Capítulo 2 - Perigo eminente
Bian tentou se levantar. Em vão, pois seus joelhos tremiam. Não sabia o que fazer, não tinha mais voz. Udek estava morto? E o que significava aquilo tudo?
Mathias cochichou algo no ouvido do outro homem, depois virou-se para Bian e com um sorriso disse - Nosso trabalho ainda não está terminado. Queremos que venha conosco, garoto.
O jovem não sabia se ria ou se chorava com a frase proferida por Mathias, e sua expressão de calma demonstrava uma personalidade até então nunca vista por Bian. Tomou coragem, apanhou o arco e apontou para o peito de Mathias.
-Porque você fez isso? - perguntou Bian com lágrimas vindo à tona em seus olhos negros - Porquê? - foi interrompido quando uma mão gélida e sufocante prendeu-se no seu pescoço, estrangulando-o, fazendo com que toda a sua energia se esvaísse do seu corpo. Soltou o arco e tentou com todas as forças que lhe restavam se soltar do aperto. Seus olhos se encontraram com os da outra figura. um olhar frio e assustador, que Bian nunca havia visto em toda a sua vida, encarava-o com um misto de ódio e prazer. Foi a última coisa que viu antes de fechar os olhos.
-Ele está acordando, comandante!
-Dê-lhe água para beber. Você, Azlor, me ajude aqui.
Bian abriu os olhos lentamente, tentando se acostumar com a claridade das inúmeras velas do recinto, conseguiu ver uma dúzia de figuras ao seu redor. Todas vestindo uma armadura prateada com detalhes azuis. Coçou os olhos e rápido como uma flecha se sentou, no que descobriu só depois ser uma cama.
-O que houve? - perguntou Bian para um homem forte que estava ao seu lado.
-Você estava caído - fez-se ouvir uma voz calma - você e aquele outro garoto.
-Udek? - Bian se levantou com um pulo e correu para a outra cama, ali jazia seu irmão que estava pálido, e sem camisa com o ferimento à mostra. Sentiu um toque em seus ombros. O mesmo toque que sentira na floresta? Lembrou de tudo. Virou-se pronto para bater em quem quer estivesse atrás, talvez com a esperança de encontrar Mathias...
Mas o soco não tinha sido desferido com tanta força. Foi facilmente apalpado pelas mãos do homem. Não, não era Mathias, mas alguém que transmitia confiança e boa-vontade. Trajava uma armadura semelhante aos outros, porém usava uma longa capa vermelha com um símbolo que mais tarde seria muito familiar ao jovem.
-Meu nome é Cadel - e sua voz era agradável, além de calma - Peço que controle seus sentimentos, e me explique o que aconteceu.
Ainda com o braço estendido e punhos cerrados, de encontro ao braço de Cadel, Bian abaixou a cabeça, com lágrimas escorrendo pelo rosto.
-Só quero que saiba que ele está vivo - mencionou Cadel.
Os olhos de Bian se abriram, perguntou-se a si mesmo se escutou corretamente o que o homem havia falado. Conseguiu somente emitir duas palavras - o quê?
-Ele está vivo - repetiu o homem, com a mesma calma e tranquilidade.
Bian esboçou um sorriso e inundado por uma nova onda de ânimo perguntou - Como? Eu o vi caindo na minha frente. Com uma adaga cravada no ombro.
-E é sobre isso que vamos conversar. Por favor, venha comigo - Cadel conduziu Bian à um outro aposento. Diferente do anterior, este tinha janelas, mostrando que ainda era de noite. O jovem se aproximou de uma delas e pôde ver a serenidade da rua que agora contrastava com o que outrora ela havia presenciado. Cadel se aproximou e sussurrou - Teve sorte garoto, muita sorte! Estávamos no lugar certo, na hora certa - apontou uma velha poltrona para Bian, depois acendeu um lampião sobre uma mesinha de canto e sentou-se em uma cadeira de costas para uma das janelas. Cruzou as pernas e fitou o jovem com um olhar avaliador - O encontramos caído, com marcas de estrangulamento em seu pescoço.
Imediatamente Bian colocou a mão direita ao redor do membro, como se a dor tivesse esquecido de aparecer até ser lembrada... Lembrou dos olhos frios e assustadores. Sentiu um arrepio e pôs-se a falar sobre tudo que ocorrera naquela noite, ainda com a voz trêmula, e ao mesmo tempo emocionado pelo irmão estar vivo. Descobriu que Cadel era um dos comandantes de Telo e viera à Beneator na missão de procurar um criminoso foragido, Thomas, que segundo ele poderia ter sido o mesmo que atacou o jovem e o irmão, que ainda estava inconsciente.
-Ele está vivo, é verdade - comentou Cadel - mas foi envenenado com uma substância rara que induz ao sono.
-Mas vocês têm a cura, não é? - perguntou Bian ansioso.
-Não, ela não existe ainda. Temos casos semelhantes à esse, e é por isso que viemos à procura de Thomas em Beneator. Nossos clérigos ainda estão trabalhando nisso para ajudar - Cadel tentou mudar de assunto - Ouça, você disse que havia mais alguém com o criminoso. Pode descrevê-lo?
-Mathias, um amigo da minha família - A sensação de ódio começou a invadir o corpo de Bian novamente fazendo-o cerrar os punhos e tremular sua voz mais ainda - Era - enfatizou - Trabalhava com meu pai na marcenaria.
-O que você disse? - perguntou Cadel inesperadamente com um tom de voz diferente.
-Mathias trabalhava com meu pai...
Cadel se levantou, seguido por Bian, entrou no primeiro cômodo, e gritou para seus homens - Leonel, Olav, e você também Loran. Venham todos comigo.
-Para onde o senhor está indo? - perguntou Bian.
-Seu pai pode estar em grave perigo.
Longe dali, um jovem comandante voltava cavalgando de uma vitória contra os orcs. Seus longos cabelos negros esvoaçando contra o vento. Isac era recebido com festa enquanto adentrava os muros de Telo.
Continua...
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Tá aí o capítulo dois, espero que gostem, estou achando que os capítulos estão ficando um pouco menores do que imaginava, e gostaria de perguntar para vocês se o tamanho está bom, se aumenta o tamanho, se diminui. Qual o tamanho de capítulos que vocês gostam?
Também peço desculpas pela demora para postar, estava pensando num jeito convicente de continuar o capítulo 1. Tenho a história pronta até o capítulo 10. Mas estou reformulando-a, mudando alguns fatos.
Parabéns, você tem um DOM DIVINO.
Bem legal a história, realmente, me satisfez MUITO.
Merece joinha de melhor escritor *_*
Aguardo pelo próximo capítulo da sequência.
MUITO obrigado pelo elogio, e aí está o capítulo 2

Espero que continue acompanhado a história e que goste desse capítulo.
Aos outros, obrigado por estarem acompanhando a história, e obrigado pelos elogios!