Capítulo 4
Lá estavam três vultos indistinguíveis em meio à escuridão, quebrada apenas pelas tochas fixadas nas paredes. Ambos os irmãos tremiam amedrontados, porém ao se passarem várias horas sem nenhum sinal de vida encontrar, foram ficando mais tranquilos, principalmente pela presença do pai. Este falou, quase que de forma inaudível:
-Melhor descermos mais um andar, este está vazio. – Os dois concordaram, saindo assim do antigo estado de calmaria. Após andarem um pouco mais, se depararam com uma tampa de esgoto, o suficientemente grande para que até mesmo um homem bem avantajado passasse por ela. Herman abriu-a, e amarrou uma corda na base de uma das tochas. Ele disse, ainda mais baixo que da vez anterior:
-Lá embaixo há muito mais do que os ratos que vocês já enfrentaram posteriormente. Tomem muito cuidado. Desçam na frente, e eu agirei se as coisas não estiverem boas. Taura, pegue esta tocha e vá à frente.
A menina, que agora mal conseguia coordenar seus movimentos trêmulos, segurou o objeto apagado e desceu, deixando que as trevas a engolissem. Seus pés tocaram o chão argiloso com um impacto considerável. Procurou a parede mais próxima para acender o fogo. Ela tocou uma superfície irregular e com uma grande quantidade de musgos, supôs. Às cegas, ela acendeu o fogo, que revelou um pouco mais do que seus olhos permitiam ver. De repente, o lugar se tornou facilmente descritível: horror. Havia ratos como aqueles que atacaram Iluminista mais alguns maiores ainda, com estatura por volta de 20 centímetros. Como conseguiu, não sabe, mas Taura gritou com todas as suas forças:
-Venham, há muitos! – Enquanto isso, as ratazanas já avançavam em sua direção, olhos faiscantes e avermelhados. Os momentos seguintes também não foram agradáveis: na armadura e nas mãos dos gêmeos havia sangue dos próprios e dos ratos além de o lugar ter ganhado um cheiro mais fétido que antes. Finalmente, todos eles haviam sido exterminados. Somente nesse momento Herman chegou:
-Parabéns, se saíram muito bem. Agora vamos para casa. Á noite as coisas ficam bem piores por aqui. Mas antes, peguemos nossa recompensa. – ele se abaixou e começou a revirar as vísseras do animal - Eles comem quase todo tipo de coisa. Quase sempre há moedas em seu estômago.
Sua expressão era de extremo nojo, assim como a dos filhos. Mas, seu rosto exibiu um semblante de satisfação ao retirar duas moedas de ouro da barriga do rato. Ele olhou da cena hedionda de ratos mortos para os rostos dos filhos:
-Devem estar se perguntando qual o porquê dessa terrível execução, não é? É horrível, mas se não os matarmos, eles cresceriam em número tão assustador, que invadiriam a cidade, trazendo uma infestação. Se isso servir de consolo, não precisarão fazer isso para sempre.
Após um suspiro que mais parecia um pedido de desculpas, ele continuou a tarefa, encorajando os dois a fazerem o mesmo. Algum tempo depois, um homem seguido de dois adolescentes bastante nauseados subiu as escadas saindo do subsolo, sob um céu belamente estrelado.







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