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Tópico: Anões, Elfos e a Inconstitucionalidade.

  1. #31
    Avatar de Drasty
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    Voilá.

    _____

    Capítulo IV – Espreita na Parábola (x)

    Duas almas realmente desejadas observavam calmamente a espreita de uma parábola. Era algo abstrato a cerca de dez metros dos dois. As duas tituladas almas eram dois guardas elfos, de rostos sóbrios e cansados. Ao reparar um movimente ao léu, um se vira ao outro e resmunga:

    - Vá olhar! - o outro reagindo ao alarde apenas bate continência e confirma:

    - Tá.

    Sumindo entre as vigas de aço. O que sobra fica a olhar à parábola, sem notar qualquer movimento ao seu redor. Eis que surge um rapazola de um metro e pouco vestido de vermelho, caminhando como um zumbi, sumindo e aparecendo nas sombras, como um assassino. Talvez até fosse um. Escalou com dificuldade a última viga ao lado da parábola, dobrou-se entre a da direita e a da esquerda, e por fim saltou dois metros caindo em cima do alçapão de metal, fazendo um barulho tremendo. “Put* que pariu!” pensou o garoto agora volvendo para sua esquerda com cara de poucos amigos.

    O guarda obviamente notou o barulho e correu ao ponto de tal deparando-se com o moleque a zelar por seus pensamentos. O respeitoso elfo desembainhou uma espada de tamanho descomunal, assustando o garoto que agora perdera por completo a noção do que havia feito. Apenas olhava firme ao punhal que tinha ao bolso, lutava entre o pegar e não pegar. Por fim, pegou. Deu um passo rápido e fincou-o no peito do guarda. O atingido por sua vez, largou sua arma e lançou sua mão a junto do peito, olhando para a quantidade de sangue que despejava.

    O Assassino colocou seus olhos verdes a contemplar o que havia feito, depois com tremendo nojo do sangue do punhal soltou-o sobre a viga. Movimentou-se agilmente sobre as duas extremidades do alçapão e subiu até a superfície dando de cabeça no teto de ferro.

    - Ai! – rapidamente colocou sua mão na cabeça e começou a massagear a nuca – hoje não é mesmo meu dia – chegando ao cume, empurrou a última grade que o separava do telhado.

    - Você demorou Gabriel.

    - Minhas humildes desculpas...

    - Não me venha com seu deboche.

    Quem o falava era um de sua espécie. Agora com luz da lua via-se finalmente sua raça. Era um humano. Essa raça dava nomes estranhos a suas crias, tais como o já citado Gabriel. O falante a espera era Namurukak, um meio-elfo famoso por suas grandes “jogadas” – seus saques à meia noite.

    Eram trambiques, algo que Namu (chamaremos o assim) havia arrumado aos portos de Ab’dendriel. Era simples fazer aquilo, segundo os mesmo – Fácil até demais – cantava ele, gabando-se da própria habilidade. Namu era filho de elfa prendada, já seus traços paternos eram fracos e sem influência. Desde bem pequeno já apresentara formidável habilidade para enganar pessoas. Começou furtando relógios, depois passou a roubar cargas inteiras. Praticava sua “arte” com Thrsa, amigo e grão-mestre da arte do roubo. Ficavam os dois a praticar por horas, buscavam a perfeição, pois segundo os dois devotos e artesãos da “ladronagem” a perfeição era algo de valor maior que qualquer carga. Acordavam cedo, do meditar, comiam migalhas e corriam para a fonte, ficavam tentando arrancar um do outro um níquel de praxe. Depois, cansados de praticar colocava em ação os treinos. Roubavam uma garrafa de vinho e bebiam até ficarem sóbrios e bêbados. Ao anoitecer, esticavam as pernas e fumavam um cachimbo.

    Namurukak estava impaciente naquela noite. Estava ensinando suas práticas ao jovem Gabriel, ambos encarregados de furtar um objeto em questão. Surrados por mantos negros os dois haviam planejado a noite. Providos de adagas, iam tentando adivinhar do que se tratava a parábola. Não era nada de valor grande, mas parecia ser de extrema importância para o encomendador. Namu passou informações a Gabriel, dando prioridade a parábola:

    - Não sai da linha, informou calmamente – se tiver que matar, parou fixando o olhar na lua. – Mata sem pena...

    Subiram os dois pelas vigas exteriores, impulsionando um no corpo do outro, até chegar ao telhado, onde Namu sentou-se numa viga e ficou esperando Gabriel. Esperou até ouvir o estalar da cabeça batendo, surgindo posteriormente Gabriel reclamando do dia.

    - Vamos, vejamos do que se trata! Gabriel ficou olhando o saco com a parábola, sem mesmo contar nada a Namu. Passou a mão nos cabelos loiros encaracolados e abriu uma lasca do saco.

    - Será que devo?

    - Ora! Abra logo isso.

    Lascou parte por parte até ver o anel. Era um anel comum, de ouro lavado, sem nenhum detalhe em brilhante, porém no cume continha um pedra vermelha, mas não era rubi nem nenhum outro tipo de pedra preciosa.

    - Então, o que tem ai?

    - Só uma pedra, respondeu entre os dentes.

    - Tou falando a verdade... Agilmente Gabriel trocou de lugar uma pedra qualquer e o anel.

    - Dê aqui para eu ver.

    - Depois tu vê.

    Namu agora havia perdido toda a pouca paciência que tinha. Apostou no velho ditado de “ladrão que rouba ladrão tem, 100 anos de perdão”. Arrancou da mão do humano ferozmente, que foi tenaz e retrincou com fúria.

    - Agora vou ver se tu falavas a verdade...

    Gabriel riu discretamente enquanto o meio-elfo confirmava o objeto.

    -Viu! Soltou uma gargalhada como sempre fazia – quebrou a cara - Era comum Gabriel encurtar as palavras e usar termos estranhos. Além de tudo eram normais os humanos em geral fazerem isso.

    Gabriel fora conhecido entre os lugares por onde passara como “menino orvalho”. Ganhou o título por causa de sua rotina. Era todo o dia de inverno, a neve branquinha soprava a grama, tomava espaço e Gabriel acordava bem cedo e caminhava por toda cidade, explodindo o chão e as janelas como o orvalho. Os vizinhos ficavam espantados, pois com aquele frio o menino continuava a caminhar. Os mais friorentos teimavam a tirá-lo de lá.

    - Saia daí menino, deixe de teimosia. Vai pegar um resfriado.

    - Vou não. Sou dura na queda, respondia.



    *****




    Novamente Namu confirmava o objeto, e franzia a sua grande testa. Pegou a pedra na mão, observou, analisou, concluiu:

    - Eu esperava ... calou-se e pensou novamente. Alisou sua pontuda e pitoresca orelha, aquilo significava que Namu estava indeciso e nervoso. “Eu esperava algo de valor maior, algo como um colar ou um anel” pensou. Franziu novamente a testa e levantou a sobrancelha, riu com a ponta da boca. Pensou na ousadia de Gabriel, nas lembranças de Thrsa, e finalmente proseguiu. – Algo como um colar ou um anel, mesmo sendo algo simples – Gabriel concordou com a cabeça.

    - Sabe, interrompeu o humano – tu não se preocupa, não. Namu olhou com ternura os cabelos do jovem, mudou naquele instante os seus conceitos sobre aquele pele branca, sobre tudo que já havia acontecido entre eles – que... O problema não é nosso “mermo”, o meio elfo sorriu e fez sinal para descerem.

    Os dois andaram espreitando o telhado e desceram até o fim de uma viga, assobiaram bem forte e logo uma escada se deitou a sua frente. Lá em baixo uma figura pitoresca, horrenda havia lançado o caminho. Parecia ter os músculos comprimidos ou atrofiados. Tinha pele verde musgo e era baixo, tentava falar algo, falou soluçando.




    *****

    Haviam duas almas caminhando floresta adentro, uma maior que a outra. O menor caminha capengando e traz consigo uma lâmina reluzente. O outro propunha uma caminhada mais ágil e com hora marcada. Dizia ao menor “Vamos, aperte o passo!”, que suava para acompanhar o outro.

    O que havia acontecido era que Namurukak tinha aborrecido o encomendador que por ventura pedirá o roubo do anel e em troca recebera uma pedra qualquer. A criatura Ilum, um duende campestre (da família dos orcs e dos trasgos), anda dois passos e joga o corpo na frente do outro, como se quisesse pará-lo.

    - Olha, soluçou, não vamos tão longe seguindo o rastro desse – soluçou – rapaz...

    Namu fez que sim com a cabeça. Estira seu corpo no chão e ordena que a criatura faça o mesmo. Ajeita seu corpo e dorme. Lembra das broncas do encomendador:

    - O sorrateiro capou.

    - Sei...

    - Vossa mercê nem mesmo viste o anel?

    - Nada. Achei que o Gabriel falava a verdade.

    O comendador era um banqueiro bem sucedido, que havia pedido o roubo do anel para dar de consolo aos anões, que raivosos haviam tomado à cidade de Ab’dendriel. Sem tal jóia a ira dos tampos seria tamanha e os elfos continuariam submissos no seu domínio. Como se um simples anel resolve-se tudo...

    - Ah... prolongou o banqueiro, Vossa mercê não pode seguir as pegadas desse rato?

    - Posso, mas...

    - Já sei, queres dinheiro – e Namu confirmou.

    E lá estava ele dormindo sob as estrelas. Cada vez era maior o ódio de Gabriel, que havia violado a suprema regra dos ladrões, imagine roubar o próprio companheiro para beneficio próprio. Os pensamentos ruins assolam Namu. Ele pensa em matar o amarelo quando vir-lo novamente. Trama toda a ação, com resgate se possível. Os pensamentos ruins arruínam a cabeça do meio-elfo, a vontade de acabar com uma vida o cobre inteiro. Rola pela grama fresca e bate a cabeça numa árvore, olha o seu topo e vê Gabriel trepado nela, atirando maçãs. Sua raiva some, agora era só alegria, limpa os olhos e não o vê mais. Chora como nunca antes havia chorado.


    ******


    Quando um homem é posto no mundo, é como uma dádiva de Deus. Mulher nem se compara, nem na honra, nem na força. Honra. Aquela palavra: honra. Será que ele havia esquecido dela? Honra. Palavra que sempre tinha impacto, que trazia um significado, abstrato e ao mesmo tempo concreto. Honra, pensa.

    - O que isso significa? Pergunta a si mesmo, voltando seu olhar ao mendigo que passa pelo beco. Honrar, honrar o que? Viver pra que? Ser o que? Trair. Pensou nessa palavra. Traição, e novamente golfou sobre o chão. Pega sua adaga, lambe o sangue estancado, e vomita. – Honrar o que? Para, envergonha-se dos ouvintes. Chora, e volta a vomitar. Quer se limpar, da traição. Mas não pode, já está com ela impregnada nele. Estaria ela? Honra. Pra quem, lembra de Namu. De suas histórias, das memórias de Thrsa contadas, dos dias frios de inverno, que clichê. A vida era um clichê, era triste, mas, era. Vomitou com força sobre o solo, queria desenvenenar a honra, que tanto teimava em pensar – Honra pra quem?

    Abre um sorriso melancólico no rosto, daqueles falsos que aprendera. Embainha a adaga, joga o anel no chão e cospe. Nojento, venenoso, sem riqueza. Levanta-se, e sorri um sorriso falso. Anda dois passos, e sorri um sorriso falso. Caminha, um caminhar falso, que aprendera. Sorri, um sorriso falso. Venenoso, cospe de novo. O mendigo passa na sua frente novamente, cospe nele. “Venenoso” diz. “Repulsivo, nojento”. Sem rua fica como um estatua, sem saber para onde olhar, o que fazer, o que pensar. Pra que pensar? Gabriel pensou quando roubou o anel? Quando matou o guarda? “Pensei!” responde a si mesmo. “Queria matá-lo, quero matá-lo”. Matar a quem? “Ele”.

    - Filho, comenta o mendigo. Vai comer aquilo? Aponta para um saco de camarões que havia no lixo. Gabriel diz que não, e olha com repulsa enquanto o mendigo come aquilo. Desembainha a adaga, coloca a lâmina para baixo, movimenta-se pelas paredes, se apoiando nelas. Mata, devora. Destrói a barriga daquele. O mendigo ri. Um sorriso falso. Gabriel também ri. Um sorriso falso.

    _____

    Drasty

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    Última edição por Drasty; 24-06-2006 às 12:49.

  2. #32
    Eu não floodo. Você sim Avatar de Dard Drak
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    um se virá ao
    É sem acento

    de praticar colocava, e, ação os treinos.
    Acho que queria por um "m" no lugar da segunda virgula mas errou de tecla ....mas a primeira virgula tbm é desnecessária....

    Os visinhos ficavam espantados, pois com aquele frio o menino continuava a caminhar.
    "vizinhos"

    mudou naquele estante os seus conceitos
    "instante"

    Chora como numa antes havia chorado.
    Não seria "nunca" ?¿

    O parágrafo final foi pra mim a melhor parte, o resto foi normal...

    Dard*

  3. #33
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    Citação Postado originalmente por Dard Drak
    É sem acento



    Acho que queria por um "m" no lugar da segunda virgula mas errou de tecla ....mas a primeira virgula tbm é desnecessária....



    "vizinhos"



    "instante"



    Não seria "nunca" ?¿

    O parágrafo final foi pra mim a melhor parte, o resto foi normal...

    Dard*
    Erros de digitação, tenho que revisar antes de postar, tudo. Sabe esse capítulo foi escrito a mão depois no Word, então ficou ruim porque eu escrevi em qualquer lugar. Ficou bem ruim, mais a parte final ficou boa mesmo.

    Drasty
    Última edição por Drasty; 24-06-2006 às 12:51.

  4. #34
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    Bom, como ninguém comentou (Era de se presumir capítulo ruim é assim mesmo), resolve escrever em partes para ver se o capítulo está ruim, tendo assim tempo de corrigi-ló (Dica do Curiox).

    Veremos, o que acham.

    __

    Capítulo V – O anão e o elfo (Parte 1).

    Capaz, será que ele era? Matou tantos, provavelmente era. Fex movia seus pensamentos através das telhas do pequeno sobradinho. Fitava o olhar de uma criança pelos raios de sol que quebravam a barreira do teto de seu quarto. Ouvia barulho de passadas no corredor, elas iam aumentando até chegar a sua porta. “Arion?” pensou. Passou pela porta o elfo, despenteado, vestido de vermelho e com a cara toda amassada. Desejou-lhe bom dia, o outro replicou com um aceno. Fex aproximou-se da cabeceira e tomou o relógio de pulso, checando o horário. “Já está na hora” confortava seu coração enquanto vestia seu manto marrom, colocava em sua cabeça que haveria de fazer aquilo pelo grupo, pela sociedade. Empurrando seu corpo, rastejou até a sala central (a mesma que conversara com Satiren noite passada), e dirigiu-lhe um bom dia tristonho. Notou que Satiren não estava, volveu seu olhar para Arion que fazia o desjejum. Fitou-o por instantes e tomou conhecimento da situação. “Satiren deu algo para Arion e eu bebermos, o que fez ambos dormirem mais do que desejávamos” refletiu entendendo o que se passara.

    Sedento por água, calçou suas sandálias de palha, e colocou-se a resmungar o nome do anão. “Anão maldito, covarde”. Arrancou do servente uma garrafa de água e lançou sua mão ao encontro do bolso, como se a tirar um dinheiro. O servente fez cara de assombro, mas não sentiu o direito de expropriá-lo do direito de saber a verdade:

    – Não precisa – balbuciou, debruçando-se sobre o balcão. – O anão fez questão de pagar todas as suas gasturas – fez sinal para que Fex guarda-se seu dinheiro e rodou sobre os calcanhares voltando para a cozinha.

    “Além de covarde, paga minhas contas”. Voltou ao encontro de Arion que ainda comia, sentou-se e fez cerimônia. O cardeal mandou que ele se servisse. O elfo apenas lascou um pedaço de pão e colocou-se a comer com desdenho. Ambos ficaram se entreolhando, buscando relação com o que o anão havia feito (lutaram juntos pelo mesmo, agora haviam de se separar por motivos ridículos, o martelo de Satiren nunca mais iria se debater com a lâmina de Fex, e o choro de Arion nunca mais molharia os pés dele). “Só pode ser brincadeira, só pode...” Fex tentava confortar a situação, mas não consegue quando vê Arion despejar um pranto sereno. Ele queria chorar, mas não pode. Queria derramar o mesmo que Arion derramava, riu um sorriso falso, com a ponta da boca. Arion sentiu-se com tranqüilidade ao ver o gesto do amigo. Retirou-se pela porta da direita, indo ao encontro de seu quarto. Fex ficou ali pensando, refletindo, enquanto prendia o choro. O sorriso falso sumiu. O cenho longo do elfo se franzia. Tomou sua bota e a bainha com a espada, prendeu a na cintura, e bateu continência para a hospedaria. Quase saindo, engoliu o choro, e caminhou. Arion despencou lá de dentro correndo, vinha com dois punhais embainhados. “Sabia que ele não tardaria a aparecer”. O cardeal ainda despenteado sorriu bem firme, com cara de coragem. Falou num tom claro, de desavença com Satiren “Se encontrar aquele anão, sou capaz de cortar-lhe o busto”. Fex gostou do que ouviu (lembrava de Arion apenas como o elfo que sempre chorava).

    Ambos foram andando rumo a Ab’dendriel, certos de que haveriam de encontrar a tropa dos anões no caminho. Fex, despido apenas de um manto surrado e dos trapos verde, que ele nomeia de roupa, andava com pressa e sem magoas. Arion vinha com sua roupa cor de fogo com detalhes em amarelo. Como arma, apenas os punhais. Os dois tristonhos, e sem magoas, caminhavam por meios às planícies (quase planaltos) com extrema perseverança, sem pensar em parar para lamentar a dor. Após horas de caminhada dura e vencidos pelo cansaço os dois jogam seus corpos sonolentos sobre a copa de uma longa árvore. Fex certo de que o sono não o dominaria, cochila. Diferente de Arion que dorme por completo.

    __

    Passadas cerca de duas horas, ambos continuam a dormir calmamente. Fex fitava o topo da árvore com intenso torpor, escutando cavalgadas próximas donde estavam. De relance Fex desperta Arion, joga-o para o lado oposto à árvore, e se esconde na raiz maior que encontra. Fica a observar o cavalo que se aproximava, repara que na parte frontal da árvore havia acumulado águas de chuva. Esgueirando-se pela copa, estica-se para ver o que é. Tentando não se mostrar a figura que ali estava. O cavalo era branco como neve. Ninguém o montava... Ou ao menos ali não estava. Viu que o cavalo trazia consigo uma bolsa. Aproximou-se com cautela, pois certa vez havia tomado um coice de um cavalo de aparência semelhante aquele. Tinha pouco mais de oitenta anos e voltava de uma colheita com sua mãe, saltou do cavalo pela parte traseira, resultando no coice (conseqüência: havia quebrado sete costelas, e tivera cerca de três ou mais órgãos atingidos, passou quase um ano deitado numa cama, gemendo de dor).

    “Cavalos, isso me traz péssimas lembranças” lembrou, tentando saquear a bolsa que o animal carregava. Sentindo o tatear de Fex o quatro patas relinchou com sonoridade. O elfo assustado tentou acalmá-lo, com péssimas palavras.

    – Acalma-te... – calculava umas trezentas moedas de ouro, duas garrafas de água e uma de uísque, dois pedaços de pão velho, e três ramos pra fumo. Sorriu com felicidade enquanto tomava tudo aquilo. Assustou-se ao ver que uma suave mão o tocava com gentileza. Volveu-se rápido para frente do cavalo, arrancando a mão gentil com horror e nojo. “Que é isso? O que me puxou?”. Olhou a figura, fitou do pé a cabeça. Conhecia aquele ser, puxou pela mente lembranças relativas a ela. Cabelos loiros, transados até o meio da cintura, olhos verdes, íris anil, com leve toque de azul. Rosto simplório e feições limpas. Naquela hora vestia um vestido fúcsia, com um avental amarelo, que combinavam com a vestimenta de Fex. Fex olhou com ternura, e com voz rouca disse em tom terno. – Efhel? – A bela elfa sacudiu a cabeça, tirando do avental um pano de lã, aproximou-se de Fex e limpou a ferida que escorria-lhe pelo cenho. Fex olhou-a de novo, como se fosse sua mãe, que lhe limpava de um ferida simples. Fex era uma criança vestida de um pijama verde, Efhel o limpava com ternura, dizendo “Não chore, meu filho”. O elfo por alguns instantes ficou fitando o rosto límpido de sua mãe.

    – Pronto acabei Fex... – Confirmou em tom preocupado, a procura de Arion que não via em lugar nenhum. “Onde está o nobre cardeal, ele me disse que Arion estaria aqui com Fex” pensou, contemplando a copa da árvore. Eis que surge o cardeal, todo melado por mel. Os dois outros elfos ficam fitando-o enquanto ele tenta retirar o muco que se acumulou debaixo da veste. Se conformando com um simples “Engraçado, muito engraçado”, colocou-se a comer o mel. Fex e Efhel se aproximaram rindo e o ajudam. Após isso ficaram os três ainda por horas comendo do pão, bebendo do uísque e fumando do fumo.

    __

    Em meio a martelos e machados, há um suspeito. Um anão descomunal com dois olhos cintilantes e uma barba mal feita. A chuva despencava do céu, ao seu lado escutava outros supersticiosos comentando.

    – Fardos está triste... – Comenta um afinando o machado em uma pedra pontiaguda.

    – Ele culpa-os. Por nossa desgraça! – Praguejou o outro que rangia os dentes.

    O anão anteriormente citado observa os dois com desgosto. Cospe no chão, e solta sua capa. “Vou calar um desses...” pensou angustiado. “Matam os familiares de Arion, e sentem se no direito de dizer que foram injustiçados”. A chuva respinga sobre o capuz de plástico de Satiren, tendo a impressão de que o anão está em prantos. Rangendo de raiva, a barba sendo empurrada pelo vento, a bota de seda roçando o chão de grama, o anão arranca da capa o martelo. Sedento por incandescência dissolve a costela do primeiro que vê. Este ruge de dor...

    __

    Drasty


    Ps: Desculpem-me pelo post duplo.
    Última edição por Drasty; 25-06-2006 às 15:44.

  5. #35
    Banido Avatar de Sorcerer Mokosadu
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    O Roleplay está bom, ótimo :]
    Eu não costumo postar aqui /o/
    Mas eu sempre estou aqui lendo os roleplays xD
    Bom, como eu disse, o roleplay está bom, tirando alguns erros de português, e algumas partes que eu não entendi, mas em si a história está boa, sem clichês e sem aquela história repetitiva de "Ele foi enviado por um deus para salvar o mundo", etc.




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  6. #36
    Avatar de Drasty
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    Obrigado pelos comentários, afinal e para isso que escrevo. Citando quem já aqui posto: Caboom (Que já se foi), Curiox, Guardian (Vá em paz), Moko, Stryder, Aluan, Thulio, Virgo e Dard. Acho que a maioria deixou de comentar aqui porque a história caiu de qualidade ou porque simplesmente esqueceram dela.

    Pois bem, gostaria de saber de quem ainda lê, se o sistema de capítulos por partes é melhor? Peço também que comentem após cada capítulo, assim posso ver como estou. Tenham um pouco de caridade (:notme com esta alma que posta no roleplay de todos (:90.

    Bom, se é assim. Já me vou, se quiserem que eu poste mais rápido, avisem!

    Drasty
    :rolleyes::rolleyes::rolleyes:

    Ps: Postem! Postem, postem!

  7. #37
    Eu não floodo. Você sim Avatar de Dard Drak
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    To postando, to postando, to postando!


    Tomou sua bota e a bainha com a espada, prendeu-a na cintura
    Esquceu do tracinho separando XD...

    andava com pressa e sem magoas.
    Acento no "a"...

    pensou angustiado. “Matam os familiares de Arion, e sentem se no direito
    Mesma coisa, traço separando-os...

    Hum...cadê a ação =D?¿
    Tá um tanto quanto monótona...mas bem descritiva...

    Dard*

  8. #38
    Avatar de Curiox Morozesk
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    :787: Here I go! :dry:

    Drasty, eu não esqueci de "Anões, Elfos e a Inconstitucionalidade", apenas não tenho tempo para acessar o fórum inteiro.

    E vou cobrar direitos autorais por usar técnica minha! Zuaçãozinha ridícula, né?

    Continue, continue, agradou-me pelo menos.


    Curiox Morozesk

  9. #39
    Banido Avatar de Karteler Iridia
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    Hum... eu só não li este último capítulo ainda. (Preguiça plx )

    Está muito bom. Quando eu ler este último posso dar um comentário mais completo. ^^

    ||KaRtElEr||

  10. #40
    Avatar de Drasty
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    Pediram ação, eu lhes dou action.
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    Capítulo V – O anão e o elfo (Parte 2).


    Passadas numerosas horas, os três recolheram todo o lixo que haviam feito. Efhel arrumou tudo na bolsa, enquanto o seu cavalo bebia da água acumulada na raiz. Agora tudo que queria era estar junto a Satiren, se esquentar no seu grande manto. Fex fitando-a de relance, amarrando a lâmina de forma que se necessário saca-lá com agilidade, ele o faria. O cardeal, nobre como se achava, amarrotava seus trabucos na bolsa de couro. Lançando-a em seguida sobre seu lombo. Os punhais quase caiam, de tão mal arrumados (ele não tinha qualquer experiência nesse assunto, portanto havia arrumado os de qualquer forma). Fex deu preferência ao amigo – de maior debilitação e pouca resistência – deixando-o ir montado no cavalo, junto a Efhel. Já se passava das cinco horas da tarde, e o sol caia no horizonte. À tarde alaranjada, os pássaros mal cantavam essa hora. O olhar de Fex voltava-se para Arion que se ajeitava no corcel. O rosto do elfo transmitia preocupação, enquanto o sol do crepúsculo rebatia sua face. O cavalo branco deu partida, deixando-o lá a vagar. Partindo em disparada, permitindo Fex andar sozinho pelo campo aberto.

    Cavalgaram e caminharam até o luar os iluminar. A vista sempre a mesma, cavalos correndo, a grama sendo soprada pelos ventos. O trigo soltando pólen, as poucas árvores que no caminho se via debatiam-se umas nas outras, soltando rangidos como se o vento as machucasse. Os lobos uivavam ao léu, sobre o luar (quem nunca havia observado a lua e visto que dentro dela se ve a figura de um coelho, formado por suas crateras. A lua tinha sete fazes. Entre elas a mais bela se apresentava para nossos personagens. Suas fazes dependiam da movimentação dos sois em contraste com as luas. Juntas as duas luas formavam nove fazes. O fenômeno que acontecia aquela noite (denominado eclipse de Jacques) se formava de nove em nove anos. Era um pressagio de noites frias e ventosas. O que acontecia era que o sois se alinhavam ao lado oposto de onde o planeta estava, enquanto as luas se sobrepunham ao planeta, formando assim aquela esfera de reflexos perfeita). A lua daquela noite equilibrava as emoções dos dois elfos. Um galopando, fazendo saltinhos sobre o lombo do cavalo, já o outro estalando os pés a superfície, fitando a beleza da lua.

    Do céu respingavam gotículas de água, que tocavam o solo sem fazer nenhum estalo. A chuva aumentava de acordo com que se mexiam, influência dos tempos quentes que fazia naquela região. O animal que galopava sentia-se molhado pelo respingar, mantinha-se em pé apesar do cansaço. Logo à frente o tempo começava a mudar, a chuva caia com força e estalava ao encontro do chão. As trovoadas iluminavam a calada da noite, fazendo o terreno inteiro estremecer. Um daqueles poderia acertar um dos nossos anfitriões e acabar com toda a aventura. “Se um desse nos acerta...” pensou Arion, com certo receio. Aproximavam-se de um riacho que passava atrás de um pedregulho. Ali havia marcas de passagem. “O exército anão” pensou Efhel, recuando com o cavalo, que se colocou a beber de uma poça. Os três pararam e ficaram fitando o terreno inteiro, de um lado ao outro. Nada de incomum e nem sinal de mensagem de Satiren. O cardeal saltou do lombo do animal com um saco de lã na mão. Locomoveu-se pelo solo, saltitando pelas poças. Arrancou do chão ervas que ali cresciam, virou-se para os companheiros mostrando o alimento. “Aqui tem ervas medicinais, poucas...” disse com alegria, ao ver que de enfermidade eles não morreriam.

    “Satiren!” pensou Fex.

    O elfo franziu a testa e arregalou os olhos. Sobre a superfície toda ensangüentada jazia o corpo de Satiren estirado ao chão. A capa cobrindo-lhe o corpo e o capuz o rosto. O homem de vermelho escalou o pedregulho dando de cara com mais um corpo. Também de um anão, diferente de seu amigo, este não estava ensangüentado.

    – FEX! – Gritou Arion, apontando para sua reta guarda. O elfo mal teve tempo de se virar e sentir um soco lhe afundar pela barriga. O cardeal com destreza jogou seu corpo a frente de Efhel, tentando colocá-la em ponto estratégico. – Efhel – fez pausa e olhou para o sul – mantenha-se aqui, se necessário grite por ajuda. “Emboscada” pensou, aproximando-se do amigo caído. Fex mal se levantara e já sentira a dor forte que a barriga o proporcionara. Com a mão no estomago, sentindo-o, esticou o dedo para que Arion orienta-se o pelo alto da pedra. O falante por sua vez não entendera a estranha mensagem e fizera cara de assombro. “Vai lutar sozinho?”.

    – É mais útil que me passe às coordenadas do alto. – Fez pausa enquanto esperava o cardeal tomar logo providência. – Parece que o inimigo prefere atacar pelas sombras. – Aquilo soou confuso para Arion, talvez não quisesse só alertá-lo, mas também aguçar a incandescência do atacante. Ficou em base com as duas mãos esticadas e com as palmas abertas. Esperava um ataque. Fex não queria acabar com o inimigo sem ao menos arrancar-lhe uma palavra, ficou ali até cansar e cair sobre um joelho. A calmaria era mortal, o corpo do elfo começara a se deteriorar. Os minutos passando como eternidades, os olhos firmes e o cenho franzido... O vento batendo em seus longos cabelos. A calmaria secou quando Arion berrou “Na direita, na direita...”. Rapidamente o protagonista da cena volveu seu tronco na direção do ataque, torcendo para que não o acertasse na costela. O erro foi ter torcido, pois o ataque direto em forma de soco o acertou logo no local indesejado. Sentindo a luva de couro permanecer no local do golpe, o atacante começou a debater-se. Com o pouco de suor que lhe lavava o rosto, nosso elfo engoliu a dor e prendeu o braço do anão junto a sua destroçada costela. O sangue lhe escorria pelo lábio, mesmo assim ele não tirava o sorriso do mesmo. Arion reparando a cena em seu vigor, despenca do pedregulho. Fex faz sinal para que ele fique lá. – Fique... Pode haver mais deles. Se houver não se demore a eliminá-lo. Pois como vê, não tenho condições de prosseguir num combate. - A chuva despencava do céu com fúria, os ventos uivavam em sincronia ao uivo dos lobos. A grama debatia-se nas árvores. O sangue da boca de Fex pingava sobre a roupa da personagem. Limpando a garganta, o recém mestrado em combate, ameaça. – Vou deixar bem claro, e deve perceber que tenho o controle da situação – fez uma pausa esticando seu pescoço como se indicasse o amigo no topo. – Como vê, se reagir a qualquer coisa, meu companheiro lhe tirará a vida. Posso confirmar – faz pausa novamente, querendo mostrar a autoridade que tinha no momento. – Que ele tem boa pontaria, e não vai medir esforços para matá-lo. – O atacante mostrava igualmente confiante, apesar da situação. Fex prosseguiu. – O senhor por algum acaso, não sabe para que direção sua tropa foi, sabe? – Fex ficou retorquindo-o com olhar, comendo-lhe as palavras. O anão não se mostrava intimidado, apenas respondeu por cortesia:

    – Sim, eu sei...

    Fex fitou-o por segundos, enquanto mostrava-o a sua mão que escorregava pela bainha. O falante mostrou-se receoso com o movimento, tentando novamente tirar o braço preso (Fex não sentiria o movimento, pois aquela parte do seu corpo só causava-lhe dores). Para o extremo azar do falante, Fex notou que o braço direito do inimigo estava se movendo, reparando pelo manto que se dobrava. Soltou-lhe o punho e gingou para trás, agilizou o movimento da espada e reuniu forças para o último movimento. Ficou instantes estatelado a fitar o inimigo roçando suas luvas umas nas outras. O anão já esperançoso pela vitória, ficou apenas esperando o ataque do outro elfo que havia sumido. “Mas o que? Cadê o outro?” pensou agitado.

    Arion cauteloso se localizava a baixo de uma colina (onde havia abrigrado Efhel). As paredes do local se retorquiam formando bifurcações entre as camadas de terra. Com a mão compacta a parede ele analisava o esconderijo. Observando se não caia chuva ali. Rapidamente rodou nos calcanhares e retornou ao centro, erguendo a cabeça e observando as chances. Fez mira com o punhal em dedo. Buscava a cabeça do inimigo, pensando em matá-lo de primeira. “Tenho que acertar” pensou. “Se eu erro essa... Pensamento positivo!”. Lançou a arma com a envergadura do punho para a direita. O punhal veio girando e fazendo finta pelo campo aberto, indo parar no ombro do lugar desejado. “Droga errei, agora é com você Fex”.

    O barbudo sentindo o ferimento (o punhal tinha entrado-lhe pela carne. Apesar do elfo não ter nenhuma pontaria, havia lançado de um jeito que a arma tinha sido fincada por inteira no ombro do atacante), agacha-se e range de raiva, enquanto a chuva lhe molha por inteiro. “Abri minha guarda para um ataque” refletiu enquanto tentava arrancar da carne a arma. Fex notando sua chance rastejou pelo chão (não tinha forças e nem estrutura para andar) com a espada incrustada na grama molhada. Ergueu o dorso, dobrou o punho, arrumou uma posição e moveu sua arma. Do local de onde estava os olhos de Arion brilhavam pela perseverança do amigo. A guerra pela primeira vez dava alegria a aquele cardeal. A espada penetrou na barriga inteira do anão, podendo ver sua ponta do outro lado do corpo. “Devolvido o primeiro golpe!” confirmou em seus pensamentos.
    Arion saltitava de alegria, se aliviando com o “Matamos!”. Fex não se mostrava feliz com o resultado. Sua face se ocultava com o sangue que o morto havia despejado sobre ele. Levantou-se apoiando no seu joelho, fitou o que havia feito e revirou o rosto. O cardeal colocou-se a reaver seus pertences e tratar de roubar algo do anão vitimado. Fex ficou olhando Satiren ao léu, o vento soprava mais lento agora. Não chovia mais (era como se a chuva parasse para contemplar Satiren), os lobos, em respeito, não uivavam. Os morcegos, não cricrilavam. Fex fitou o olhar de Efhel distante abaixo da colina, as lágrimas corriam sobre seu rosto límpido. Fez sinal para que Arion toma-se vergonha e fizesse o mesmo. “Ora, esqueceu de Satiren?”. Realmente, Arion não havia notado que o corpo do amigo ali jazia. Quando avistou o corpo, franziu a testa, e despencou a chorar. Correu ao encontro do amigo, capengando pelas pedras. Efhel fez o mesmo. Fex queria acompanhar, mas não tinha forças para caminhar.

    Ali estavam os dois chorando sobre o corpo estirado. Atrás o pequeno corpo de Fex chorando, arrastando-se na terra suja. A chuva voltava a cair com força. A cada metro que o elfo avançava um relâmpago caia. O choro lavava seus olhos, sujos de sangue. Na cabeça só passavam lembrança das palavras do anão. “Se um alfinete cai, os outros caem também. Olhe, está vendo?” e sorria. Se ele havia caído, será que os outros também cairiam? Cair. Fex também pensava nessa palavra. Quando finalmente chegou ao corpo do amigo, Efhel e Arion já não tinham mais lágrimas. O rosto de Satiren estava todo cortando, seu corpo sangrava. Porém seu rosto transmitia calma. Talvez aquela calma, fizera com que Fex se acalmasse.

    À noite para os três fora difícil. Ora as lembranças de Satiren vinham, ora os respingos d’água invadiam o esconderijo. Fex ainda sofria das dores das costelas. Estalaram-se na dobra da colina, o local que Arion havia estudado. A envergadura da colina formara um abrigo, como se Satiren houvesse pedido a ela que o fizesse, para proteger seus irmãos. Efhel estava com a cara inchada e soluçava enquanto dormia. Arion dormia debruçado sobre sua cabeça (Arion fingira estar dormindo para dar chances a seu amigo dormir também). Fex não dormiu, ficou pensando no que faria. Quando chegasse a Ab’dendriel os anões já teriam atacado. Sua presença seria crucial para a vitória.

    O sol raiava para iluminar o esconderijo. Os pássaros cantavam para acordá-los. O vento lá fora era tranqüilo e quando Fex saiu da colina ele nem movimentava sobre seu corpo. A brisa batia de outro ângulo, e os raios do sol se chocavam fazendo o pequeno arco-íris a vista de nosso elfo. Com ajuda dos outros dois ele enterram o corpo do amigo onde haviam encontrado-o. Fizeram uma cruz com galhos de árvore que ali se encontravam. Efhel não chorava, Arion tinha o olhar distante parecia olhar algo diferente do que os outros buscavam. Fex reparou que Arion fitava o chão de uma ponta a outra.

    - O que foi? – Perguntou.

    Fex calou-se. Milhares de coisa passavam na sua cabeça, seus pensamentos voavam. “Não creio”. Analisava o chão e seguia as marcas até o fim. No titulado fim, encontravam-se letras riscadas em terra.

    Quando um cai. O outro se levanta. SD...

    Os três olhavam perplexos. Satiren havia deixado uma mensagem em tão pouco tempo. Uma mensagem de incentivo para eles. Ao lado da mensagem um símbolo de um hexágono com dois riscos em seu interior, havia sido desenhado. Satiren havia até assinado a mensagem. “SD”, Satiren Dioses.

    - Satiren até assinou. – Comentou Efhel.
    - Não...

    Fex havia cortado-a. Olhava para aquele SD e sentia que aquilo não era uma assinatura. Refletiu consigo mesmo, sem passar qualquer informação aos amigos. “Esse símbolo eu já o vi antes... Esse SD com toda a certeza não é a assinatura de Satiren. Esses símbolos...”.

    - Esse SD significa Sudoeste... – Explicou.
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    Drasty

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