Rocko, acho que o maior problema da esquerda se concentrar em torno do Lula e do PT é porque são exatamente eles que alimentam o bolsonarismo. E nem to fazendo juízo de valor ou estabelecendo a simetria mas sim constatando o fato que todo mundo tá cansado de saber: a maior parcela dos votos do Bolsonaro veio do antipetismo. Então é burrice achar que o mesmo petismo que fez a esquerda se ferrar a partir de 2016 vai ser aquela que vai levantar de novo a bola. Ainda não deu tempo para isso, o PT perdeu praticamente todas as bases sociais que construi entre os mais pobres. Tudo que o Bolsonaro quer é um Lula ou um prospecto do Lula se candidatando em 2022, isso alimentaria o mesmo discurso novamente. Tudo que ele menos quer é uma liderança forte de centro-esquerda, que seja capaz de seduzir alguns dos partidos que hoje compõe a base do governo.
Esse meme do "não fala isso senão vou votar no capitão" é engraçado e pode ser real. Mas não sei se a preocupação deve ser o liberal que vota no Bolsonaro, afinal, quantos liberais de verdade existem no Brasil? O tal liberalismo importado dos EUA veio com doses altas de conservadorismo agregado, que casou facilmente com o conservadorismo cristão que já existia aqui. No fim, se teve liberal real que votou no Bolsonaro, foi para quebrar a lógica econômica que a esquerda brasileira manteve por muito tempo. E não se engane, mesmo com a fanfarronice do Guedes, a lógica foi quebrada (de um jeito até agora tosco e insuficiente, mas foi quebrada).
Eu já destaquei aqui algumas vezes que não sou de esquerda, então eu realmente espero um candidato de centro-direita viável, que consiga tirar do Bolsonaro os votos anti-PT sem trazer junto os malucos megaconservadores e/ou conspiracionistas. Ao contrário de muitos liberais, todo mundo aqui sabe que desde antes das eleições sempre tive reservas gigantescas com o Bolsonaro, por já perceber o engodo que ele era e ter uma aversão tremenda a esse culto de personalidade maluco que presenciamos. O que sempre me custou a pecha de "esquerdista" já que, pra quem tá no alto do morro do extremismo, tudo que está embaixo parece ser o "outro lado".
A direita não-bolsonarista já tem um candidato: Moro (ou ele e Luciano Huck, se isso tomar corpo). Mas a direita não-bolsonarista praticamente é inexiste, porque a real é que, o que sempre costumamos chamar de direita no Brasil, no máximo era uma centro social-democrata (que é direita pra esquerda e esquerda pra direita). E esses caras hoje estão nos partidos de centro que fazem base ao governo Bolsonaro, além de terem uma aversão natural ao Moro.
No fim, o que acho mesmo é que quem vai decidir as eleições de 2022 são os evangélicos. Acho que as pessoas intelectualizadas da política (principalmente da esquerda), estão deixando passar um fenômeno de evangelização em massa de comunidades pobres e de interior no Brasil. E os evangélicos votam em blocos, nos candidatos indicados pelos líderes, em uma eleição fragmentada eles são uma parcela muito importante do eleitorado. E a maioria desses líderes ainda estão com o Bolsonaro (mesmo que alguns já tenham sacado que tem alguma coisa esquisita com o capitão). Sem conquistar o voto dos evangélicos (ou pelo menos de uma parte deles), nenhum candidato vai bater o Bolsonaro em 2022.
Você não sente que essa loucura tá começando a passar? Quanto a isso, estou otimista. É exemplo anedótico, claro, mas já começo a ver os parentes que se estapearam em 2018 fazendo as pazes e entendo que brigar por causa de político é ridículo. Principalmente por causa do Bolsonaro, que é patético.
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