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Livro e Manifesto
Pelo visto,esse board está precisando.Um FAQ inicial:
O que é Livro e Manifesto?
São dois artigos toscos e feiosos que eu escrevi e fez o povo começar a escrever textos legais. Legais em comparação a merda que tava aqui,porque o que escrevemos não é lá grande coisa
Eu tinha,e ainda tenho,um projeto de livro com a nata da nata daqui.Como Caboom parou o Coléra e Filosofia,estou aguardando textos bons serem postados.
Pra que serve essa porcaria então?
É pro cara que chegou agora e tá desorientado.Aí ele lê isso,se orienta e para de escrever lixo.
Uia,que legal.Onde tá o tópico original?
Aqui.
E onde tá a re-postagem?
Continua lendo que você acha.
Quer ser meu amigo?
Não.
Resolvidas as perguntas de quem nunca leu o Livro e Manifesto,eis aqui o meu texto,sem mais yadda-yadda.
Artigo I
1. O começo
Libere sua mente...
Como eu já disse, roleplay é narrativa. Só isso, e nada mais. Seu texto pode ser de qualquer coisa que você quiser... Pode contar desde a vida inteira de uma pessoa á história de um cara que foi á padaria comprar o café da manhã. É como no RPG.
Porém, não é isso que vem acontecendo aqui. As pessoas que chegam aqui é porque jogam Tibia, e conhecem RPG. RPG para a maioria dessas pessoas não é o RPG arte- de- interpretar ,é RPG luta – caverna e dragão. Por isso, sempre sai a mesma coisa, só que de formas diferentes. Sempre é mais ou menos isso aqui:
“<coloque aqui um nome complicado> é um enviado(ou é um) de <coloque aqui um nome complicado, de novo>, o Deus do <coloque o nome de um elemento>. Ele veio para salvar o mundo ,reunificar o império enfim, fazer alguma coisa boa para o lado considerado do bem.”
Se o sujeito não é enviado dos deuses, ele é um cara que começou como um qualquer ou um guerreiro, mas tem o mesmo objetivo dos “enviados”.
Essas narrativas “aventurásticas” são assim porque são fáceis de escrever, de se desenrolar e nem se precisa de quebrar a cabeça para formular personagens e a idéia central. É só colocar 5 ou 6 nomes difíceis, e manda bala. Porém, a aventura na maioria das vezes, logo por causa disso, sai uma porcaria. Não encaixe sua narrativa na categoria de fantasia. Se for encaixar, encaixe direito, e não em Tibia. Escreva textos para serem colocados ao lado de Machado de Assis, idéias para serem colocadas ao lado de Platão e textos para passarem por cima de Paulo Coelho.
”Mas eu nunca conseguiria!”
Ninguém sabe. Mas pensar assim faz você cair no regime dos “iguais”. Algo diferente e envolvente é sempre o que todos querem ler. Grandes obras saíram das pessoas mais inusitadas. Cervantes tinha um péssimo currículo profissional, e escreveu o livro mais comprado e lido: Dom Quixote de La Mancha. (Tá certo, o primeiro é a Bíblia. Mas fala sério: Você já leu aquilo tudo? Já percebeu que o texto sempre muda de uma edição para outra?)
Se desafie.
Existem vários exemplos á sua volta. Cyberpunk, por exemplo, é um movimento literário sobre um mundo sombrio á décadas do nosso. Um representante do gênero é Neuromancer. Há também suspense , horror, terrir, contemporâneo, histórico... São muitos. Há histórias a serem inspiradas á sua volta, em cantos inimagináveis , ou na sua própria mente. Faça da sua literatura seu reflexo da realidade. E não simplesmente, uma história medíocre sobre cavernas e dragões .Libere sua mente!
E outra coisa, procure ler algo. Algo mesmo, desafiador . Se quer escrever sobre fantasia, leia Silmarilion. Se quer escrever sobre xadrez, comesse a jogar, e assim por diante.
Artigo II
Sobre o Livro: Não há nenhum escalado no momento. Amanhã passarei com calma em todos os rps que julgo serem legíveis e estáveis. Repito, os interessados no livro, que postem aqui.
2. Sobre cenários de fantasia
Eu quero, mas como devo fazer?
Esse artigo é para aqueles que se interessam por motivos diferentes pelos mundos de fantasia, inspirados nas culturas de diferentes civilizações. Na maioria das vezes os autores dessas narrativas se interessam pela mitologia nórdica, por ela ter sido popularizada por J.R.R Tolkien , a referência máxima em termos de textos de fantasia. Por terem muitos cidadãos que optam por esse estilo no nosso ramo de narrativa, escrevo esse artigo.
Para vocês, existem duas possibilidades:
3. Criar o próprio mundo
Tem gente que não se contenta em escrever, cria mundos para as suas histórias. Os mundos de fantasia podem ser detalhistas, dramáticos, ou até mesmo, bonitos. Cada mundo tem um tom diferente. Você pode perceber isso ao observar as diferentes culturas que já passaram pela face desse planeta. Alguns exemplos famosos de escritores de fantasia:
C. S Lewis
O cara era amigo do J.R.R Tolkien, freqüentava os mesmos clubes de leitura dele. Ele escreveu As Crônicas de Nárnia, que contam a história de um mundo habitado por duendes, feiticeiros e animais falantes. O mundo, á primeira vista, parece se tratar de um conto de fadas, mas quanto mais se prossegue, mais se percebe a relação dele e o mundo real. Leitura fácil, e eu recomendo.
J.R.R Tolkien
Para muitos ele é o cara, para muitos ele é só mais um peixe no mar. O fato é que ele é referência em termos de fantasia. O seu mundo é o nosso próprio mundo, mas em uma época muito distante, quando ainda era chamado pelos filhos de Eru de Arda. Seres da mitologia nórdica o habitam, como elfos, trolls, anões e até hobbits. Escreveu várias histórias e apêndices sobre seu mundo. Entre eles estão os livros O Senhor dos Anéis, Silmarilion, O Hobbit e o recente Contos Inacabados, publicado após a morte de Tolkien por seu filho.
Como criar mundos? Isso não cabe mais á minha pessoa. Por isso, deixo alguns links.
http://criarmundos.do.sapo.pt/introducao.html
Esse é simplesmente o guia dos guias .Recomendo bastante tempo de sobra e paciência para compreendê-lo, porque ele é realmente um guia. Em português de Portugal.
http://forums.tibiabr.com/showthread.php?t=34588
Guia de um cara chamado Dnacron. É bem rápido mesmo, só para quem precisa de uma orientada. Em português do Brasil, publicado em fórum.
4. Criando histórias a partir de mundos já existentes
Certas pessoas se admiram por certos mundos, e começam á escrever sobre eles. Alguns desses mundos são escritos, e outros, reais.
Para mundos escritos, o conselho mais óbvio seria: leia os livros! Porém, não é o que a maioria faz. Acontece que o sujeito, sem inspiração nenhuma, vai ver um filme. Aí sai do cinema iluminado, cheio de idéias mirabolantes depois de ver o filme sobre um mundo. Chega em casa e simplesmente começa a escrever, sem ao menos analisar profundamente o livro em que o filme foi inspirado ou o filme.
Por isso digo: leia, leia de verdade. Veja o filme umas três vezes, leia o livro até os apêndices. Se tiver paciência, anote dados importantes. Já vi muita gente escrevendo sobre Terra Média sem nem ter lido O Hobbit, mas tendo visto o filme do Senhor dos Anéis. Essas pessoas acabam atropelando certas coisas, e até errando sobre alguns fatos. Porque não conhecem o mundo de fato.
Já para mundos reais, a situação é outra. Por mais incrível que pareça, demanda um esforço muito maior. É fácil escrever sobre um mundo imaginário, criar um. Vou pegar um exemplo peculiar, o Império Romano. Todo mundo sabe alguma coisa sobre aquela maravilhosa época, mais poucas pessoas sabem sobre, por exemplo, a visão que tinham sobre o sexo. Uma pessoa realmente decidida á escrever sobre o Império Romano tem que ir ao museu, ver filmes, ler os livros históricos, e tentar escrever freqüentemente sobre ele. Demanda um grande esforço, mas é muito prazeroso ver como tudo aquilo funcionava. É como se você estivesse escrevendo enquanto conhece as leis, costumes e coisas mais desse povo. Como inventaram essa coisa chamada Internet, ficou tudo mais fácil. É só clicar e ler. Mas há quem prefira a moda antiga, onde se acha muito mais. Porém, existem também os mundos atuais, que estão acontecendo agora. Aí a coisa fica mais difícil, porque afinal, você não acha tudo sobre essa civilização em livros de história. Mas escrever sobre uma civilização onde você vive é mais fácil, porque você sabe tudo sobre ela. Mas é interessante pesquisar sobre coisas de que você não tem conhecimento. Como fazem os atores, ao interpretar um papel, tentar vivê-lo para facilitar a interpretação.
Análise de Texto
Essa área é destinada a análise de textos escritos por leitores desses artigos. Vamos, então, a análise do livro A história de um paladino, a saga de Gariod escrita por Aluan.
A seguir, o prólogo do texto.
Prólogo
Podemos notar também que o autor “comeu” do texto uma parte: Quando o andarilho chega no castelo e diz que quer falar com o rei, ele imediatamente pula para a descrição do castelo, o que deveria ter sido feito no parágrafo onde se descreve a noite do nascimento. E logo imediatamente, depois da descrição, o andarilho se depara com o rei, que responde calmamente “o que queres falar com minha pessoa” á um andarilho que nem conhece e depois da morte de sua esposa. Continuemos o texto, depois dessa crítica.“Mundo de Halord, um lugar cercado por imensos quatro continentes, três ilhas flutuantes, e dez ilhas comuns.
Começaremos nossa história em um continente chamado Machiev, na cidade de Shiven um lugar muito belo, formado por humanos, elfos e anões.
O reino estava em paz quando um andarilho encapusado cruzou pelo quarteirão do belo palácio, onde vivia o rei e sua corte.
A noite estava muito calma e fria até que um choro cortou todo o silêncio da cidade. Era o nascimento do príncipe, todos que estavam no salão principal começaram a festejar, mas o mesmo andarilho que cruzou o quarteirão apareceu e disse que queria falar com o rei:
- Desculpe a intromissão nessa linda festa, mas preciso falar com o rei. E é muito importante.
O castelo estava todo decorado, o salão principal então estava muito lindo, todo iluminado com candelabros imensos, um tapete vermelho cobria todo o salão, a mesa real então...Por ser longa tinha milhares de comidas variadas. O rei estava sentado quase chorando, pois sua mulher tinha morrido no parto.
- Nobre senhor, o que queres falar com minha pessoa? – Disse o rei coçando sua longa barba.”
A história devia começar exatamente aqui. É costume de escritores que escrevem livros assim, publicando capítulo por capítulo sem uma revisão, acabar em confundir prólogo com história. O prólogo não é um capítulo, é uma breve introdução. Aqui, já estamos entrando nos fatos, saindo da descrição do cenário.- Primeiramente, me apresentarei, meu nome é Galahar, seu velho amigo. – E o rapaz retira seu capuz negro. Era um rapaz um pouco mais novo que o rei, de bom porte, uma armadura de escamas de dragão azul e um símbolo de leão de ouro no peito. Tinha cabelos loiros, sua pele era branca, muito clara, tinha um rosto muito firme e sério, sua sobrancelha era grossa, e seu queixo também aparentemente era um humano. – Precisamos conversar em outro lugar.
- Mas o que te preocupas, velho amigo?
- Siga-me, por favor, nobre amigo.
Os personagens, voltando a história, se tratam de forma peculiar. Se chamam de velho amigo e de nobre amigo sempre, assim como falam assim para qualquer um. É estranho, já que ninguém diz nobre padeiro, ou velha empregada. Note que o rei trata o seu amigo por nobre quando ainda nem sabia a identidade dele.
E os dois começaram a andar até que chegaram em uma pequena varanda.
- O que irei dizer fará com que esta linda noite acabe com uma grande tristeza.
- Digas logo.
-Amanhã, os Kruigs* junto aos Orcs do leste invadiram a cidade.
-Impossível, os Kruigs são nossos aliados.
-É o que você pensa... Eles te traíram, pois querem seu filho.
-Por que?
-Não lembras da lenda contada por seu pai sobre o décimo príncipe desse reino.
-“Não terás o poder de um deus, mas terá o sangue para liberta-lo” – Disse o rei repetindo a última frase de seu pai antes de sua morte.
-Esse sangue é de seu filho e o deus a ser liberado em um ritual mítico desses nojentos orcs do leste.
-Entendi, mas o que nós faremos?
-Mande seu anão mais forte e sua elfa mais linda, levar seu filho. Eu os guiarei.
-Precisamos adiantar logo.
-Hoje mesmo, deixe que eu me encarregue de tudo, coloque uma criança no lugar dele.
Então o plano foi feito com sucesso, o anão escolhido era chamado de Glóing, um anão muito teimoso que adora brigas, mas é um excelente soldado. E a elfa era Dalila, uma linda druida de cabelos dourados e pele branca igual à neve que logo Galahar se apaixonou, era calma e serena.
Ao tocar ás doze badaladas do sino do sino da catedral, o grupo já estava na floresta rumo á cidade de Tornellis.
Continua....
Esse é o final. Não se descrevem os Orcs, não se descrevem os Kruigs, os elfos e os anões. Muito menos Tornellis, a cidade á que irão. Está tudo descrito com muita pressa, sem personalidade, sem um ritmo.
Por isso, faço uma recomendação para o autor: aproveite suas idéias, escrevendo com calma, com muito tempo disponível e com bastante paciência, pois sem ela, o seu texto perde a essência e deixa de ser um mar de palavras para ser palavras jogadas ao mar.
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