Bah...
Espero que gostem.
Capítulo I
O jovem, de média estatura, estava inquieto. Completamente inquieto. Andava de um lado para o outro às margens do rio, desajeitando seus cabelos franzinos e rebeldes hora ou outra, como forma de mostrar ainda mais sua inquietude. O deserto ao seu redor estava, com perdão do trocadilho, completamente deserto; não se via nenhuma alma viva habitando as intermináveis dunas de areia. E isso o deixava bastante inquieto.
Passou algum tempo, e nem mesmo o garoto seria capaz de determiná-lo. Talvez duas horas, talvez dois dias... Enfim, cansado de andar de um lado para outro, ele sentou-se na areia, tirou duas pedras do bolso de seu paletó, e começou a esfregá-las uma na outra. Embora estivesse usando um paletó, sua vestimenta não era das mais atuais. Embaixo do mesmo, usava uma blusa social listrada, azul e vermelha, bastante caipira; e na parte de baixo, uma calça jeans rasgada. No pé, um all star preto muito desgastado.
Um pouco depois de começar a esfregar as tais pedras, o jovem sentiu que havia mais alguém no deserto. Olhou para trás, e viu. Um esquilo. De paletó.
- Você demorou – disse o garoto, se levantando e guardando as pedras.
- E por que não demoraria? Estava com pressa? – retrucou o esquilo, dando alguns passos e assim se aproximando dele.
- Não exatamente... Mas não é muito confortável esperar alguém em um deserto como esse. Se não fosse por esse rio...
- Que rio?
- Esse – e apontou para sua frente.
- Olha, rapaz, receio te magoar, mas não tem rio nenhum aqui.
- Não...?
- Eu falo grego por acaso?
- Você bem que poderia tentar ser mais receptivo... - disse o garoto, sem dar muita atenção ao comentário do animal a sua frente.
- E você, menos irônico... Ok, mudemos de assunto. Por que diabos você está aqui?
- Não sei – e então o jovem desajeitou seu cabelo mais uma vez – Espero que você saiba me responder.
- Eu? Há, filho, olha pra minha cara. – o esquilo ficou encarando o jovem - Vê se eu tenho cara de quem sabe da vida de um reles humano.
- Bem, não importa. Eu quero sair daqui, o mais rápido possível.
- Esse problema não é muito difícil de se resolver... – o esquilo se sentou na areia, pensativo – Mas, de qualquer maneira, eu só te tiro daqui se tu me contar o que fez – disse, finalmente.
- Roubei...
- Roubou o que? – perguntou ele, em um tom intimidador.
- Isso. – e então tirou as duas pedras do bolso do paletó – Eu não faço idéia do que seja, e não esperava ser mandado para cá.
- Pois continuará sem fazer idéia... – e pegou, bruscamente, as pedras da mão do garoto – Fique bem longe do museu...
- Desculpe, eu realmente...
- Trabalhos comunitários – interrompeu o esquilo.
- O que?! – perguntou, assustado.
- Isso mesmo que você ouviu. – o esquilo ficou em uma posição bem em frente ao garoto, encarando-o, de baixo para cima. Mas, ao invés de parecer ainda mais baixo, o esquilo parecia ter crescido bastante, e estava ficando maior do que garoto. Este, por sua vez, se assustou, e deu dois passos para trás.
- Capiche? – disse a grande fera, finalmente. Sua sombra cobria completamente o pequeno garoto, que suava de medo.
- S... Sim.
- Quer um charuto? – perguntou o esquilo, que, bruscamente, havia se tornado pequeno novamente. Não parecia mais aquele imponente ser, mas sim um carismático personagem de livro infantil, retirando um charuto do bolso do paletó.
- Hmm... Não, brigado... Quando eu começo?
- Hoje. – respondeu o animalzinho, dando uma baforada de fumaça.
- E aonde...?
- Na vila de... Hmm... Croghan – e soltou outra baforada – A propósito, qual o seu nome?
- Dan... Dan Harley.
- Dan, prazer. E bem vindo a Croghan!
O jovem olhou ao seu redor, incrédulo. O antes tão vasto deserto se transformara agora em uma vila. Na sua entrada, havia um pequeno aglomerado de casas rústicas de madeira, cercadas por inúmeras árvores, e uma linda vegetação. Mais a norte, havia uma grande ladeira de barro, cujo destino não podia ser visto daquela distância.
- Você tem trabalho a fazer. – disse o esquilo, estendendo-lhe um esfregão. Somente agora Dan olhara para o chão... Estava coberto de pássaros, todos mortos.
- Você só pode estar de brinc... – protestou Dan, em um mesclado de temor e insatisfação, mas já não havia ninguém lá.
Olhou para o céu, e viu o Sol se pondo, vagarosamente, ao som do farfalhar das árvores. Pensou em resmungar algo para si mesmo, mas não conseguia. Aquele cheiro o deixava com náuseas, e a sensação de que era a única pessoa naquela vila não era das melhores.
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