Antes de começar, gostaria de pedir desculpas pela minha ausência no fórum, meu pc bateu as botas e estou usando o do meu irmão. Não que eu estivesse muito presente no fórum antes, mas enfim...
Se alguém aqui presente leu Contos de Fanor, devo dizer que, se sair a continuação, vai demorar. Perdi o que já tinha escrito, uma puta de uma introdução feita pelo Fanor, de umas 2 páginas, e o começo do meio da história. É foda ter que reescrever tudo.
É um tipo de texto que é raro eu escrever, portanto também gostaria de críticas.
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Lamir batia suas mãos morenas e calejadas no tambor, que ecoava lamentos aos tapas do índio. Ele usava uma grande máscara branca e azul, com dois pequenos buracos para os olhos e um imenso para a boca, onde grandes dentes de ursos haviam sido presos e colados por uma mistura de substâncias retiradas das árvores.
O homem havia rezado para o deus das florestas antes de pegar o precioso sangue das árvores, assim sua tribo permaneceria protegida da fúria dos deuses. E agora, a máscara que fizera o protegeria dos maus espíritos e chamaria a atenção de Razu, o Grande Deus, que protegia a todos da tribo de Gaiask.
E então, um suave aroma de frutas tropicais invadiu as suas narinas, e motivado pela fome, começou a mudar o ritmo do tambor, indo cada vez com mais potência e rapidez.
Outro homem, dessa vez nu, entrou na pequena cabana circular, com toras escavadas no chão apoiando o teto de pedra que espelhava o chão. Seu rosto estava banhado de gordura de javali e haviam dois riscos vermelhos nas suas bochechas, simbolizando que era o sacerdote principal. Seu longo cabelo negro estava preso em um rabo-de-cavalo, e de seus grossos lábios vermelhos saía um cântico grotesco, pitoresco. Lamir já não mais controlava suas mãos, que batiam cada vez mais velozmente, até que pararam bruscamente do mesmo modo que a voz.
- Podem me ouvir? - falou Joíha, o sacerdote, com a voz trêmula. Um longo silêncio começou, até que rispidamente gritou um comando na Língua Antiga, que Lamir não entendeu. Um jovem entrou correndo na sala, segurando em uma bandeja de pedra lisa um monte de morangos cuidadosamente esmagados, mergulhados em sangue de ovelha, simbolizando prosperidade. - Não. - acrescentou com tristeza.
O pequeno guerreiro largou as frutas no chão, e então disparou a correr e passar pelas cortinas de pele de lobo da cabana que deixavam o sacerdote e o homem sozinhos. Então, o tambor voltou a ser tocado com brutalidade, enquanto ordens eram gritadas.
Sob um som nem um pouco agradável, foi lá jogado um homem branco. Sob seus olhos foram tatuadas duas chamas, logo após ter os olhos arrancados. Seu rosto expressava uma agonia sobre-humana, e suas costas estavam vermelhas. O mesmo jovem voltou a passar pelas cortinas franzidas e entregar um pedaço de cipó para Joíha. Ao segurá-lo, chutou o escravo até cair e brandiu o chicote, açoitando o infeliz, que gritou de dor e a pele, já sensível, começou a soltar um repugnante pus misturado com sangue.
Ao brandir o chicote pela segunda vez, Joíha parou. Havia um sibilo, um eco que o tambor não estava produzindo, porém estava ali.
- Pare - sussurrou. Dito e feito, mas o eco continuava. E então, na Língua Antiga, continuou: - Razu, está entre nós?
- Não. - sibilou simplesmente a cabana.
- Quem está aqui?
E então, subitamente, Lamir voltou a tocar o tambor. O sacerdote mandou-o parar, mas ao olhar em seus olhos, havia somente o vazio, tão profundo e aterrorizante quanto o branco aos seus pés, com órbitas vazias.
- Demônio, saia deste corpo! - apontou o dedo anular para o guerreiro tocando tambor. Seu dedo, inesperadamente, começou a arder. Ao gritar e tocar na parede da cabana para esfriar o dedo, a cabana inteira começou a queimar. Com o corpo tremendo, o sumo sacerdote falhara em sua missão. Envergonhado, sabendo de seu terrível destino, correu para fora da cabana, abandonando não só Lamir e o homem branco. Lá fora, uma pequena multidão se reunia, e todos lançaram olhares desconfiados para Joíha, quando ele corria.
O fogo ainda não havia se demonstrado para fora da cabana. Os demônios talvez não quisessem ir para fora. A previsão se mostrou errada quando uma labareda perpassou a gigantesca pedra, que caiu após ter suas toras de apoio queimadas. E então, Joíha correu. Correu, movendo seu corpo nu através das casas, e logo depois, das árvores. As ovelhas não gostavam mais dele. Ao se aproximar, elas corriam, aterrorizadas.
Porque, naquela noite, os deuses e os demônios não quiseram um homem branco.
Quiseram um índio.
E, agora, o fogo se espalhava, as cabras morriam, as pessoas fugiam desesperadas.
Porque, naquele dia, os deuses quiseram toda Gaiask.
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