Capítulo 7
A caminhada pela caverna continuou. Uma bifurcação no caminho surgiu. Lady Minus falou, enquanto acenava para o resto da família:
-Venham, por aqui.
Taura, que se detivera para observar uma teia de aranha gigantesca, não ouvira o chamado, e logo ficou perdida. Gritou, mas não houve resposta. Optou pelo caminho da direita. Mal sabia ela que os outros haviam tomado o da esquerda. Escutou uma movimentação à frente. Imaginou que fossem os pais e o irmão. Porém estava enganada.
Aos poucos, reconheceu um troll. Não, eram dois. Ou talvez três? Com aflição, a jovem constatou que havia cinco daquelas criaturas, inclusive um deles chamuscado cheirando a fumaça. Agora, muito mais enfurecido com a garota.
Esta golpeou precisamente o braço de um, fazendo-lhe um profundo arranhão e desvencilhou-se dos demais. Não conseguiu gritar, tal era seu nervosismo. A menina pôs-se a correr, seus pés mal tocando o chão. Onde estaria sua família? Saberiam da ausência da filha? Taura desconhecia a verdade. A caverna, que agora se assemelhara a um mar de trevas e manchas devido ao seu medo, foi passando por seus olhos em borrões até sua visão focalizar-se em mais um troll, este bem mais alto e imponente que os outros. Ombreiras douradas um pouco desbotadas e uma grande e pesada clava eram os únicos objetos que levava.
Numa velocidade assustadora, ele golpeou a jovem no rosto com sua potente arma. Rapidamente, sangue começou a escorrer de sua têmpora. Mas ela não deu importância ao ferimento. Acertou o tórax de seu atacante, o deixando enraivecido.
Fugiu para qualquer direção, contanto que fosse longe daqueles monstros. Agora, seu rosto já estava banhado do líquido vermelho vivo. Passou pela câmara com a fogueira acesa e, sem querer, caiu num buraco ali perto, camuflado pela escuridão.
Sua vista escureceu por alguns segundos, não sabia se por conta da mudança de luminosidade ou pela dor em sua perna machucada pela queda. Taura tinha seus motivos para achar aquele andar mais perigoso que o anterior, mas sabia que se não fizesse barulho, estaria livre de seus perseguidores. Deu alguns passos em direção ao desconhecido. Andou um pouco, seu coração agora mais calmo. Rapidamente, ele se acelerou, quando ela avistou uma forma medonha, pele esverdeada, com feições robustas. Taura conhecia aquela criatura, talvez vista em seu livro. Sabia ela que se chamava orc, num relâmpago de memória. Essas criaturas viviam em cavernas, em comunidades com trolls. Bem violentos, faziam pilhagens de pertences de aventureiros desavisados. Talvez, se Taura não se apressasse, faria parte da recompensa daquelas bestas. Mas, antes de dar o primeiro passo para sair dali, o orc investiu sobre ela, dando-lhe um soco que a fez parar longe. Atordoada, Taura viu dois monstros verdes. No início imaginou que estivesse tendo alucinações, causadas pelo soco. Mas não, eram realmente dois daqueles brutamontes.
A menina se levantou com dificuldade, e correu às cegas. Tropeçou. Sabia que não havia mais escapatória. Sentiu as grandes massas se aproximando. Ela fechou os olhos, o ar viciado entrando em suas narinas. Supôs que aquele seria o último ar por ela respirado. Os passos chegavam mais perto a cada instante.
Sentiu que estava sendo arrastada, provavelmente sendo levada para a toca, onde muitos trolls e orcs esperavam pelo almoço. Mas, Taura parou e pensou: um bicho forte como aquele não poderia levantá-la e carregá-las nos braços?
Então, lentamente, ela abriu os olhos, que ainda estavam firmemente fechados. Mas, não viu o que esperava ver. Iluminista lutava para tirá-la daquele lugar, enquanto os pais detinham os orcs.
Explodindo de felicidade, levantou-se, abraçou o irmão. Estava salva. Não querendo matar os bichos, porém podendo fazê-lo, Lady Minus lançou-lhes um feixe de luz prateada, que fez com que os dois macacos verdes ficassem atordoados. Olhos semicerrados, a língua balançando fora da boca. Cambaleantes, os dois saíram dando cabeçadas um no outro, fugindo para o interior da caverna.
O grupo subiu a precária escada, aparentando ter sido instalada há décadas. Logo alcançaram o gramado verde, onde o cheiro era imensamente melhor e os pássaros cantavam livres pelo ar. Seu pai, falou, gracejando:
-Essa foi por pouco, hein? Da próxima vez tome mais cuidado.
Taura, por sua vez, respirou fundo e caminhou calmamente, com os ombros estranhamente leves. Só aí percebeu que o resto da família carregava sacolas de algo que tilintava agradavelmente.
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