Desculpem a demora, é que não posso cometer gafes agora. São muitos acontecimentos ao mesmo tempo, e isso me deixa confuso!
Bom criançada, esse é o meu presente de Natal para vocês. Um capítulo com informações importantes e dicas do rumo que o enredo vai tomar!
O capítulo 23, vai ser o presente de Ano Novo!![]()
Vamo que vamo, Feliz Natal, tudo de bom pra vocês, boas festas e o caralho à quatro. Aceito presentes!
Espero que gostem.
Capítulo 22 – O aviso e a armadilha.
A vida de Jeanette era rodeada de inimigos. Ela tinha o filho, mas todas as outras pessoas que amava estavam mortas, e as que sobraram, ela odiava. Havia os thaisenses, é claro, ocupando a sua cidade, mas também havia Belas, o advogado, e os capitães de navio que a tinham tapeado, e os inquilinos que usavam a presença dos thaisenses para deixarem de pagar o aluguel, e os comerciantes da cidade que cobravam a ela um dinheiro que ela não tinha. Ela era uma condessa, mas o seu título de nada valia. À noite, refletindo sobre a sua sina, ela sonhava encontrar um grande defensor, um duque talvez, que fosse a La Roche-Ogre e castigasse os inimigos dela, um a um. Ela os via choramingando de terror, implorando clemência, sem receber clemência alguma. Mas a cada amanhecer não havia duque nenhum, e seus inimigos não encolhiam de medo, e os problemas de Jeanette ficaram sem solução até que Argos prometeu ajudá-la a matar o único inimigo que ela odiava acima dos demais.
Finalidade com a qual, cedo na manhã depois de sua conversa com Argos, Jeanette foi ao quartel-general de Richard Totesham. Ela foi cedo, porque esperava que Sir Simon ainda estivesse dormindo, e embora fosse essencial que ele soubesse qual era a finalidade de sua visita, ela não queria encontrar-se com ele. Que ele soubesse por terceiros o que ela planejava.
O quartel-general, como a casa dela, ficava de frente para o mar Sula, e o pátio à beira do mar, apesar de cedo, já contava com uns vinte peticionários à procura de favores dos thaisenses. Jeanette foi instruída a esperar com os outros peticionários.
- Eu sou a condessa – disse ela ao escrevente.
- A senhora tem que esperar, como os demais – respondeu o funcionário num carliniano sofrível, e depois fez um nove entalhe numa talha na qual contava feixes de flechas que estavam sendo descarregadas de uma barcaça que subira o mar vinda do porto de águas profundas de Darama. Uma segunda barcaça continha barris de arenque defumado, e o fedor do peixe fez Jeanette estremecer. Comida de Thais! Eles nem mesmo destripavam os arenques antes de defumá-los, e os peixes vermelhos saíam dos barris cobertos de um mofo verde amarelado, e no entanto os arqueiros os comiam com prazer. Ela tentou fugir do peixe fedorento atravessando o pátio para onde uma dúzia de homens da cidade aplainava grandes peças de madeira apoiadas em cavaletes. Um dos carpinteiros era um homem que algumas vezes trabalhara para o pai de Jeanette, embora em geral estivesse bêbado demais para manter um emprego por mais de alguns dias. Ele estava descalço, maltrapilho, era corcunda e tinha lábio leporino, embora quando estava sóbrio fosse um trabalhador tão bom quanto qualquer outro na cidade.
- Jacques! – chamou Jeanette. – O que é que você está fazendo? – Ela falava em batalhês.
Jacques endireitou o topete e fez uma mesura.
- A senhora está bem disposta. – Só poucas pessoas entendiam o que ele dizia, porque o lábio rachado mutilava os sons. – Seu pai sempre disse que a senhora era o anjo dele.
- Eu perguntei o que você está fazendo.
- Escadas, senhora, escadas.
Jacques limpou, com o punho, uma corrente de mucos do nariz, Havia uma úlcera em seu pescoço e o fedor era tão forte quando o dos arenques defumados,
- Eles querem escadas muito compridas.
- Por quê?
Jacques olhou para a esquerda e a direita para certificar-se de que ninguém mais poderia escutá-lo.
- O que ele diz – ele fez um sinal com a cabeça para o thaisense que parecia estar supervisionando o serviço –, o que ele diz é que eles vão levar elas para o porto. E elas têm um comprimento suficiente para aquele grande muro, não têm?
- O porto?
- Ele gosta de uma cerveja, isso gosta – disse Jacques, explicando a indiscrição do thaisense.
- Ei! Bonitão! – gritou o supervisor para Jacques. – Vá trabalhar!
Jacques, com um sorriso para Jeanette, apanhou suas ferramentas.
- Faça os degraus frouxos! – aconselhou Jeanette e Jacques em batalhês, e fez meia-volta porque seu nome tinha sido chamado na casa. Sir Simon Skeat, de olhos pesados e sonolento, estava em pé à porta e o coração de Jeanette afundou ao vê-lo.
- Minha senhora – Sir Simon dirigiu uma mesura a Jeanette –, a senhora não devia estar esperando com a gente do povo.
- Diga isso ao escriturário – disse Jeanette com frieza.
O escriturário que contava os molhes de flechas gritou quando Sir Simon o pegou pela orelha.
- Este escriturário? – perguntou ele.
- Ele me mandou esperar aqui fora.
Sir Simon esbofeteou o homem.
- Ela é uma dama, seu bastardo! Deve tratá-la como uma dama.
Ele afastou o homem com um pontapé e depois empurrou a porta, abrindo-a por inteiro.
- Entre, minha senhora – convidou ele.
Jeanette foi até a porta e ficou aliviada ao ver mais quatro escriturários ocupados, sentados a mesas dentro da casa.
- O exército – disse Sir Simon enquanto ela passava roçando nele – tem quase tantos escriturários quanto arqueiros. Escriturários, ferreiros, pedreiros, cozinheiros, pastores de gado, açougueiros, tudo o mais que tenha duas pernas e que possa receber o dinheiro do rei. – Ele sorriu para ela, e passou uma das mãos pelo surrado robe de lã que tinha bordas de pele. – Se eu tivesse sido avisado de que a senhora nos iria agraciar com uma visita, senhora, eu teria me vestido.
Sir Simon, percebeu Jeanette satisfeita, estava com o espírito de um pelintra naquela manhã. Ele sempre era enfadonho ou desajeitadamente delicado, e ela o odiava em qualquer das duas situações, mas pelo menos ficava mais fácil lidar com ele quando ele tentava impressioná-la com suas boas maneiras.
- Eu vim – disse ela – requerer um passe do senhor Totesham.
Os escriturários a observavam sorrateiros, as penas arranhando e respingando no pergaminho raspado.
- Eu posso lhe dar um passe – disse Sir Simon, galante –, embora espere que a senhora não esteja deixando Northport para sempre.
- Eu só quero visitar o templo de Bastesh – disse Jeanette.
- E onde, cara senhora, fica este templo?
- Fica na costa, ao norte do porto para as ilhas geladas – disse Jeanette.
- O porto, hein? – Ele se sentou à beira de uma das mesas, as pernas nuas balançando. – Não posso deixá-la perambulando perto do porto. Esta semana, não. Na próxima, talvez, mas só se a senhora puder me convencer de que ter uma boa razão para viajar. – Ele alisou o bigode louro. – E eu posso ser muito fácil de ser persuadido.
- Eu quero rezar no santuário de lá – disse Jeanette.
- Eu não a impediria de fazer suas preces – disse Sir Simon. Ele estava pensando que deveria tê-la convidado para a sua sala de estar, mas na verdade, naquela manhã, era quase nenhum o seu apetite para jogos amorosos. Ele se consolara pelo fracasso em ferver o traseiro de Argos Fall bebendo muito, e sua barriga parecia líquida, a garganta estava seca e a cabeça batia como um tambor. – Então essa deusa terá o prazer de ouvir sua voz? – perguntou ele.
- Ela nos protege. Meu filho tem febre.
- Pobre garoto – disse Sir Simon, fingindo pena, e em seguida, de forma peremptória, ordenou que um escriturário escrevesse o passe para sua senhoria.
- A senhora vai viajar sozinha? – perguntou ele.
- Vou levar criados.
- A senhora estaria melhor com soldados. Há bandidos por toda parte.
- Eu não tenho medo de meus conterrâneos, Sir Simon.
- Pois devia ter – disse ele, mordaz. – Quantos criados.
- Dois.
Sir Simon disse ao escriturário para anotar dois acompanhantes no passe, e voltou a olhar para Jeanette.
- A senhora estaria realmente muito mais segura com soldados como escolta.
- Bastesh irá me preservar – disse Jeanette.
Sir Simon ficou olhando enquanto a tinta do passe recebia areia para secar e uma gota de cera quente era deixada cair no pergaminho. Ele apertou um sinete sobre a cera e depois estendeu o documento para Jeanette.
- Talvez eu devesse ir com a senhora?
- Eu preferiria não viajar – disse Jeanette, recusando-se a receber o passe.
- Neste caso, eu transfiro meus deveres para essa Bastesh – disse Sir Simon.
Jeanette apanhou o passe, fez um esforço e agradeceu a ele, e saiu correndo. Esperava que Sir Simon fosse segui-la, mas ele a deixou afastar-se sem ser molestada. Ela se sentia suja, mas também triunfante, porque agora a armadilha estava armada. Bem e verdadeiramente armada.
Ela não seguiu direto para casa, mas foi para a casa do advogado, Belas, que ainda estava tomando o seu café da manhã de chouriço e pão. O aroma do chouriço apertou a fome de Jeanette, mas ela recusou a oferta que ele fez de um prato. Ela era uma condessa, e ele era um mero advogado, e não iria se rebaixar ao comer com ele.
Belas endireitou o robe, pediu desculpas pelo fato de a sala estar fria, mas perguntou se ela finalmente decidira vender a casa.
- É a coisa sensata a fazer, madame. Suas dívidas estão crescendo.
- Eu lhe direi minha decisão – disse ela –, mas eu vim aqui por causa de outro negócio.
Belas abriu os postigos da sala de estar.
- Negócios custam dinheiro, madame, e suas dívidas, me desculpe, estão aumentando.
- É do interesse do duque Charles – disse Jeanette. – O senhor ainda escreve para os empresários dele?
- De vez em quando – disse Belas, na defensiva.
- Como é que chega até eles? – perguntou Jeanette.
Belas ficou desconfiado com a pergunta, mas por fim não viu mal algum em dar uma resposta.
- As mensagens vão de navio até Kazordoon – disse ele – e depois, por terra até Batalha.
- Pois então escreva ao duque – disse Jeanette – e diga a ele que eu mandei dizer que Thais irá atacar o porto no fim desta semana. Eles estão fazendo escadas para escalar o muro.
Ela decidira mandar a mensagem através de Belas porque os mensageiros dela eram dois pescadores que iam vender suas mercadorias em La Roche-Ogre às quintas-feiras, e qualquer mensagem enviada por intermédio deles chegaria tarde demais. Os mensageiros de Belas, por outro lado, podiam chegar a Batalha a tempo de frustrar os planos thaisenses.
Belas passou a mão para tirar vestígios de ovo na barba escassa.
- Tem certeza, madame?
- Claro que tenho!
Ela falou com ele sobre Jacques, as escadas e sobre o indiscreto supervisor de Thais, e disse que Sir Simon a obrigara a esperar uma semana antes de arriscar-se a chegar perto do porto em sua expedição ao santuário de Bastesh.
- O duque ficará grato – disse Belas enquanto acompanhava Jeanette até a porta da casa.
Belas mandou a mensagem naquele mesmo dia, embora não dissesse que era da parte da condessa, mas, ao contrário, alegara todo o crédito para ele mesmo. Entregou a carta a um capitão que partiu naquela mesma tarde, e na manhã seguinte um cavaleiro saiu de Kazordoon rumo ao oeste. Não havia cavaleiro do diabo algum no interior arrasado até Kazordoon, e assim a mensagem chegou ao duque Charles, ferreiros inspecionaram ferraduras de corcéis, besteiros lubrificaram suas armas, poucos conhecedores da magia arcana criavam runas mágicas, escudeiros escovaram cotas de malha até que brilhassem e mil espadas foram amoladas.
O ataque de Thais ao porto fora denunciado.
A inverossímil aliança de Jeanette com Argos atenuara a hostilidade na casa dela. Agora, os homens de Farz usavam o rio como lavatório, em vez do pátio, e Jeanette deixava que eles entrassem na cozinha, o que acabou sendo útil, porque eles levavam suas rações e, assim, os moradores da casa comiam melhor do que vinham comendo desde a cidade caíra, embora ela ainda não tivesse se convencido a provar os arenques defumados com suas peles vermelhas brilhantes, cobertas de mofo. O melhor de tudo era o tratamento dado a dois comerciantes insistentes que chegaram exigindo pagamento por parte de Jeanette e foram tão gravemente agredidos, por uns vinte arqueiros, que ambos foram embora sem chapéu, mancando, sem receber, e ensangüentados.
- Eu pagarei a eles quando puder – disse ela a Argos.
- É provável que Sir Simon ande com dinheiro no bolso – disse ele.
- Anda?
- Só um tolo deixa dinheiro num lugar em que um criado pode encontrar – disse ele.
Quatro dias depois da surra, o rosto dele ainda estava inchado e os lábios estavam pretos de coágulos de sangue. A costela doía e o corpo era uma massa de escoriações, mas ele insistira com Farz que estava em condições de cavalgar até o porto. Eles iriam partir na tarde daquele dia. Ao meio-dia, Jeanette encontrou-o na igreja da cidadela.
- Por que você está rezando? – perguntou ela.
- Eu sempre rezo antes de um combate.
- Vai haver combate hoje? Pensei que vocês só fossem partir amanhã.
- Eu adoro um segredo bem guardado – disse Argos, divertido. – Nós vamos um dia antes. Está tudo pronto. Por que esperar?
- Vão para onde? – perguntou Jeanette, embora já soubesse.
- Para onde nos levarem – disse Argos.
Jeanette fez uma careta e rezou em silêncio para que sua mensagem tivesse chegado ao duque Charles.
- Tenha cuidado – disse ela a Argos, não porque gostasse dele, mas porque ele era o agente dela para vingar-se de Sir Simon Skeat. – Quem sabe Sir Simon vá ser morto? – sugeriu ela.
- Que Crunor o proteja de mim – disse Argos.
- Será que ele vai me seguir até o templo de Bastesh?
- Ele seguirá você como um cachorro – disse Argos –, mas isso será perigoso para a senhora.
- Vou recuperar a armadura – disse Jeanette – e isso é tudo o que importa. Você está rezando para Crunor?
- Para Elane – disse Argos – e para o lobo de Crunor.
- Eu perguntei ao padre sobre o lobo – disse Jeanette, em tom acusador – e ele disse que nunca ouviu falar nele.
- Provavelmente ele também nunca ouviu falar em Wilgefortis – disse Argos.
- Wilgefortis? – Jeanette teve dificuldade em pronunciar o nome desconhecido. – Quem é ele?
- Ela – disse Argos – e foi uma virgem muito piedosa que viveu em Filars Porl e deixou crescer uma longa barba. Ela rezava todos os dias para que Crunor a mantivesse feia, para que pudesse continuar casta.
Jeanette não conseguiu reprimir uma gargalhada.
- Isso não é verdade!
- É verdade, senhora – garantiu o rapaz. – Certa vez, ofereceram a meu tio um fio da santa barba, mas ele se recusou a comprá-lo.
Argos lembrou dos tempos em que Gadembler contava histórias. Gadembler, o grande ancião de Filars Porl. Lembrara de sua mãe, de seu tio. Sempre sentira falta do pai e encontrara no tio alguém em quem confiar. Lembrou do pecado que o velho padre Rod cometera ao amar perdidamente sua mãe e também da promessa que devia cumprir, pelo bem da sua alma.
- Então, eu vou rezar para a santa barbada para que você escape com vida em seu ataque – disse Jeanette –, mas só para que você me ajude contra Sir Simon. Fora disso, eu espero que vocês todos morram.
Mesmo querendo esconder, Argos já sentia um certo afeto que Jeanette tinha por ele. Nesta noite estaria atacando as muralhas do porto e certamente teriam outra vitória.
E então, confiante, o paladino sorriu para a condessa e se retirou.
Seeeeeeeeeeeeeem mais;
Asha Thrazi!![]()
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