Olá a todos, nao sou frequentador árduo aqui do forum, mas ja fui... hehe... estou aqui pra postar uma historia na qual estou trabalhando, perdoem minha falta de tempo para espaçar ela certinho para facilitar a leitura... lembrem-se sempre de apontar os erros de ortografia, pontuação e tdo mais que sou pessimo nisso, estou sempre apto a criticas construtivas... então lá vai
Capitulo Um
- I -
Quando Thomas fechou a porta atrás de si e parou por um instante para observar, percebeu que a rua estava mais deserta do que sempre aparentava. Quase todas as casas estavam com suas luzes apagadas mesmo não se passando das oito da noite. Talvez estivessem todos dormindo. Não estava habituado ainda com os costumes da cidade, o que o fazia se sentir um verdadeiro peixe de água-doce arrastado para o grande oceano. Na verdade o contrario, um tubarão para uma pequena lagoa.
Saltando o pequeno portão que o separava da rua, olhou para os dois lados não conseguindo enxergar muito além. Lembrando-se do que Fred havia lhe falado, tomou iniciativa e seguiu rua acima em direção ao velho parque, segurando as alças da mochila com ambas as mãos próximas ao ombro.
A noite não estava quente como nos últimos dias. O vento soprava constantemente, era deliciosa a sensação que ele proporcionava quando esbarrava em sua face. O céu estava limpo - pelo menos aonde se encontrava - porém a frente podia avistar uma grande concentração de nuvens escuras e espessas que provavelmente qualquer meteorologista resumiria como chuva.
Pegou-se arrepiado quando uma corrente fria contornou-lhe o corpo, fazendo-o pensar que realmente choveria. O que era bom, o calor desde que se mudou – foi forçado – para cá o incomodava, porém o fato de imaginar a chuva fria congelando-o era péssima.
Sentia saudades da cidade grande, onde mesmo após s oito da noite podia ver carros percorrendo as ruas e avenidas em grande escala e a grande aglomeração de pessoas. Até mesmo o barulho em excesso que muitas vezes reclamava, sentia falta. A irritação só aumentava quando se lembrava como tudo era certinho demais, a recepção dos vizinhos, os cumprimentos na rua mesmo sem conhecer, entre outras coisas.
Quando parou em frente à praça, começou procurar algum sinal de vida por entre a escuridão das árvores, Thomas pensou que talvez não fosse uma boa ideia sair em um dia que parecia ser tão cultuado pela cidade a ponto de pelo menos metade dos postes de luzes estarem apagados. Mas sabia que já era tarde para voltar atrás.
No meio de toda a escuridão, avistou uma luz provavelmente gerada por uma lanterna no centro da praça, estava apontada para cima em uma quase diagonal. Forçando um pouco a vista, conseguiu enxergar a forma de uma bicicleta. A bicicleta azul de Freddy. Começou caminhar em direção a bicicleta tentando compreender o que o amigo estava fazendo com a lanterna acesa. Provavelmente um meio para sinalização em meio a tanta escuridão.
Quando estava perto o suficiente percebeu que a lanterna estava sendo segurada por um vulto deitado no banco. O corpo de Fred. Começou a correr em sua direção tentando compreender o que estava acontecendo, sentiu o nervosismo aflorar e o coração acelerar. Apenas a alguns passos do vulto, observou o rosto que era apenas uma mancha escura por causa do capuz que ocultava suas feições. Prendeu a respiração assustado. Ergueu a cabeça lentamente com uma das mãos e com a outra puxou o capuz. Os olhos estavam abertos e fixos para o nada, a boca fechada.
- Freddy! Gritou desesperado. Então sentiu uma pontada de raiva tomar conta de seu corpo quando os olhos fixaram-se nos seus e os lábios formaram um sorriso de meia boca escondendo uma vontade imensa de rir. Soltando o corpo do amigo e afastando-se alguns passos dele em uma postura séria profanando por entre os lábios um murmuro em tom irritado:
- Idiota...
- Me desculpe... Não pude resistir. Dizia ele gargalhando entre as palavras.
Fred levantou-se do banco, erguendo a bicicleta enquanto ria de Tom que ainda estava com uma cara fechada.
- Sério. Você podia ter me matado do coração, cara - Atacou Thomas colocando uma das mãos com os dedos contraídos sobre peito. Em seguida sorriu – Babaca...
- Ta legal. Não devia ter feito isso, mas toda oportunidade é uma oportunidade. E uma tão perfeita como essa... Foi impossível resistir – soltou outra gargalhada – Mas então acha que seu coração aguenta mais um pouco de emoção? Perguntou Fred em um tom provocante enquanto montava na bicicleta e encarava o outro. Então percebeu que era para subir no par de pedanas fixos na traseira da bicicleta.
Respondeu com um movimento da cabeça enquanto subia ajeitando os pés e apoiando as mãos sobre os ombros do outro para não perder o equilíbrio. Então Fred iniciou sua pedalada. No inicio a bicicleta tremeu um pouco para ambos o lado, até se estabilizar por completo quando a velocidade era constante e crescente.
A sensação de percorrer uma cidade deserta e escura de carona em uma bicicleta pequena guiada por um recente amigo, era peculiar, talvez fosse até loucura de sua parte. O vento ia aumentando cada vez mais sua intensidade conforme tomavam mais velocidade.
Quando Fred anunciou que estavam na ladeira final até o destino de ambos, o impacto com o vento aumentou drasticamente, sentia os olhos sendo forçados a se contraírem um pouco para que não ardessem em contato com a ventania. Os cabelos esvoaçavam loucamente, era uma sensação prazerosa mesmo sentindo medo.
Sentia medo, conforme a velocidade da bicicleta ia aumentando, podia imaginar cenas que sua cabeça projetava sem que quisesse, onde a bicicleta vacilava em algum buraco ou alguma pedra na rua, e sairia rodopiando loucamente pelo asfalto junto do amigo e a bicicleta, onde iria sentir o asfalto áspero raspar amargamente por todo o corpo como se sua pele fosse feita de cera - o que provavelmente causaria grandes estragos em uma velocidade dessas - o que o fazia quase que automático se segurar ainda mais forte, aumentando a pressão que fazia sobre os ombros do amigo.
Felizmente nada disso aconteceu. Tinha se perdido tanto em pensamentos desastrosos que não reparou que já não estavam mais em alta velocidade e Fred teve que pedir para que lhe soltasse os ombros pois haviam chegado.
Desmontando da bicicleta, olhou para a ladeira. Viu que era realmente grande, não havia percebido que a maioria das casas estavam em processo de construção ainda, podia ver montes de pedregulhos e areia, assim como pilhas de tijolos e telhas espalhados pela ladeira, talvez um lado da cidade em expansão ou...
- Aqui!
A voz que soou aguda quase que ecoando pelo ar fez Thomas virar-se bruscamente. Amanda estava em cima de uma velha rampa mais adiante. Ao lado dela também em pé estava Álan com uma das mãos balançando no ar em um gesto acenoso e a outra segurando uma mochila.
- Vamos cara. Chamou Fred que havia terminado de acorrentar a bicicleta a algumas hastes de metais na base da rampa.
Enquanto seguiam ao encontro dos dois, Thomas se questionava se fazia tempo que os dois estavam esperando, afinal não havia se atrasado tanto assim... Alguns minutos apenas, nada que fosse motivo para ficarem bravos com ele. Pode reparar que a rampa não devia ter mais de cinco metros de largura, o chão era feito de pedras desgastadas. As grades acopladas nas laterais para uma frustrada tentativa de se jogar ou ser empurrado eram as únicas coisas que pareciam novas.
-Depois nós garotas que levamos a fama de enroladas...
Amanda sorria para os recém-chegados. Não era exagero da parte de Tom comparar o sorriso dela a uma pintura famosa. Onde o conjunto dos lábios avermelhados, os dentes perfeitamente alinhados e o modo como a língua dançava sensualmente em sua boca quando falava, davam um aspecto sedutor. Queria poder tocar a ‘tela’ e sentir sua textura manchar-se por sob os dedos e lábios. Mas como toda obra de arte, Tom sabia que não podia ser violada. Então simplesmente contemplava a procura de mais detalhes desta complexa obra que era Amanda.
Pensamentos desnecessários passaram pela cabeça dele, sentiu sua genitália se enrijecer por sob a calça. Tinha que afastar tais pensamentos de qualquer forma. Enquanto caminhavam, Fred contava sobre o que havia aprontado na praça, Amanda e Álan riam altamente, principalmente quando entrou em detalhes a respeito da expressão facial de assustado e em seguida nervosa de Tom. Não estava tão interessado na historia, apenas emitia um sorriso para não expressar o quanto não havia gostado da brincadeira para os amigos, por isso apenas sem prestar muita atenção no assunto, começou observar as nuvens que tinha avistado ao sair de casa. Agora mais próximas.
Chuva. Era óbvio que ia chover. Thomas soube disso no momento em que pisou na rua, o que de certa forma foi um dos motivos que o encorajou a vir ate onde se encontrava. Não apenas estava disposto, mas queria e precisava se molhar.
Voltando a realidade, percebeu que já estavam no fim da passarela que terminava em um conjunto de barras de ferros horizontais que os separavam de um pequeno declive. Apenas sob a luz emitida pela lua, conseguia observar formas escuras em um tom esverdeado, fazendo-o imaginar que fosse algum tipo floresta.
- Que saudades desse lugar...
Todos olharam para Álan que cortou o silêncio com uma voz fria e inóspita de emoções. Estava apoiado na grade. Ele então se virou apoiando as costas, observou os três que encaravam seus olhos castanhos como se esperassem por uma grande historia. Sabia que não era preciso que perguntassem o motivo, a maneira como o encaravam era suficiente. Quietos. Atenciosos. Como se um mágico estivesse revelando seus truques.
- Eu costumava vir muito aqui – Então ele se virou novamente, apoiou um pé sobre a terceira haste de metal horizontal, e com a outra perna passou por cima da quinta e ultima haste, sentando-se então com as duas viradas para o nada que formava a escuridão adiante.
Amanda caminhou ate ficar ao lado dele, ajustou os cotovelos sobre a ultima haste e acomodou a cabeça por entre as mãos e começou contemplar também a escuridão. Tom sentiu-se na obrigação de subir nas hastes assim que viu Fred se ajeitando em cima delas.
- Eu gostaria de poder ser educado em uma hora dessas – falou Álan enquanto tirava um cigarro de um maço amassado – mas às vezes é melhor se foder sozinho e pensar nos amigos.
- Sinta-se a vontade quanto a isso - suspirou Amanda.
Então Álan deu um meio sorriso segurando o cigarro com a outra metade. Thomas sentiu agonia ao observar melhor a escuridão, a forma das árvores que via estava quase a sua altura. Tinha medo de cair sem ao menos saber a altura. Olhou para os amigos. Álan enfiava a mão dentro da mochila.
- Aqui esta. Uma garrafa esverdeada e sem rotulo estava em suas mãos, um liquido escuro balançava dentro.
- Pode fazer as honras Fred. Álan devorava o cigarro, cada tragada era lenta e precisa.
Fred analisou a garrafa colocando-a a altura de seus olhos, tirou a rolha e cheirou seu conteúdo, então olhou para Amanda que olhava pra ele, e sorriu.
- Nem pensar. E o seu cavalheirismo Frederico?
Fred olhou para a garrafa novamente e em seguida esticou o braço com a garrafa na frente de Amanda.
- Meu cavalheirismo insiste em dizer que as damas devem ser as primeiras. Não importa a circunstancia, mesmo se for para atravessar a porta do céu – Então contraiu a sobrancelha tentando esconder o riso e completou – Primeiro as damas?
Álan foi o primeiro a rir, seguido de Tom e Amanda. Fred tentou segurar o riso enquanto segurava a garrafa ainda próxima dela, mas foi uma tentativa sem sucesso e logo seu olhar cínico se desfez com o coro de risada dos quatro que ecoava pela escuridão.
Aquele momento fez Tom sentir-se completamente bem. Quando estava junto dos três, indiferente do fato de conhecê-los há pouco tempo, sentia-se diferente, de uma forma boa, e acima de tudo uma intuição lhe certificava que podia confiar neles.
- Tudo bem então! Vou deixar meu cavalheirismo de lado, e farei as honras – avançou a garrafa para os lábios percebendo que todos olhavam para ele ainda com um sorriso nas faces – Mas já vou avisando que não quero ser chamado de sem educação depois.
Fred então encostou a boca no gargalo da garrafa e virou, a principio parecia haver uma hesitação em seus movimentos, um certo receio, que logo foi transformado em satisfação.
-Agora seria à hora certa para você aplicar seu cavalheirismo e deixar para a dama e seus amigos não acha? Disse Álan.
- É delicioso, cara. Aonde você conseguiu?
A garrafa agora estava na mão de Amanda que também experimentava.
- Na verdade meu vô que me deu faz alguns dias. Me disse que já estava guardada fazia tempos.
- Mandou bem! Ate hoje só tive a oportunidade de experimentar uma vez, e meus pais me regularam meio copo apenas.
Então Álan tomou um gole e passou para Tom que observava tudo com um sorriso que transmitia curiosidade e ansiedade por sua vez. Não sabia o porquê de sentir-se nervoso, não que achasse que estivesse cometendo algum erro, sua mãe sempre soube que às vezes quando saia com os amigos ingeria algo alcoólico, mas nunca havia dados motivos para se preocupar como ficar de porre. Ergueu um pouco a cabeça acompanhando a garrafa, então o liquido deslizou pela boca. Por uma fração de segundos sentiu sua boca toda formigar, mas a sensação seguinte era um tanto confusa, sentia o gosto do álcool, mas era algo leve, mas que não passava despercebido, assim como um gosto doce, como amarula, mas era ainda melhor.
Passou a garrafa para Álan. Um silêncio mutuo predominou enquanto tomavam a bebida que Thomas havia descoberto que era de origem indígena.
A brisa do oeste junto com as palavras de Amanda tirou todos de suas respectiva ‘transe’:
- Está gostando da cidade, Tom?
- Para falar a verdade. Estou – Sorriu para ela ao terminar de responder, e ela retribuiu.
Não mudaria em nada admitir que estava se sentindo totalmente deslocado, mas uma parte de si inconscientemente parecia estar se adaptando a cidade, ou talvez fosse uma forma de tentar sentir-se melhor. Talvez se não fosse pelos novos amigos, poderia afirmar com todas as letras que não gostava nem um pouco da cidade – Tive a sorte grande de conhecer vocês. Então sorriu. Um sorriso sincero que Amanda retribuiu com ternura.
Não sabiam se Thomas tinha usado a palavra “sorte” simplesmente por usar ou não, mas guardaram para si mesmos suas opiniões.
- Não sei quanto a vocês, mas não quero me arriscar a cair lá em baixo - Então Amanda desencostou da haste de metal e sentou-se no chão gasto sem nenhum hesito.
Fred seguiu o mesmo de Amanda, mas ao invés de sentar deitou-se no chão.
- Ei, Álan! Me empresta sua mochila. Fred então acomodou a cabeça voltada para o céu em cima da mochila.
- Você teve de deixar muitos amigos para trás, Tom? Thomas gostava quando ela o chamava de ‘Tom’, não só ela, mas todos eles, isso o fazia sentir-se mais próximo de todos.
- Não posso negar que foi difícil juntar as malas e deixar tudo para trás. Mas eu não tive escolha. Mas se soubesse que iria conhecer vocês, não teria tanto receio como tive.
Sentada no chão, Amanda por um momento pareceu se perder nos próprios pensamentos enquanto olhava para Tom, não necessariamente para seu rosto, mas para ele.
- Existe algum motivo especial para vocês se encontrarem aqui? Pois pelo que pude reparar, vocês costumam vir mais vezes aqui.
Depois que fez a pergunta. Tom parou para refletir e achou que tivesse sido um pouco atrevido, até então que Álan acendeu outro cigarro e mudou de posição sentando-se virado para eles.
- O que você vê aqui – disse ele abrindo os braços num gesto que se referia a ele, Amanda e Fred – É a união das graças. E colocou as mãos do lado da cabeça e dobrou os dedos ao dizer “graças”.
- Você quer dizer desgraças, só se for. Ironizou Fred.
Thomas olhou atônito de Fred para Amanda e por ultimo para Álan.
- Estou brincando. Apenas uma pitada de humor negro em uma noite funesta como esta. Completou ele após perceber o silêncio que causara.
- Um dia você aprende a conviver com as palhaçadas dele. Não é mesmo, Fred! E deu um leve soco na barriga dele que gemeu dramaticamente.
- Fique tranqüila. Já conheci piores. Então Thomas puxou o coro de risadas.
Um relâmpago próximo não assustou nenhum deles. Muito menos as nuvens carregadas que começava a cobrir o céu a cima. Sentiam-se seguros e relaxados, como se a junção dos quatros completasse um quebra-cabeça.
- Tom... Estou curioso sobre uma... Mas Amanda foi interrompida.
Então as nuvens começavam a derramar suas respectivas sinas. Não começou com algo leve, nem com um breve aviso anunciando que ia começar a chover. Ela simplesmente começou a cair pesadamente.
Os quatro levantaram e se encararam, por alguns segundos ninguém disse nada, como se todos refletissem o que fazer.
- Vamos para minha casa! O estrondo da chuva encontrando o chão gasto era tão alto que Álan teve que elevar o tom da voz para que conseguissem escutar.
- Isso! Vamos para sua casa! Concordou Amanda querendo o mais rápido possível sair da chuva.
- Bem... Pelo menos agora não estarei mentindo pra minha mãe ao dizer que fui dormir na sua casa!
Seguiram apressadamente em direção a rampa. Tom não sabia se os outros também estavam sentindo o mesmo mau pressentimento que ele sentia. Sentia-se agitado e eufórico, queria poder gritar e contar aos amigos. Sentia a enorme necessidade de conversar, após tanto tempo de confinamento e distante dos conhecidos.
Outro relâmpago dividiu o céu ao meio e os ensurdeceu. Por uma pequena fração de segundo Thomas teve a nítida impressão que um odor conhecido impregnou suas narinas e chutou-lhe o cérebro. Seu coração então disparou ainda mais. Tentou afastar os pensamentos, se distrair. Olhou para Amanda do seu lado direito e focou os pensamentos, em qualquer outra circunstancia teria achado tão atraente ver ela com as roupas molhadas que os seios agora bem sinuosos teriam o excitado.
Sorriu para si mesmo quando concluiu o quanto estava sendo idiota. Apenas uma chuva pensava consigo mesmo. O sorriso forçado não durou mais que dez segundos.
Thomas que estava na frente puxando a fila, parou bruscamente no inicio da rampa. Esticou ambos os braços em um gesto obrigatório de pare. Um pouco a frente onde estava a bicicleta de Fred, um homem atravessava a rua lentamente.
A chuva dificultava a visão, as únicas coisas possíveis de descrever era a camiseta vermelho-queimado e a bermuda cáqui. Mas havia algo a mais, um dos postes ainda acesos refletia algo brilhante em sua mão. Sentiu suas pernas perdendo a força quando o homem parou de caminhar ainda no meio da rua e virou-se para a direção deles.
Não foi preciso gritar para os outros avisando para voltarem. Thomas sentiu uma mão pressionar seu pulso e o puxar de volta, não sabia distinguir de quem era a mão, a chocante conclusão de que não se tratava de uma faca, e sim um revolver revirou-lhe a cabeça.
Mordeu o lábio inferior e deixou a mão o guiar, era Amanda que o conduzia. As idéias – ou a falta delas – não o deixavam raciocinar. Tudo não passava de um borrão, podia escutar os outros gritarem, mas apenas o que conseguiu entender foi vindo e descer. Apenas o que conseguiu concluir era que o homem estava correndo atrás.
Um som alto fez o estrondo da chuva parecer insignificante, não soube dizer se havia sido um trovão ou um tiro. Independente do que havia sido, o susto foi suficiente para fazer Tom recobrar os sentidos. A mão de Amanda pressionava seu pulso com uma força surpreendente. Antes mesmo de questionar os outros aonde estavam indo, afinal já estavam no final do percurso, as hastes de metais o separavam da escuridão. Arriscar pular nas árvores, talvez? Parecia loucura, mas estava disposto a arriscar.
Tom parou de correr assim que viu os outros freando bruscamente.
-Aqui! Gritou Álan. Ele estava curvado, os dedos sumiam dentro de uma fenda no chão. Então um pedaço do chão começou a se levantar. Um alçapão pensou Tom, e antes que Álan gritasse por ajuda, Fred já estava lá e os dois juntos fizeram o tampão se levantar completamente.
Amanda foi a primeira a descer. Não era possível da superfície avistar o final, uma escada velha de madeira se projetava fixa em um canto da parede. Amanda não devia ter descido nem dez degraus, e Álan já acenava desesperadamente para Tom ir.
Se Tom tinha medo de altura ou não, isso não importava para ele agora. Se agarrava vigorosamente nos pedaços de madeiras, sua mão quase escorregou por um momento devido a secreção verde escura que havia formado. Enquanto descia apressado, olhava para baixo para ver se não estava próximo dela a ponto de pisar em sua mão ou cabeça, porém se surpreendeu ao ver a tamanha agilidade em que ela descia.
Quando chegou ao chão, não conseguia enxergar nada a sua volta além de duas cavidades que se estendiam a sua direita e outra a esquerda em um breu total. Alán chegou logo em seguida. Fred devia estar a menos de três metros quando o vulto do homem apareceu no buraco lá em cima, a arma em sua mão cintilava com os trovões.
- Rápido! Pule Fred!
Amanda mal terminou de gritar e ele soltou-se da escada. Em um baque seco ele encontrou o chão bem próximo aos outros e se desequilibrou quase derrubando Tom ao se apoiar nele.
-Por aqui! Álan rapidamente abriu sua mochila e retirou a lanterna de Fred dela. Ligou-a, não era potente, mal iluminava o caminho á frente.
Álan que começava a guiar segurou a mão de Amanda que se encontrava mais perto dele, esta por sua vez fez o mesmo com Fred que fez o mesmo com Tom. O som da chuva se tornou neutro, a única coisa audível era uma mistura de passos acelerados, respirações ofegantes e um quase inaudível soluço de Amanda.
Tom sentiu vontade nesse momento de soltar a mão de Fred e abraçar Amanda, mesmo sabendo que era inútil, queria poder dizer que tudo iria ficar bem e que iria protegê-la.
- Aonde esta...
Antes que Tom terminasse a frase, foi interrompido por um sonoro xiu. Atrás deles era possível escutar passos abafados pela terra. O túnel continuava reto, o que significava que era uma grande desvantagem com uma lanterna acesa.
- Crianças! Só quero saber o que foi que vocês viram!
O túnel curvou-se para a esquerda, não chegando a angular de forma que tampasse o ângulo de visão do perseguidor. Tom escutou os outros gemerem e o braço balançou antes de tropeçar em algo que os outros haviam tropeçado também.
- Não podemos simplesmente continuar sem rumo. Cochichou Amanda ofegante.
- Você tem duas escolhas espetaculares pra fazer. A espetacular escolha de continuar sem rumo e a espetacular escolha de seguir o rumo de trás. Talvez fosse da própria natureza de Fred fazer piadas, ela soou de forma tão natural que em qualquer outro momento poderia ser engraçada.
Thomas esbarrou em Fred quando Álan parou bruscamente de andar. Observou-o virar a lanterna de um lado para o outro iluminando dois outros caminhos que se estendiam pela esquerda e direita. Lá atras ouvia-se o inimigo se aproximando.
- Espero que vocês confiem em mim – sua voz soava nervosa – Amanda. Pegue a lanterna e continue em frente.
A lanterna oscilou quando passou da mão dele para ela.
- Como assim? Continuar sozinha. Deixar vocês para trás... você esta louco... Ele esta armado!
- Confie em mim!
- Armado! Ele esta armado!
- Amanda! Pegue essa droga de caminho, rápido! Merda!
Thomas não soube descrever a expressão facial de ambos por causa da escuridão, porém escutou passos abafados e viu que a claridade da lanterna começava adiantar-se a frente.
- Ei, agora me escutem – Álan falava baixo, porém rápido – vocês dois esperam na entrada do túnel da esquerda e eu no da direita, quando ele passar atacamos juntos. Ok?
- Certo.
- Tudo bem. Na cabeça de Tom, era lógico que não estava tudo bem.
Amanda estava a uns dez metros a frente quando Tom começou a seguir Fred que ainda puxava seu braço. A escuridão era quase absoluta, mas isso não o fez exitar em livrar-se da mão de Fred e se posicionar a parede oposta do túnel.
Ficou agachado, uma das mãos sobre a boca tentando disfarçar a respiração pesada. Então começou escutar passos se aproximando, eram acelerados e determinados. O coração batia rápido e a mão suava. Tentou se concentrar, contraiu as sobrancelhas tentando assimilar alguma forma no escuro.
Os olhos arderam quando viu Álan a sua frente a fraca luz do próprio isqueiro, tinha um sorriso infeliz no rosto. Tom quis gritar para que ele apagasse, mas ele então fincou o isqueiro automático no chão ao lado.
Quando Tom entendeu o motivo do amigo ter feito aquilo, o inimigo já entrava no seu campo de visão. A fraca luz do isqueiro foi suficiente pra fazer a arma em sua mão reluzir. O inimigo avançava cauteloso, a arma a frente. Thomas então viu ele completamente, estava posicionado perfeitamente entre a entrada de Álan e a sua.
Tudo aconteceu rápido demais. Antes que o vulto apontasse e atirasse em Álan, Fred chocou-se contra as costas deste, fazendo-o chocar-se contra a parede. Não foi o suficiente, ele retrucou com as costas da mão armada no rosto de Fred que caiu pesadamente no chão. Álan atingiu um golpe no peito do inimigo no mesmo momento que Tom derrubou-o com um chute de sorte. A arma disparou para o nada.
Ao longe foi possível escutar Amanda gritando. Um chute certeiro do inimigo caído no estomago de Tom fez ele revirar os olhos e gemer. Álan mantinha sua constante luta tentando mantar o braço armado para qualquer direção que não fosse a si mesmo ou os amigos.
Milésimos antes de Tom contra-atacar, escutou um baque seco seguido de algo se estilhaçando misturado com um grito do inimigo. Então ele tombou ao chão, tinha as mãos aparentemente segurando a cabeça. Fred então se revelou a iluminação próxima agora de Amanda. Segurava uma garrafa quebrada em sua mão. Golpeou novamente a cabeça do homem com o que ainda restava da garrafa. Uma, duas, três vezes.
- CHEGA! Amanda apontava a lanterna para os três.
Agora era possível ver tudo. Tom avistou o homem caído no chão inerte, sua cabeça estava coberta de sangue, havia inúmeras falhas em seu couro aonde tinha sido golpeado ate a morte. Álan agora atônito ainda segurava o braço que segurava a arma como se ainda estivesse vivo. Fred por sua vez estava ajoelhado, em uma de suas mãos estava apenas o gargalo da garrafa de vidro ensanguentada.
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