Capitulo 18: Dia de visita
O dia amanhecia em Ankrahmum, Grifft acorda com uma sensação de leveza incrível, ele olhou suas belas acompanhantes deitadas ao seu lado.
Preciso ir, meu mestre me aguarda, e tenho que começar a lhe cobrar a aposta.
Grifft se levantou, esfregou os olhos, levantou os braços esticando a espinha.
Olhou os raios dos deuses Suon e sua irmã Fafnar, vestiu suas roupas que foram jogadas a um canto da casa, e saiu.
Um batalhão de criaturas se colocavam em reverência para receber a chegada do visitante, entre estas criaturas, haviam grandes aranhas, dragões de água, as Hydras. Sapos, demônios, fogos vivos elementares, dentre todas as criaturas se diferenciavam três delas: uma aranha enorme, que parecia ser mais velha e mais sábia dentre todas, esta tecia uma teia longa e bonita. O outro era um humano, usava um tapa-olho, e um chapéu marrom, estava com um enorme navio atracado a suas costas, de onde se viam milhões de seus subordinados, todos curvados. O terceiro era uma grande habitante dos mares, tinha tentáculos grandes e pegajosos, sua face era medonha e tenra, seu humor mudava conforme as marés.
Um ser humano passeava dentre as filas das criaturas, parou no final das filas que regiam os batalhões, e disse:
– Devius, quanto tempo meu velho amigo, me parece que está mais charmoso.
– Ora, ora! Eu sou um simples pirata aos seus serviços, não me elogie tanto que fico envergonhado. Você, sim, parece mais jovem, e até os olhos estão com um brilho diferente.
– Nossa! Realmente fazia algum tempo que eu não via a luz dos deuses brilharem nos céus.
– Sim, e como.
– Senti falta de tu Devius. Por que não me visitou mais? É bom ter uma pessoa bem humorada como você por perto.
– Ora, quantos elogios, obrigado. Prometo aparecer, aos pés do seu trono em breve.
– Ora, ora, digo eu! Um pirata só faz promessas para cumpri-las, então, sei que você aparecerá. E veja, o seu barco me parece maior, e com mais tripulantes, tem feito avanços!
– Sim, graças a tu. Não me elogie tanto ou fico vermelho.– Devius sorri, seu rosto realmente, estava rubro. – Mas, elogiar o barco eu não me importo, e garanto que o Rudic também não se importa.– No enorme barco de velas negras, se lia nas madeiras da proa, ‘RUDIC O INDOMÁVEL’.
– É o velho Rudic está belo e cheio de garra.
O humano se virou deixando tremular sua capa ao vento, enquanto o dono do navio se curvou mais uma vez.
Este ser tão respeitado, trajava uma roupa totalmente branca, com uma capa negra que lhe cobria todo o corpo e parte do pescoço, deixando à mostra o olhar e os cabelos, estes últimos eram vermelhos como o fogo, e uma característica era totalmente marcante: seus olhos. Estes eram totalmente brancos, e alguns de seus amigos, falavam que mirar naquele olhar era perder-se no vazio profundo.
O homem caminhou mais um pouco agora se virando rumo à enorme aranha, que estava a tecer uma teia branquíssima. ela tinha o corpo enorme, oito olhos, todos alaranjados, igualmente eram suas patas.
– Olá, velhinha.
– Ô meu senhor, desculpe-me a indelicadeza. – Disse a aranha se curvando em cima das quatro patas dianteiras.
– Não se preocupe com formalidades, e me diga; o que faz com esta teia?
– Uma pequena lembrança para o senhor!
– Nossa! Deixe-me ver. – Entre, as patas da aranha estava um colar, tecido de suas próprias teias, e olhem que as teias desta aranha tem uma resistência enorme, sendo praticamente indestrutíveis a mão humana. Alguns diziam que se poderia levantar um elefante usando as teias como corda.
– Nossa, realmente é belo, e vindo de você! Chega a me dar honra em ganhá-lo.
– Mas ainda não está pronto. Pensei em colocar uma pedra preciosa no buraco deste colar. – Em um ponto do colar, havia um orifício, do tamanho de um punho fechado, para colocar a dita pedra.
– Acho que estou com sorte, pois, tenho comigo uma pedra antiga, acho que será uma combinação perfeita. – O homem tirou uma pedra de cor azul, de dentro da capa, era uma pedra linda, enorme, parecia ser mais antiga que o tempo.
– Está pedra contém poderes, milenares meu mestre, já que ela ficou em sua guarda durante tanto tempo.
– Sim, este é o olho do dono da verdade, saiba que eu o ganhei de um ser humano que nunca havia mentido, segundo ele, esta pedra, era do colar de Fafnar.
– Nossa que história! Será mesmo verdade?
– De tão sábio que este homem era, que se tornou um eterno, apenas pelo seu poder, hoje, ele comanda batalhões, que se intitulam: ‘Os torturadores’.
– Ahh! Se foi ele quem falou, eu certamente acredito, lembro-me bem dele. Um homem de muitos valores.
– Com certeza sim, minha cara! – Com isso o ser encaixou a pedra no colar, beijando assim a testa da aranha, e por fim guardando o colar.
– Ai mestre o senhor me deixa de pernas bambas, com esses seus beijos na testa!
– Haha! – Gargalhava o mestre. – O dia que lhe der um beijo na face então? É capaz de virar as pernas para cima e desmaiar!
– Com certeza!
– A mas não seja por isso. Quero ver esta cena!
– Nossa em muitos anos, não ganho um beijo seu, no rosto. Quero estar linda!
– Que assim seja. – A voz do humano fortificou-se, assumindo um tom mais forte.
A aranha perdeu as pernas, seus olhos se comprimiram em dois grandes glóbulos oculares, igual ao de qualquer humano. Agora ela obteve pernas grossas e bem torneadas, um cabelo ruivo lhe cobria a extensão de suas costas, usava um vestido vermelho, que lhe caia extremamente bem. Seu rosto era alvo e límpido, seus lábios finos e traiçoeiros.
– Nossa, fazia tempo que não usava este vestido. Pensei que apareceria sem roupas. – Disse a linda moça gargalhando.
– Agora foi você que me deixou de pernas bambas. – Um sorriso se mostrava no canto dos lábios do humano.
– Ai que vergonha, você e seus elogios! Me deixam nas nuvens!
– Haha! Obrigado. E, bom, acho que devo-lhe um beijo, já que te dei o trabalho de se arrumar.
– Não foi nada! E você acha que eu não vi seus lábios mexerem! Isso, quer dizer que você que formulou o encantamento, antes mesmo de eu pensar nas palavras certas. E outra! – A moça se aproximou do jovem. Encostado sua boca nos seus ouvidos, e dizendo: – Sei que se eu estivesse pronunciado o feitiço estaria nua, e que você iria apenas cobrir me com espelhos para que quem tentasse me ver, além de você, só iria ver a si mesmo.
– Boa garota! Vejo que conhece os meus truques.
– Sim, afinal, convivo com eles a algum tempo.
– O tempo para nós é uma pequena criança, que nunca cresce, ou até mesmo fica mais jovem a cada dia, mais bela, mais dócil. – Enquanto ele falava seus lábios tocaram a boca da moça, o que era uma surpresa até mesmo para ela.
– Mestre!! Nossa, meu coração quase que não agüenta essa emoção!
– Acalma-se, só você sentiu, e viu o que eu fiz. Para os outros eu lhe beijei na face, mas, apenas você sabe a verdade. – O mestre se aproximou dizendo no ouvido da moça. – É nosso segredinho. – E se afastou piscando um olho, e deixando a moça perdida em pensamentos. E talvez ilusões.
Todos os seres que ali estavam, tinham seu próprio motivo para chamar o humano de mestre, alguns alimentavam um profundo sentimento de amor.
O homem se aproximou do enorme bicho do mar e disse:
– Tem progredido, o mar parece mais calmo e seguro, graças ao seu trabalho.
– Obrigado senhor! Não faço nada além do que amo!
– Que seus dias sejam prósperos e benignos. – O mestre levantou a mão, e tocou na testa do animal, um luz brilhou intensamente, e, depois foi morrendo entre os dedos do homem.
Muitos ali estavam, a verdade e que todos tinham um motivo especial para seguir e admirar aquele homem, com certeza todos lutariam até a morte por ele, mas, os que se sacrificariam em prol da existência dele eram poucos.
Ele caminhou lentamente até o ponto central do batalhão e pediu que lhe abrissem espaço, todos os monstros se afastaram dando lhe uma área consideravelmente grande. Ele saltou e quando atingiu uma altura de dois metros, movimentou os dedos, e um enorme bloco de terra subiu ao encontro de seus pés.
– Bom, é um improviso ,mas, serve. Amigos, quero lhes falar, que é uma honra vê-los, muitos aqui já me conhecem – Disse ele olhando a Devius e a moça. – Outros nunca me viram, mas, quero falar-lhes, sobre o que presenciaram agora, “....Há pessoas que brilham. E há aquelas que além de brilharem deixam os rastros de sua luminosidade por onde passam, deixando vivo o sinal de suas passagens por onde atuaram. É o que ocorre com cada um de nossos homenageados. Parabéns a vocês Velha Viúva, e tu Deadeye Devious e também a nossa amiga submarina.
Os urros de vivas ecoaram, uma emoção enorme tomou conta dos três homenageados com tão lindas palavras, os presentes sonhavam em um dia ser contemplados com uma homenagem daquele jovem, que mesmo em seus atos mais simples sabia ser especial.
O jovem mais uma vez movimentou os dedos e a terra que formava a elevação voltou a ser como era antes, ele caminhou, até a uma enorme porta de prata, com um símbolo de um dragão estampado, ele olhou as janelas daquele forte atrás da porta, imponente e bizarro, e disse:
– Abra-te eu ordeno! – Em um relance a porta se escancarou, de dentro dela uma voz soou:
Seja bem vindo!