Well, well, well.
Peço desculpas à todos pela demora absurda que foi para que eu terminasse esse capítulo.Mas Queria deixá-lo o mais completo e perfeito possível.Espero que aproveitem
Simplesmente Futuro, capítulo 12:Consequências
Limpou o sangue que teimava em escorrer pela face.O corte fora mais profundo do que ele desejara.Ou imaginara.A galáxia onde se encontravam não parecia mais tão calma, tenem vista as duras palavras que o holocron havia trazido.Sentia-se profundamente decepcionado com todas as palavras que dissera e atitudes que tomara.
E era só o começo.O local no espaço era um pequeno sistema conhecido simplesmente por Beta-562.Não tinha maior relevância ou posição estratégica.Então não merecera um nome ou uma colônia.Olhando para o vazio daquele espaço, novamente, em poucos dias se questionou novamente sobre suas escolhas.A traição teria valido tão a pena assim?
Deu mais alguns passos impacientes pela ponte movimentada, reparando na janela de Fbrilum, ainda manchada com aquela substancia ocre que um dia fora sangue de um piloto.Quantas famílias ele destruíra nas últimas semanas com o objetivo egoísta de se resguardar.Realmente John estava certo, ele estivera agindo como um porco.
-Piloto!- o pobre soldado se encolhera na sua poltronas com a aproximação do general - O que ocorre?
-Cálculos espaciais - o coitado se esforçava para parecer calmo, mas o leve tremor na voz o denunciava- Uma supernova no sistema 4 do quadrante Beta.Os indícios apontam para um buraco negro.
-Qual a estimativa?
-Cerca de 15 minutos, senhor.
Quando o Lobo se afastou, o piloto respirou aliviado.Os cálculos de velocidade luminosa estavam em andamento, e com uma supernova recente, todo cuidado era pouco.Digitou mais algumas linhas de comando, passando os dedos através das coordenadas.Assim, o alarme soara na ponte.Estavam preparados.Destino: Zeus.
Assim sendo, o Lobo sentou-se na confortável na cadeira de almirante daquela nave, enquanto os cintos lhe prendiam ao assento.Assim que a ponte se tornara imóvel, com todos os tripulantes bem afivelados, iniciou-se o processo.
Inicialmente fora um zumbido baixo.Porém aquilo começara a crescer de forma ritmada, enquanto o espaço à sua volta ia se apagando.Eram os motores absorvendo a luz ao redor para atingir a aceleração necessária.Assim que uma voz metálica confirmou os dados, o espaço à volta já estava escuro.O Lobo prendeu o fôlego, sentindo a característica sensação de aglutinação da matéria.”Calma”, era o mantra do comandante.Ele sabia que, na prática, alguns campos criados pelos geradores estabilizadores iriam atenuar a famosa equação de Einstein, e eles entrariam na velocidade de dobra sem menores problemas.
O borrão que se seguiu lembrava a inconsciência, uma vez que todos os seus sentidos há muito tinham sido deixados para trás.No espaço de dobra ,eles eram mais velozes do que qualquer luz ou som quem pudesse lhes alcançar.Tateou o braço da cadeira, acendendo as luzes da ponte, e fechando a cabine de controle.Aquilo era necessário para manter a luz ricochetando dentro da cabine.
-Piloto!- Tudo agora era transmitido através de micro-comunicadores implantados nos ouvidos dos tripulantes - Qual a estimativa de chegada?
-Zeus se encontra a 15 anos-luz.- o pobre piloto correu os dedos pelo teclado, calculando trajetórias e probabilidades - Estimativa de chegada de duas semanas na situação de peso e combustíveis atuais.
-Acelerar à dobra 10. Precisamos chegar lá ainda esta semana.
-Acelerando à Dobra 10.
A nave se distanciava rapidamente do planetóide que um dia foi a Terra, assim como de Ceres.Enquanto o sistema recebia os primeiros impactos luminosos, O Lobo rumava para o que seria, na certa, a noite mais difícil de toda sua vida.
A primeira pontada fora do lado do corpo.Não enxergava nada à sua volto.Seu corpo ainda estava lento e retardado devido aos efeitos dos gases que compunham o estase temporal.A voz estridente de Navi tentava lhe dizer alguma coisa, mas a dor que voltava, como uma onda não lhe deixava.
Quando finalmente sua visão voltou para o foco normal, percebeu que sua camisa estava ensopada.Sentiu o cheiro e gosto metálico de sangue, enquanto se levantava devagar.Retirou a jaqueta, que agora estava arruinada, enquanto cambaleava para fora dali.Sentiu algo lhe ser arrancado do braço, enquanto Navi insistia em tentar uma comunicação entre os dois.
Quando pôs o primeiro pé para fora da nave, uma rajada de vento extremamente quente lhe atingiu. E fez com que ele quase rolasse rampa abaixo. Balançou a cabeça, tentando ajustar o foco da própria visão.Era algo que ia e voltava.E se aquilo na sua camisa fosse mesmo sangue,e ele sabia exatamente o motivo de toda sua confusão: Estava morrendo, a vida lentamente se esvaindo de seu corpo.
A respiração teimava em não preencher seus pulmões.Parecia que o ar se recusava a lhe nutri com o oxigênio necessário.Deu alguns passos penosos, avistando seu objetivo ao longe.Era uma muralha de metal e ele imaginava que, se aquilo fosse Tra’Kull, seria uma das naves-fortaleza que enviara àquele deserto.
A areia, que agora estava sobre seus pés, parecia lhe segurar, lhe prender, enquanto John lutava pela própria vida.Era uma caminhada de, no máximo, 500 metros.Mas as pernas pareciam não lhe obedecer.Por fim, as últimas forças lhe abandonaram.Caiu de bruços na areia, sentindo o calor queimar seu rosto e o sangue lentamente escorrer e ser absorvido pela areia.Descobriu, ali na arei escaldante, que queria viver para finalmente tirar aquele sorriso presunçoso da cara do Lobo, assim como rever sua irmã.Arrastou-se devagar, lutando contra a areia que insistia em entrar em sua boca e nariz.
Foram os 500 metros mais longos da sua vida.Sentia os braços queimados e esfolados, o peito pesado, de areia e sangue.O rosto havia se transformado numa massa de suor e areia.Ele parecia mais um mostro do que o comandante daquela merda de nave.O portão à sua frente tinha quase três metros.Ali, do chão, parecia ser infinitamente alto.
Deitou-se com as costas na areia, esperando que a dor melhorasse.Pelo contrário, agora parecia que haviam definitivamente enfiado um de seus sais em seu flanco direito.Levantou o braço, batendo devagar no duro metal.Ouvia as pancadas reverbando pelo enorme portão.Só esperava que houvesse alguém do outro lado.
Logo, cada vez que batia, era um sacrifício.Teria ele ido tão longe para morrer na ali, aos portões da sua nave?Sorriu com a ironia cruel.E foi quando finalmente se entregou à areia do deserto.
O baque da desaceleração luminosa era sempre tão ou mais desagradável do que o enjôo profundo que sentia.Seu corpo tremia de leve enquanto ele se dirigia ao palácio.Olhava horrorizado para a figura que se avolumava enquanto ele se aproximava.Aquele egocêntrico maldito mandara reconstruir o palácio como uma suástica gigante, de dois andares.Ao olhar aquela monstruosidade, seu estômago finalmente não resistiu e ele, tirando o capacete às pressas, vomitou na esquina.
Limpou a boca com o lenço que lhe ofereceram, enquanto murmurava um tímido obrigado e repunha o capacete.Não acreditava que ele, o grande general tivera ajuda de uma velha senhora.Quão deprimente.Voltou a se dirigir à aberração gigantesca.Ao passar pelo átrio, suas esperanças de que aquilo melhoraria se mostraram frustradas.A decoração era narcisista e de péssimo gosto, misturando os símbolos de ódio e intolerância à imagens do mais novo ditador.Sentiu novamente o fluxo lhe subir, mas conteve a ânsia.Guardaria para o ditador.
Sorriu com a imagem que se formara na sua cabeça.Seria realmente um belo espetáculo e favor para a humanidade se ele vomitasse em cima daquele porco e, sem ele ao menos perceber, adentrou na sala acarpetada que prenunciava a sala de Copperville.Abriu a porta, e o suíno estava lá, chafurdado em seu trono, comendo alguma coisa que ele não conseguia distinguir, estando destroçada demais para ter uma forma.
Mais uma vez ele sentiu vergonha e asco por receber ordens daquele maldito.E o pior de tudo, matar em nome dele.Como ele pudera se rebaixar tanto?Apesar da linha de pensamentos contrários, ele se ajoelhou na posição respeitosa, enquanto ele limpava os dedos gordurosos na seda mais cara dói Universo conhecido.Provavelmente ele jogaria aquele tecido fora.Finalmente o nojento resolveu dar-lhe um pouco de atenção, ajeitando-se no trono e dirigindo aqueles estreitos olhos negros no seu rosto redondo.
-Onde está ele, Lobo?Onde está o maldito general?Eu não pedi a cabeça dele em uma bandeja?
-Ele e os rebeldes escaparam por incompetência do piloto, meu senhor - novamente reavaliou a idéia de vomitar em cima daquele presunçoso.
-Não exonere seus atos da culpa apenas os repassando, Lobo.Todos nós sabemos que foi a sua incompetência e falta de lealdade que provocaram todos os nosso problemas mais recentes. –interrompeu-se por mais alguns segundos, para enfiar mais um pedaço daquela carcaça na sua boca.Retomou o diálogo, com a boca cheia, espirrando saliva e pequenos pedaços de comida na armadura - Tudo começou com o ataque à capital e culminou com essa desastrosa ofensiva militar à base em Ceres.Você definitivamente não presta como general.
-Mas senhor...
Mal ele abrira a boca para retrucar e Copperville fazia um gesto brusco de desprezo e o interrompia novamente, continuando seu escabroso e insano discurso.
-Nada de “mas”.A grande verdade é que você nunca prestou para nada mesmo.Seu pai foi um grande comandante, e isso eu devo admitir.Ele, dos insetos que já incomodaram nosso governo, foi o pior.Sabotou dezenas de Asteróides de concentração, em intricados planos que envolviam agentes infiltrados.A própria definição de seus planos tornou nossa organização nos campos mais complexa.Mas e você, Simon, o que fizeste pela sua querida e agora quase extinta organização?Rotas comerciais controladas por vocês?Besteira!Sabemos de cada agente infiltrado nas nossas rotas, além de oferecermos produtos mais baratos, com melhor qualidade.Em resumo, nunca fizeste nada.
Ele levou as mãos para as katanas.Quem na galáxia sentiria falta de um tirano como aquele? Desencaixou a espada devagar da bainha, preparando um dos golpes de jiatsu.Um movimento com o sabre e ele acabaria jazendo aos seus pés.Foi quando sentiu o primeiro dos choques.Foi tão intenso que fez com que ele caísse, os joelhos haviam perdido a força.
-Meu caro Lobo, não seja tão agressivo!Você realmente está pensando que eu te daria uma das armaduras mais modernas e perigosas da galáxia sem assegurar minha segurança, não é mesmo?Por isso instalei um pequeno dispositivo com alcance de 3 metros ao meu redor.Qualquer tentativa de agressão e é só apertar esse botão que aí está o resultado- riu da situação patética do Lobo, caído aos seus pés.- Então já sabe, não é?Vai me escutar quando eu quiser.
Tremeu muito até conseguir restabelecer o controle sobre o próprio corpo.Pelo visto o choque era potente o suficiente para desarmar seus músculos estriados, mas não os lisos.E isso lhe impedia de morrer com tamanho choque.Pôs-se de joelho novamente e, com o apoio da espada se ergueu.
-Algo mais, Dean?
-Claro, peça para o cozinheiro entrar.Diga que ele pode trazer o prato principal.
Aquilo queria dizer que ele comera um filhote, do que quer que fosse aquilo, apenas de entrada.A glutonice daquele ser o enojava e surpreendia.A pergunta principal que Lobo se fazia era como um ser daqueles podia governar uma galáxia, sendo que a sua maior preocupação não era com a política e sim com a próxima refeição.Murmurou, timidamente, para que o cozinheiro entrasse, enquanto se dirigia para seus aposentos.
Precisaria dar alguns pontos no corte do supercílio que insistia em escorrer, teimoso, mesmo com a faixa.De resto, era descansar e bolar um plano de finalmente se livrar das rédeas que aquele facínora havia imposto à sua vida sem pôr suas mulher e filha em perigo.
Puxou a gola da camiseta devagar, que insistia em grudar em seu pescoço.O calor era tanto que ele já se livrara até do colete e dos equipamentos de segurança.Afinal, o que havia para oferecer algum perigo à uma nave fortaleza?
Seu nome era Michael, e ele nunca havia pegado em um rifle como aquele que agora jazia ao seu lado.Até o mês passado ele tivera toda a tranqüilidade do mundo em sua casa confortável, em Ceres.Agora fora arrastado por aquele comandante maluco até outrp sistema solar, para um planeta basicamente deserto, quente como o próprio inferno.
E agora ele se via obrigado a sentar ali no pé do portal que levava ao interior da nave, “montando guarda”.Foi quando ouviu as primeiras pancadas, longínquas e fracas.Mesmo assim, fez com que ele agarrasse com força a arma e se levantasse, com o susto.
As batidas pareciam diminuir e aumentar ora ritmadas, ora não.Deveria de ser algo enganchado nas portas, e sacudido pelo vento do deserto.Logo após raciocinou.Aquelas portas haviam sido forjadas para não permitir nenhum tipo de aderência ou engate.Finalmente comunicou à torre que iria abrir a porta de número 2, sentido Sul, que mandassem um grupo de reforços.
Logo havia 10 pessoas naquela muralha específica, enquanto o pobre Michael apertava o botão que permitia, com sonoro ruído da descompressão, a abertura das portas.O que as elas revelaram, ao se abrirem, foi um corpo caído, além de um rastro de sangue.
Armand estava realmente preocupado.John realmente deveria ter chegado há muito tempo.E se algo tivesse acontecido co mele?Ele dissera, e somente para ele, que lutaria contra o Lobo e que voltaria só co ma cabeça daquele desgraçado em uma bandeja.Pelo menos estas haviam sido as suas palavras.
Fora acordado de suas divagações assim que a enfermeira chefe pousara a mão em seu ombro.Ela lhe olhava de forma triste, e trazia a bíblia que deixara em seu quarto na mão.Acompanhou-a, cabeça baixa até o leito onde aquela pobre alma gemia, os batimentos cardíacos caindo devagar.
Como em toda fuga, houvera pânico, e muitos haviam ficado feridos.Aquele pobre homem tivera a infelicidade de estar no local exato na hora exata.Enquanto queimava a própria casa, como John ordenara, fora empurrado por uma senhora em sua correria.Derrubara gasolina sobre si próprio e seu corpo estava 90% coberto por queimaduras de terceiro grau.
Ele colocou a batina que carregava na mão e leu o nome do moribundo no prontuário.Retirou o pequeno frasco de óleo. E aspergiu devagar sobre os olhos, recitando a fórmula devagar.
- Por esta santa unção e por sua grande misericórdia, Deus te perdoe tudo que fizeste de mal pela vista.
-Por esta santa unção e por sua grande misericórdia, Deus te perdoe tudo que fizeste de mal pelo olfato- e despejou um pouco de óleo nobre o nariz do enfermo.
Ele podia jurar que vira um pequeno sorriso nos lábios enquanto ele realizava a cerimônia.Não era por apenas seu juramento de padre que realizava aquilo.Era também vontade do moribundo.
- Por esta santa unção e por sua grande misericórdia, Deus te perdoe tudo que fizeste de mal pela audição. – Desta vez o óleo fora lentamente derramado sobre as orelhas do paciente.
-Por esta santa unção e por sua grande misericórdia, Deus te perdoe tudo que fizeste de mal pelo gosto e palavras. – E untou os lábios.
-Por esta santa unção e por sua grande misericórdia, Deus te perdoe tudo que fizeste de mal pelo tato – disse, untando as mãos.
-Por esta santa unção e por sua grande misericórdia, Deus te perdoe tudo que fizeste de mal pelos passos. – e, finalmente, aspergiu os pés.
-In nomine Patris, et Filii, et Spiritus Sancti, Amen.
E, fazendo o sinal da cruz, ele sabia que o seu trabalho ali estava terminado.Virou a costa, deixando os problemas, pelo menos aqueles que lhe diziam respeito naquela sala para trás.
Desde que chegara naquele planeta, ele realizara mais de dez cerimônias como aquelas.Além da extrema unção, haviam os batizados, casamento, as confissões.Armand, que sempre fora um coroinha, sentia-se perdido por ter de ser o conforto e o líder espiritual daquela gente.
Tirou a batina e percebeu que estava coberto de suor.Mesmo com os ares-condicionados, o clima daquele planeta continuava a interferir dentro da grande nave fortaleza.E o tecido quente da batina não o ajudava.
A caminhada até a igreja não era longa, e ele aproveitaria o curto espaço de tempo para tomar um banho e descansar.Mal saíra do hospital e fora brutalmente atropelados por cerca de dez homens que corriam em direção ao hospital.Eles pediam licença e que todos saíssem da frente, eles tinham um homem gravemente ferido.
Armand suspirou, enquanto colocava a batina e se dirigia novamente para a igreja.Aquele seria um dia difícil.
Michael colocou o homem ferido na maca.Pela palidez e temperatura, ele devia de ter perdido muito sangue.Os médicos cirurgiões rapidamente estavam à sua volta, carregando e empurrando a maca.Logo atrás deles vinha o jovem padre daquela nave.Não era a primeira vez que o reverendo seria requisitado naquele dia.Apenas o viu caminhar até a sala de operações.
-Pressão arterial 8/6 e caindo, doutor.Vamos perdê-lo se tudo continuar assim.
-Os scanners digitais já foram acionados?
-Sim, temos 3 costelas quebradas do lado direito e 2 do lado esquerdo.Além disso temos uma pequena incisão no pulmão, provocada pela quebra de uma das costelas.Além disso temos uma artéria reaberta no ombro esquerdo
-Preparar paciente para cirurgia.aplicar sangue tipo AB negativo.Só o que podemos fazer agora é rezar para que não seja tarde demais e tentar salvá-lo.
Assim que a luz de “Cirurgia” se acendeu no corredor, Armand se sentou em um dos bancos.Pelo estado do homem, ele não deveria durar muito mais.Era uma verdadeira pena que ali não houvesse um Médbot, ou um robô médico, afinal de contas, 95% dos casos resolvidos com um daqueles autônomos resultavam em sucesso.
Pelo visto, seus paroquianos não teriam a confissão hoje, havia pessoas que necessitavam dele ali.Abriu a bíblia pôs-se a recitar os salmos, enquanto orava pela alma do pobre homem.
O tempo parecia escoar devagar, de forma inversamente proporcional à bíblia.Armand lia alguns poucos versos que restavam de toda aquela parte dos salmos.Fechou as sagradas escrituras, vendo que a sala de cirurgia continuava com aquele característico sinal luminoso, que indicava a luta dos médicos.
Perguntava-se se todo aquele avanço espacial e bélico erma realmente necessários, uma vez que a vida se escoava tão fácil, devido ao atraso da medicina.Enquanto divagava, o sinal luminoso primeiro piscou, apagando logo em seguida.Saindo da sala, o doutor, parecendo cansado e abatido.Armand adiantou-se e perguntou.
-Qual o resultado, Doutor?O paciente está bem?
-Creio que sim, reverendo, creio que sim.Infelizmente ele está desacordado.Mas dizem os soldados que ele chegou aqui murmurando o seu nome.Quer entrar e vê-lo?
-Agradeço muito, doutor – disse ele, encaminhando-se para sala, devagar.
A sala de operações tinha um cheiro metálico de sangue.Não era só sangue, era cheiro de queimado, um cheiro que ele como cauterização a laser.No centro da sala, deitado, jazia uma figura enfaixada, que recebia sangue de um pequeno aparelho, assim como medicamentos.Armand abriu um longo sorriso.Ele havia chegado.
Abriu os olhos, que pareciam pesados.A forte luminosidade que se abatera sobre eles lhe obrigara a fechar novamente os tão teimosos olhos.Era uma luz branca e limpa, que lhe lembrava a situação de um pouco mais de um mês atrás.
As pequenas pontadas no peito confirmavam sua hipótese, assim como os repetitivos barulhos de aparelhagem mecânica.Ele conseguira, e agora estava deitado no leito daquele hospital.
Fixou os olhos no ombro à direita, onde havia o grande ferimento.No local encontrou uma pequena faixa de gases e esparadrapos que lhe imobilizavam o ombro.Suspirou ao ter uma leve sensação de déjà vu com aquela cena.Definitivamente, ele necessitava de mais cuidado.lançar-se de encontro ao Lobo recuperando-se de um ferimento fora a pior de suas idéias.
Tateou o tronco, percebendo que tinha faixas e curativos recobrindo-lhe e imobilizando.As faixas coçavam e incomodavam com o suor.Ele amaldiçoava a hora em que ele resolvera transferir a base dos anti-neo-humanos para aquele planeta-anão desértico.Se, por um lado, Tra’Kull era uma base á prova de suspeitas, o calor que ali fazia era insuportável.
Ouviu a porta ranger, e fez um pequeno movimento brusco, procurando as suas armas.Relaxou ao ver a enfermeira, e cogitou em tirar férias, estava ficando paranóico.
A bonita garota sorriu, na plenitude de seus 20 anos e, deitou sua cabeça para verificar as ataduras de John, enquanto seus longos cabelos ruivos mantinham-se em um instável coque.Finalmente, depois de checar todos os aparelhos e remédios, pegou seu prontuário, e sempre sorrindo, falou:
-Que bom que acordou, senhor John.É um prazer do hospital ter você aqui, um prazer maior meu, cuidar de você.A propósito, meu nome é Claire.
John perdoava o fato dela ser uma puxa-saco.O rosto angelical e as bonitas curvas lhe faziam esquecer deste detalhe.Não entendia muito bem por que, as pessoas ainda terem em mente que, caso conseguissem relações com um dos líderes poderiam ter privilégios.Mas claro que isso não importava, com Claire ali naquele momento.
-Não se preocupe.O prazer é todo meu de ser cuidado por você.Ou nem tanto prazer assim – disse ele indicando as faixas com a cabeça.
Ele riu baixinho e baixou o termostato, fazendo o ar-condicionado trabalhar em uma escala maior, assim que viu o estado de John, que suava.Finalmente virou as costas, e rebolando de forma que o deixou até desconcertado, comentou algo de que o prazer era dela e se retirou.
Pôs-se a refletir sobe tudo que havia acontecido até ali.Com a visão daquela ruiva, que mais se parecia com um anjo, havia começado a reconsiderar sua posição de líder de guerrilheiros espaciais.Mas ele sabia que aquilo era apenas uma fantasia, e que ele nunca descansaria até vingar todo aqueles que se perderam naquela guerra.Ele não conseguiria dormir até ver o sonho da liberdade, mais uma vez.
Uma leve batida na porta fez com que ele perdesse a linha de raciocínio que ele vinha construindo.Parado em pé, na porta, estava seu grande amigo, Armand.Ele parecia crescido, não só na altura, atributo no qual ele vinha se destacando, mas também na fisionomia.Ela parecia mais serena, mais, de certa forma, madura.Trazia a batina nos braços, e a bíblia em uma das mãos.Logo John compreendera o que mudara tanto o garoto.Deviam tê-lo elegido como padre da nave.Um pouco de responsabilidade ajudava muito no desenvolvimento pessoal.
-John!Claire me disse que havia acordado, como se sente?
-Como acha que me sinto?Parece que fui atropelado por um maldito cargueiro, enquanto pousava – os dois riram um pouco, o clima bem mais descontraído do que na última vez – E você, meu caro?Virou padre agora?
-Pois é – sentou-se num banco ali perto jogando a batina em cima da mês de cabeceira – E você John?O que houve lá em Ceres?
-Nem queria saber, Armand.Descobri que a traição foi mais fundo do que imaginávamos.
-Por que isso, John?Que grande descoberta foi essa?
-Bem, você já está sentado, então aí vai.Simon foi o grande traidor.
Armand abriu a boca alguns segundos, parecendo não acreditar, enquanto os olhos se arregalavam.Ele gaguejou um pouco enquanto continuava.
-M...Mas o Simon?
-Isso mesmo, o Simon.O desgraçado nos trocou por uma armadura de Trilídio com moto-rotores e um quarto no grande palácio.Como eu disse, um idiota nos trocou por caviar e champanhe.
Armand só pode sorrir triste ao ver o amigo tão desesperançado.Bateu de leve no ombro bom dele, enquanto se levantava, tendo em mente alguns pacientes que necessitavam da extrema unção, assim como alguns batismos que estavam por vir.
-Creio que na próxima vez que o encontrar, quem precisará de um hospital será ele.Eu lhe conheço, John, e não há melhor combatente e comandante que você.
John sorriu de leve, pesando as conseqüência de todas aquelas promessas e fatos jogados nos ventos das probabilidades.No amanhecer daquele novo dia quente em Tra’Kull ele realmente esperava que tudo aquilo levasse às palavras proféticas de Armand.
-Espero que sim, meu caro, eu espero que sim.
Espero que tenham realmente apreciado, eu fiz o meu melhor por esse capítulo.
Sapere Audi,
Virgo shaka
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