Opa! Chegou o segundo capítulo!
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O Mal Gelado
Capítulo II - Peste da Lua
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Era a segunda vez que que viajava na balsa de Nielson. Na primeira oportnidade, no alto dos meus oito invernos, eu estava indo para Carlin, começar meu serviço para me tornar a Valquíria que sou hoje. Me lembro que o “20 invernos mais novo” balseiro era muito falante, porém, em nossas duas horas de travessia marítima de volta para Senja, ele não havia dito uma palavra sequer.
Eu já sentia o frio mais gelado em meu rosto. Vim devidamente preparada para desembarcar numa ilha ártica. Que saudade estava de minha terra natal. Acredito que eu seja uma das primeiras pessoas nascidas lá, ao menos na era pós colonização. Optei por viajar no fim da tarde, lembro de gostar de observar o pôr do sol na camada branca da neve e acho que seria um excelente jeito de ver novamente minha casa.
Não faltava muito para a balsa de Nielson chegar na marina de Senja. Já era possível avistar a ilha nórdica, infelizmente para mim, o sol estava atrás das nuvens e o vilarejo envolto de uma neblina que eu nunca vi por lá antes. Muita coisa deve ter mudado por aqui.
O balseiro jogou a corda para Anderson, seu irmão mais novo, que sorriu brevemente para mim, mas logo tornou a amarrar a corda na marina para atracar a balsa. Entreguei a segunda metade do pagamento da viagem para o balseiro que agradeceu rudemente. Depois de 20 anos, desembarquei em Senja. Tudo estava diferente por lá.
Quando sai da ilha, ela era um polo de novos ricos, havia motivos de sobra para comemorações. Lembro-me do dia em que a praça central fora fundada com um enorme banquete cheio de delícias importadas por Alawar de todos os cantos de Tibia. Meus pais trabalhavam muito na época e era comum que eu e meu irmão ficássemos brincando pelas plantações do vilarejo, Norberto sempre amou a natureza.
Depois das grandes expedições para Svargrond, muita gente tirou os olhos das riquezas de Senja. Mas, o que vi quando desembarquei, era quase uma vila fantasma. Só sabia que não estava abandonada porque Anderson nos recebeu. Ele parecia um pouco mais aberto a conversar do que seu irmão mais velho, como ele estava ajudando a amarrar a balsa decidi esperar no balcão da marina.
Enquanto esperava, observava as casas logo ao lado da marina, reparei que algumas janelas estavam lacradas com tabuas de madeira pregadas do lado de fora. Notei também que há muito não limpavam a neve das ruas, o que deixou a névoa mais intensa. Certa vez ouvi falar sobre um lugar a oeste de Carlin, onde uma rainha antiga havia sido enterrada, diziam que naquele lugar a névoa era espessa e nunca cessava. Talvez Senja tenha se tornada igual àquele lugar. Bizarro.
Depois de alguns minutos, Nielson entrou pela porta atrás do balcão da marina e, seu irmão, Anderson, se dirigiu a mim com um sorriso alegre no rosto, um comportamento mais senjiano, finalmente. Não pude me conter, logo perguntei para ele o que acontecera com o vilarejo. Ele me disse, brevemente, que depois de Svargrond, mais da metade dos habitantes haviam ido embora, por acreditarem que teriam mais e mais riquezas por lá.
Sim, Senja nunca deixou de ser próspera, mas nós, humanos, sempre queremos mais. Muito se fala da ganância dos anões, mas nada se compara a nossa. A única diferença entre as raças é que nós negamos nossas intenções, o povo das escavações não. Então ele me disse que a alegria do povoado ia embora a cada dia que se passava, mas não era esse o maior problema. O medo se instalou por lá havia pouco tempo.
Tudo começou com a família de trolls de gelo, que nunca haviam se comportado de maneira agressiva com nenhum habitante humano. Anderson me disse que num dia de trabalho, como qualquer outro, um dos trolls mais fortes atacou um pequeno grupo de lenhadores, sem nenhum motivo aparente. Até aí, tudo poderia ser facilmente resolvido, mas os ferimentos dos lenhadores nunca cicatrizaram e, a cada nova fase da lua, essas feridas pareciam ficar mais intensas e os gritos de dor assombravam todos do povoado, o que afastou ainda mais as pessoas.
Com isso, as madeireiras pararam de operar e, com pavor, muitos habitantes voltaram para o continente, ou seguiram para Svargrond. Poucos sobraram e eu torcia, com todas as minhas forças, que meu irmão ainda estivesse por aqui e bem. Anderson me deu informações valiosas. A primeira era que as casas lacradas eram a dos lenhadores, que, numa tentativa desesperada de se curar, tentaram se proteger da luz da lua.
Outra, era que Norberto, meu irmão estava bem e continuava na ilha, inclusive era a maior esperança de cura dos homens que sofriam com a doença misteriosa, chamada pelos senjianos de peste da lua. Ele havia se especializado em artes naturais com plantas e ervas e, recentemente, descobrirá uma flor élfica, chamada de flor-da-lua, que tentava plantar em nosso antigo quintal.
Poucos minutos separavam a marina e a casa em que eu nasci, na fronteira leste do vilarejo. Passo a passo me aproximava foi quando pude ver, um homem grande, muito forte, ajoelhado na terra arada, observando atentamente pequenas flores de um verde reluzente que havia ali. Falei com certa timidez seu nome, e Norberto rapidamente se virou num pulo, olhou para mim e sorriu um dos sorrisos mais largos que já havia visto.
Vinte anos se passaram, e ele era muito diferente do que eu lembrava, sua barba era espessa, sua voz muito mais grossa e, ele era enorme. Porém, seu sorriso, era o mesmo. Norberto sempre fora o mais bem-humorado de nós, nada o abalava, nunca. Aparentemente nem a depressão fantasmagórica desse lugar.
Ele esqueceu das plantas e entramos em casa, sim, meu lar. Jogamos conversa fora por horas e mais horas, ele me preparou um chá que renovou meu ânimo, parecia que eu tinha dormido por dias na melhor cama de penas que poderia existir. E, depois disso, perguntei a ele sobre tudo que estava acontecendo em Senja e disse, também, que não pude deixar de reparar que o muro da vila estava reforçado e que, onde antes havia apenas um vão, hoje tinha um enorme portão de madeira.
Ele me disse que os poucos habitantes que restaram lá estavam com muito medo dos trolls e que, numa votação em praça pública optaram por se isolar dos outros ambientes da ilha. Nielson trazia suprimentos de Carlin a cada semana e Alawar, o governador de Senja, estava desaparecido há muito tempo. O povoado estava nas mãos do próprio povo.
A noite estava em seu ápice, cada vez mais sombria. Era possível ouvir gritos distantes. Norberto me disse que eram os lenhadores e que toda noite era igual. Logo meus ouvidos se acostumaram e peguei no sono no sofá da sala. A casa era menor do que me lembrava e não haveria uma cama para mim, mas ali estava ótimo, no clarear do próximo dia eu investigaria mais sobre o que estava acontecendo em Senja, mas por hoje, tudo que eu precisava, era dormir.
Acordei num pé, assustada com um enorme estrondo. Ainda estava escuro e o barulho altíssimo não era muito longe. Norberto saiu do quarto correndo, me olhou e logo percebemos a origem do barulho. Os portões de Senja. Peguei meus equipamentos no chão, equipei-me com meu escudo de madeira forjado pelos anões de Kazordoon e minha espada de Carlin e nos dirigimos para fora da casa. Assim que saímos ouvimos o o rugido ensurdecedor.
“Broaaaaar”.
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Spoiler do Capítulo III: Terror. Não havia palavra mais adequada ao que sentimos quando nos aproximamos da entrada da caverna.
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Espero que gostem!![]()
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