Lá vem ele, um pouco atrasado, mas é o terceiro capítulo! Sem spoilers, mas acredito que aqui a história e os mistérios vão crescer bastante!
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O Mal Gelado
Capítulo III - A Morte Bate na Porta
Mais três socos no portão e veio o silêncio. Eu e meu irmão ficamos lá, por um tempo, até senti o calor de algumas tochas. Poucos habitantes assustados e equipados com o que tinham para se proteger se juntaram atrás de nós. Todos olhavam o portão leste do vilarejo, ninguém sabia o que estava acontecendo.
Meu irmão passou ao meu lado se dirigindo aos senjianos, achei que era apenas para acalmá-los, mas, rapidamente, percebi que suas intenções eram outras. Ele disse em um tom um pouco mais elevado que todos e todas deveriam decidir juntos o que fazer naquele momento, o tempo era a chave.
Depois de um breve murmurinho, ele chamou a atenção novamente para si e disse para começar com o objetivo de escolher se abriríamos os portões naquele momento, para investigar o que aconteceu ou se todos se recolheriam na marina até o dia clarear e, aí, decidir o que fazer. De novo ele alertou que o tempo era a chave.
Contei que o grupo de pessoas, eu e meu irmão, totalizavam 17. Será que seriam todos os habitantes de Senja? Logo descartei essa possibilidade, não havia visto Nielson, o balseiro, mas Anderson, seu irmão mais novo, estava lá, equipado com um martelo de batalha. Reparei, também, que havia poucas armas de qualidade para a sairmos por aí, no escuro gelado, a caça de monstros, com segurança. Eu era a pessoa com os melhores equipamentos e notei que todos olhavam de canto para mim em um momento ou outro.
Acredito que a curiosidade e a vontade de resolver a questão logo, encorajou os habitantes do vilarejo. De modo unanime, a votação concluiu que deveríamos abrir os portões naquele momento. Meu irmão se posicionou a frente de todas as pessoas e me chamou pedindo para ajuda-lo a abrir as portas de madeira. Quando cheguei ao lado dele, ele sussurrou para mim que a coragem dos habitantes tinha nome, e, esse nome era Sara.
Não sabia o que sentir com essa informação, mas concluí que essas pessoas tinham um líder, e ele era Norberto, o novo governador de Senja, mesmo que ainda não tivesse esse título em suas costas. Em um solavanco, puxamos a pesada porta direita e, antes que pudéssemos ver o que estava do lado de fora, ouvimos os suspiros dos senjianos. Um homem, parrudo, com um enorme bigode se prostrou ao chão e vomitou quase que instantaneamente.
Norberto e eu demos um passo ao lado e avistamos o corpo azul do enorme troll estatelado no chão. Não havia cabeça. Seu sangue espesso já havia congelado na neve que assumia um tom vermelho escarlate. A morte pode aterrorizar muita gente, o homem do bigode estava em estado de choque. Senja sempre foi um local pacífico e aquela cena era impressionante para os cidadãos e cidadãs.
As pessoas deram um passo para trás, Norberto tomou a frente e foi examinar o corpo e eu me posicionei ao lado de fora do muro de Senja, de modo a protege-lo. Nossa luz não permitia que enxergássemos muitos passos a frente, mas percebi algumas marcas na neve. Não eram passos de pessoas, nem de trolls. Norberto se levantou assustado e, depois de analisar o corpo, disse em uma voz baixa, que o troll não estava tentando invadir ou atacar a vila, ele estava pedindo ajuda.
Os habitantes se entreolharam assustados. Eu ergui meu irmão, olhei para ele e disse que deveríamos ir até a caverna dos trolls e, se ainda fosse possível, oferecer nossa ajuda. Com um aceno de cabeça, ele concordou, éramos habitantes da mesma ilha e sempre vivemos em harmonia. Norberto chamou três homens e duas mulheres, que, de fato, pareciam bem equipados e disse para o resto fechar os portões e só abrir conforme o código secreto.
Nós sete seguimos em direção oeste, onde os trolls viviam numa caverna subterrânea. Eu decidi ir à frente ao lado do meu irmão, já que era a única pessoa com um escudo. Norberto carregava uma maça, e nossos colegas tinham martelos e arcos com algumas flechas pequenas. A distância não era muito longa, mas o escuro, a neve, o frio e o medo, deixava nossos passos mais pesados.
Terror. Não havia palavra mais adequada ao que sentimos quando nos aproximamos da entrada da caverna. Três estacas posicionadas num triângulo equilátero perfeito, no topo delas, três cabeças de trolls, que transmitiam a pior das dores. E, nenhum sinal de vida próxima dali. O buraco da entrada estava aberto, e passamos rapidamente pelo triângulo de morte, evitando observar os esbugalhados olhos das três cabeças.
A caverna estava escura, era um local úmido e tinha um cheiro estranho, mas não era podre. Entre as raças de trolls de Tibia, os de gelo eram os mais parecidos com os humanos. Se organizavam em cômodos e a higiene era uma prioridade. Nós sete entramos na caverna, evitando fazer barulhos, portávamos três tochas, e nossa exposição já era tanta que decidimos deixar o lugar o mais claro possível. Enquanto percorríamos os cômodos em busca de alguém ou algo, acendíamos as luminárias nas paredes da caverna.
No penúltimo cômodo, antes que pudéssemos acender as luminárias, vimos alguns pares de brilhantes olhos verdes. Quando percebi eu estava jogada ao chão, o barulho invadia toda a caverna, gritos de trolls e humanos, choro de pequenos trolls gelados e muita confusão. Norberto subiu o tom de voz e todos se calaram. Então, o mesmo troll que me derrubou num repentino empurrão, ajudou a me levantar.
Com muita calma, meu irmão explicou aos trolls o que nos levou lá, a sua caverna, e disse que todos deveriam voltar ao vilarejo, tudo isso já era o suficiente por essa noite. Ele alertou a mãe troll a cena de horror que havia do lado de fora da caverna e indicou que ela cobrisse os olhos dos pequenos. Todos iam se encaminhando para a saída, quando Noberto me chamou de canto, junto com uma outra mulher, que portava uma das tochas e um pequeno arco com um punhado de flechas.
Norberto disse que deveríamos investigar mais um pouco a caverna e o triângulo de cabeças lá fora. A mulher, que se chamava Charlotte disse que nunca havia visto um troll reagir daquele jeito a presença de humanos. E, eu percebi que o cheiro estranho que sentimos ao entrar no ambiente subterrâneo estava muito mais intenso.
Caminhamos para o último cômodo ao sul da caverna, era de lá que o estranho odor vinha. Neste momento, apenas eu, meu irmão e Charlotte estávamos na caverna. Os senjianos e os trolls já deviam estar chegando aos portões de Senja e, por incrível que pareça, não havia medo entre nós três.
Era um tipo de gás esverdeado que saia de um pequeno buraco na parede. Norberto pediu para que eu e a arqueira não nos aproximássemos muito, ele disse que reconhecia o cheiro dos ferimentos da peste da lua nos lenhadores que estavam trancafiados na casa perto da marina de Senja. Os trolls são criaturas muito reativas a odores, disse meu irmão, completou falando que acreditava que o gás fosse algum tipo de magia obscura para irritá-los, mas que não sabia sua origem.
Então, abriu um bolso em sua pequena mochila, e retirou uma linda e pequena flor verde reluzente, as mesmas que ele observava quando o encontrei em nosso quintal. Ele disse alto, porém para si mesmo, que aquelas flores élficas, eram chamadas de flores da lua e que elas possuíam poderes que os humanos ainda não conheciam. Ele aproximou a flor do gás verde e, como em uma cena mágica, a flor absorveu todo o gás que saia da fresta na parede, tornando-se ainda mais reluzente por poucos segundos e, depois, voltando a sua cor normal. Nós três estávamos embasbacados.
Breu. A última coisa que enxerguei era Norberto se virando com um ensaio de sorriso no rosto, seguido de um olhar instantâneo de medo. De um segundo para o outro, todas as tochas e luminárias se apagaram, no entanto, a caverna estava mais quente.
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Spoiler do Capítulo IV: O som era quase um grunhido. O chão tremeu com o que parecia ser um passo da criatura. “Utevo Lux”. E, num clarão vindo das mãos de Norberto, pudemos enxergar nosso inimigo.
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Espero que gostem!![]()
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