Anteriormente...
Agora, com essa nova "raça", começou a haver uma onda de discriminação que logo foi obrigada a ser deixada de lado, pois a população desses humanos diferenciados cresciam rapidamente. Estes agora levavam grandes vantagens em várias partes do sistema solar por causa de suas características diferenciadas e fortes. Com isso um clima ruim, de rivalidade, foi criado entre os humanos e os novos semi-humanos, e algumas medidas, como a divisão dos jogos olímpicos em “Jogos para humanos sem modificadores” e “Jogos para humanos com modificadores”, entre outras coisas. [...]
Capítulo I
Parte IV
[...] Apareceram imagens que retratavam essa divisão e essa discriminação oculta: meio humanos e humanos se encarando, sites na internet de discriminação, placas de “meio humanos, à direita; humanos, à esquerda.”.
— Atualmente, estamos na terceira geração de meio humanos. Apesar da grande novidade que esses implantes animais foram há alguns anos, hoje em dia a coisa não é mais tão popular. Mas mesmo assim, os filhos e netos das pessoas que fizeram os implantes sofrem as conseqüências: uma vez que o DNA do animal implantado é assimilado por todo o corpo, as células reprodutoras também são afetadas, e assim os descendentes já nascem meio humanos. Há dez anos, os implantes de modificadores genéticos foram considerados proibido, por alterarem a essência do ser humano, mas nas colônias mais exteriores alguns implantadores ainda existem.
A foto de uma criança com dentes felinos e orelhas de gato apareceu na tela. Em seguida, apareceram fotos de uma sala de cirurgia: completamente branca, cercada de robôs e médicos, e diversas coisas como seringas, agulhas, membros humanos feitos de metal.
— A medicina avançou, ao longo das décadas, estrondosamente: não existiam mais doenças, todas haviam sido isoladas, decodificadas, curadas e exterminadas. Dos antigos vírus e bactérias nocivos, só existem hoje pouquíssimos exemplares, em laboratórios do governo. Apesar da erradicação dos vírus, todos devem se vacinar contra todas as doenças conhecidas, ao longo da infância e adolescência. Até mesmo para membros perdidos, como braços detonados, pernas atrofiadas, cegueira, surdez, foi encontrada a cura. Membros de titânio cobertos por pele artificial e ligados ao sistema nervoso central já existiam, sendo muitas vezes cópias perfeitas dos membros originais. Olhos biônicos, retinas e tímpanos artificiais, tudo isso já existia por volta do ano de 2530. Atualmente, segundo os dados do IUDE, o Instituto Unificado de Dados e Estatísticas, a expectativa de vida do ser humano é de cerca de 130 anos. A causa da morte mais comum dos idosos é a falha múltipla dos órgãos provocada por mutações naturais que ocorrem no ser humano.
Fotos de pessoas com braços, pernas, olhos, e até dedos de metal começaram a aparecer pela tela. Depois, surgiu a foto de dois idosos, sentados em um jardim particular, em uma estação particular na órbita da Terra. Depois disso, apareceu a foto de um jovem adolescente fumando.
— Com o avanço tecnológico e com 90% do dinheiro e investimentos fora do planeta Terra, em outros projetos milionários, o tráfico de drogas que sempre fora tão presente e poderoso no meio da sociedade, foi extinto da Terra e das proximidades, porém começou a crescer nas colônias exteriores em que os grandes empresários do ramo buscavam clientes mais poderosos e influentes. O cigarro, considerado uma droga, estava presente na boca de grande parte da população que moravam fora do planeta: este período foi chamado de Antigo Veneno, em que o simples cigarro que em meados do século XX era tão mortal, se tornara um hobby agora que o câncer fora controlado pela medicina.
A tela, após algumas imagens de pessoas fumando, passou a mostrar um carro flutuante: A parte de cima era como um carro normal, mas ele era sustentado no ar por turbinas movidas a hidrogênio. Dentro dele haviam duas pessoas e pintados de branco no capô azul, estavam os dizeres: “polícia”.
— A eficiência da polícia fora a sempre sonhada por anos. Sem corrupção, estes homens agora trabalhavam por prazer e pela ordem. Com a melhora dos profissionais nesta área a segurança seguiu o mesmo rumo, vias públicas e edifícios públicos, assim como a maioria dos privados, eram monitorados 24 horas por dia. Aliados aos policiais, andróides foram adicionados às patrulhas que rondavam pelas cidades de todo o sistema para garantir o cumprimento da ordem pelos cidadãos.
Mas, como a tela mostrou, não era só a segurança e a medicina que haviam melhorado: as escolas, o ensino, e o acesso à educação também haviam subido muito de nível. A foto mostrada era a de uma sala de aula: Todos os alunos estavam com computadores portáteis, acoplados a cada cadeira haviam pequenos visores e pequenas luvas com sensores, para aulas mais práticas. O quadro em si era virtual, e à frente o professor ensinava a matéria.
— O ensino, com o passar do tempo, passou a ser muito valorizado: uma vez que os robôs automatizados passavam a ocupar as tarefas mais braçais, era extremamente necessário que as pessoas tivessem uma boa formação, pois os trabalhos que restavam no mercado eram, quase sempre, intelectuais. Os alunos estudam de graça nas escolas, e para esse estudo eles recebem um computador portátil de alta capacidade pra fazerem anotações de aula, usarem como agenda, fazerem pesquisas, pela rede de internet sem fio da escola, para se comunicarem, e até mesmo para lerem conteúdo didático. A tela do computador é especialmente projetada para que a luz não prejudique a visão, e a voz do professor é preservada, pois ele fala junto a um microfone, que transmite a sua voz para os fones de ouvido de cada aluno. Para aulas mais práticas eles geralmente usam os avançados laboratórios, ou os visores e as luvas de realidade virtual, que os botam em contato quase físico com o conteúdo, através de simulações virtuais. Além disso, cada aluno é obrigado a praticar um esporte, que varia entre futebol, natação, basquete, tênis, academia, squash, vôlei, entre outros,e cada aluno tem direito a dois cursos extracurriculares grátis: além das matérias normais da escola, Matemática, Língua Nacional, Língua Estrangeira, Biologia, Física, Química, Literatura, História, Geografia, Geopolítica e a Informática, eles podem optar por fazer, gratuitamente, dois cursos extras, por exemplo curso de artes, desenho, pintura, música, desde o instrumental clássico até os métodos mais recentes, além da própria composição, e por ai vai. Os alunos que saem da escola estudam no mínimo mais oito anos nas universidades e cursos tecnológicos, tendo amplas oportunidades para escolherem aquilo que querem fazer.
A tela navegou por diversas imagens de escolas, mostrando salas de aulas, complexos esportivos, universidades, e todo o resto do complexo educacional humano. Após isso, ela mostrou a foto de cinco pequenos microchips, menores que grãos de arroz, colados um no outro:
— A vida da população humana foi com o passar do tempo melhorando e melhorando, cada vez mais. Entre os mecanismos criados para facilitar a vida das pessoas, existiam os identificadores cutâneos: ao nascer, cada humano tem o seu DNA é seqüenciado, sua árvore genealógica formada, e são listadas todas as suas características peculiares, como deficiências e alergias. Todas essas informações, mais as informações relativas à escola, saúde, ficha criminal, carteira de habilitação, entre outros, são reunidas em pequenos microchips, que são implantados no braço do bebê, ao nascer, e ficam lá até o fim da vida, de modo que o ser humano não pôde mais perder ou falsificar documentos: os microchips altamente complexos guardavam toda a informação, não eram falsificáveis, podiam ser atualizados sem serem removidos do corpo de uma pessoa, e podiam ser lidos com um simples e barato scanner.
A tela em seguida exibiu uma foto que algumas décadas antes seria considerada montagem descarada: Um grupo de cientistas envolta de uma cúpula transparente, olhando hipnotizada para algo que parecia uma esfera completamente negra:
— No ramo da física, pesquisas estavam sendo feitas, e avanços enormes começaram a surgir: através de meios antes inconcebíveis, cientistas do governo, após mais de vinte anos de estudos secretos, conseguiram realizar um feito inacreditável: eles conseguiram abrir um portal estável para uma outra dimensão. Após vários anos de estudos e testes, depois de muitas dificuldades, eles conseguiram isolar algumas propriedades desta dimensão: 1- Não havia inércia. Um corpo não tendia a continuar no estado em que ele se encontrava anteriormente; 2- Uma energia ainda desconhecida banhava essa dimensão: Se uma nave conseguisse adentrar esta dimensão, ela seria imediatamente envolvida por essa energia, não só a nave, mas cada partícula dentro e fora dela; 3- Energia não era igual à massa vezes a velocidade da luz ao quadrado. A velocidade não era, nesta dimensão, diretamente proporcional à massa do corpo: era o inverso: A velocidade era inversamente proporcional à massa do corpo: quanto maior a velocidade, menor a massa relativa do corpo; 4- Um corpo só poderia adentrar essa dimensão se estivesse numa velocidade igual ou maior a duzentos mil quilômetros por hora. Para qualquer outra velocidade inferior a essa, os corpos simplesmente atravessavam o portal.
A tela mostrou a cena de um dos testes secretos: uma pequena nave fora enviada para dentro do portal a uma velocidade de duzentos mil quilômetros por hora, e programada para parar dali a dez segundos. A nave, ao contrário do que se esperava, voou muito mais longe do que o previsto: sem a inércia, os corpos se movimentavam muito mais facilmente. A tela mostrava isso: a nave, ao se desacelerar, saiu imediatamente da outra dimensão, mas não no local previsto, e sim muitos quilômetros depois: ela se espatifara contra um edifício de pesquisas, demolindo-o por completo.
— Foram mais de cinqüenta anos de pesquisas feitas pela equipe de cientistas do governo. Porém, após todo esse tempo, eles conseguiram desenvolver duas coisas inacreditáveis: uma máquina capaz de abrir um portal para essa outra dimensão, e um motor capaz de absorver a energia que banhava essa outra dimensão e utiliza-la para uma aceleração que, nesta dimensão, podia ser quase infinita. Os cientistas nunca revelaram a maneira com que conseguiram desenvolver tais equipamentos, mas o fato era que eles estavam lá, e funcionavam muito bem. Após alguns anos a mais de desenvolvimento, esses cientistas unificaram a máquina de abrir portais e o absorvedor de energia num equipamento só, que em homenagem aos filmes de ficção cientifica, batizaram de hiperpropulsor espacial.
A tela exibiu a foto de uma cerimônia, onde diversos cientistas velhos posavam para fotos em volta de uma máquina com mais ou menos dois metros cúbicos de volume.
— Muitas pessoas ainda se questionavam sobre a origem de tantos avanços, porque ainda mais absurdo que o desenvolvimento em apenas algumas décadas desse hiperpropulsor, era a maneira com que a tecnologia progrediu: logo, os hiperpropulsores passaram a ser utilizados para viagens interplanetárias: antes elas demoravam semanas, e agora, apenas algumas horas. Não só isso, como após dois anos, o primeiro modelo de hiperpropulsor para caças do exército da CNT, a Confederação das Nações da Terra, apareceu. Em uma grande operação, todos os três milhões de caças da CNT foram equipados não com um, mas com dois hiperpropulsores, sendo um de reserva. Mas apesar de todas as suspeitas, boatos e questionamentos que cercavam o desenvolvimento dos hiperpropulsores, eles alcançaram um sucesso estrondoso: as viagens interplanetárias eram feitas em um tempo mínimo, e todas as áreas de desenvolvimento tecnológico começaram a pesquisar essa nova dimensão. O sistema solar, praticamente todo colonizado pela espécie humana, ficou muito unificado, como nunca antes na história.
A tela passou a exibir imagens de festas realizadas em todo o sistema solar, comemorando a chegada dos hiperpropulsores espaciais. Após isso, surgiu a imagem de dois homens apertando as mãos: um deles era o chanceler da CNT, e o outro era o presidente da antiqüíssima empresa Omega corp.
— As corporação Omega, que ainda não só existia como monopolizava praticamente todos os serviços privados do sistema solar, fez então um acordo com a CNT: No célebre dia doze de novembro de 2597, essas duas organizações, em conjunto, criaram o projeto OMEGA: esse projeto colocaria, para a proteção das colônias contra ameaças externas, e para desenvolvimentos tecnológicos, na órbita de cada planeta uma estação espacial colossal, que serviria de centro de pesquisas e quartel general para soldados, além de ser equipada com raios tratores capazes de desviar enormes meteoros. Prevista para dali a quatro anos, a primeira estação espacial começou a ser construída: ela representaria toda a imponência e todo o poder da raça humana, representaria todos os cinco mil anos de história, e representaria, acima de tudo, a segurança do sistema: Em 2601, seria inaugurada a primeira estação espacial de defesa do sistema, a primeira estação do projeto Omega, a estação Omega I.
E então, a tela escureceu. Pouco depois, começaram a ser exibidos os créditos da produção daquele documentário de duas horas sobre toda a história humana desde o século vinte e um.
— Porcaria! – disse o homem que estivera assistindo ao documentário, batendo com o punho na mesa. – Tire essa droga de chip, isso não ajudou em nada... Eu ainda não consigo entender o que está acontecendo...
O relógio digital preso à parede então apitou, exibindo o horário de duas da manhã. O homem então se levantou e se espreguiçou, esfregando os olhos depois. Aquela noite havia sido frustrante e cansativa. Ele não havia conseguido achar nenhuma pista que pudesse desmentir o que a mídia teimava em exibir naquele exato momento: o suposto choque da maior colônia artificial do universo com um simples meteoro. Ele não iria engolir isso, simplesmente não podia acontecer, e por isso buscava provas.
Após dispensar o ajudante, ele pegou a sua xícara vazia e encheu-a com café expresso, da safra mais recente plantada nas estufas. Ele começou a tomar o café lentamente, enquanto caminhava em círculos pela sala, tentando relaxar. Agora, ele teria que aguardar novas ordens do comando central, mas não sabia se ia conseguir receber as ordens, com a comunicação falhando daquele jeito.
— Esses satélites realmente precisam de uma boa manutenção... – disse o homem, olhando frustrado para a tela do videocomunicador, que só exibia estática. Ele ficou andando em círculos por mais dez minutos, até que terminou o café, e resolveu que iria até a sala da administração orbital ver o que estava acontecendo com as comunicações. Ele pegou o casaco preso à porta e o vestiu, e estava a ponto de sair, quando o computador bipou.
— Alerta de proximidade, alerta de proximidade. Nave modelo XVI-720 se aproximando do espaço aéreo de Titã.
Espantado, o homem voltou e olhou a tela do computador. Projetada tridimensionalmente na tela, uma nave realmente estava se aproximando da lua de saturno, e aparentemente no piloto automático. Então, o computador bipou novamente:
— Recebendo transmissão...
“Como?” pensou o homem. Como ele podia estar recebendo uma transmissão se a colônia estava sem sinal?
— Aqui é o piloto do caça 7, modelo XVI-720, vindo de Omega I. Caça 7,modelo XVI-720, vindo de Omega I. Estou tremendamente avariado e quase sem oxigênio, requisito auxilio imediato à qualquer um que ouvir esta mensagem, repito, auxilio imediato à qualquer um que ouvir esta mensagem
- O homem, abismado, checou no computador a nave. Um caça tremendamente avariado vindo de Omega I? Mas o que diabos estava acontecendo?
O computador então bipou novamente, desta vez para sinalizar que a nave havia sido identificada: as informações transmitidas eram realmente verdadeiras, e o piloto na nave era um soldado da CNT, Número 4235423, que atendia pelo nome de Haos.
— ... Requisito auxilio imediato, repito, auxilio imediato. – repetia a transmissão.
Tremendo, então, o homem disparou a correr.
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Espero que este receba comentários, pois não foi fácil escrever este capítulo.
Sem mais;
Asha Thrazi!