Bom, você pediu para que criticassem sua história, então não vou me preocupar com o que está bom e dar mais ênfase no que achei que poderia melhorar.
Não significa que não gostei, acho que o português está correto e a narrativa está bem encadeada.
A sua introdução na verdade é uma sinopse, no estilo dos tijolinhos de seção de cinema dos jornais.
Para atingir o objetivo de atrair o leitor, ela deveria ser menos fragmentada e ter menos informações, que assim poderiam ser elaboradas com mais cuidado.
Como aqueles textos das contra-capas ou orelhas de livros.
No prólogo, foi eficiente o artifício do narrador falar diretamente com o leitor através de um diário.
A única coisa que comentaria é que prólogo e introdução são a mesma coisa.
Como falei, o que você chamou de introdução poderia estar na orelha ou na contra-capa de um livro.
Citação:
Eu morava na cidade de Nova York, Rua Harrison, próxima ao braço de mar oeste.
Não sei se você já morou em Nova Iorque ou queria ambientar a história nos EUA porque já estamos acostumados com os filmes de Hollywood.
Eu acho arriscado, sempre que possível tento trazer a história pro Brasil, porque afinal posso falar muito mais coisas da minha esquina do que da esquina que vi num filme.
E é possível que os leitores que já perderam a paciência com os enlatados americanos possam gostar da minha locação brasileira.
Como dizem, se quer ser universal, fala da tua aldeia.
Mas tudo bem, isso foi só uma observação pessoal que já fiz antes em outras histórias. Só que tem uma coisa estranha aí:
Ou é New York, ou é Nova Iorque. Além disso, já que vai dar o endereço americano, assume de uma vez o inglês e lasca logo um Harrison Street, próximo a Upper Bay.
Citação:
Minha casa, assim como várias da quadra, era feita de tijolos vermelho escuro, enquanto a porta de frente e as janelas eram brancas. Possuía dois andares: o térreo e o andar de cima, além de um andar subterrâneo. Pode-se dizer que a casa era antiga, porque as curvas, entalhes e o tipo de telhado se enquadram neste modelo, uma ornamentação bem trabalhada.
Na calçada da frente, havia algumas árvores altas de tronco fino, combinando com as rosas que enfeitavam as janelas.
Citação:
Cheguei à escola. Era relativamente grande, com um grande portão de ferro azul e muros brancos. Nas laterais da entrada, viam-se canteiros com flores e algumas árvores mais distantes. Havia uma escada central que levava ao edifício. Este possuía três andares distribuídos em salas de aula, banheiros, ginásio, vestiários e departamentos escolares.
O estilo detalhista de "fotografar" a cena não me anima muito. José de Alencar fazia isso direto e sempre que pude pulei trechos inteiros de descrições para tentar garimpar a história.
Detalhar cenários por várias páginas, sem fundo no enredo, era importante na época que a fotografia era posada e as famílias só tiravam uma na vida.
Mas sei que é implicância com o José de Alencar, porque até hoje gosto das referências ao Rio de Janeiro antigo nos livros de Machado de Assis.
O que quero dizer é que descrição sem motivo fica parecendo só um enfeite que poderia ser descartado. Ou pior, o autor querendo ganhar algumas páginas extras pra rechear o livro.
Citação:
As matérias de sexta-feira eram realmente chatas: matemática, história e artes.
Meu deus, os professores de Hondan devem ser horrorosos pra transformar três matérias interessantes nessas coisas deprimentes que ele descreveu.
Uma observação sobre o enredo: a história do personagem ordinário que na verdade descobre que é o herói escolhido existe desde sempre, do Patinho Feio até Crônicas de Nárnia, passando por Cinderela, Rei Artur e Matrix.
Deve fazer parte do inconsciente coletivo humano o mito do eleito que vem do povo, então não vejo muito problema em explorar novamente o tema.
Só que a forma que se conta a história acaba pesando mais, porque o roteiro é mais do que conhecido. O leitor já sabe o que vai acontecer, mas quer ler de novo a mesma narrativa em outras palavras.
Isso acontece tanto nas novelas que arrisco dizer que é até temerário tentar inventar alguma coisa diferente em termos de entretenimento. O povo quer sempre mais do mesmo para não ter que pensar muito.
Acho que cabe ao artista dar brilho à um enredo batido, que pode ficar muito bom pelos caminhos que percorrer.
Uns detalhes:
Citação:
Hellen, minha mãe, gostava de preparar meu desjejum.
Estranho falar dessa maneira formal sobre a própria mãe. Há maneiras mais sutis de dar nome a um personagem.
Citação:
E, até sem um marido, mamãe é a mulher que está constantemente feliz.
Você vai ter problemas com as feministas.
Citação:
A águia passara pela face traseira de minha casa.
A fachada dos fundos seria melhor. Face traseira ficou forçado.
Citação:
olhando para eu e minha mãe
Olhando para mim e minha mãe.
P.S.: Avatar - a lenda de Aang foi um dos meus desenhos favoritos. Gastei um final de semana inteiro assistindo tudo numa maratona do Cartoon Network.
Assim como Naruto, é uma história conhecida contada de maneira soberba.