Dificilmente isso vai impactar a galera que já tem/pretende comprar os que estão estoque.
Eu tive um Ford Focus 2017, que já era importado da Argentina. O único problema que tive com esse carro (e comprei já sabendo que ia ter), é o habitual problema crônico do PowerShift. Nunca tive problema em fazer esses reparos no famigerado e, em todos eles, as peças estavam disponíveis na concessionária (garantia cobriu). Ainda assim, o Focus foi, de longe, o melhor carro que eu já tive: 178cv, colado no chão, câmbio de dupla embreagem, uma porrada de tecnologia e frescurinha.
Hoje eu estou com uma EcoSport Storm 2020, que é nacional. Tem o mesmo motor do Focus, tração integral sob demanda e tem um pacote de tecnologia bem completo. Nunca precisei fazer nada nesse, então, não tenho muito o que falar.
Particularmente, eu não acho que a Ford tenha parado no tempo. O Fusion 2017, por exemplo, que beirava os R$160.000,00 (zero km) já tinha piloto automático adaptativo. Fora o Fusion, o carro mais barato que vinha com esse tipo de acessório aqui no Brasil era a C250 da Mercedes, que já batia fácil os R$250.000,00. O próprio Fiesta, se for considerar que era um hatch compacto, já trazia uns opcionais legais como sensor de chuva.
Importação do México e Argentina é tão comum que acho que o impacto vai ser zero. Pelo que eu li, a fábrica da Ford que produzia motores vai passar a produzir peças de pós-venda. Ainda assim, vale lembrar, a Ford não está indo embora do Brasil... ela só está deixando de fabricar automóveis aqui. Toda a assistência e pós-venda, naturalmente, se mantém, logo, o pior dos cenários vai ser não ter alguma peça pronta-entrega e a própria Ford fornecer, trazendo elas de fora. Isso sem contar que esses carros não tem nada muito extraordinariamente difícil de mexer embaixo do capô.
Ao meu ver, o maior problema que a Ford vai ter aqui no Brasil vai ser se estabelecer num segmento cujas faixas de preço já tem marcas mais atrativas, incluindo o mercado de usados e semi-novos. A Ranger, por exemplo, não tem muito o que falar... é um carro de nicho e está relativamente bem consolidado.
A Territory, apesar do motor fraco, parece ser um carro bem interessante: bastante tecnologia, espaçoso, confortável. Quando foi exibido no salão do automóvel, esperavam que esse carro chegasse na faixa dos R$130.000,00, especialmente considerando que o principal rival é o Jeep Compass. No fim, o carro chegou por R$180.000,00. É uma faixa de preço meio fora da categoria.
Nos últimos anos, a Ford parou de trazer a Edge Titanium e passou a trazer a Edge ST (a linha ST da Ford é a linha esportiva). O carro é sensacional, tem muita coisa, tem um motor V6 de 355cv. Ainda assim, o carro custa R$350.000,00. Nessa faixa de preço você já encontra carros como Porsche Macan ou Mercedes GLC. O Edge é legal? Bastante... mas com essa grana na mão, vai andar de Edge ou de Porsche?
Mustang também não tem muito o que falar... é um carro icônico, mas por 350k, tem muita AMG e M em bom estado que tende a divertir muito mais.
Vamos ver por quanto chega o Ford Bronco.
No fim, acho que a Ford vai acabar tentando um segmento meio complicado para os valores praticados. A Territory chegou em Março de 2020, se não me engano. Até hoje, só vi uma na rua. Não sei se vai emplacar bem não.