Curtir Curtir:  0
Página 1 de 9 123 ... ÚltimoÚltimo
Resultados 1 a 10 de 85

Tópico: A Cadeira de Cristal

  1. #1
    Avatar de Manteiga
    Registro
    07-05-2006
    Localização
    Porto Alegre
    Idade
    31
    Posts
    2.877
    Conquistas / PrêmiosAtividadeCurtidas / Tagging InfoPersonagem - TibiaPersonagem - TibiaME
    Peso da Avaliação
    0

    Padrão A Cadeira de Cristal

    Não que fosse demorar muito para meu retorno pra essas terras misteriosas e profundas, certo? Só espero ser um retorno triunfal, e não um erro lamentável.

    Vejamos... Faz algum tempo eu venho trabalhando em uma longa história de um futuro alternativo para as terras conhecidas por nós mortais como Tibia (como se você, leitor, esperasse algo diferente de mim). Este devaneio sem sentido que começou como a história de uma nova cidade surgindo em meio a uma guerra transformou-se numa trama obscura recheada com mistérios, sociedades antigas, raças misteriosas e descobertas que ninguém nunca fez nem imaginou fazer. "A Espinha" se transformou numa grande árvore, da qual hoje vejo brotarem as sementes de "A Cadeira de Cristal".

    Pra terminar essa especulação boba, como eu disse, a trama é longa. Naturalmente, dividi-a em mais partes, que seriam postadas em tópicos diferentes no futuro (continuações). Mas não vamos contar com o dinheiro não recebido! Não quero empurrar linhas e linhas odiadas aqui. Escrever eu vou até a fonte secar. Postar eu vou até vocês falarem chega. Se houver boa recepção, se eu terminar, se vocês quiserem... Posso continuar. Veremos onde esse caminho vai terminar.
    E vai ser um bom hobby.

    Vou começar com o prólogo, que ficou mais explicativo. Não é bem uma introdução à história, mas aos acontecimentos que levaram aos acontecimentos narrados no próximo capítulo. Deu pra entender, não deu?


    Trecho de certo verso...

    [...] Essa sombra
    Em cinco partes dividirá a terra
    E a cada uma delas atribuirá um servo

    Um lorde para representar os antigos saberes
    Que descansam sob a terra
    Outro para representar a morte
    Que no fim é tudo que idolatramos
    Mais um lorde para representar as pragas
    E um rei para representar tudo aquilo que não existe
    E que não pode ser tocado
    Por fim um rei
    Para representar todos aqueles que dominam os espíritos
    E um rei para a todos eles governar [...]

    (Ígnia, versos II e III
    Achado nas ruínas de Saberon,
    perdida no fundo de Darashia)
    --

    Prólogo
    O escudo era feito de um material misterioso, coisa que Angela nunca havia visto na vida. Tinha a forma de uma gota de ponta cabeça com um pentágono incrustado com uma esmeralda gigantesca em alto relevo ocupando quase toda a sua área. Tinha uma cor dourada meio prateada perturbadora, deixando-o com um ar de relíquia antiga. Mas nada era preciso se dizer sobre o porquê dele estar largado no resto de grama daquele ponto do Pântano da Garra Verde. Angela sabia perfeitamente como o utensílio fora parar ali.

    Começara alguns meses antes, quando o rei Tibianus III de Thais apareceu morto, pendurado num dos postes de iluminação da cidade que regia, a capital do Tibia. Depois disso os governantes da grande maioria das cidades do mundo – salvavam-se o de Ab’Dendriel, a cidade élfica e das cidades humanas de Venore e Carlin – haviam sido assassinados um atrás do outro. O resultado foi que, semanas depois que o último deles morreu, surgiu um grupo que se denominava Pentágono de Yöer. Era formado por cinco seres que decididamente não eram humanos, nem nada que Angela já havia ouvido falar. Dividiram o mapa do mundo em cinco porções e cada um deveria assumir uma. Felizmente, apenas uma dessas porções fora dominada. Mas era questão de tempo.

    O primeiro membro do Pentágono, Konar, era o responsável por governar a porção sul do continente principal, que tinha como capital Thais. E ele o fazia. Os outros quatro tentavam conquistar cada um a porção que lhes foi determinada. E tudo ia muito bem. Até que a outra cidade da porção de Konar, a bela e exótica Venore, cidade dos pântanos do sudeste, resolveu se revoltar ao regime cruel. Ninguém nunca conseguiu provar que o Pentágono era o responsável pelos assassinatos dos reis e rainhas das cidades, mas os venorianos tinham essa certeza. Começou uma guerrilha intensa que durou dois meses inteiros, até que os exércitos rebeldes perderam e se recolheram aos pântanos. Desde então, toda e qualquer forma de revolta era controlada com extrema violência. Porque ninguém sabia. Mas o Pentágono queria o mundo nas mãos.

    E agora todos os acontecimentos mundiais haviam caído sobre as mãos de Angela. Ela havia saído a pouco de Venore, em direção ao norte, ao pântano. Fora a cidade para comprar ervas para suas poções – era feiticeira. E agora que regressara, encontrou sua casa erguida sobre o lamaçal completamente destruída. Sua colega de moradia, a bruxa Wyda, estava jogada sobre alguns restos de tijolos e madeira, desacordada. Um corte horizontal jazia em seu pescoço, e um líquido vermelho e viscoso escorria dele. Um arrepio percorreu a espinha de Angela quando ela se afastou, incrédula, alguns passos da cena aterradora. Chamas de uma incomum cor violeta consumiam o que uma vez fora seu lar. Seus móveis, suas pesquisas, suas poções, seus livros. Sua vida. Tudo se perdia nas trevas.

    Sentou-se em uma pedra e baixou os olhos ao chão, deixando as lágrimas rolarem. E foi aí que viu o escudo. Símbolo maior do Pentágono. Era óbvio então quem havia feito tudo aquilo. Mas por quê? A razão ainda era demasiadamente nebulosa. Mas de fato ela devia existir.

    Sua única certeza era uma. Venore será atacada logo. E ela nem precisava de sua bola de cristal para deduzir isso.

    --
    Nota: "Yöer" lê-se como "Ioêr"
    Veremos até onde vamos.
    Manteiga.

    Publicidade:


    Jogue Tibia sem mensalidades!
    Taleon Online - Otserv apoiado pelo TibiaBR.
    https://taleon.online
    Última edição por Manteiga; 10-05-2010 às 13:04.
    Dezesseis anos depois, estamos em paz.

  2. #2
    Avatar de Manteiga
    Registro
    07-05-2006
    Localização
    Porto Alegre
    Idade
    31
    Posts
    2.877
    Conquistas / PrêmiosAtividadeCurtidas / Tagging InfoPersonagem - TibiaPersonagem - TibiaME
    Peso da Avaliação
    0

    Padrão

    Vamos aos trabalhos!

    Capítulo Um
    Raven

    Wyda está morta. A verdade cruel e completamente indigesta rodopiava pela mente de Angela enquanto ela encarava o corpo inerte da companheira. Mesmo naquele estado, sua face já velha transmitia uma paz inabalável, uma plenitude a ser invejada até na hora da morte. O único consolo naquela situação, se é que poderia haver um, era que ela morrera em paz.

    Angela não devia nada à Wyda. Não fora ela que a acolhera, que a ensinara, que a educara com os princípios éticos ou a protegera. Wyda simplesmente fora a única pessoa em anos que Angela encontrara para conversar e debater idéias sobre magia, assunto em que ambas eram peritas. Viveram por muito tempo isoladas no pântano, longe das demais bruxas cruéis e seguidoras de magia negra que viviam ao norte. Liam e debatiam todos os dias, compartilhavam ervas e poções, mas sem nunca ultrapassar a linha tortuosa e pessoal chamada de passado. De fato, Angela conseguia ver perfeitamente que nunca conhecera o âmago de Wyda.

    Mas isso não importava mais. Toda uma nova era construída no pântano fora perdida para sempre. A casa ia se consumindo no fogo mais estranho que ela já vira – fruto de magia negra, com certeza – e sua melhor amiga estava morta. Não tinha mais onde morar ou a quem recorrer: O Pentágono caçara e matara todos os magos amigos de Angela, provavelmente por acreditar que feiticeiros pudessem representar problemas. E eles não sabem como.

    Ela nunca tivera problemas com Yöer. Não gostava nem desgostava da situação. Contanto que pudesse continuar a fazer suas poções e suas pesquisas, não importava o que acontecesse ao mundo exterior. Seu mundo particular era sua vida mágica. Mas a partir daquele instante, a situação virara de ponta cabeça. Destruíram minha casa. Mataram Wyda. Arruinaram minha vida. Mas por quê? Talvez achassem que ela fosse uma ameaça. Talvez tivessem se enganado. Talvez tenha sido um ato inconseqüente. Mas já não importava mais o porquê. Importava que estava feito, e precisava ser retribuído. E na mesma moeda.

    Angela suspirou. Levou anos para aprender a controlar as emoções e não era agora que deixaria o mais sujo de todos os sentimentos – o ódio – tomar conta de seu corpo. Fechou os olhos e buscou um ponto de fuga em sua mente. Encontrou-o no verdadeiro único consolo que possuía: seja lá quem tivesse feito aquilo, não encontrara suas pesquisas e poções mais ocultas. Quando sentiu o corpo relaxar e os ânimos melhorarem, abriu os olhos. Procurou evitar pensar no passado. Tinha que garantir o futuro. Não sabia exatamente o que fazer, não tinha idéia de como estava a situação do lado de fora do pântano. Mas sabia perfeitamente que o Pentágono estava chegando, e que se isso de fato ocorresse, ela não conseguiria se segurar.

    Atravessou o pequeno pátio de grama morta localizado no meio de poças e mais poças de um pântano venenoso e fétido, saindo do meio de algumas plantas retorcidas para chegar aos pés dos restos fumegantes da casa. Ela fora construída sobre vigas resistentes, ficando suspensa sobre todo o lugar. As vigas haviam sido quebradas, aparentemente com extrema facilidade, derrubando toda a edificação. Nesse instante Wyda devia ter saído para fugir, mas fora pega e morta. Depois, o assassino usou magia para atear fogo nos restos e foi embora. Se havia encontrado o que procurava ou não, não importava.

    Chegou logo aos pés do que uma vez fora sua casa e moveu algumas toras e pilhas de tijolos. Logo encontrou o que buscava: um simples bueiro. Ficava bem perto de algumas plantas – já carbonizadas – e por isso era quase impossível encontra-lo se você ainda não o tivesse visto antes. Angela tirou a tampa e tateou às cegas, buscando um pequeno item comprido de prata com uma safira incrustada na ponta achatada. Com a chave em mãos, voltou ao ponto de partida e cavou com as mãos, sujando suas unhas pintadas de preto com a terra do seu lar. Logo encontrou uma grandiosa plataforma de ferro com uma única fechadura mínima.

    Enfiou a chave lá e rapidamente destrancou a entrada. Ergueu a tampa com facilidade – era muito mais leve do que aparentava – e viu-se diante da longa escada de mármore que descia em espiral rumo ao desconhecido. Adentrou rapidamente na escuridão e escorou o tampão em uma pedra que chutou para perto.

    - Utevo Lux. – Murmurou. Suas mãos encheram-se de um brilho amarelado familiar. Era mínimo, mas o suficiente para atravessar o breu puro que a esperava lá embaixo. Segurando-se à parede, foi descendo degrau por degrau, com as mãos guiando seu caminho por meio de sua luz mágica. Passados minutos que se confundiram com eternidades, Angela se viu no meio de uma enorme sala repleta por estantes e mesas de carvalho, todas cobertas com livros em idiomas perdidos e pergaminhos escritos por ela própria. Frascos e mais frascos habitavam diversos dispositivos de ferro, alguns ainda ferviam com chamas azuis abaixo deles. Ervas e outros ingredientes bizarros lotavam potes e potes de cerâmica jogados displicentemente pelos cantos da sala subterrânea. Alguns lampiões vermelhos e velhos jaziam apagados em alguns pontos estratégicos das mesas, junto com algumas caixas com óleo para acendê-los. No centro da sala circular jazia um enorme caldeirão de cobre puro, pendendo sobre uma fogueira apagada e sem nada dentro.

    Angela ficou ali revivendo seu passado de um jeito melancólico e perturbadoramente nostálgico. Ao passar os dedos nodosos por cada um dos livros e papéis vinha-lhe à cabeça a lembrança perfeita de quando e como a escrevera. Ela não precisava abri-los ou ler os seus títulos para saber do que tratavam. Quando pousava os olhos cinzentos sobre cada frasco sujo e vedado de poções nas estantes ela recordava-se com precisão o nome, o que o fluido fazia e como fora concebido. Amava esse que era seu hobby.

    Chegou a uma enorme mesa de pedra onde estavam várias e várias pesquisas e substância estranhas. Angela sabia perfeitamente que aquilo era uma pesquisa que ela estava fazendo sobre ervas encontradas no sul do pântano. Fazia à pedido de Faluae, um certo elfo que vivia muito longe dali, ao norte, na cidade élfica de Ab’Dendriel. Faluae mantinha um interesse oculto e insaciável por magia, e desde que ambos se conheceram, frequentemente trocavam ingredientes e informações.

    Angela vasculhou tudo que havia ali, relembrando como fora descobrir cada informação com precisão exemplar para estabelecer sua análise. Seus olhos brilharam com lágrimas, mas nenhuma delas chegou a cair. Era inexplicável que o assassino não tivesse encontrado nada daquilo. Será que o que ele buscava estava aqui? Angela caminhou mais um pouco até chegar à borda da mesa e lá encontrou sua varinha, companheira de vocação mágica e de longas aventuras. Estava suja, mas conservava ainda de leve o brilho original: era longa e de uma cor branco-prateada energética, rodeada em diversos pontos por argolas rosas, roxas e amarelas, que nem tocavam no cabo frio. Na ponta da varinha havia uma forma retorcida que entrelaçava mais e mais argolas em torno de uma pequena esfera branca energisada, que brilhava com intensidade ofuscante. Era uma das únicas fontes de luz ali embaixo.

    Então, vindo distante, do outro lado do laboratório, um baque surdo ecoou e tirou a bruxa de seu devaneio.

    Desconfiada, temendo pelo pior, Angela pegou a varinha e arrumou o xale laranjado e desfiado que usava por cima dos ombros. Deu alguns passos arrastados, erguendo poeira que impregnou seus sapatos duros feitos com cascas de coco e seu enorme vestido surrado da mesma cor que o xale. Levou as mãos à uma estante de ferro que impedia sua visão da escada em caracol e de lá pegou um chapéu típico de bruxos, mas também de um laranja berrante de certo modo engraçado, com um topázio circular do tamanho de uma maçã preso nele por uma fita vermelha. Jogou os cabelos ralos para trás, deixando a face branca e ossuda livre para enxergar. Pousou o chapéu sobre a cabeça e segurou mais firme ainda na varinha, não movendo-se em momento algum. Espero ser uma paranóia.

    Nada mais ocorreu. Saindo de trás da estante, Angela cancelou o feitiço de luz, tornando-se oculta nas sombras. Caminhou mais um pouco até atravessar a sala e chegar junto à escada. O alçapão de ferro ainda estava erguido, apoiado na pedra. Nada estava fora do lugar. Quando estava pronta para convencer sua mente de que tudo estava bem, Angela a viu.

    Era grande e aparentemente muito leve, de uma cor negra como as trevas. A pena, mesmo em sua simplicidade, emanava uma crueldade paralisante, que deixou os olhos da bruxa vidrados. Não há corvos nessa região. Fez uma pausa e analisou melhor o artefato. Muito menos desse tamanho!
    - Bu. – Disse uma voz grossa e fria em um tom de deboche. Com uma cascata de tremores percorrendo o corpo, a mulher de laranja se virou para dar de cara com um elemento altíssimo, que usava uma armadura roxa com detalhes em um ouro apagado cobrindo os braços e o peito. Uma calça preta e folgada cobria as pernas até terminar no lugar aonde deveriam existir dois pés. Mas o que havia ali eram patas cinzentas e com garras negras e afiadas, lembrando as de um corvo gigante. Saindo das costas do ser misterioso estavam duas asas negras e gigantescas, agora largadas para baixo, soltando penas. Na cabeça ele usava uma máscara que protegia o que parecia ser um bico, sendo esta da mesma cor e material da armadura. A única entrada na máscara eram para seus olhos triangulares e vermelhos. Fios de um cabelo estático e negro saíam de trás da proteção facial. Angela não sabia o que era aquilo, mas definitivamente não era humano. Seus olhos desceram um pouco mais até avistar uma cauda parecendo um espanador coberta de penas saindo dele. Mas o que verdadeiramente a perturbou foram as duas espadas curtas e pretas que ele trazia, uma em cada mão cinza e grande.

    - O que... Quem é você? – Indagou ela, tentando manter o controle sobre o pavor que sentia. Não era de seu costume temer qualquer ser vivente, mas aquilo transpirava pavor. Ergueu a varinha para proteger o peito, tentando prestar atenção nos movimentos da criatura. De alguma forma cruel ela sentia que ele era o responsável pelo que acontecera à sua casa.
    O monstro soltou uma gargalhada penosa que fez algumas folhinhas de grama do lado de fora morrerem.
    - Aquele que vai levá-la para longe daqui. – A calma com que ele falou a deixou transtornada. Não parecia estar brincando.
    - Vai me matar? – Ela avançou de ré para fora da sala, até sentir que suas costas batiam com a placa de ferro que escondia a entrada. O monstro devia estar escondido só esperando ela aparecer e revelar aquele local para emboscá-la. Estou cercada.

    A criatura gargalhou de novo, dessa vez parando abruptamente e falando com frieza:
    - Não. Morta você me é inútil.
    - Que quer de mim? – Preciso sair daqui!
    - Não lhe interessa. Agora coopere – O caçador ergueu uma de suas lâminas e a colocou rente ao corpo de Angela – ou eu a farei cooperar.
    Angela rangeu os dentes e percebeu que o monstro se satisfazia com sua situação. Respirou fundo e logo encontrou sua saída.
    - Nunca, assassino maldito! – Ela se abaixou com um movimento rápido e fez menção de se atirar da escada, mas o monstro era muito mais ágil: quando percebeu suas intenções, baixou sua arma e cravou-a no vestido de Angela, atravessando as resistentes pedras daquele degrau e prendendo-a ali. Em um reflexo impensado, Angela se virou e apontou a mão para a face do ser, gritando: - Exori Flam!

    Uma bola de fogo do tamanho de uma bola de futebol e de cor alaranjada criou-se do nada na palma de sua mão, seguindo com velocidade crescente rumo ao alvo. O movimento pegou o homem-corvo de surpresa, mas não o bastante. Ela simplesmente saltou e pairou no ar alguns instantes, enquanto a esfera colidia com um estrondo na parede do outro lado. Ele pousou no mesmo lugar e gargalhou.
    - É só? Ouvi falar que era uma grande maga, mas estou decepcionado.
    Angela praguejou e olhou para a espada que a prendia. Detesto fazer essas coisas... Mas é preciso! Olhou com calma para o inimigo e estendeu a mão. Ela pode perceber uma leve flexão nos “joelhos” dele, como se houvesse uma preparação para um salto. Um sorrisinho se formou em sua face. – Exori Flam!
    O disparo quente preparou-se, e como era previsto, o mercenário saltou. Mas no último instante, Angela ergueu a mão, largando o ataque na direção do homem em pleno ar. Ele grasnou quando a magia o atingiu no peito, queimando algumas penas e derrubando-o ao chão. Um cheiro de carbonização forte invadiu as narinas de Angela enquanto o ser rolava as escadas. Sem pensar duas vezes ela deu um puxão que largou o vestido com um rasgo da lamina e se lançou para fora, rolando na grama. Começou a correr na direção da casa – que a essa altura já parara de pegar fogo. Mas não teve tempo: em questão de segundos a criatura emergiu, voando, do buraco que era a entrada do laboratório. Pousou com um baque bem na frente de Angela.

    - Colabore, bruxa do pântano. Não será tão ruim assim.
    - O que o Pentágono quer comigo?
    Ela teve a impressão que ele sorriu. Mas não podia ter certeza por causa da máscara bizarra.
    - Saberá quando a hora chegar.
    Angela procurou uma saída. Encontrou-a quando seus olhos pousaram na companheira, Wyda, caída sobre aquela pedra, morta, mas com uma serenidade torturadora estampada na face. Uma força inenarrável invadiu e percorreu cada centímetro do seu corpo quando as memórias de cada instante que passaram juntas vieram à tona. Apontou as mãos trêmulas para o caçador, e com uma fúria que não conseguiu controlar, murmurou dolorosamente as palavras do encanto que ela descobrira com sua antiga amiga.
    - Exana Ani!

    Uma força rápida e invisível saltou de suas mãos, guiando-se impetuosamente na direção do elemento. Ele arregalou os olhos, mas não conseguiu saltar. A força atingiu-o bem na testa, e com força, derrubando-o no chão. Ele berrou e tentou se erguer, mas não podia mover as extremidades. Pouco a pouco foi sentindo o corpo endurecer e o brilho nos olhos sumir.

    Angela suspirou e jogou a varinha na grama, caindo de joelhos, ofegante. Olhou uma última vez para o corpo paralisado do assassino de sua amiga e começou a pensar no que faria para se livrar dele antes que saísse da magia. E enquanto fazia isso, nem pensou naquela que era a única solução para o impasse geral no qual ela se metera: ela precisava urgentemente abandonar Venore.
    "Raven" se pronuncia "Ráven"
    "Exana Ani" é uma magia inventada.


    Comentem :d
    Manteiga.
    Última edição por Manteiga; 29-06-2009 às 15:36.
    Dezesseis anos depois, estamos em paz.

  3. #3
    Avatar de Jotinha
    Registro
    27-11-2004
    Localização
    Jundiaí
    Idade
    36
    Posts
    965
    Conquistas / PrêmiosAtividadeCurtidas / Tagging InfoPersonagem - TibiaPersonagem - TibiaME
    Peso da Avaliação
    0

    Padrão

    A história já começa sem muitas explicações, "quase" partindo direto pra ação. Bem legal. Mas tem alguns pontos que eu particularmente considero erros se assim podemos dizer. Um laboratório secreto subterrâneo no meio do chão pantanoso de Venore ficou muito "James Bond" pro meu gosto, quando cheguei na parte da chave imaginei no máximo um baú escondido, enterrado nas proximidades. Mas no geral a coisa toda tá bem acima da média!

    []'s

    Jotinha

    19:31 GM Ryrik Danubia [2]: Good bye everyone, thanks for all of the great memories :-)

  4. #4
    Avatar de Dragon of Nightmares
    Registro
    09-08-2007
    Localização
    Rio Claro
    Idade
    30
    Posts
    1.201
    Conquistas / PrêmiosAtividadeCurtidas / Tagging InfoPersonagem - TibiaPersonagem - TibiaME
    Peso da Avaliação
    0

    Padrão

    nossa, gostei muito da sua história.

    tanto as descrições como o enredo estão excelentes. Estou realmente ancioso para o próximo capítulo =]
    Sem assinatura agora =(

  5. #5
    Avatar de DanielTheBest666
    Registro
    17-02-2009
    Idade
    32
    Posts
    968
    Conquistas / PrêmiosAtividadeCurtidas / Tagging InfoPersonagem - TibiaPersonagem - TibiaME
    Peso da Avaliação
    0

    Padrão

    Estou lendo ainda mais me parece bastante interresante.




    Publicidade:


    Jogue Tibia sem mensalidades!
    Taleon Online - Otserv apoiado pelo TibiaBR.
    https://taleon.online

  6. #6
    Banido
    Registro
    20-03-2009
    Idade
    31
    Posts
    902
    Conquistas / PrêmiosAtividadeCurtidas / Tagging InfoPersonagem - TibiaPersonagem - TibiaME
    Peso da Avaliação
    0

    Padrão

    Rapaz, boa iniciativa


    Abraços...

  7. #7

    Registro
    23-09-2006
    Localização
    tangamandapio
    Idade
    34
    Posts
    144
    Conquistas / PrêmiosAtividadeCurtidas / Tagging InfoPersonagem - TibiaPersonagem - TibiaME
    Peso da Avaliação
    0

    Padrão

    gostei muito da sua historia continue postando
    .....B3t0..... Eita sono diz:
    eae,duff ta vendo mta novela?
    - |GøÐ's| »Ðůffie« |GøÐ's| ๏̯͡๏ diz:
    nem mano
    - |GøÐ's| »Ðůffie« |GøÐ's| ๏̯͡๏ diz:
    parei com essa vida
    - |GøÐ's| »Ðůffie« |GøÐ's| ๏̯͡๏ diz:
    qnd eu percebi
    - |GøÐ's| »Ðůffie« |GøÐ's| ๏̯͡๏ diz:
    q tava comprando
    - |GøÐ's| »Ðůffie« |GøÐ's| ๏̯͡๏ diz:
    revista de fofoca
    - |GøÐ's| »Ðůffie« |GøÐ's| ๏̯͡๏ diz:
    resolvi para com isso
    ahUAhuAhAUhauahyuahau

  8. #8
    Avatar de Lucas CS
    Registro
    18-09-2007
    Localização
    Frederico Westphalen
    Idade
    33
    Posts
    3.552
    Conquistas / PrêmiosAtividadeCurtidas / Tagging InfoPersonagem - TibiaPersonagem - TibiaME
    Peso da Avaliação
    0

    Padrão

    O início teve muita coisa sem descrição.
    As mortes de líderes como King Tibianus III e Daniel Steelsoul (o que me decepcionou por morrer) poderiam ser narradas com ação.
    Mais uma coisa... a civilização mais poderosa militarmente do Tibia foi a primeira a ser dominada? =p

    O que vou dizer... você tem um português invejável, a linguagem é padrão, não tem as rebuscágens que tanto abomino, o primeiro capítulo foi extremamente detalhado, o enredo e a atmosfera são geniais. Tudo isso me lembra a obra de um amigo.
    Só achei um ponto fraco, bem como na obra do Mago Teseu: o contexto. Pô, eu gostava da Wyda D=
    Daniel Steelsoul era o meu herói. Eu trabalho pro Rei Tibianus III. É mais um armagedon rápido, com inimigos esquisitos, isso é muita distorção.
    Claro, isso não desmerece nada, eu que sou meio repulso a universos paralelos xD
    Meus parabéns, Manteiga, fez juz à sua aptidão.
    Tenho um assunto a tratar com você.

  9. #9
    Avatar de Manteiga
    Registro
    07-05-2006
    Localização
    Porto Alegre
    Idade
    31
    Posts
    2.877
    Conquistas / PrêmiosAtividadeCurtidas / Tagging InfoPersonagem - TibiaPersonagem - TibiaME
    Peso da Avaliação
    0

    Padrão

    Eu só ia responder quando fosse postar o capítulo 2, mas vou fazer isso agora:

    @Jotinha
    Obrigado pelos elogios ^^ Quanto ao laboratório, pode ser mesmo que tenha ficado um pouco exagerado, mas considere como um subsolo alternativo da casa. E se você for andar pelos lados da casa da Wyda no pântano (de fato existe) vai ver a existência de uma cave embaixo da casa. Nada impediria a existência de uma salinha circular um pouco mais afastada...

    @Dragon, Daniel, Mercenaryoo, devorador
    Valeu por passarem e comentarem o/

    @Lucas
    Eu até concordo que o começo tenha sido demasiadamente abrupto. Mas eu realmente não queria me demorar citando como ococrreu toda a tomada mundial pelo Pentágono. Mas claro que não vou largar meus personagens às cegas por um mundo dominado pela morte. Futuramente vai ser explanado por cima como se deu o básico, e aí sim vocês poderão julgar a morte do Tibianus, tomada de Thais e tal... Temos que considerar por exemplo que sem seu rei, morto num atentado inexplicável, a cidade "perderia a cabeça" e ficaria fácil invadir. Isso, junto com outros fatores a serem explicados, já justificaria.

    E Daniel Steelsoul é o mandante de Venore, correto? Eu creio ter dito no prólogo que ele não morreu, não disse? '-' Sobre a Wyda... Bom, eu também gostava dela. Mas Wyda tinha que morrer. É uma pena, mas os personagens não-principais legais sempre morrem no final [+ ou não].
    E obrigado por ter elogiado, é bom saber que alguém considera bem as coisas que eu escrevo :x

    E quer tratar assuntos é? Falemos por PM!

    --
    Povão: Capítulo dois deve sair essa semana. To revisando e checando se vai ficar legal.

    Manteiga.

    edited
    Affe Lucius, pra que postar enquanto eu respondia com um mega texto? >-> De qualquer modo tu respondeu o que eu respondi e mais resumidamente affe '-'

    E parem de reclamar da morte da Wyda! Ou revivo ela e mato de novo ._.
    Última edição por Manteiga; 05-07-2009 às 00:05.
    Dezesseis anos depois, estamos em paz.

  10. #10
    Avatar de Lucas CS
    Registro
    18-09-2007
    Localização
    Frederico Westphalen
    Idade
    33
    Posts
    3.552
    Conquistas / PrêmiosAtividadeCurtidas / Tagging InfoPersonagem - TibiaPersonagem - TibiaME
    Peso da Avaliação
    0

    Padrão

    Citação Postado originalmente por Manteiga Ver Post
    @Lucas


    E Daniel Steelsoul é o mandante de Venore, correto? Eu creio ter dito no prólogo que ele não morreu, não disse?
    Daniel Steelsoul é o governador de Edron xD
    E não mate a pobre e serena Wyda de novo pls ._.

    Publicidade:


    Jogue Tibia sem mensalidades!
    Taleon Online - Otserv apoiado pelo TibiaBR.
    https://taleon.online



Tópicos Similares

  1. Jogos | Perfect World Brasil [+Artigo Completo]
    Por Nyvel'x no fórum Fora do Tibia - Off Topic
    Respostas: 25
    Último Post: 15-01-2010, 17:42
  2. Taverna | Fobias! euHEuh
    Por Kuja Slayer no fórum Fora do Tibia - Off Topic
    Respostas: 50
    Último Post: 24-10-2008, 21:05

Permissões de Postagem

  • Você não pode iniciar novos tópicos
  • Você não pode enviar respostas
  • Você não pode enviar anexos
  • Você não pode editar suas mensagens
  •