pé. Nosso lado direito era protegido pela borda rochosa da montanha, nosso lado esquerdo era a parte mais vulnerável da parede de escudos, já que poderia ser flanqueado.
Na parede, cada homem põe seu escudo de forma que proteja seu companheiro da esquerda, assim, cada homem dependia do companheiro a direita para viver. Os soldados de trás empurravam os da frente e desferiam golpes por cima dos ombros, além de protegerem com os escudos os soldados da frente. A camaradagem se elevava ao máximo, antes da batalha. Homens faziam pactos de irmandade, afiavam as armas febrilmente ou rezavam.
No fim da manhã, vimos os primeiros inimigos. Eles vinham desordenados, em um pequeno grupo. Eram todos trolls, criaturas grandes, fortes, peludas, imundas e burras. Pararam meio quilômetro da nossa parede, que começou a gritar e bater com as armas nos escudos. Os trolls olharam a nossa força e se afastaram. Paramos de gritar na hora. Eu estava nervoso, com a garganta seca e com as pernas bambas. Tive ânsias de vômito, que logo contive.
Yuri falou para nos organizarmos. Não vou mentir, fiquei mais a direita que pude, pois não queria ficar no lado que seria flanqueado. Mas como ninguém queria ficar na esquerda, me vi sendo empurrado cada vez mais para a direita. No final, acabei sendo o último homem da direita. O pior lugar da batalha. Na hora que eu vi que eu teria de ficar ali, confesso que quase chorei. Yuri e Ivan se posicionaram ao meu lado direito. Assim, pelo menos Yuri me protegeria. Grande consolo. Um homem enorme, de mais de dois metros de altura, se posicionou atrás de mim. Ele disse, num resmungo, que seu nome era Baldor e tomaria meu lugar se eu morresse. Comecei a tremer incontrolavelmente.
Yuri afiava a espada curta, enquanto a maioria dos guerreiros embebedava-se. Eu pedi um odre de cerveja, mas Yuri me negou. Disse que o homem que luta bêbado numa parede de escudos tem mais chance de morrer. Eu pouco me importava, se eu fosse morrer, que morresse bêbado. Mas meu comandante negou o odre, passando para os soldados da direita. Fiquei fulo da vida, comecei a praguejar, enquanto afiava o meu machado e verificava a correia do escudo.
Baldor portava uma espada pesada, cheia de mossas. Tinha um gibão bem feito de couro e um escudo com uma bossa de metal no centro, para atordoar os inimigos imprudentes que chegassem muito perto. Tinha cabelos cor de palha suja, e os olhos cinzas. A face tinha muitas cicatrizes. A maior ia da têmpora até o maxilar esquerdo. Ele estava calmo, sentado na lama, esperava. Parecia um urso enorme, pronto para esmagar qualquer oponente. Um bom homem para cuidar das suas costas.
No início da manhã, Yuri parou de amolar a afiada espada e gritou para que formássemos a parede de escudos. Todos nós olhamos para o descampado, petrificados. Mais de cem inimigos estavam vindo, ululando, para nós. Eles tinham cornetas enormes que faziam um som aterrador. As nuvens se adensaram. Segurei o café da manhã no estômago e ajeitei o escudo no braço. Eles tinham chegado.
Bem, o capítulo está meio curto, mas acho que "dá para o gasto". Não, como você pode ver, este não é um acróstico. Se puderem me auxiliar, corrigindo e dando opniões, obrigado por antecipação. Eu ainda estou escrevendo o segundo capítulo, não tive tempo para escrever essa semana.
Esperando que gostem da história,
Thomaz
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