Bem, demorou, mas saiu.Aqui estáo capítulo 8, para a meia dúzia de gatos pingados que lêem esta história.Espero que gostem.
__________________________________________________ ________
Simplesmente Futuro, Capítulo 8: Vazio
O que era aquela luz? Seria o túnel que todos falavam? Foram apenas alguns minutos, e a inconsciência o seguiu. Desde o ataque, a vida eram flashes. Todos de apenas alguns minutos, antes de rumar para a, bem vinda, total falta de sentidos. Naquele último flash em particular, sentira algo em sua testa. Em outro, uma dor em seu braço. O que era aquilo?Só sabia que era algo intrigante. Sirenes e
Vazio
Mais um dos malditos lampejos. Começara a não gostar da consciência. Ela sempre trazia aquela dor, aquelas pontadas pelo seu corpo. Tudo parecia barulhento demais, e a luz persistia. Sentia agora frio. Mas ao mesmo tempo seu corpo queimava. Seria febre?Sentiu mais uma picada e, novamente,
Vazio
Ele ouvira uma voz. Seria realidade ou mais um delírio? Ultimamente tinha visto coisas que não estavam lá, e ele sabia. Toda vez que voltava, era uma nova visão. Duendes, cogumelos, e nada fazia sentido. Achava que a voz tinha dito algo sobre “Ficar bem”. Mas ele não acreditava.Não sentindo o que ele sentia. De qualquer forma, era bom saber que havia alguém ali. Fechou os olhos,cujas pálpebras pareciam feitas de chumbo. Sentiu a dormência característica dos “apagões”. Fechou os olhos e,
Vazio
A voz voltara. Agora ele estaria ficando louco? Podia sentir a umidade no corpo. Teria ele suado? Ou urinado em si próprio? Pelo cheiro,devia ser suor. Aquele último vazio fora agitado. Lembrava-se de ter mini flash, e,em um deles, ver um vulto. Mas naquele momento, nada parecia importar. Só a maldita dor. Podia senti-la em seu peito inteiro. Havia algo no seu.....Como se chamava? Ombro.Isso, a dor era maior em seu ombro. Alguém abriu a sua boca. Podia enxergar só aquela luz branca e o contorno da mão. O obrigaram a engolir algo. Debateu-se, utilizando suas parcas forças. Aquilo poderia ser veneno! Porém o “algo” fora seguido de água, e o fizeram engolir. Sentiu-se fraco, sonolento e, novamente,
Vazio
Abrira os olhos. O corpo doía, os olhos doíam. Mas pelo menos a luz havia mudado. Estava mais mortiça, mais pálida. Ouvia apitos, eram ritmados,até reconfortantes,depois da loucura toda, haver um padrão.Tentou se mexer, e havia algo lhe prendendo. Não exatamente prendendo, mas restringindo cada movimento. Olhou para o torso, e se viu enfaixado. Lembrava de algumas coisas. Algo sobre um tiroteio, um outro planeta, um outro lugar. Sentiu sede. Os olhos vasculhavam o cômodo branco, buscando um copo. Realmente seu corpo clamava por água. Era um quarto, disto não tinha dúvidas. Mas aonde? E como? Parecia um hospital. Mas quem haveria de trazê-lo ali. E porque razão?Talvez ele tivesse se ferido no tiroteio. Lembranças e imagens de pessoas que ele não conhecia(ou achava não conhecer), passavam por sua mente. Mas uma teimava em assombrar a sua mente, retornando sempre. Era a imagem de um garoto vestindo uma batina. Nada, nem um rosto nem um nome. Fechou os olhos, e, pela primeira vez em e semanas, dormiu e sonhou.
Dia 15 de fevereiro de 3058
Judah, ou melhor, Armand pousara a nave do modo mais desajeitado o possível. Algo o impelia, e este algo era uma vida.Entrou no pronto-socorro geral de Ceres. Ceres fora a primeira tentativa humana de colonização espacial.No cinturão perto do planeta, aquele asteróide e seu cinturão tornavam a vida muito semelhante com a da terra. Porém logo a colonização atingira outro nível e Ceres,assim como o Sistema Solar, lar nativo da espécie humana, haviam sido abandonados. Ali havia se firmado a resistência contra o governo, e poucos nazistas ainda se lembravam daquela parte da periferia.
E no cinturão de asteróides, estavam , Armand e John, este último lutando para sobreviver. John recebera um disparo no peito, quase no ombro, e eles só haviam conseguido chegar ao Pronto socorro de Ceres, pois pegaram um jato classe estelar 7, e em questão de horas estavam na periferia, naquele asteróide. Entrou com John no saguão, o sangue já encharcara sua roupa na vinda, e agora pingava no chão branco do hospital. Em questão de minutos, a atendente tinha providenciado uma equipe de cirurgiões, e John havia sido socorrido.
A sorte de ambos fora o rosto de John ser reconhecido,ele era um figurão. Ficara na sala de cirurgia por algumas horas, enquanto a equipe buscava reconstruir algumas artérias danificadas. Por fim, haviam lhe dito que ele sobreviveria. Porém haveriam algumas complicações. Parecia que houvera algum tipo de infecção interna profunda,e que ele passaria algumas semanas de cama, tendo de ser medicado, para que pudessem curar. Esse era um dos contras das novas armas.Matavam células rápido demais, e quase sempre quem sobrevivia, sobrevivia com sérias infecções.
Na primeira semana John só havia acordado uma vez, e teve de ser sedado, e medicado, pois tinha muita febre. Naquela semana, quase que ele não dormira, acompanhando o estado do amigo dia e noite, verificando temperatura, medidores de sinais vitais e fazendo pequenos serviços médicos.
Na segunda semana porém, ele havia ficado mais agitado.Acordara por diversas vezes, e reclamava de dor, mesmo dormindo. Dizia frases desconexas e se revirava na cama.Por diversas vezes tivera taquicardia, e tivera de ser sedado quase todo o tempo. Mas isso ainda era pouco para o que estava por vir, pois John perdera a realidade naquela terceira semana.
Vira coisas, e interagia com elas.Não foram raras as vezes em que ele, Armand, teve de secar o suor que vertia de seu companheiro.Na última vez que John acordara, tiveram de lhe dar um poderoso antibiótico concentrado. Isso,aliado aos anti-psicotrópicos, fizeram-no entrar em coma.Mas não havia outra escolha, e mesmo com este contratempo, Armand passara seus dias e noites juntos ao seu amigo e mentor.Cada vez que o olhava, ali, naquela cama, ele sentia falta de ver John em seus dias de glória, vestido com a surrada jaqueta de couro, a camisa estampada, invariavelmente, com bandas de meados de 1970, como Led Zeppelin ou Pink Floyd, enfim, sentia falta devê-lo como o conheceu.Àquela altura, ele já considerava John como um pai, e se sentia mal de vê-lo ali, embora um estranho orgulho brotasse no seu peito, orgulho de ter o salvado.
Se ele se sentia mal por vê-lo naquele estado, ele ficava ainda pior em sentir-se orgulhoso.Acabava por chorar, em muitas das noites em que vigiava o seu “paciente”.Na quarta semana,ele melhorara visivelmente, e assim ambos conseguiram se sentir melhor. Armand sem o peso que se formara na sua consciência,e John do fardo que era lutar pela própria vida.Então,naquela semana, ele até que conseguira dormir, durante a noite.No dia 14 de março, Armand, se levantou, saindo pra buscar uma bebida.Agora ele se sentia seguro em deixar John sozinho, então fora buscar um café, para acordar de vez.Foi neste dia que os Vazios de John acabaram.
Acordou com a porta sendo aberta.Abriu os lábios secos, e pronunciou um confuso “Quem está aí?”.Armand correu até o leito, obrigando-o a engolir o café fumegante.Ao olhar aquela face, John tivera certeza que ele não dormia a muito tempo.Podia ver as olheiras e o rosto tipicamente cansado.Sorriu e, timidamente, perguntou:
-O que houve comigo?
-Levou um tiro.No ombro.Infeccionou, e você quase morreu.
-Quanto tempo estive apagado?
-Um mês.
-E a quanto tempo
você, não dorme?
-Desde ontem à noite,por que?
-Não me parece, novato.
-Não dormi enquanto esteve mal.Melhorou na última semana, então eu pude dormir sem ter de vigiar um certo comandante descuidado.
Ambos rirão por algum tempo, e depois se calaram, um olhando para face do outro.Finalmente, John murmurou:
-Obrigado, amigo.
Foi um abraço longo, e ambos tinham o rosto afogueado pelo pranto quando terminou aquele momento.Soluçando, Armand quebrou o silêncio:
-Só fiz meu dever,senhor- e bateu continência- Não mereço uma promoção?
John ainda ria quando respondeu.
-A organização carece de pessoal no momento, não?Vou ter de te promover à líder.
Ambos se sentiam bem, excepcionalmente bem, felizes por estar ali, juntos bem demais para pensar que estavam rindo em um momento trágico daqueles.Mas ambos estavam felizes por ter aquela chance de sorrir, por mais mesquinho que fosse.
-E agora o que faremos?
-Deixar o tempo curar feridas,deixe aquele porco nazista esquecer que existimos.Quando for o tempo,iremos tentar novamente.Nos vingar da traição.
-Traição?
-Alguém nos trocou pelo governo, e entregou o golpe.Perdemos tudo!Tudo!E por que?Porque um filho da puta queria caviar com champanhe!
-Calma,John!
John estava bastante exaltado, e gritava.Armand tentava colocá-lo deitado,e fazê-o ficar calmo, pois a saúde não permitia aquele tipo de emoção.Não aquele tipo de nervoso.
-Vai ficar tudo bem, tudo bem.-Parecia falar com uma criança, enquanto colocava John naquela cama, e injetava um dos calmantes –Afinal, nada melhor do que um dia depois do outro,com uma noite no meio, não é?
Já adormecendo,John sorriu para ele e disse:
-Sim, uma noite no meio.Uma ou várias,não é?
Então fechou os olhos e
Vazio
__________________________________________________ ___________
Atéo próximo capítulo
Sem mais,
Virgo Shaka