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Tópico: Os olhos de Sara

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  1. #1
    Avatar de Gabriellk~
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    Citação Postado originalmente por Secret Facts Ver Post
    Caramba, tô gostando muito da sua história cara, parabéns!! Você escreve muito bem, seria um desafio e tanto se nós fizéssemos uma disputa XisDê!

    Continueeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!!
    Obrigado!
    E por que não fazermos uma disputa mais pra frente. tem que ver isso ae.
    Enfim, espero que acompanhe! (:






    Capítulo III - Presença




    Will finalmente se juntara aos soldados, e logo em seguida fora escoltado para os grandes portões de madeira da fortaleza pelos dois líderes ogros. Ele e Artos vinham com as mãos amarradas, enquanto os soldados traidores caminhavam livremente e conservavam suas espadas e escudos. Maxwell e os ogros vinham à frente de todos eles, cada um carregando um estandarte vermelho.

    O interior da fortaleza era extremamente bem protegido de invasores, e sentinelas rondavam por todos os lugares da muralha. A cidadela dos ogros, que ficava no interior do grande muro, não era tão terrível como Will imaginara. Pelo menos era organizada. Os próprios ogros já não pareciam mais tão aterrorizantes, quando se acostumou a olhar para suas carrancas verdes, olhos vermelhos como sangue e grandes presas amareladas. O medo que ele tinha de sua aparência podia ter diminuído, mas ainda eram tão feios como sempre foram.

    Em um determinado momento, o contingente de soldados traidores e Artos foram com um dos líderes ogros por outro caminho. No outro grupo, restou Will, Maxwell e o outro ogro. Continuaram caminhando cada vez mais para dentro da fortaleza, e posteriormente para baixo dela. Will ficou surpreso ao ver que a moradia dos ogros possuía vários caminhos subterrâneos. Mais a frente, Maxwell parou e tocou Will no ombro. Ele instintivamente tentou erguer a mão para afastar o toque do outro, mas lembrou-se de que elas estavam atadas.

    — O Rei Ogro espera-nos para um jantar. Não me agrada dizer isso, mas infelizmente sua presença é solicitada. E um aviso: Não comente nada sobre a aparência de Sua Majestade, se sabe o que é bom para você.

    Will ficou surpreso ao saber que fora convidado para participar de um jantar com o Rei Ogro em pessoa, e Artos não. Realmente não sabia o que queriam dele ali naquele lugar. Quebrou a cabeça para imaginar um motivo para que tivesse sido poupado, e agora trazido às portas dos ogros ainda vivo, mas não conseguiu pensar em nada.

    Maxwell pareceu adivinhar o que ele pensava.

    — Deve estar se perguntando por que sua presença é solicitada. Bem, é por causa de seu sobrenome. Willer... Benson. Sua família é a mais rica e poderosa da Baía da Liberdade, e não fica atrás de muitas outras do continente. Você simplesmente não pode ser tratado como um soldado comum. Preciso de você para uma tarefa, e posteriormente valerá um bom resgate.

    Will nada respondeu àquilo. Não tinha mais nada a tratar com Maxwell. Então, havia de fato sido sequestrado, e esperavam que seu pai pagasse uma boa quantia por seu resgate. Queria apenas dar o fora dali, voltar para sua vida em Thais, mas não via como poderia fazê-lo. Pensou em sua família, que ainda vivia na Baía da Liberdade. Imaginou se algum dia voltaria a vê-la. Uma sensação de impotência e raiva apoderou-se dele quando se deu conta da situação em que de fato se encontrava. Não estava morto, mas estava quase preferindo que estivesse.

    O resto da viagem seguiu sem mais contratempos. Seguiam por um sem número de túneis, de pedra e terra, fracamente iluminados por archotes. Deviam estar agora muito abaixo da superfície, e, quando Will se deu conta disso, foi invadido por uma sensação sufocante de claustrofobia. Andaram por mais algumas câmaras escuras antes de chegar a uma última escada de pedra, muito maior que as outras, que levava ainda mais para baixo. Os três desceram as últimas escadas e chegaram num grande túnel de pedra, mais largo que os anteriores.

    Mais a frente, o corredor fazia uma curva para a esquerda. Will podia ouvir várias vozes, de humanos e ogros, vinda da parte da sala ainda oculta. As suas mãos foram finalmente desatadas, e os três seguiram naquela direção. Ele se perguntou o que encontraria quando finalmente chegassem ao seu destino. Logo, fizeram a curva a esquerda, e o que Will viu foi a cena mais bizarra que se lembrava de alguma vez ter presenciado.

    Encontrava-se em uma ampla sala redonda, sustentada por altos pilares de pedra e iluminada por diversas tochas. Ao centro da sala, fora posta uma grande mesa de madeira, e sobre ela estava suspenso por uma corrente um enorme candelabro. As chamas de suas velas bruxuleavam, fazendo os convidados sentados à mesa lançarem sinistras sombras contra as paredes.

    E que convidados eram aqueles. Eram doze no total. A maioria eram ogros, vestidos das mais variadas formas, mas havia também três humanos, que pareciam um tanto quanto desconfortáveis de estarem sentados à mesa junto com ogros, e pior, comendo com eles. Mas todos pareciam perfeitamente normais comparados à criatura que se encontrava na ponta da mesa que era oposta à entrada da sala.

    Ele não se sentava numa cadeira como os outros. Sequer tinha pernas para poder se sentar. Tratava-se de um grande ser feito de um nojento musgo esverdeado, que escorria pelo chão a todo o momento. Ele não tinha forma definida, parecia mais um grande amontoado grudento de uma substância fedorenta e limosa.

    — Quem traz algo assim para a mesa de um rei? — Perguntou Will em voz baixa, chocado. Maxwell o ouviu, e respondeu:

    — Aquele é o Rei.

    De repente, os convidados notaram a chegada deles, mas ninguém falou nada. O Rei deveria se pronunciar primeiramente. Will não sabia como ele poderia fazê-lo, visto que não tinha uma boca. Mas um grotesco buraco abriu-se no corpo da criatura, e dele saiu uma voz gutural que se limitou a dizer:

    Mok.

    Então, um dos humanos, um homem negro vestido em típicas roupas luxuosas darashianas, falou:

    — Ei, Maxwell! Quanto tempo faz que não nos vemos? Já saiu daquela tenda decrépita e suja que chama de casa? — E o homem levantou a mão enfeitada por diversos anéis num aceno, para que eles se aproximassem mais.

    — Sente-se, não seja tão tímido! Começamos sem você, mas tenho certeza de que não vai se importar. Temos caramujo assado, uma delícia.

    A resposta de Maxwell foi muito menos calorosa.

    — Jeehad. — E cumprimentou o darashiano com um curtíssimo aceno de cabeça. Em seguida, fez uma reverência direcionada ao Rei, e Will viu-se obrigado a imita-lo, por menos que quisesse. Não queria correr o risco de insultar o soberano, ainda mais um que provavelmente poderia engoli-lo em segundos.

    —Vossa Majestade, Rei Charkahn.

    Os três foram achar lugares à mesa. Will estava muito quieto, e decidido a chamar o mínimo possível de atenção.
    O grotesco buraco abriu-se novamente na face do Rei, e ele disse, dessa vez na língua humana:

    — Sim, sim, sente aí e aproveite o caramujo. Os ovos estão uma delícia. Ainda não sei por que é que o Presa de Prata me insulta com a sua ausência. Se é o líder dos seus, bem poderia estar numa reunião dessa importância.

    Daquela vez, foi um dos outros humanos quem respondeu ao Rei. Era um homem estranhíssimo, seu corpo magérrimo e terrivelmente pálido, pouco diferente de um esqueleto. Vestido em seu pesado manto negro e sem adornos, era um fantástico contraste ao espalhafatoso homem darashiano. Quando falava, a pele de seu rosto repuxava sobre os ossos da face como uma máscara plástica.

    — Perdoe-nos, Vossa Majestade. É lamentável a ausência de nosso líder, de fato, mas certamente o senhor sabe de sua... Ah...Condição especial. — Sua voz era baixíssima, pouco acima de um murmúrio, e parecia cansada, como se ele fizesse um esforço extremo para conseguir falar.

    —Ah, é. Faz tanto tempo que não subo à superfície que até me esqueci da data em que estamos.

    Só então repararam em Will. O darashiano negro estreitou os olhos ao olhar para ele.

    — Não precisa nem me dizer quem é esse aí. É a imagem escarrada daquele Hotter Benson da Baía da Liberdade. Quantos anos tem, garoto, dezesseis? Não deve ter mais de dezoito. Sabe, já fiz grandes negócios com seu pai, mas hoje não o vejo muito. — Então, olhou novamente para Maxwell. — Quando você disse que esse garoto estava vindo na missão, vi a oportunidade de ouro. Não seria bom para nós se o Benson ficasse sabendo que seu filho fora morto na fortaleza dos ogros. Ele precisa ouvir falar que seu filho foi bem tratado. Ainda bem que você não o matou como aos outros.

    Will reparou que o último dos convidados humanos era uma mulher, uma moça jovem, que aparentava ser poucos anos mais velha do que ele. Seus cabelos negros ondulados caíam como cascatas por sobre os ombros, e seus lábios eram vermelhos como o sangue. A pele era tão branca quanto a do homem esquelético, mas isso só a fazia parecer ainda mais bela.

    Percebendo que Will a fitava com atenção, ela encontrou seu olhar e deu-lhe um sorriso jovial. Ele sentiu um estranho e repentino enrijecimento no meio das pernas, e abaixou a cabeça, envergonhado. Não podia acreditar que aquela beldade pertencia a uma organização que incluía Maxwell e o Rei Ogro entre seus membros.

    — É, mas o rapaz precisa ser contido. Já que quiseram arrastá-lo até aqui, que achem um jeito de fazer com que ele não ouça o que diremos. — Disse Maxwell.

    Àquilo, foi o homem pálido quem respondeu:

    — Tem razão. Por favor, senhores, se me permitem. Não irei machucá-lo, apenas oferecerei ao rapaz uma... Distração. Tenho certeza que ficará tão entretido com ela que até se esquecerá de que estamos aqui.

    Ninguém objetou, então o medonho homem ergueu a mão feita de pele e osso, com a palma aberta e voltada para a direção de Will. Antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, o homem balbuciou com sua voz fraca:

    Utori Mort.

    Foi de súbito. Uma sensação doentia se espalhou pelo corpo de Will, diferente de qualquer coisa que já havia experimentado antes. Pareceu corromper e infectar cada fibra de seu corpo, chegando até a nublar sua mente. A sensação foi embora tão rápido quanto viera, mas Will mal teve tempo de sentir alívio, pois logo em seguida ela voltou novamente. Ele conhecia aquela maldição, mas jamais ouvira falar de um feiticeiro que pudesse produzi-la com tamanha força.

    Ele sentiu-se tonto, seus olhos pareciam girar e tudo tornou-se difuso e difícil de ver. Nem se lembrava direito onde estava, e uma presença estranha começou a surgir em sua mente. Aquele efeito não poderia ser causado apenas por aquela magia. Pouco a pouco, uma estranha sensação de que estava sendo invadido e violado em sua própria cabeça apoderou-se dele, e depois já não era mais Willer Benson, o cavaleiro, quem a comandava.

    Que mente deliciosamente perturbada. Estive apenas esperando um momento de fraqueza para que pudesse visita-lo. Vejo em você um pouco de tudo, mas não chega a ser tão impressionante quanto aquela garota. Os pesadelos dela são um prato muito mais cheio para alguém como eu.

    A presença se tornava cada vez mais nítida, e Will quase podia ver a entidade formando sua própria imagem em sua mente.

    O que diabos é você? —Pensou ele, completamente aterrorizado, muito mais do que havia estado em qualquer momento desde sua chegada a fortaleza dos ogros.

    Eu? — A entidade incorpórea soltou uma terrível e aguda gargalhada, fria como o gelo, que ecoou em sua mente.

    Sou seu passaporte para fora daqui. Você ainda não entende nada, e esses aí — E então a criatura permitiu que Will tivesse um vislumbre do que acontecia no banquete. Todos o olhavam de boca aberta e olhos arregalados, como se achassem que estava delirando.

    Também não entendem muito. Passei uns dias com a Sara, ela é sua irmã, não é? Garota incrível, incrível e doida, devo dizer. Se você tivesse visto metade do que ela viu em sonhos, já teria perdido a sanidade há tempos— Gargalhou novamente, fazendo a cabeça de Will doer.

    Posso te mostrar o caminho para fora, mas primeiro, você precisa me libertar. Não sou de grande ajuda estando preso em sua cabeça. Liberte-me Willer. Uma vez para fora, nada do que esses aí fizerem será capaz de impedir seu caminho. Você voltará para Thais. É isso o que quer, não é?

    Will não entendeu o que a criatura queria dizer com libertar. Logo quando ia perguntar, sua presença esvaiu-se de sua mente, sem deixar nenhum rastro de que algum dia tivesse estado lá. Ele voltou ao mundo real, e percebeu que estava sendo arrastado à força para fora da sala do banquete por dois enormes ogros. Provavelmente tinha dado um grande vexame, e agora todos achavam que ele era maluco.

    Talvez eu realmente seja.

    Estava exausto, sua cabeça doía horrivelmente e acabou desmaiando enquanto era arrastado pelos ogros. Dois grandes e intensos olhos azuis o observaram do fundo de sua consciência. Ele sabia que eram os olhos de sua irmã, mas a voz que ouviu não era a dela, embora também a conhecesse.

    Liberte-me, Willer.

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  2. #2
    Avatar de Sombra de Izan
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    Padrão Engraçado

    Nossa achei bem engraçado este capítulo, realmente é incrível e doida, mais doida que incrível ou vice versa, seu ponto de vista é bem peculiar mesmo, se enquadra bem como um avaliador, podia até ser juiz de competição para dizer a verdade, mas como juiz imparcial no caso bem aplicado do torneio.

  3. #3
    Avatar de Joxkyz
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    Cara... que capítulo incrível, você tem as melhores palavras para descrever os momentos mais oportunos da trama, sabe dar detalhes como ninguem!

    Percebi que você traduziu Liberty bay, olha, se quiser fazer isso, vá em frente; mas não se esqueça que não é certo traduzir nomes de cidades e nomes de pessoas... traduzir os nomes dos monstros é uma tarefa parecida, mas sabe... são monstros, e tem uma tradução bem nítida...

    É como English-Ingles e Rio de janeiro-river of january...
    Entende?

    Continuando a falar do capítulo... eu achei muito engraçado a parte do "enrijecimento no meio das pernas"... dei uma gargalhada de 10 segundos, coisa que nunca imaginei fazer em leitura fora dos livros, ultima vez que fiz isso foi lendo um grande livro, então... ponto pra você...

    Fiquei muito duvidoso a respeito daquele homem que apareceu na cabeça de Will... o que será que ele fez? ou vai fazer?

    Espero o próximo capitulo brother... e desculpe por demorar a vir aqui... estava com primos em minha casa.. só deu tempo de postar meu capt 6, depois disso nem entrei no forum...

    Valeu, abraços... no aguardado das próximas aventuras..

  4. #4
    Avatar de Gabriellk~
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    @ Izan
    Muuito obrigado pelo comentário!
    É sempre bom receber incentivos do pessoal que já é bem mais antigo na seção.
    Obrigado mesmo!

    @Joxkyz
    Obrigado pelo excelente comentário!
    "Baía da Liberdade" ficou muito estranho, e na verdade tinha traduzido mais pra ver a reação das pessoas mesmo. Mas você mesmo citou, e eu também achei estranho, então reverti à Liberty Bay, como está no prólogo.
    Enfim, muito obrigado por acompanhar essa história desde o começo, obrigado mesmo.








    Capítulo IV - Despertar



    Acorde, menina, ande logo. Ou será que prefere dormir o sono eterno?

    Sara acordou. O mundo revelou-se novamente para ela quando abriu os olhos. Ver novamente o sol da manhã entrando pelas janelas de seu quarto a fez sentir-se imensamente aliviada, havia pensado que jamais escaparia novamente de sua prisão mental. O último pesadelo fora particularmente terrível.

    Normalmente, a sombra que encobria o mundo causava-lhe tal temor que ela era obrigada a acordar... Mas não daquela vez. O nome dele, e os acontecimentos que sucederam ao mundo após a sua chegada ecoavam como lembranças em sua mente, mesmo agora que já estava acordada, mas não conseguia recordá-los com detalhes de modo algum, mesmo que tentasse.

    Àquele sonho, haviam se seguido vários outros, sobre várias partes do mundo, das quais ela só ouvira falar em história. Chegou a sonhar com seu irmão Will, e o que ela viu não a agradou. Primeiro o viu estatelado numa floresta escura, com as mãos e os pés atados. Depois, voltou a sonhar, desta vez o irmão se encontrava num jantar com um grupo de pessoas desconhecidas a ela, e com ogros. Libertários, era o nome deles. Ela ouvira isso no sonho.

    Besteira, o Will está bem. Só estou preocupada porque ele foi em uma missão longe daqui, só isso. Mesmo agora, ela não acreditava realmente que seus sonhos tivessem algum significado importante. Havia apenas imaginado tudo aquilo.

    — Jacques! — Gritou Sara, de repente. Estava sozinha em seu quarto, e já havia ficado sozinha tempo demais. Queria sair de casa.

    Poucos segundos depois, alguém abriu a porta, e um homem entrou desajeitadamente na sala. Ao vê-la acordada, ele fez uma expressão de intenso alívio, e em seguida sorriu alegremente. Sara surpreendeu-se ao vê-lo daquele modo. Não era comum que seu mordomo sorrisse daquela forma.

    — Senhorita Sara! Graças aos deuses! Cheguei a temer que... — Mas então o homem reverteu à sua postura e comportamento habituais. Cruzou os braços atrás das costas e fez uma expressão cômica de censura. Uma atitude mais própria para alguém que se vestia de terno e sobretudo, mesmo à luz do dia e com um calor de rachar.

    — Perdoe-me, senhorita. Exaltei-me demais ao vê-la finalmente acordada.

    — Relaxe, Jacques. Você é muito duro consigo mesmo. Meu pai está em casa? — Ela já sabia a resposta para aquela pergunta, mas a fez mesmo assim.

    — Receio que não. O Sr. Benson anda muito ocupado ultimamente, cheio de negócios em Darashia e Ankrahmun.

    — Ah, é, ocupado. Que seja. — Então lembrou-se da pergunta crucial que queria fazer. — Jacques, a quanto tempo estou dormindo? — O mordomo fez uma expressão desconfortável.

    — Senhorita, sobre isso...

    — Quanto tempo, Jacques?

    — Três dias, senhorita. Tivemos que alimentá-la a força enquanto dormia. As criadas tiveram que banhá-la em água fria e mesmo assim não acordou. Receei que a vida tivesse se esvaído de seu corpo, e o coração continuado a bater por pura força do hábito. Uma tolice, obviamente, mas fiquei terrivelmente preocupado.

    Três dias. Perdera completamente a noção do tempo enquanto viajava por seu mundo de pesadelos. Dormir tanto tempo assim não era natural, Sara pôde ver o desconforto no rosto de Jacques quando o perguntou. Era como se achasse que ela não estava nada bem, mas não queria dizer para não assustá-la. Aquilo a irritou. Já não era mais uma criança, e se havia algo errado com ela, tinha o direito de saber.

    — Jacques, eu tenho alguma doença? Não minta para mim, por favor. Eu saberei se o fizer, te conheço muito bem.

    O mordomo fez uma expressão chocada.

    — É claro que não, senhorita. Você está perfeitamente saudável. Como disse, fiquei preocupado e pensei tolices demais. O que aconteceu foi... passado, e não devemos ficar pensando muito nisso. A senhorita está tão boa como sempre esteve. — E então o homem fechou a cara, e nada mais disse. Sua expressão não dizia absolutamente nada sobre o que ele estava pensando. Sara odiava quando ele fazia aquilo.

    — Estou confiando em você, Jacques. Ah, sim, me lembrei do porque te chamei. Já fiquei trancada tempo demais aqui. Quero sair e ver a cidade.

    Mas não disse o real motivo de querer tanto sair de casa, mais especificamente de seu quarto. Ele agora a trazia más lembranças, recordações de um mundo terrível e desolado, que se abria para ela toda vez que encostava a cabeça no travesseiro à noite, e se entregava ao cansaço.

    — Imediatamente, senhorita. Gostaria que eu fosse com você? Sabe, para sua própria segurança. A cidade anda muito violenta ultimamente.

    — Se é realmente necessário... Acho que posso me defender sozinha, mas tudo bem. — Sara pulou da cama imediatamente. — Espere apenas eu me arrumar e trocar de roupa. — Passou as mãos por seus cabelos louros. Normalmente muito lisos, estavam agora completamente embaraçados. — Vai demorar um pouco.

    — Não há problemas. Esperarei na porta da frente. Desça quando estiver pronta. — Jacques deu as costas a ela e saiu do quarto.

    Sara foi imediatamente tratar de se arrumar. Mudou seu vestido e penteou os cabelos, mas, mais importante, foi até um baú ricamente decorado que tinha junto à cama. Abriu-o com uma chave dourada que mantinha sempre no bolso, e observou seu interior.

    Continha apenas um pequeno cajado adornado. Em uma das pontas, estava incrustada uma esfera azul clara que parecia feita de cristal, do tamanho de um punho. Sara adorava olhar para ela, e observar as pequenas nuvens que pareciam dançar dentro da esfera, como se ela abrigasse um universo próprio.

    Se quisesse, poderia pedir ao papai que comprasse qualquer coisa no mundo, e ele o faria. Mas trocaria todas elas por isso. Meu maior tesouro. Em seguida, saiu do quarto e desceu as escadas até o andar de baixo. Jacques realmente a esperava junto à porta, como dissera.

    Ele também carregava uma espécie de cajado, embora Sara soubesse que não era mágico como o dela. Era uma maça, e tinha incrustada em sua ponta um enorme diamante. Ela sabia que Jacques era um usuário de maças, mas jamais poderia imaginá-lo usando algo como uma clava rude e cheia de espinhos.

    — Está pronta, senhora? Então vamos. Está um dia lindo. — E abriu a porta para que ela saísse.

    Ao ver Liberty Bay estendendo-se à sua frente, Sara quase pode se esquecer da tormenta que passara nos últimos dias. Realmente estava um dia maravilhoso. O sol brilhava escaldante, e o céu estava completamente azul, apenas riscado vez ou outra pelos voos das gaivotas, que existiam aos montes na ilha de Vandura. Ao longe, no sul, podia até mesmo ver o grande porto, onde navios de todos os tamanhos aportavam todos os dias, vindos de todos os lugares. Como um mundo como aquele poderia abrigar qualquer mal?

    Sua casa ficava em uma colina bem ao norte da cidade, de modo que ela podia ver quase toda Liberty Bay estendendo-se abaixo. Ao apertar os olhos, viu uma estranha comoção numa das ruas abaixo. Parecia estar havendo uma briga, e as pessoas se amontoavam em volta de duas figuras encapuzadas, gritando nomes. Ela puxou o sobretudo de Jacques.

    — Olha, lá embaixo.

    Jacques também estreitou os olhos.

    — Senhorita, por favor, volte para dentro. Irei até lá e verei qual é o problema.

    — Não seja ridículo, é claro que eu vou com você.

    O mordomo concordou com relutância. Afinal, bem sabia ele que Sara não apenas uma menininha indefesa. — Está bem, senhorita, mas tente não se meter na confusão.

    Ambos começaram a se dirigir até a fonte da comoção, num passo acelerado. Jacques ia um pouco a frente, seu sobretudo negro por pouco não arrastando na terra. Logo chegaram na pequena multidão, e ambos abriram caminho para ver quem eram as duas figuras que se encontravam no centro.

    — Repetimos, realmente não havia a necessidade de tudo isso. — Gritou uma das figuras encapuzadas, para ser ouvida por sobre os gritos das pessoas. — Estávamos com sede, somos apenas viajantes que pediram um pouco de rum! Onde está a hospitalidade de sua cidade?

    — Viajantes muito suspeitos, vocês! — Berrou um cidadão a plenos pulmões.

    — Pode ter todo o rum que quiser desde que tenha dinheiro para pagar por ele, e não tente roubá-lo, como fizeram! Por que não tiram esses capuzes para podermos ver seus rostos? Se são realmente honestos, não tem nada a temer! — O resto da multidão gritou, concordando.

    Sara e Jacques abriram caminho pelo resto das pessoas, e agora podiam ver claramente as duas pessoas que se encontravam no centro da comoção. Ambas usavam capas surradas de viagem, e seus rostos estavam completamente encobertos por capuzes. Os dois tinham espadas embainhadas na cintura.

    — Não temos obrigação nenhuma de dar satisfações a você. Manteremos os rostos escondidos até termos vontade. — Um dos encapuzados irritou-se, e puxou a espada. — Deixe-nos passar, ou abriremos caminho à força.

    Aquele gesto foi o suficiente para espantar a maioria das pessoas, que correram com medo das armas. Afinal, eram em sua maioria cidadãos comuns. Apenas alguns mais corajosos restaram. Foi Jacques quem falou em seguida:

    — São loucos de sacarem a espada em plena rua, no meio da tarde. Esta cidade possui defensores, sabiam? Um exército. Se Percy Silverhand souber do que fizeram aqui, esperem uma punição a altura. — Àquilo, o encapuzado respondeu com um cuspe no chão.

    — Por favor, vovô, não queremos machucá-lo. Apenas saia da frente e deixaremos sua cidade em paz.

    — Vovô? Meus cabelos apenas começaram a branquear. E duvido que consigam passar por mim, mesmo que eu tivesse cem anos de idade e mal possuísse forças para erguer o braço.

    O encapuzado soltou uma gargalhada divertida. — Que todos sejam testemunhas de que você é quem está pedindo. Alguém vai ter que limpar a sujeira do chão depois que eu tiver terminado. — E imediatamente pulou para cima do mordomo, lançando golpes sobre ele, de todas as direções.

    O homem segurava a espada com ambas as mãos, desajeitadamente. Parecia imprimir mais força do que técnica em seus movimentos. Jacques parou-os todos sem esforço. Quando encontrou uma brecha, lançou uma fortíssima estocada com a ponta do cetro, diretamente contra a testa do homem. Ele caiu para trás com a força do golpe, e gritou de dor. As pessoas que restaram gritaram vivas e aplaudiram.

    — Onde está sua técnica, homem? Dizem que uma espada é a arma mais elegante e mortal de todas, mas vejo que mesmo elas se tornam ineficientes nas mãos de um bruto como você. — Zombou Jacques.

    O homem no chão estava furioso, e agora também envergonhado. Obrigou-se a levantar-se novamente e continuar a luta. Seus golpes se tornaram ainda mais grotescos. Seu companheiro, talvez percebendo que ele estava na pior, também sacou a espada, e estava pronto para amparar o outro na luta. Percebendo aquilo, Sara agiu rapidamente.

    — Tsc tsc, eu não faria isso se fosse você.

    Ergueu seu cajado e apontou-o diretamente ao peito do homem. Ele olhou para ela abobado, como se não compreendesse o perigo em que se encontrava. Da esfera azul, saiu uma rajada de algo que parecia gelo. Ao vê-la, o homem pareceu definitivamente aterrorizado, mas apenas por um segundo, antes de ser atingido em cheio por ela. Ele cambaleou para trás, mas não chegou a cair. À primeira rajada, sucedeu-se outra, e mais outra. O encapuzado ergueu sua espada em defesa, inutilmente. Não era possível se defender de magia apenas com aquilo. Por fim, desabou no chão.

    Seu companheiro encontrava-se igualmente vencido, desacordado no chão. De repente, um dos cidadãos que restava deu uma gargalhada.

    — Pelos deuses, o restante da cidade com certeza ficará sabendo disso! Dois homens com espadas completamente derrotados, e um deles por uma garotinha! — O restante das pessoas juntou-se às gargalhadas, e deram vivas a Jacques e Sara. Ela irritou-se ao ser chamada de garotinha, mas nada disse. Naquele contexto, era mais um elogio que uma zombaria.

    — Alguém precisa retirar esse lixo do meio da rua. — Continuou o homem, e começou a empurrar os desacordados para um canto. De repente, ele parou, e parecia estar remexendo na bolsa de um dos homens. Por fim, ele retirou algo que parecia um pano imundo de dentro dela, e o ergueu, mostrando a todos. O coração de Sara parou ao vê-lo, e ela engoliu em seco.

    — O que é esse trapo? — Perguntou o cidadão, com repugnância. Ninguém soube responder, nem mesmo Jacques.

    Mas Sara sabia. É claro que sabia, o vira nos sonhos, inclusive os sonhos de Will... No banquete com os ogros, havia vários daqueles ao fundo da sala. Uma muralha em ruínas sobre um fundo vermelho. Até aquele momento, recusava-se a acreditar que havia realmente visto a realidade em outro lugar, e não apenas sonhado. Mas ao ver o estandarte vermelho, o choque de realidade a percorreu.

    Afinal, eles eram reais, e eram perigosos. O mundo não poderia simplesmente ficar quieto enquanto os Libertários agiam na surdina. Alguém precisava alertar a todos, ou o mundo da forma que conheciam poderia estar chegando ao fim. E ela já sabia quem deveria ser esse alguém. Mas será que acreditariam nela? A dúvida a corroeu, e aquela presença apareceu novamente, no fundo de sua consciência.

    Não, não ele de novo, por favor.

    Muito bem, garotinha. — Uma gargalhada aguda e cruel ecoou em sua mente. Aquele ser sabia muito bem como ela odiava ser chamada de garotinha. — Enfim parou de negar a verdade. É bom que você tenha medo mesmo, ou de outra forma, como alguém como eu poderia continuar habitando sua mente? — E deu outra gargalhada sinistra.

    Muito apropriado, não é? — Continuou a criatura. — Você desperta de seu sonho, e eu desperto em sua consciência. Mas será que somos os únicos a estarem despertando nesses tempos? Logo estarei tão... “Acordado”, que poderei até me tornar real em seu mundo! Talvez em uma semana ou duas, ou quem sabe amanhã mesmo! O que acha disso? — Ele fez uma pausa momentânea.

    Até la, deixo-lhe um aviso. Talvez você até tenha visto em seus sonhos, mas esses aí... Esses Libertários, eles pretendem cair sobre Liberty Bay antes da próxima lua. Espero até lá já poder ver o estrago com meus próprios olhos, e não apenas com os seus. Ninguém daqui espera um ataque, e se você for uma garota esperta, avisará a todos, ou poderemos presenciar uma verdadeira carnificina. Não que alguém vá dar ouvidos a você. — Terminou com sua característica gargalhada zombeteira.

    A presença se esvaiu sem deixar vestígios, tão subitamente quanto chegara.
    “The big questions are really the only ones worth considering, and colossal nerve has always been a prerequisite for such consideration”.
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  5. #5

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    Confesso que estou com preguiça de ler tudo, mas vou tomar uma ducha agora quem sabe não anima de ler.

    Eu gosto de ler, mas o que falta é iniciativa, se é que você me entende? aheiehia. O formato do texto esta agradável, espero que a estória esteja boa como dizem por ai, quando terminar de ler eu edito aqui ou respondo mesmo




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  6. #6
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    SHuHSua entendo perfeitamente.
    Eu mesmo sou o rei da preguiça em começar a ler textos novos, especialmente na Internet. Mas eu tento... ;P
    Também ajuda o fato de haver várias histórias excelentes na sessão.
    Enfim, espero que consiga ler tudo, e que a leitura seja agradável. (:
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  7. #7

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    Como prometido eu li desde o primeiro capítulo e gostei bastante cara, de verdade. Não sou nenhum crítico roleplayer experiente, mas a proposta da estória é bem bacana, contando o final que me surpreendeu bastante sabendo que tudo aquilo não se passa de um sonho, mas um sonho um tanto premonitório.

    Agora fico no aguardo do próximo capítulo
    Última edição por Silk; 20-08-2012 às 20:23. Razão: Correção
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    Silk

  8. #8
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    Perfeito! Capítulo perfeito!

    Cara, você escreve muito bem... tiro meu chapéu a você, é incrível como que no inicio do capítulo você pensa "Hum... Ok... Ok... aham...." Mas no final você fica tipo "WHAT? NÃO É POSSÍVEL! CUIDADO! JÁ ACABOU????? AFF!!"

    É realmente animador ler uma história dessa, com certeza estará entre as melhores, claro, dependendo da história em si... mas se depender de sua ortografia e enredo.... Vish!

    Liberty Bay x Libertários...

    libertários... Baia da liberdade... Humm
    Bem... só uma coisa me vem a cabeça agora... "Great times are comming"

  9. #9
    Avatar de Senhor das Botas
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    Li o capítulo II e III... Sinceramente? Nada a comentar; A traição, o vislumbre do Izan da vida, o ponto de vista de cada um... Sei lá, pensei que era ser pálido lá que tinha colocado a maldição(mas foi, não?), aí percebi que era uma entidade supostamente maléfica.


    Vou ler o IV. Estou adorando


    Não espere algo bem elaborado e feito. De resto...

  10. #10
    Avatar de Sombra de Izan
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    Nossa gostei desse capítulo, até tive que tirar um trecho para dar um look melhor : a sombra que encobria o mundo causava-lhe tal temor que ela era obrigada a acordar...

    Essas sombras são fogo, causam temor até nos dragões, bom mas voltando para o capítulo esse me fez lembrar de um usuário que descrevia sobre a arte dos Tenshial, eram elfos que tinham poderes de viajar por entre os sonhos, algo que precisava de muita atenção para entender, mas não por doença, mas talvez por habilidade seja o que está por passar, três dias, é pouco acho que pode passar anos ou talvez menos, seja como for continue estou gostando (a outra palavra me falha na memória agora) a história, talvez tenha que ler os primeiro de novo para ver se não passou nada em branco.

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