Caw! Caw! Gritavam os pássaros negros. Caw! Voavam baixo. Estavam com o olhar fixo em algo nas regiões pantanosas do continente principal. As aves haviam sido atraídas por um forte odor pútrido, e, ao julgar pela quantidade de aves era algo de grande porte. Jogado de bruços sobre o lodo, em meio aos arbustos, estava um elfo em avançado estado de putrefação. Única característica que podemos ter certeza é que ele possuía cabelos brancos. Como morreu? Ah! Se ao menos os mortos falassem...
No meio do templo de Ab'dendriel um único salgueiro emite um brilho azulado. O brilho torna-se mais intenso e da luz surge o então falecido do pântano. Ele abre os olhos e observa as coisas ao seu redor. O lugar era cercado por quatro paredes compostas de árvores e rochas, dali era possível vislumbrar o céu, visto que não existia teto. Estava sozinho. Pôs uma das túnicas azuis que estavam penduradas na parede e deixou o santuário.Se porventura o corpo de um elfo morre, seu espírito é encaminhado à Ab'dendriel onde permanece até reencarnar num corpo idêntico e com as mesmas lembranças.
Um pequeno e delicado botão de rosa amarela estava começando a desabrochar lentamente na entrada do templo. Ele esmagou-a e continuou seguindo seu caminho. Era uma vez uma flor...
O dia era de comemoração para os habitantes da cidade, festejavam o início do desabrochar das flores, a cidade toda estava cheia delas. Havia comida farta, um cardápio completo que ia de frutas armazenadas a carnes. Nera, a dama da primavera, cantava, e sua voz era acompanhada por instrumentos musicais (alaúde, piano, violino e tambor) que inspiravam a todos. Lá a atmosfera era calorosa e receptiva, todos estavam felizes. As elfas se enfeitavam com flores e também suas filhas. Os elfos jogavam futebol, pescavam, praticavam tiro ao alvo ou descansavam na sombra das árvores.
Na medida em que o tempo passa, o sol vai se pondo, cobrindo a cidade com um lençol de estrelas e dando fim no primeiro dia de festival. Todos vão se recolhendo para suas casas, menos o nosso hoje renascido elfo. Ele nem ao menos participou do festival, ficou na biblioteca se alimentando de livros. Lia sob a luz de velas um livro atrás do outro, parecia uma esponja do deserto, absorvia tudo só de tocar. O vento soprava nas velas e do lado de fora da biblioteca apenas algumas sombras se mexiam irregulares. Ele era vigiado por vultos na escuridão.







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