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Tópico: Sheriff's not afraid to die

  1. #1
    Avatar de Scholles
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    Padrão Sheriff's not afraid to die

    Antes de colocar o texto, uma coisinha. O título está errado, o nome do conto é o que eu coloquei mesmo. Mas eu não consegui postar com o título certo porque dava um bug com os tópicos similares e eu não conseguia postar. Optei por deixar o título original em inglês do que mudar...

    O Xerife não tem medo de morrer


    Farrow sentava-se na cadeira de balanço, fitando o céu sem nuvens, de um azul claríssimo. Bebia uma cerveja.

    Estava ansioso. Os rumores espalhavam-se rápido e as folhas amareladas penduradas em todos os postes ao redor do Texas chamavam alguma atenção. Neles continha a seguinte frase: “Procura-se por este homem: Recompensa em ouro”. E a foto do desgraçado.

    O xerife deixou-se balançar por alguns minutos, bebericando alguns goles vez ou outra. Beberia mais, porém sabia que só tinha outras duas garrafas na despensa. Era tarde de sábado e o bar ia começar a vender pelo dobro do preço habitual; praticamente um roubo á mão armada, mas sem evidências para colocar o maldito dono daquele recinto imundo na cadeia.
    Os dias passavam rápido. Parecia ontem que ele virara xerife, com o cabelo ainda moreno, diferente do grisalho atual. Parecia ontem que ele atirara no primeiro bandido e descobrira que a arma feria o corpo e a alma.

    Segurara o cabo de uma arma pela primeira vez com cinco anos, junto com seu pai. Depois, aos sete, errou pelo menos quatro tiros tentando acertar os passarinhos junto ao seu pai. Foram para casa dormir, mas o pequeno não quis esperar pelo próximo dia e surrupiou o revólver.

    Sempre que se lembrava disso, tinha arrepios. Podia ter atirado em si próprio acidentalmente. Talvez acertasse algum viajante e manchasse a reputação do pai – de homem honesto - para o resto da vida. Mas não. Acertou um passarinho. E outro. E iria acertar mais um, mas haviam acabado as balas. Voltou para o casebre, onde sua mãe e pai estavam acordados e preocupados, procurando-o. É claro, havia se distanciado mais de cem metros para que seus pais não acordassem com o barulho. Já era esperto desde criança.

    Foi castigado pela mãe. Distanciou-se do que viria a ser sua paixão até os quinze anos, quando se embebedou pela primeira vez e acabou envolvendo-se em um duelo.

    Como um homem honrado, pegou o revólver do pai. Encontrou-se com o inimigo, no meio do deserto. Os dois puxaram a arma do coldre no mesmo instante. Os dois erraram. Farrow, porque era inexperiente. Seu oponente, pois estava extremamente bêbado. Morreu de coma alcoólico antes que pudesse mirar outra vez. Não iria acertar o alvo de qualquer maneira, pois sua visão deveria estar, no mínimo, triplicada.
    As histórias espalham-se. O pai de Farrow descobriu. Ao invés de puni-lo, disse as mais sábias palavras que o filho já escutou:

    - É melhor você melhorar essa mira antes que você arranje um inimigo de verdade.

    Por dois anos, ele e seu pai pararam pela primeira vez na vida de se preocupar exclusivamente com as plantações que iam além da colina; ele passou esse tempo treinando o filho. Com dezoito anos, não havia melhor atirador que Farrow em todo o Oeste. Ele desafiava a todos que criavam confusão na cidade, principalmente os forasteiros desordeiros. Por muitas vezes quase morreu.

    Em um de seus duelos, escorregou em uma pedra no momento do puxar as armas e escapou por um triz do que viria a ser sua ruína. Agradeceu por esse acontecimento, pois o homem que desafiara, viera a descobrir depois, era imbatível. Era o melhor dos melhores. Seu nome era Dareen. Após resolverem seu desentendimento com diplomacia, descobriram muito em comum. Lá pelos vinte e cinco, Farrow era parte de um grupo de amigos muito influentes no Texas. Todos os respeitavam. Corria o nome de Polícia para denominar a sua organização.

    Gostaram do nome. Os vinte – eram vinte, na época - se auto-proclamaram defensores da Lei. Porque criaram uma lei. Não era a lei do mais forte, e sim a lei da justiça. Muitos não concordaram com eles. Resolveram suas diferenças com duelos. Tudo por uma causa justa. Tinham que haver mortes para que parassem as mortes.

    Aumentaram seu número para que não fossem dizimados. De vinte passaram para cem e para vinte de novo. Poucos duravam. O Texas não queria uma revolução. Queria era cerveja grátis.

    Dareen levava nas costas o peso de todas suas matanças. Na maioria das vezes, antes que Farrow pudesse tirar a arma do coldre, o melhor atirador que já vira na vida já estava apertando o gatilho. Dareen nunca errava um tiro. Graças a ele, os policiais conseguiam se manter vivos. Os inimigos eram muitos, e o povo não via a melhoria de uma sociedade justa, onde um fora-da-lei não seria alguém que pudesse exigir todo o seu dinheiro sem nenhum esforço, e sim um infeliz jazendo na cadeia.

    E Farrow percebeu, aos trinta e poucos, que, com o apoio do povo, oprimiriam os tiranos. Deu uma festa. Com entrada franca e bebida à vontade, com o requerimento de que apoiassem a causa da polícia. Vários solitários que nunca pensariam em sobreviver de outro jeito a não ser roubando, compareceram. Whisky grátis era uma tentação. Executou todos os fora-da-lei que compareceram à festa. Deixou claro sua opinião e o que eles – a polícia - faziam. E subiu no palanque onde o violeiro tocava e disse:

    - Eu sou, de agora em diante, o xerife dessa cidade! – vivas e aplausos. Ninguém sabia o motivo da alegria, mas estavam todos caindo de tanto beber.


    Todos os policiais estavam reunidos em um salão, depois da festa. Voltariam para suas casas no dia seguinte, quando estivessem menos bêbados e mais certos de que poderiam lidar com bandidos.

    Começava a estiar. A chuvinha fina caía devagar, como que provocando o furioso Dareen. Chamou o xerife para um canto.

    - Nós dois sabemos quem que sabe atirar melhor! Eu deveria ser o xerife, eu! – berrou ele.
    - Acalme-se, homem. Vamos então fazer desta cidade uma cidade com dois xerifes! E então toda a Polícia será condecorada! – falou o animado Farrow.
    - Você não entende. Isso não é questão de um título bonito.
    - Então para que você o quer?!
    - Para cuidar do que é meu! Tudo o que eu conquistei, você veio e tirou. E o meu mérito? Por que quando se pensa nos heróis que estão fazendo do Texas um lugar onde não precisa se ter medo dos bandidos, pensa-se em você e não em mim? – suplicou com últimas palavras. Não é como se ele tivesse dado a Farrow alguma escolha.

    Ele deu as costas para o xerife e saiu andando. Ele deve ter ido para o saloon, ou percorrido alguma distância inútil para preencher seu vazio. Mas, à noite, enquanto Farrow estava deitado, escutou um forte estampido. Todos os policiais, dormindo no mesmo salão, pularam de suas camas com o revólver na mão. Dezenove pessoas se levantaram, pois o que faltava já estava em pé.

    Dareen esquivava-se das balas incertas e trôpegas enquanto assassinava os companheiros, com o sorriso rebelde a olhar para Farrow. Puxava o gatilho se protegendo com uma mesa virada, mas a maioria dos tiros nem chegava perto de acertá-lo.

    Quando a pólvora baixava e Farrow caía, com uma bala não-letal na sua perna e seu revólver sem munição caído no chão, os dois últimos policiais se entreolharam e Dareen deu as costas para Farrow uma última vez, enquanto lágrimas escorriam da face do que perdera todos os amigos que possuía.

    E Farrow, dez anos depois, bebia sua cerveja olhando para o céu e pensando no filho-da-p*** do Dareen, que estava agora sendo procurado pela Polícia, que crescera e agora agia mais discretamente, mas não menos eficientemente. Os fora-da-lei continuavam existindo, e isso não era um grande problema. Existiam poucos e agora não eram mais vistos com bons olhos.
    Ao anoitecer, um oficial chegou junto a dois soldados e um homem algemado entre eles. Dareen continuava magro, baixo, mas agora não era tão cabeludo. Seus olhos pareciam mais acinzentados e a barba havia crescido.

    - O que fazemos com ele agora, xerife? – perguntou o oficial.
    - Dê a ele um revólver. Ele ficará a quatrocentos metros de mim. Se acertar o tiro e me matar, ele está livre.
    Os policiais estavam pasmos com a ousadia do xerife. Mas afinal, quem é que conseguia acertar de quatrocentos metros de distância com um revólver?

    Houve contato ocular. Dareen ousou dizer.
    - Você sabe que eu nunca erro.
    - É bom que isso seja verdade. – replicou o penúltimo dos verdadeiros policiais a morrer.

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  2. #2
    Avatar de Rec
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    Citação Postado originalmente por Elementals Ver Post
    - É bom que isso seja verdade. – replicou o penúltimo dos verdadeiros policiais a morrer.
    Ótimo conto. Mas fiquei com pena do Xerife.

  3. #3
    Avatar de zack746
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    O conto é otimo. Bem técnico, mas técnico no limite do lirismo. A ideia é boa, porém merecia mais uma historia que um conto.

    Boa sorte.

  4. #4
    Avatar de Pernalonga
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    Gostei de história, o enredo ficou legal. Mas não sei se é o sono, ou se eu to lendo num ritmo muito ruim, mas parece que ficou meio apressado a historia, a descrição dos fatos sabe?

    Não sei, talvez seja eu mesmo, mas eu acho que tá assim... Parece que os fatos não estão ligados de uma forma suave.

    Anyway, pode ser tudo bullshit minha =p

    Mas eu gostei da história, isso que importa ;D

  5. #5
    Avatar de Meltoh
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    Gostei do conto, e como alguém comentou, essa história pareceria ficar boa com mais capítulos. Não vi nenhum erro e o texto está bem escrito. Parabéns!




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    Última edição por Meltoh; 19-10-2009 às 03:33.
    Leia minha roleplay :Terras Distantes

  6. #6
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    Wow, conto bom.

    Poderia ser mais trabalhado, entretanto. No meio, a narrativa fica meio confusa. E, essa históra poderia ser bem mais desenvolvida, em capítulos.

    Elementals: CADÊ AS 17 PÁGINAS DO "OFERENDAS"? VOU FAZER GREVE DE COMENTÁRIOS!
    Quer participar de uma alta aventura com essa turma do barulho? Quer escrever sobre Tibia, ser enganado por um monge pra lá de pestinha? Achas que tens o que é preciso para esma... digo, para entrar no Hall da fama? Passa lá na Biblioteca-imensa-cheia-de-coisa-e-mundialmente-conhecida!

    Escritos no TebeaBeerre

    -=R.I.P =-
    Aqui já Lucius Cath
    Eterno troll

  7. #7
    Avatar de Emanoel
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    Detalhar a relação entre Farrow e Dareen poderia ter sido muito bom para o conto. Por sinal, tenho muitas dúvidas quanto ao início dessa amizade (pergunto-me como duas pessoas, em duelo mortal, conseguiriam resolver um problema através da diplomacia).

    Concordo com esses dois comentários:

    Citação Postado originalmente por Pernalonga Ver Post
    Parece que os fatos não estão ligados de uma forma suave.
    Citação Postado originalmente por Thomazml Ver Post
    No meio, a narrativa fica meio confusa.

    Você conseguiu aprofundar um conflito realmente interessante em poucas linhas. Senti uma mescla de melancolia e ironia no texto; sentimentos coesos, bem trabalhados.

    O desfecho é certamente poderoso.

  8. #8
    Avatar de Steve B
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    Amei.

    Sério, o conto tá muito bom. Parabéns.


    Não era a lei do mais forte, e sim a lei da justiça.
    Não sei, mas acho que o mais correto seria "mas".


    Até!

  9. #9

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    Tava passando de leve pra dar uma olhada, só uma olhadinha na seção.

    Olhei o título, cliquei, fui obrigado a comentar.

    Citação Postado originalmente por Elementals Ver Post
    Aumentaram seu número para que não fossem dizimados. De vinte passaram para cem e para vinte de novo. Poucos duravam. O Texas não queria uma revolução. Queria era cerveja grátis.
    Frases curtas só com informações pertinentes, humor, tristeza e comentários cáusticos no ponto certo. Tudo num jeito tranquilo e amargo de escrever que lembra ao leitor um dia nublado.

    Mesmo com essa história batida de "gatilho mais rápido do Oeste", ou do "é preciso mortes para parar as mortes" bem a lá anti-herói norteamericano (tudo intencional, imagino), o cenário melancólico (como não poderia deixar de ser numa história atual de Velho Oeste) e o jeito como foi escrito valeram a leitura.

    Gostei bastante.

    A.E. Melgraon I

  10. #10
    Banido Avatar de Hovelst
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    Foi, sem dúvida a melhor coisa que já li tua. Estou nem aí se estou postando dez mil anos depois do último post, mas só tive saco agora pra ler esse texto, aliás, como vou tirar pra ler todos os textos daqui.


    A execução do texto foi muito bem feita. O final foi um dos melhores que já vi, e apesar dos velhos clichês, a história ainda tem sua originalidade. O toque sarcástico ainda durante todo o texto foi algo sensacional, coisa que vi em poucos escritores por aqui. Eu acho que só de você conseguir desenvolver esse lado na sua escrita já é um puta feito, e enfim, meus parabéns.

    A história em si ficaria muito boa, se você não pecasse em um detalhe. Já falaram aqui disso, e ressalto nesse texto, que é digno de uma publicação, que se caso tu chegue a re-escrever o texto, tu deveria rever o passar dos fatos. Você se ateve muito rapidamente aos fatos, deixando as frases muito rápidas, num estilo apressado e algumas vezes, com conexões entre frases de mesmo parágrafos mal trabalhadas.

    Fora isso, o texto está muito bom. Valeu a pena ter caçado o texto pra ler.

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