Spoiler: Final
Saudações!
A II Justas Tibianas começa oficialmente! Nesse tópico, estarão dois textos à disposição de vocês, escritos do ponto de vista dos Personagens dos dois Participantes que se enfretam aqui, a fim de que leiam e escolham o melhor por meio de voto. O vencedor passará para a próxima rodada e poderá usar os votos como pontos para a Ficha de Personagem.
O esquema é de anonimato, ou seja, cada texto aqui disposto não terá o nome do Autor em sua respectiva janela, a fim de tornar mais justa e interessante a competição. Por favor, peço que deem um feedback honesto e construtivo sempre na medida do possível. Respeito é palavra de ordem e de lei. Quaisquer dúvidas quanto às regras, favor consultar o Tópico de Inscrições.
As demais disputas estarão disponíveis no Tópico Central e aqui também (e nos demais tópicos), em uma outra janela separada, caso necessário.
BOA SORTE, JUSTADORES! A Votação começa hoje e tem prazo de 08 (oito) dias para ser encerrada. A Votação acabará às 23:59 do dia 26/02, domingo!
Spoiler: Introdução: Sparrow e Abgar-nan'udin
Os Justadores estão, agora, diante de um espelho que mostra seus maiores pesadelos. Aqui, há dois textos sobre o tema.
Sparrow
Um menino nascido abaixo das pontes de Venore, onde a realidade não é a mesma do centro comercial. Onde as leis são diferentes. Após a morte dos pais, espancado e abusado por criminosos, foi salvo da morte junto com a irmã por uma comunidade de sacerdotisas que dedicam suas vidas a salvar crianças órfãs do mesmo destino.
Hoje viaja por Tibia se apresentando como bardo para arrecadar fundos para as sacerdotisas. Infelizmente seu talento não é grande e ele secretamente apela para pequenos furtos, mas aos poucos seu talento aumenta. Não se considera um criminoso, afinal o dinheiro não é para ele. Sua irmã continua no abrigo, sem falar com ninguém e com olhar ausente. Sparrow vai visitá-la eventualmente, mas nunca fala com ninguém sobre seu passado. Quando pressionado, inventa uma história diferente a cada vez.
Ganhou o nome Sparrow ao recolher um filhote de pardal caído do ninho. O pardal (na verdade uma fêmea), já adulto, o acompanha em suas viagens, se escondendo em seu chapéu sempre que necessário. Seu nome é Tuna.
Abgar-nan´udin
Filho de uma família de comerciantes em Ankrahmun, Abgar, embora não tivesse a mesma fartura que as outras grandes famílias da cidade tinham, vivia bem. Seu maior prazer sempre foi a leitura, dedicando grande parte de sua leitura sobre os outros povos e outras culturas.
Contrariando os pais, resolveu pegar um caminho diferente de um comerciante, e acabou por se tornar um arqueólogo. Tendo investigando e acabado por achar algumas das grandes tumbas do deserto de Darama, adquiriu muito conhecimento, e com isso poder. Só não continuou em sua busca devido aos seus freios morais e respeito, adquiridos sob a tutela de seu grande mestre e amigo, Kaidivhmar, que lhe ensinou não só como ser um arqueólogo, mas como sobreviver ao ambiente de trabalho, por vezes, hostil, de um arqueólogo.
Desde que foi ferido em uma expedição, Abgar vem dando um tempo de suas expedições. Passando a interagir mais com as pessoas da cidade, o que tem se provado difícil com suas piadas, somado ao fato de que está perto da quase dos quarenta anos, sem ter se casado, embora seja muito respeitado intelectualmente em Ankrahmun.
Spoiler: Texto 1
W.O.
O Autor falhou em cumprir o prazo de entrega de texto. Com isso, o Texto 02, de Sparrow/ Trasgo Caolho é o vencedor da Disputa de Terceiro Lugar.
Spoiler: Texto 2
Estavam na base da montanha que guardava o caminho para Port Hope, ainda próximos de Ankrahmun. O bardo observava o bloco de gelo que confinava Victor firmemente apoiado sobre o escorpião gigante. Pensava sobre dar um nome ao construto, mas esse era um problema menor. Nora, a xamã do gelo, observava e examinava o “espelho”, por falta de palavra melhor, que flutuava sobre a areia. Havia aparecido poucos minutos antes, talvez meia hora, e interrompido a jornada de volta para casa antes mesmo de começar.
O bardo viu primeiro. Uma imagem etérea que surgiu aos poucos na sua frente, sobrepondo-se ao deserto. Tinha o tamanho aproximado de uma porta e era emoldurado por finos raios de alguma energia mística. Um espelho de aspecto sinistro. A palavra espelho aqui está sendo usada de uma forma bem liberal e abrangente, pois não era sua imagem que via refletida no vidro. Via cenas bizarras, de mundos desconhecidos. Um homem nu parecia desesperado em uma batalha contra outros, vestidos com roupas diferentes de qualquer uma que tenha visto. Pareciam ser magos, pois todos carregavam estranhas varinhas de metal que soltavam lufadas de fogo, fazendo grande barulho e deixando buracos nas paredes que acertavam. As cenas passavam rápido. Em outro lugar uma menina negra era empurrada por um homem de rosto encoberto, caindo em frente a uma longa carruagem de metal. Parecia feita por gigantes, mas se movia muito mais rápido do que seria possível e nenhum cavalo parecia estar lhe puxando. Na próxima cena o bardo viu sua infância.
Caminhava pelos arredores de Venore, coletando lenha junto com sua irmã. Haviam gastado a tarde inteira nesta atividade e os pés do menino doíam. Era difícil conseguir madeira seca no pântano, mas o inverno se aproximava e era preciso estocar. A casa era precária, muitas frestas em que o ar gelado podia espreitar. Uma fogueira era vital e ele sabia disso, então não reclamava. De tempo em tempo olhava onde a irmã estava. Ela era mais velha, mas o garoto se sentia responsável. Seu pai estava com febre a dias e ele precisava cuidar da família. Começava a escurecer e estava na hora de voltar para casa. Não haviam se afastado muito, o pântano poderia ser perigoso longe da cidade, com criaturas selvagens sempre famintas.
Moravam abaixo das ruas, seus pais não tinham dinheiro para alugar uma casa na segurança das pontes. Comprar então… não conseguia imaginar o tamanho da fortuna que alguém precisaria para comprar uma casa, parecia que até os mais ricos alugavam. De quem? Do rei? Seria mesmo preciso a fortuna de um reino inteiro para possuir uma casa, ele imaginava. A sua havia sido improvisada pelo pai, com restos de caixas que trouxe do trabalho no porto. Era pequena, não havia luxo, mas protegia das chuvas e, um pouco, do frio. Talvez algum pedaço de lenha sirva para tapar uma fresta ou outra. Conversava sobre isso com sua irmã quando viu seu pai caído próximo a porta de casa. Uma poça de sangue diminuía aos poucos, absorvida pela terra. Correram até o corpo gritando, a lenha jogada e ignorada. De dentro sua mãe tentou gritar, mas sua voz foi abafada pela mão suja de um homem mal-encarado. Tentou morder, espernear, mas nunca tivera refeições regulares e sua força era débil.
Outro homem saltou para fora da casa e jogou as crianças para dentro. Roupas e objetos espalhados pelo chão. Móveis e pratos quebrados. Dois homens sujos e com bafo de álcool. Um agarrava a mãe dizendo coisas lascivas. O outro erguia as crianças pelos cabelos. A irmã tentou revidar, chutar, arranhar e morder. Com um tapa no rosto desmaiou. O menino sentiu sua raiva e desespero crescer. Levou os dedos aos olhos do agressor, tentando furar. Sentiu um olho cedendo, o calor líquido escorrendo por sua mão. Mas em seguida foi puxado para trás pelo pescoço, mãos gélidas apertando e tudo escurecendo, escurecendo…
Quando a xamã viu o bardo mesmerizado entendeu o que acontecia e correu em seu auxílio. Chamou pelo seu nome, sacudiu seus ombros. Conjurou uma magia de água gélida e o inverno choveu sobre o bardo. Ele engasgou, tossiu, mas estava de volta. Seus olhos davam um indício do horror que experimentara. Nora o enrolou com o cobertor e o deitou na areia. Tremia e batia os dentes, o frio havia passado, mas as lembranças não. Alguns centímetros no ar o espelho continuava impassível. Ela explicou o que havia acontecido, que o espelho era na verdade um portal para outros mundos, mundos de pesadelos. Não perguntou o que ele havia visto, e o bardo ficou agradecido por isso. Ela já havia conhecido portais assim pelo deserto, mas nenhum tão próximo a cidade. Era preciso fechá-lo antes que alguém mais fosse afetado. Não seria fácil, ficaria exaurida, mas que tipo de criatura ela seria se deixasse o mundo exposto aquele perigo?
Pediu ajuda ao bardo, explicou que toda criatura tem, em maior ou menor grau, energia mágica dentro de si. Seu plano era consumir a energia dele junto com a sua para fechar o portal. Disse que não se preocupasse, seu potencial mágico iria se recuperar com o tempo, ele só iria se sentir um pouco cansado. Deram as mãos em frente ao espelho e ela começou a entoar palavras místicas, antigas como o tempo. A princípio não houve nada, depois uma fina geada começou a cobrir partes do espelho. As mãos dela eram frias, e agora o bardo sentia seus próprios braços gelando. Quando achava que não iria aguentar mais uma sombra massiva atravessou o espelho como um raio, de dentro para fora, e o vidro estilhaçou. A frente deles se levantava um vulto, tomando forma aos poucos. Seu corpo era escuro, com poucas manchas brancas. Se apoiava não em pernas, mas em uma espécie de cauda de serpente. No topo da cabeça uma barbatana como um tubarão. Mas o mais estranho eram os olhos, ou melhor, as pequenas bocas que os substituíam. Enquanto a criatura levantava o ambiente em volta parecia escurecer, como se o dia duvidasse de sua existência. Mas a luz parecia incomodar a monstruosidade, com um grito pavoroso ela correu em direção a Ankrahmun.
Nora arregalou os olhos em reconhecimento enquanto a criatura sumia próximo aos muros da cidade.
- Precisamos fazer algo! Este demônio vai dizimar toda a cidade quando a noite cair.
O bardo pensou por um instante que não se importava se Ankrahmun sumisse do mapa, mas sabia que a xamã tinha razão. Haviam inocentes naquele lugar. Foi até o escorpião e pediu que ele encontrasse uma caverna para se esconder com Victor. Não tinha certeza se seria entendido, mas o construto já havia demonstrado inteligência antes. Para seu alívio a criatura se afastou um pouco e começou a cavar, logo achando uma caverna. Nora congelou as paredes, para manter seu companheiro resfriado, e os dois partiram para salvar a cidade que o bardo havia jurado nunca mais voltar.
- Você precisa saber que eu talvez não seja exatamente bem-vindo em Ankrahmun…
- Não se preocupe, eles também não morrem de amores por mim. Tome, beba esta poção e ninguém irá te reconhecer.
O líquido era gelado, apesar do calor que já fazia, agora com o dia já avançado. Sentiu seu rosto esfriar, mas esta foi a única mudança que percebeu.
- Tem certeza que funciona? Só estou sentindo um pouco de frio.
- Tenho, eu já não reconheço seu rosto. Espero que não esteja muito frio pra você.
Se aproximaram pela entrada oeste. Não havia guarda algum, seja no portão, seja na rua interna. Apenas um transeunte apoiado em uma pirâmide, seus olhos vidrados, balbuciava alguma coisa sobre estar acordado. Tentaram estabelecer uma conversa, mas foi inútil, o homem ainda estaria fora de si por algumas horas. Mas aquele era um sinal claro de que o Terror havia passado por ali. Continuaram procurando, evitando as ruas movimentadas e buscando espaços que pareciam vazios. Passaram por outras pessoas fora de si, mas nenhum corpo. O monstro parecia estar se escondendo, não matando.
- Esse tipo de criatura mata no escuro, deve estar dentro de alguma construção. Temos que achá-lo antes de cair a noite.
Sua busca os levou até um barraco na periferia da cidade, marcado por uma placa como “Depósito da Milícia”. A porta estava trancada, mas o bardo também tinha alguns truques. Em alguns segundos a luz do dia invadiu os primeiros metros da sala. O local era maior por dentro do que parecia por fora, e consistia em muitas estantes com objetos empilhados. Não era exatamente um depósito dos equipamentos dos milicianos, como a placa dava a entender, mas sim um arquivo com os objetos aprendidos de crimes resolvidos ou evidências de investigações. Era estranho não ter sequer um guarda ali. Mas havia.
No fim de um corredor de armários, no limite em que a luz mágica da xamã alcançava, viram o Terror tremendo e se agitando sobre o corpo do guarda, com um pássaro distorcido, habitante de pesadelos, banhando-se no sangue que escorria farto. A reação do bardo foi virar e correr para segurança da luz, mas Nora o segurou firme pelo braço e arrastou em frente. Quando notou a aproximação o monstro sumiu novamente em meio a bagunça do local. Com um baque a porta fechou e as trevas avançaram ainda mais. Apenas a luz fraca em volta da xamã permanecia. Uma voz gutural arranhou os ouvidos.
- Eu sou a escuridão a sua volta…
- Então vamos iluminar um pouco as coisas por aqui. Rapaz, se abaixe!
Raios gelados começaram a sair das mãos de Nora, o bardo se jogou ao chão e tentou entender o que ela estava fazendo. A princípio parecia estar atacando a esmo, sem mirar ou procurar saber em que direção o Terror estava. Porém os raios eram precisos, milimetricamente calculados. Cada parede atingida, cada mesa, ficava com um enorme cristal de gelo em sua superfície. Figuras lisas, perfeitas.
- É inútil, mulher, nunca vai me acertar na escuridão. Eu vou devorar vocês…
- Ah, cala a boca!
E com isso a xamã fez a magia que deixaria suas intenções claras.
- Utevo gran lux!
Por um instante o bardo foi cegado até que seus olhos acostumassem. Então viu a genialidade da estratégia. Nora havia espalhado por toda a sala espelhos de gelo que agora refletiam a luz da magia. Parecia impossível, mas a sala estava mais iluminada do que o deserto ao meio-dia. O Terror deu um grito e se jogou contra a porta, mas um novo raio congelou a tranca e as dobradiças. Vendo ser inútil tentar fugir, a criatura atacou. Pulou sobre o bardo, o derrubando junto com uma estante. Suas bocas se aproximaram do rosto aterrorizado, uma baba viscosa escorria e pingava lentamente. Um raio de gelo em sua lateral fez a criatura esquecer por um instante sua presa. Com a oportunidade ele alcançou a espada que havia caído quando fora derrubado. Estocou no que imaginava ser o braço da criatura. Ela pareceu não sentir o golpe, mas por um capricho da sorte a lâmina de cristal refletiu e concentrou um raio de luz em direção a cabeça do monstro e ele se afastou. A xamã fez uma nova magia, similar a que conservava Victor, congelando parcialmente a criatura. Não a paralisou totalmente, mas seus movimentos ficaram lentos, letárgicos.
- Agora! Mate esse desgraçado!
O bardo correu e cravou repetidamente a espada. Um sangue escuro escorria pelas feridas. Ele pensava nos bandidos que atacaram sua família e cada estocada era uma amarra sendo libertada. Lágrimas escorriam pelo seu rosto. A criatura já estava morta quando ele finalmente parou e sentou apoiado na estante caída. Levou as mãos ao rosto e chorou copiosamente, soluços sacudindo seu corpo. Nora lhe deu alguns minutos de privacidade e então se aproximou. Passou sua mão fria no rosto do rapaz, limpando suas lágrimas. O abraçou confortando com carinho e palavras.
- O passado é passado. Não sei o que lhe aconteceu, mas você cresceu para se tornar um homem forte e valoroso. Essa vitória é sua tanto quanto minha e você deve se orgulhar. Tome, isso vai ficar bonito em você.
A xamã pegou um objeto no chão e estendeu para o bardo. Ele levantou o rosto e não entendeu por um instante. Então sorriu e pegou seu antigo chapéu que havia sido apreendido quando fora preso. A pena estava amassada, mas no geral estava ainda em bom estado. Ajeitou na cabeça e se levantou. Sua sorte havia finalmente mudado.
- Venha, está na hora de ir pra casa.
E assim o fizeram.
@Senhor das Botas
@Trasgo Caolho
Quaisquer dúvidas, entrem em contato comigo.
Abraço,
Iridium.
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