O Pesadelo
Era o inverno em Edron. As noites andavam mais escuras, os ventos mais gélidos que nunca, os postes de luz piscavam a todo instante, algo estava para acontecer em Edron. A Ordem dos Magos de Edron estava preocupada, reuniram os melhores magos moradores da cidade e a profecia foi contada a eles. As contas foram feitas, as mensagens subliminares das lendas tibianas foram analisadas e a conclusão foi feita. O primeiro subordinado dos Sete Impiedosos Demônios chegaria em breve com o intuito de juntar almas para o ressurgimento daqueles que a muitos anos atrás encheram Tíbia de terror.
Rian tinha 18 anos e estava estudando para se tornar um mago poderoso, mora em Edron e seu pai é da Ordem dos Magos de Edron, possuindo inúmeros feitos esplendidos, seu pai se tornou um mestre dos magos muito conhecidos por toda Edron. Depois da última missão de seu pai, que fora descer a caverna mais sinistra de Edron, derrotar quatro Demônios de uma só vez e pegar o pergaminho que se encontrava de posse dos mesmos, seu pai levou uma vida bem mais calma. Sendo chamado uma hora ou outra, para parar ex heróis banidos ou algumas princesas das trevas, nada de muito risco para alguém habilidoso como ele. Ensinou-lhe muitas coisas, deu á ele seu próprio Cajado do Inferno como presente. E agora mais uma vez a Ordem estava chamando seu pai, e agora para matar uma criatura muito mais forte do que os próprios demônios que ele já havia enfrentado desde então. Naquela noite Rian chorou. Não sabia por que, confiava em seu pai, sabia de seus feitos e suas habilidades, no entanto uma onda de mau pressentimento rondava Edron. Sua vista ficou turva, não conseguia mais distinguir os objetos do próprio quarto, fechou os olhos, abriu e estava parado. Era a entrada da caverna para o lar dos demônios, mas o que ele fazia ali? Como saiu de casa? Sentiu alguma coisa cutucando sua cintura, ao olhar para ver o que era, viu uma criatura muito feia, nunca tinha visto antes, nem lido em algum lugar algum relato de alguém que tenha visto um monstro desses. De começo lembrou de um cavalo, mas não era. Era difícil descrever com o que aquilo se parecia, no lugar de mãos ou patas a criatura tinha duas enormes garras, foices, ambas estavam sujas de sangue, o chão também estava ensangüentado, o pêlo da criatura estava mais vermelho do que marrom, olhou para a boca do monstro, também estava suja de sangue e este possuía enormes dentes, a maioria podre. O cheiro de podridão que o bicho passava era incrivelmente forte, chegava a lhe embrulhar o estômago. Colocou a mão sobre a barriga e percebeu que ela estava aberta e sangue jorrava de lá. Olhando com mais atenção viu que não tinha o braço esquerdo mais, da mão direita lhe faltavam dedos, suas pernas estavam completamente ensangüentadas. Sua única reação naquele instante foi gritar, gritou o mais alto que pode, mas não adiantava, era como se estivesse mudo. Em desespero tentou correr, mas não deu certo, caiu na grama gelada aos pés do monstro que se apoiava mais sobre as foices que eram suas mãos do que nas pequenas patas, os olhos da criatura eram vermelho sangue e pareciam estar se divertindo, era como se o pavor ele sentisse alimentasse monstro.
Acordou suando frio, passou a mão na barriga olhou para as mãos, depois para os braços, estava tudo lá foi apenas um pesadelo.
Não conseguiu mais dormir, ou não queria mais. Jamais queria sentir o cheiro podre da criatura ou avista-la novamente. Sem sono procurou pelo livro Criaturas do Inferno, leu, releu, não achou nada. O livro falava do tal Orshabaal que a Ordem estava certa de que este retornaria em breve, como eles sabiam? Rian pensou, não chegou a conclusão nenhuma, não sabia como os sábios mestres dos magos tinham este aviso de quando algo de muito ruim está prestes a acontecer. Talvez se contasse ao seu pai sobre o pesadelo e a criatura, ele dissesse algo de animador...
Rian até tentou dormir, mas ainda sentia o cheiro de podre, era como se a criatura estivesse ali, era estranho. Leu mais coisas no livro, viu uma criatura bem engraça, era um cacto gigante com um martelo, se visse aquilo em seus sonhos debocharia pensou ele. Rian resolveu dar uma volta, andou pelas ruas. Parou perto de um poste de luz segurou nele, não sabia o que acontecia uma tontura horrível começou a atordoar ele do nada. Pensou em seu pai, em gritar, tudo o que aconteceu em seu pesadelo estava acontecendo de novo. A névoa, o cheiro de podridão e um ruído horrível, eram como se um metal estivesse rasgando o chão. Ele estava mais uma vez parado em frente a caverna do sonho, estava com um cajado na mão, mas não era o cajado de seu pai, este era diferente, era dourado, era ouro, na ponto uma enorme letra F. Olhou para baixo, esta de vestes compridas com um tom avermelhado, meio vinho e aquela barba enorme, até os joelhos. Porque estava lá e porque estava vestido assim.
Viu vultos se aproximarem, eram os magos da Ordem. Estava a salvo com eles ali pensou o garoto. Viu suas vestes e o cajado sumirem pegando fogo. Runas com magia de morte súbita lhe acertaram, a dor foi horrível, mas ele não ligava, ele ria e de suas bocas saíram as palavras `almas para os mestres`. Olhou para o lado e viu quatro demônios, estes gritavam ´almas para Orshabaal´. Sentia runas, projéteis, magias de todos os tipos, machados, clavas, espadas, todos estavam atacando ele. A dor era insuportável, não agüentava mais, precisava contar ao seu pai que estava ali, precisava os fazer pararem. O garoto gritou, mas seu gritou não saiu, ao invés disso chamas e lavas ferventes saíram de sua boca e acertaram os guerreiros que estavam ali e alguns paladinos também. Olhou para a direita e viu seu pai, ele estava paralisado. Rian tinha certeza que o pai tinha visto ele ali.
-Parem o ataque! Parem por favor... Meu filho!- sem perceber o mago se aproximava cada vez mais do demônio – Eu vi meu filho! Ele está dentro do demônio, não matem ele! Meu menino!
Rian queria correr e abraçar seu pai. Esticou o braço, mas aquele braço não era seu, era vermelho, enorme, tinha garras afiadas... Ele era o demônio. Um raio de energia saiu de sua mão e acertou seu pai encheio. Ficou aflito e logo em seguida aliviado, por um ágil paladino ter conseguido tirar seu pai dali. Viu de relance um druida curando seu pai, chorou e decidiu o que ia fazer. Iria se matar, se ele o fizesse o demônio morreria também?
Mas não dava, ele não tinha como se matar se não esperar que os habilidosos guerreiros, magos, paladinos e druidas que ali estavam fizessem isso por ele. Sentiu-se mais fraco, o demônio estava morrendo talvez, ficou feliz, tentou achar seu pai no meio da multidão, mas era impossível. Fez de tudo para não se mexer, cada movimento seu era transformado num poder, se bem que de nada isso adiantou. Apenas de olhar para algum lugar via raios ou chamas ferventes acertarem o local ou a pessoa, sentiu sua perna ocilar, meio que caiu, era o fim.
Tudo escureceu, ouviu gritos felizes, viu as pessoas comemorarem. Ele estava morto, mas ainda via o que acontecia? O que era aquilo?
Viu o mesmo druida que curou seu pai se aproximar dele com uma estaca de ouro brilhante, com um diamante em cima, atrás do velho druida viu seu pai em prantos, pedindo para não fazerem isso, o que estava acontecendo? Aquelas pessoas iam salvar ele com certeza, viu um outro homem se aproximar, com vestes brancas, bisturis nas mãos e um chapéu roxo muito feio, achou o cara engraçado, talvez maluco, leu em seu crachá Malverick, departamento de ciência e tecnologia, Thais. O bisturi era pra abrir a barriga do demônio? Teria ele sido engolido pelo Orshabaal?
-Vejam! Vejam! É um cérebro de demônio! O primeiro da história, vou levá-lo para o rei e...
-Tirem o louco daí, vou desfragmentar o corpo.
-Nãoooo! Seric, ele é meu filho... Por favor, Seric! Não!
Rian sentiu a estaca tocar-lhe a testa. Viu uma luz muito brilhante e uma sensação de paz enorme tomou contou de seu corpo, sua mente e sua alma. Ele flutuava, antes de ir viu seu pai chorando muito, tentou tocar ele pela última vez, mas já estava longe demais, o corpo do demônio virara pó.
Algum tempo depois, já em Thais, Seric o druida percebeu que o arranhão que o demônio fez em sua perna ainda não cicatrizara por inteiro, mas resolveu não contar a ninguém. Do mesmo modo que Seric se cortou na luta, o cientista Malverick na hora de tirar o cérebro do Orshabaal também se feriu, espetando o dedo nos espinhos da cabeça do monstro e este por sua vez também não curara de jeito nenhum. O pai de Rian, o mago Riondur, jamais foi o mesmo desde batalha contra o subordinado dos Sete Impiedosos Demônios mór do Tibia. Abandonou a Ordem dos Magos de Edron, tornou-se rude, violento, comprou uma pequena embarcação com seu dinheiro e partiu de Edron. Para onde ninguém sabe, levou consigo alguns livros proibidos da Ordem, deixando os membros preocupados. Riondur levou muitos livros de magia negra, invocação, ressurreição, entre outros. A morte do filho teria levado o mago à loucura.
-An? Uma embarcação se aproxima... Aquela bandeira! São piratas... Eu preciso dar um jeito, tenho que tentar engana-los... Não posso morrer agora que cheguei tão longe, não vou morrer agora que sei como fazer meu filho voltar!
A pequena embarcação de Riondur foi tomada por numerosos piratas. Riondur não sabia o que fazer. Apenas abriu a mochila, e viu de lá saírem duas enormes foices sujas de sangue, seguidas por uma criatura horrenda com um fedor insuportável, ou seria seu fim, ou o fim dos piratas!
Mas está já é outra história...
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