Eu acho a interpretação do STF absurda e tecnicamente inviável. Tratar uma rede social como uma emissora de TV ou um jornal é parte do problema de legislações antigas aplicadas ao contexto de Internet. Nesse caso, por exemplo, ignora-se que a massa de dados produzida por usuários de uma rede social é vários ordens de vezes maior do que qualquer conteúdo a ser transmitidos pelos meios tradicionais. Identificar conteúdo ilegal ANTES dele ser veiculado (que é o que o entendimento do STF acaba estabelecendo como comportamento isento de responsabilização) é extremamente inviável, do ponto de vista técnico mesmo.
Além de questões óbvias de censura, é um cartão verde para qualquer tipo de sistema de moderação que seja pautado em censura prévia de qualquer tipo de conteúdo ou discurso considerado subversivo. Isso porque o julgamento de legalidade vai ser deslocado da Justiça para qualquer tipo de entidade, humana ou computacional, que irá analisar cada post dentro de uma plataforma.
Não sei o que os big techs vão fazer, provavelmente vão tentar queimar recurso inicial para entender qual será o comportamento dos magistrados das primeiras instâncias em relação ao entendimento jurisprudencial. Deve existir nesse momento um lobby forte no Legislativo para a elaboração de alguma PEC que tome um entendimento constitucional menos maluco que esse.