
Postado originalmente por
Bob Joe
Aí que está o problema que eu acredito que alguns apontam.
O erro primordial é achar que a leitura tem como objetivo único a síntese do conhecimento. O hábito de ler esse tipo de conteúdo, por si só, já é um exercício cognitivo muito mais rico do que ouvir alguém falar sobre alguma coisa. Isso porque a visão de youtuber sobre uma obra ou corrente de pensamento é a interpretação dele. E não interpretação no sentido de entendimento inicial mas sim no sentido de abstração e de todas as associações que podem ser estabelecidas. Nando Moura e Rafael Hide leram Mises e Rothbard. Um é cristão e conservador, o outro é anarcocapitalista. O que está perdendo a nível de entendimento quem concorda mais com um do que com outro mas não leu os dois autores?
Mais de uma vez já me deparei com a seguinte situação: youtuber comenta sobre um assunto, explicando de uma determinada forma. Quando leio a fonte original, tenho uma interpretação totalmente diferente do youtuber.
Entretanto eu concordo que ouvir esses caras é ótimo e trás conhecimento, principalmente quando são pessoas inteligentes. Eles só não podem ser a referência final. Nada é mais rico do que a literatura.
E cara, chamar quem crítica conhecedores de Wikipédia e youtubers de elitista é meio estranho. Pagar Internet é mais caro do que ir em um sebo e comprar livros. A própria Internet oferece livros de graça. Essa ideia que cultura é coisa de rico é o que aprisiona o brasileiro de classe baixa na ignorância.
P.S.: esse post não é indireta pra ninguém e nem sei qual é o caso do autor do tópico.
Talvez o meu comentário tenha dado a impressão de que eu coloco a mídia "livro" no mesmo patamar da mídia "vídeos de YouTube", mas não é o caso.
Na verdade, eu concordo com quase tudo que você falou. Também não acho que Youtubers devam ser a referência final pra ninguém, ao menos pra quem queira realmente se aprofundar em algum assunto.
Dito isso, acho que o problema está quando se começa a pensar que um livro,
puramente pelo fato de ser um livro, é melhor no quesito aquisição de conhecimento, ou quando se considera vídeos de YouTube inferiores só porque o conhecimento está sendo passado por um piá de 20 e poucos anos. Livros também tem seus problemas, seus autores também podem estar enviesados, e você tem livros e livros.
Foi mais ou menos isso que eu quis dizer com o "elitismo", não tem nada a ver com o ponto de vista econômico. É a mentalidade de "eu li um livro sobre isso, portanto sou melhor do que você que só viu uns vídeos". Eu não acho que isso seja necessariamente verdade. Como eu disse, acho que muito do conhecimento de um livro pode ser sintetizado de maneira adequada num vídeo, e as vezes o cara que viu o vídeo até compreende melhor algum assunto do que o que só leu o livro.
Acho que esse tipo de preconceito com youtubers disseminadores de conhecimento, que se vê bastante por aí, desvaloriza o que esse formato tem de melhor: ser acessível para pessoas, principalmente jovens, que não tem muito o hábito da leitura e que podem, através dos vídeos, virem a interessar mais e, quem sabe, até começar a ler uns livros.
Afinal o que eu já vi de gente que começou a ler sobre política, economia, história por causa desses Youtubers não é brincadeira, então acho que desmerecer o trabalho deles, ou quem se informa através deles, é sacanagem.