Livro 1
Capítulo VIII
Araell abriu os olhos com dificuldade. A pancada na cabeça havia sido forte e quando olhou para seu braço viu uma tora de madeira quebrada encima dele.
- Vamos, Phaustsus! – gritou o General Elratos aparecendo – A cidade está sendo atacada!
Araell tentou dizer “eu tentei avisar”, mas o General já estava roxo e estava com muita dor para ficar contando vantagem. Puxou o braço e viu a tora rolar.
Subiu a escada atrás do General, segurando-se no corrimão de madeira caso os degraus cedessem. Elratos gritou quando já estava no casebre:
- Vou para a frente do castelo reunir os homens! Me encontre lá!
Sim, general! – pensou tonto. Subiu o último degrau e cambaleou pelo casebre esbarrando nas prateleiras e derrubando algumas garrafas. Pegou uma e bebeu –
Força na hora da luta...
Contornou o castelo desembaiando a sua espada sem nome. Queria que ela tivesse um nome, pois todo grande guerreiro dá um nome à sua espada, que é sua fiel companheira. Poucos da Ordem ficaram apegados à uma espada a ponto de nomeá-la, mas Araell queria nomeá-la e gravar seu nome na lâmina e quem sabe um dia passá-la para seu filho...
Chegando perto da praça, viu a fonte quebrada. A cidade deve estar se sentindo violada. Aquela fonte é a peça mais importante de toda Vânia. Nela estava esculpida Brandor Luin cravando sua espada em Lúcifer – representado por uma massa disforme e com chifres.
Viu os soldados de Vânia lutando com suas espadas contra vários homens vestidos de branco e usando um turbante deixando só os olhos a mostra. Esses não lutavam, apenas se defendiam com cajados e tentavam abrir caminho em direção ao castelo guardado por mais alguns soldados. Araell foi se juntar a esses.
Entrou no castelo e subiu a escada que levava a sala do trono.
- Onde está Artorios? – perguntou para o guarda da saleta
- Foi escolher a noiva. – respondeu o guarda – Ele está a salvo do combate lá fora. Nossos soldados são os melhores de toda a Nionda e Terras Próximas.
- E o rei Andorwyran? Está a par da situação?
- Não acreditamos que o rei precise se preocupar com uma situação que já está controlada.
E ao terminar essa frase, Araell viu um homem vestido de branco passar direto por eles.
- HAULT! – gritou o guarda – Você não pode entrar aí!
O homem respondeu acertando o rosto do guarda que desmaiou. O homem entrou na sala do trono e Araell foi atrás.
- Cuidade, majestade! – gritou pegando o ombro do homem de branco e puxando para trás.
Ele se virou e Araell pode ver seus olhos brancos e luminosos. Uma coisa linda de se ver... Araell desmaiou.
O homem de turbante virou-se para o rei Andorwyran que estava sendo abraçado por sua esposa Ajhani. O rei retribuía o abraço, mas mantinha seus olhos no homem.
- Onde está o príncipe? – perguntou
- Terá que me matar para me fazer trair meu próprio filho. – disse Andorwyran
Ele parou de abraçar a rainha e assumiu uma pose ereta e empunhou sua espada que sempre segurava.
- Não estamos aqui para brigar ou matar alguém. – disse o homem de branco levantando as mãos tentando acalmar o rei.
- Então nunca me farão dizer onde está meu filho.
Andorwyran correu na direção do homem empunhando sua espada encima de sua cabeça. Não parecia ser um velho de 89 anos e sim 29. Sua espada veio verticalmente na direção da cabeça do homem. Andorwyran atacava frenéticamente, mas o outro apenas se esquivava. Realmente estava ali em uma missão de captura sem deixar feridos. Ele tirou seu cajado de dentro da túnica e acertou o rei de Nionda embaixo do braço, quando este erguia a espada. Podia ter uma grande disposição, mas seus ossos já eram velhos. O rei se ajoelhou.
- Me mate. Não vou abandonar meu filho.
O homem se agachou perto do rei e olhou com seus olhos luminosos bem no fundo dos olhos negros dele. Andorwyran sentiu-se mais leve e que começava a pensar no filho escolhendo uma noiva.
- Obrigado. – disse o homem de branco e saiu da sala indo para a câmara que Artorios estava.
Desceu três lances de escada e viu um duende corcunda parado em frente a porta batendo e gritando:
- Anda, Artorios! O que está fazendo aí? – então o duende se virou e viu o homem – Mas o que...? – então foi acertado pelo cajado e desmaiou
Empurrou a porta com as duas mão e viu Artorios beijando uma garota linda de cabelos negros. Sem falar nada, agarrou Artorios e virou para olha-lo nos olhos.
- EI! – gritou o garoto – Mas o que é isso?
Olhando no fundo dos olhos do príncipe, vendo seu passado e todos os seus atos, o homem de turbante pensou consigo mesmo:
É ele.
Então pulou pela janela com Artorios desmaiado nos braços, ouvindo a garota gritando por ele. Ao cair, se comunicou com a mente com os outros homens e saiu andando pelos portões do castelo com Artorios no colo.[/FONT][/SIZE]
[SIZE="5"][FONT="Book Antiqua"]Fim do Livro 1.