Obrigado!
E por que não fazermos uma disputa mais pra frente. tem que ver isso ae.
Enfim, espero que acompanhe! (:
Capítulo III - Presença
Will finalmente se juntara aos soldados, e logo em seguida fora escoltado para os grandes portões de madeira da fortaleza pelos dois líderes ogros. Ele e Artos vinham com as mãos amarradas, enquanto os soldados traidores caminhavam livremente e conservavam suas espadas e escudos. Maxwell e os ogros vinham à frente de todos eles, cada um carregando um estandarte vermelho.
O interior da fortaleza era extremamente bem protegido de invasores, e sentinelas rondavam por todos os lugares da muralha. A cidadela dos ogros, que ficava no interior do grande muro, não era tão terrível como Will imaginara. Pelo menos era organizada. Os próprios ogros já não pareciam mais tão aterrorizantes, quando se acostumou a olhar para suas carrancas verdes, olhos vermelhos como sangue e grandes presas amareladas. O medo que ele tinha de sua aparência podia ter diminuído, mas ainda eram tão feios como sempre foram.
Em um determinado momento, o contingente de soldados traidores e Artos foram com um dos líderes ogros por outro caminho. No outro grupo, restou Will, Maxwell e o outro ogro. Continuaram caminhando cada vez mais para dentro da fortaleza, e posteriormente para baixo dela. Will ficou surpreso ao ver que a moradia dos ogros possuía vários caminhos subterrâneos. Mais a frente, Maxwell parou e tocou Will no ombro. Ele instintivamente tentou erguer a mão para afastar o toque do outro, mas lembrou-se de que elas estavam atadas.
— O Rei Ogro espera-nos para um jantar. Não me agrada dizer isso, mas infelizmente sua presença é solicitada. E um aviso: Não comente nada sobre a aparência de Sua Majestade, se sabe o que é bom para você.
Will ficou surpreso ao saber que fora convidado para participar de um jantar com o Rei Ogro em pessoa, e Artos não. Realmente não sabia o que queriam dele ali naquele lugar. Quebrou a cabeça para imaginar um motivo para que tivesse sido poupado, e agora trazido às portas dos ogros ainda vivo, mas não conseguiu pensar em nada.
Maxwell pareceu adivinhar o que ele pensava.
— Deve estar se perguntando por que sua presença é solicitada. Bem, é por causa de seu sobrenome. Willer... Benson. Sua família é a mais rica e poderosa da Baía da Liberdade, e não fica atrás de muitas outras do continente. Você simplesmente não pode ser tratado como um soldado comum. Preciso de você para uma tarefa, e posteriormente valerá um bom resgate.
Will nada respondeu àquilo. Não tinha mais nada a tratar com Maxwell. Então, havia de fato sido sequestrado, e esperavam que seu pai pagasse uma boa quantia por seu resgate. Queria apenas dar o fora dali, voltar para sua vida em Thais, mas não via como poderia fazê-lo. Pensou em sua família, que ainda vivia na Baía da Liberdade. Imaginou se algum dia voltaria a vê-la. Uma sensação de impotência e raiva apoderou-se dele quando se deu conta da situação em que de fato se encontrava. Não estava morto, mas estava quase preferindo que estivesse.
O resto da viagem seguiu sem mais contratempos. Seguiam por um sem número de túneis, de pedra e terra, fracamente iluminados por archotes. Deviam estar agora muito abaixo da superfície, e, quando Will se deu conta disso, foi invadido por uma sensação sufocante de claustrofobia. Andaram por mais algumas câmaras escuras antes de chegar a uma última escada de pedra, muito maior que as outras, que levava ainda mais para baixo. Os três desceram as últimas escadas e chegaram num grande túnel de pedra, mais largo que os anteriores.
Mais a frente, o corredor fazia uma curva para a esquerda. Will podia ouvir várias vozes, de humanos e ogros, vinda da parte da sala ainda oculta. As suas mãos foram finalmente desatadas, e os três seguiram naquela direção. Ele se perguntou o que encontraria quando finalmente chegassem ao seu destino. Logo, fizeram a curva a esquerda, e o que Will viu foi a cena mais bizarra que se lembrava de alguma vez ter presenciado.
Encontrava-se em uma ampla sala redonda, sustentada por altos pilares de pedra e iluminada por diversas tochas. Ao centro da sala, fora posta uma grande mesa de madeira, e sobre ela estava suspenso por uma corrente um enorme candelabro. As chamas de suas velas bruxuleavam, fazendo os convidados sentados à mesa lançarem sinistras sombras contra as paredes.
E que convidados eram aqueles. Eram doze no total. A maioria eram ogros, vestidos das mais variadas formas, mas havia também três humanos, que pareciam um tanto quanto desconfortáveis de estarem sentados à mesa junto com ogros, e pior, comendo com eles. Mas todos pareciam perfeitamente normais comparados à criatura que se encontrava na ponta da mesa que era oposta à entrada da sala.
Ele não se sentava numa cadeira como os outros. Sequer tinha pernas para poder se sentar. Tratava-se de um grande ser feito de um nojento musgo esverdeado, que escorria pelo chão a todo o momento. Ele não tinha forma definida, parecia mais um grande amontoado grudento de uma substância fedorenta e limosa.
— Quem traz algo assim para a mesa de um rei? — Perguntou Will em voz baixa, chocado. Maxwell o ouviu, e respondeu:
— Aquele é o Rei.
De repente, os convidados notaram a chegada deles, mas ninguém falou nada. O Rei deveria se pronunciar primeiramente. Will não sabia como ele poderia fazê-lo, visto que não tinha uma boca. Mas um grotesco buraco abriu-se no corpo da criatura, e dele saiu uma voz gutural que se limitou a dizer:
— Mok.
Então, um dos humanos, um homem negro vestido em típicas roupas luxuosas darashianas, falou:
— Ei, Maxwell! Quanto tempo faz que não nos vemos? Já saiu daquela tenda decrépita e suja que chama de casa? — E o homem levantou a mão enfeitada por diversos anéis num aceno, para que eles se aproximassem mais.
— Sente-se, não seja tão tímido! Começamos sem você, mas tenho certeza de que não vai se importar. Temos caramujo assado, uma delícia.
A resposta de Maxwell foi muito menos calorosa.
— Jeehad. — E cumprimentou o darashiano com um curtíssimo aceno de cabeça. Em seguida, fez uma reverência direcionada ao Rei, e Will viu-se obrigado a imita-lo, por menos que quisesse. Não queria correr o risco de insultar o soberano, ainda mais um que provavelmente poderia engoli-lo em segundos.
—Vossa Majestade, Rei Charkahn.
Os três foram achar lugares à mesa. Will estava muito quieto, e decidido a chamar o mínimo possível de atenção.
O grotesco buraco abriu-se novamente na face do Rei, e ele disse, dessa vez na língua humana:
— Sim, sim, sente aí e aproveite o caramujo. Os ovos estão uma delícia. Ainda não sei por que é que o Presa de Prata me insulta com a sua ausência. Se é o líder dos seus, bem poderia estar numa reunião dessa importância.
Daquela vez, foi um dos outros humanos quem respondeu ao Rei. Era um homem estranhíssimo, seu corpo magérrimo e terrivelmente pálido, pouco diferente de um esqueleto. Vestido em seu pesado manto negro e sem adornos, era um fantástico contraste ao espalhafatoso homem darashiano. Quando falava, a pele de seu rosto repuxava sobre os ossos da face como uma máscara plástica.
— Perdoe-nos, Vossa Majestade. É lamentável a ausência de nosso líder, de fato, mas certamente o senhor sabe de sua... Ah...Condição especial. — Sua voz era baixíssima, pouco acima de um murmúrio, e parecia cansada, como se ele fizesse um esforço extremo para conseguir falar.
—Ah, é. Faz tanto tempo que não subo à superfície que até me esqueci da data em que estamos.
Só então repararam em Will. O darashiano negro estreitou os olhos ao olhar para ele.
— Não precisa nem me dizer quem é esse aí. É a imagem escarrada daquele Hotter Benson da Baía da Liberdade. Quantos anos tem, garoto, dezesseis? Não deve ter mais de dezoito. Sabe, já fiz grandes negócios com seu pai, mas hoje não o vejo muito. — Então, olhou novamente para Maxwell. — Quando você disse que esse garoto estava vindo na missão, vi a oportunidade de ouro. Não seria bom para nós se o Benson ficasse sabendo que seu filho fora morto na fortaleza dos ogros. Ele precisa ouvir falar que seu filho foi bem tratado. Ainda bem que você não o matou como aos outros.
Will reparou que o último dos convidados humanos era uma mulher, uma moça jovem, que aparentava ser poucos anos mais velha do que ele. Seus cabelos negros ondulados caíam como cascatas por sobre os ombros, e seus lábios eram vermelhos como o sangue. A pele era tão branca quanto a do homem esquelético, mas isso só a fazia parecer ainda mais bela.
Percebendo que Will a fitava com atenção, ela encontrou seu olhar e deu-lhe um sorriso jovial. Ele sentiu um estranho e repentino enrijecimento no meio das pernas, e abaixou a cabeça, envergonhado. Não podia acreditar que aquela beldade pertencia a uma organização que incluía Maxwell e o Rei Ogro entre seus membros.
— É, mas o rapaz precisa ser contido. Já que quiseram arrastá-lo até aqui, que achem um jeito de fazer com que ele não ouça o que diremos. — Disse Maxwell.
Àquilo, foi o homem pálido quem respondeu:
— Tem razão. Por favor, senhores, se me permitem. Não irei machucá-lo, apenas oferecerei ao rapaz uma... Distração. Tenho certeza que ficará tão entretido com ela que até se esquecerá de que estamos aqui.
Ninguém objetou, então o medonho homem ergueu a mão feita de pele e osso, com a palma aberta e voltada para a direção de Will. Antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, o homem balbuciou com sua voz fraca:
— Utori Mort.
Foi de súbito. Uma sensação doentia se espalhou pelo corpo de Will, diferente de qualquer coisa que já havia experimentado antes. Pareceu corromper e infectar cada fibra de seu corpo, chegando até a nublar sua mente. A sensação foi embora tão rápido quanto viera, mas Will mal teve tempo de sentir alívio, pois logo em seguida ela voltou novamente. Ele conhecia aquela maldição, mas jamais ouvira falar de um feiticeiro que pudesse produzi-la com tamanha força.
Ele sentiu-se tonto, seus olhos pareciam girar e tudo tornou-se difuso e difícil de ver. Nem se lembrava direito onde estava, e uma presença estranha começou a surgir em sua mente. Aquele efeito não poderia ser causado apenas por aquela magia. Pouco a pouco, uma estranha sensação de que estava sendo invadido e violado em sua própria cabeça apoderou-se dele, e depois já não era mais Willer Benson, o cavaleiro, quem a comandava.
— Que mente deliciosamente perturbada. Estive apenas esperando um momento de fraqueza para que pudesse visita-lo. Vejo em você um pouco de tudo, mas não chega a ser tão impressionante quanto aquela garota. Os pesadelos dela são um prato muito mais cheio para alguém como eu.
A presença se tornava cada vez mais nítida, e Will quase podia ver a entidade formando sua própria imagem em sua mente.
— O que diabos é você? —Pensou ele, completamente aterrorizado, muito mais do que havia estado em qualquer momento desde sua chegada a fortaleza dos ogros.
— Eu? — A entidade incorpórea soltou uma terrível e aguda gargalhada, fria como o gelo, que ecoou em sua mente.
—Sou seu passaporte para fora daqui. Você ainda não entende nada, e esses aí — E então a criatura permitiu que Will tivesse um vislumbre do que acontecia no banquete. Todos o olhavam de boca aberta e olhos arregalados, como se achassem que estava delirando.
— Também não entendem muito. Passei uns dias com a Sara, ela é sua irmã, não é? Garota incrível, incrível e doida, devo dizer. Se você tivesse visto metade do que ela viu em sonhos, já teria perdido a sanidade há tempos— Gargalhou novamente, fazendo a cabeça de Will doer.
— Posso te mostrar o caminho para fora, mas primeiro, você precisa me libertar. Não sou de grande ajuda estando preso em sua cabeça. Liberte-me Willer. Uma vez para fora, nada do que esses aí fizerem será capaz de impedir seu caminho. Você voltará para Thais. É isso o que quer, não é?
Will não entendeu o que a criatura queria dizer com libertar. Logo quando ia perguntar, sua presença esvaiu-se de sua mente, sem deixar nenhum rastro de que algum dia tivesse estado lá. Ele voltou ao mundo real, e percebeu que estava sendo arrastado à força para fora da sala do banquete por dois enormes ogros. Provavelmente tinha dado um grande vexame, e agora todos achavam que ele era maluco.
Talvez eu realmente seja.
Estava exausto, sua cabeça doía horrivelmente e acabou desmaiando enquanto era arrastado pelos ogros. Dois grandes e intensos olhos azuis o observaram do fundo de sua consciência. Ele sabia que eram os olhos de sua irmã, mas a voz que ouviu não era a dela, embora também a conhecesse.
Liberte-me, Willer.
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