Aham, vamos continuar...
Bem, vou postar aqui o proximo capitulo, que terminei de escrever.
Eu o escrevi sob o efeito de Curió, a única bebida com 97% de teor alcólico.
Sobre a sugestão do Jotinha sobre "Notas do Autor", saiba que as notas eu coloco aqui mesmo, no começo ou no final do post. Mas baseado na sua sugestão eu fiz um "Glossário", assim como Virgo Shaka faz (sem querer aproveitar da sua idéia... Foi o público que pediu).
Estava pensando em postar esse capítulo apenas no final de semana, mas como o pessoal tá tudo postando novos capítulos por causa da enquete, resolvi nao ficar pra trás e postar o meu tambem. Nem por isso o capítulo está corrido, muito pelo contrario! Passei algum tempo pensando em como fazê-lo e espero do fundo do meu coração que ele tenha ficado bom.
Nem por isso deixem de falar mal (odeio a palavra crítica, em todas as cirunstancias...)
Capítulo III – O touro que queria ser homem
(de Iregarn)
Aquele que aqui escreve é Iregarn, ex-membro da infantaria de Daltaboa, comandada por Trakull. As chagas das batalhas passadas ainda não cicatrizaram por completo e, temo eu, que abram novamente com esses combates a serem travados. Todos esses ferimentos... Esses cortes profundos em minha carne são lembranças da maior de todas as derrotas que nós, os minotauros, já sofremos em todo o nosso percurso de vida. Lembro-me do dia em que saímos de Daltaboa, ao norte da recém fundada fortaleza élfica na área pantanosa do outro lado do deserto que nos separa da cidade humana ¹, para lutar a nossa mais catastrófica batalha. Eu me encontrei com Dottweigguin, meu grande amigo; de velhas viagens, que hoje luta pela cidade de Mintwallin, sobre o comando de general Palkar.
Saímos rumo a Kazordoon, onde os anões nos esperavam para um combate com o fútil objetivo de se apossar das terras alheias. Antes da batalha, estávamos incrivelmente confiantes, pois contávamos nela com os dois maiores generais minotáureos de nossa era: Palkar e meu mestre Trakull. Assim como eu mantenho minha fé em Trakull até hoje, Dottweigguin mantêm a sua fé sempre vinculada a Palkar: Realmente os dois são muito fortes e, eu acreditava que a batalha seria fácil. Posicionamos nossos exércitos rentes à montanha onde era enterrada a fortaleza de Kazordoon e vimos os anões posicionados em seus cavalos enormes, totalmente desproporcionais ao tamanho das criaturas. Também podiam ser avistados anões no alto da montanha, o que me levantou suspeitas para algum plano estranho arquitetado por eles. Foi assim que, ao iniciar da luta, surgiram enormes catapultas atirando pedras enormes, o que fez Trakull se distrair por alguns instantes e ser atingido por bestas que cravaram em seu peito. A próxima ordem foi para recuar as tropas, perdendo a batalha – Mas, como diriam os sábios catedráticos das guerras: Perdemos a batalha, mas a guerra ainda não se encerrou. Uma semana depois, Trakull se recuperou dos ferimentos emanando uma energia furiosa terrível, que simplesmente, assustou aos anões e se revelou imbatível na batalha do dia seguinte, novamente travada contra aquelas nanicas criaturas que tínhamos perdido anteriormente. Eu e meu amigo Dottweigguin seguimos ao combate com os anões, eu atrás e o outro na frente, cobrindo e bloqueando. Com seu poderoso arco-cruzado feito de madeira alva e nobre, Dottweigguin dilacerou os corpos daqueles seres, além de decepar seus membros com alguns golpes. Eu também, minha grande espada de dois gumes em que eu era obrigado a usar as duas mãos, despedacei as cabeças dos anões, atacando com investidas e cortes velozes, matando-os. A batalha estava sob o nosso controle – Aliás, eu notava que mestre Trakull matava a muitos anões – mas isso logo se reverteu contra nós. Não sei como nem porque, mas sei que meu mestre abandonou a luta bem no meio. Obviamente ficamos abalados, juntamente com general Palkar, que não conseguiu comandar os exércitos com tanta firmeza, já que faltava uma peça-chave para tudo acontecer como deveria. Um machado fincou em meu ombro e cai. Senti como se a machadada tivesse arrancado meu braço fora. Caído, só ouvi o barulho de Dottweigguin sendo derrotado também, caindo no chão e sendo esmagado pelos galopes dos cavalos em que os anões estavam montados. Desacordei e só abri os olhos novamente quando eu estava deitado em uma confortável cama, em um quarto iluminado por um castiçal de ouro.
Eu simplesmente acordei em uma cama de palha... Mal conseguia abrir os olhos. Tentei me mexer e eu sentia o meu corpo cansado, como se há tempos não se mexesse nem saísse do lugar. Provavelmente eu tinha dormido muito, muito mesmo. Olhei para os meus lados e vi um criado-mudo, onde ficava apoiado um lampião aceso. Meus olhos se ofuscaram ao se virarem para aquela forte claridade, me obrigando a virar o rosto e apagá-lo, assoprando o fogo que ardia em seu interior. A escuridão envolveu o quarto, o que destacou o as planícies além da janela que ficava atrás de uma singela porta de madeira. Estava tudo cândido, alvo com o que parecia neve além daquilo – E realmente era. Como que de repente, a porta se abriu, e de lá saiu... Sim, saiu de lá meu mestre Trakull!
– Ora, até que enfim você acordou, soldado. Fico feliz por isso. Eu e meu mestre pensávamos que você tinha caído em sono eterno – Disse ele, entrando na sala e acendendo a luz do lampião. Achei estranho, ele ali, além do mais, ele parecia não ter óleo para gerar aquele fogo... Não disse nada, já que também não saiam palavras de minha boca –... A luz o incomoda?
–... Não muito... – As palavras saiam secas.
– Bem, coma seu queijo ² e recupere suas forças... Quando você estiver melhor, não venha a mim, irei até você e explicarei tudo.
Eu não sabia onde estava e nem mesmo fazia idéia disso, mas mesmo assim não me fazia essas perguntas típicas. Simplesmente estava cansado demais para isso, parecia que meus olhos caiam e nada podia evitar isso: Assim se foi. Entrei em sono profundo e acreditem: sonhei ³. No sonho, eu não me via assim como sou, eu me via diferente. Eu me via um humano. Eu via-me andando ereto sobre os campos, pisando na grama e não deixando rastro ao tirar o meu pé. Sentia-me feliz e alegre, juntamente dos outros humanos que andavam ao meu lado, todos eles me aclamando como rei, como o senhor absoluto de todas as forças alheias. Eu era homem, não tinha problemas, não sofria com a fúria... Eu era feliz. Como por mensagem, me senti realmente homem e me familiarizei com ele, amando-o e considerando perfeito. Comecei a aceitar aquele sonho como realidade, enterrando o meu pé da terra e sentindo-a entrar pelos vãos dos meus dedos, não as esmagando com aqueles meus cascos cheios de ferraduras. Ah, sim, a alegria de ser um real alguém: amei o homem, como se fosse um. Mas a ilusão acabou-se, acordei feliz, mas toda a fantasia cessou-se ao me ver no relance da verdade. Tristeza, eu senti. Por que eu não poderia ter nascido homem, se daquele jeito eu me sentia bem melhor? Talvez por que o destino é tão cruel assim? Sim, apenas não brotou lágrimas no meu rosto porque eu era um minotauro: minotauros não choram, eles matam e riem sobre os cadáveres. De súbito, duas pessoas adentraram a porta. Apenas uma delas eu conhecia, era o meu mestre Trakull, acompanhado de um outro minotauro, com uma venda roxa nos olhos, e mais acentuadamente curvado, revelando idade.
– General Trakull! – Disse eu, revelando a voz que antes não saia. Nessa exclamação não procurava apenas a surpresa de ver meu mestre novamente, mas também o acuo que eu tentava achar depois do sonho que me deprimiu tanto.
–... Iregarn, não me chame mais assim, minotauro! Eu agora não sou mais o general sangrento do exército de Daltaboa, eu sou Tra’kull, o eremita seguidor do Mooh’Tah! – Bem, como se o modo de falar de Trakull e Tra’kull fosse tão diferente assim.
– Mestre... Tra’kull...? – Disse eu, não sabendo ao certo o que dizer.
– Sim, Iregarn, você ficou muito tempo desacordado, eu diria muito tempo mesmo. Simplesmente quando eu cheguei aqui, em Folda, já o encontrei deitado nessa cama. Precedi meu treinamento por mais três longos meses e você continuou em sono profundo, só agora acordando.
– Mas, mestre... Por que o senhor está treinando? Achei que sua força era insuperável. Você é um dos mais fortes de todos os minotauros, igualando-se até mesmo ao general Palkar, das terras de Mintwallin...!
– He, he, he... Realmente o jovem está confuso, Tra’kull. Deixe-me explicar-lhe tudo, está bem? – Disse o velho minotauro aparentemente cego, que estava ao lado do general.
– Sim, mestre Akkor...
Assim passou-se o evento. Não me lembro ao certo o que o minotauro disse a mim, apenas me lembro dele ter se apresentado como Akkor e ter dito também que ensinaria a mim uma doutrina nova, assim como foi ensinada para meu mestre. Claro que também me recordo de quando ele disse que eu fui encontrado por ele perto das montanhas de Kazordoon, caído junto de defuntos e totalmente desacordado, entre a vida e a morte. Eu teria morrido, talvez, se não fosse por ele, que me acolheu e, com sua medicina aprimorada, me curou mesmo a custo de muito tempo. Finalmente tenho a vida!
O que se seguiu resumiu em um treino que eu jamais tinha feito igual. Na época em que eu treinava nos campos de concentração de Daltaboa, tinha que carregar vigas do tamanho de cordilheiras e respirar brasa nas crateras dos vulcões, onde eu treinava saturar lava e magma. Aqui, eu tinha que sentar num campo gramíneo, suspirando frases de amor e cantando poesias para conter a cólera, que vinha contra mim mesmo por fazer coisa tão ridícula. Com o tempo, fui me controlando, mas tinha algo que me tornava diferente de meu mestre Tra’kull. Este treinava para ser um exemplo de minotauro e melhorar os demais. Eu treinava não para ser um exemplo de minotauro, mas sim para cada vez mais eu me igualar ao homem. O pensamento obsessivo por me transformar em um ser de outra espécie não deixava minha mente...
Passaram-se anos de alento, entusiasmo criador e filosofia...
“[...] Tanto nas árvores como no fundo de nossos corações brilha a mesma chama de vida. Essa chama de vida tem aspectos diferentes, assim como a árvore é enraizada, somos obrigados a correr e lutar. Enraizar não é solução, fé escolha e força vital não aceitam. Aceitar o destino de lutar não está certo. Mudar o destino é certo, mas não torná-lo inferior ou ignorá-lo [...]”.
Essa é a frase no Mooh’Tah que condena todos os meus atos, aceitar como é para mim não é nem nunca foi uma solução. No final de meu duro treinamento, me via alguém diferente. Sim, me via alguém mais humano: só faltava um corpo. Durante todos esses anos que precederam, Tra’kull sempre se orgulhou de ter-me como discípulo, mas eu via que o velho ancião Akkor me via diferente. Não sei ao certo, mas é como se os seus olhos cegos que não podem enxergar revelassem o que eu realmente sentia em relação aos minotauros: Não, eu tinha que ser humano.
Meu tempo em Folda tinha acabado. Não levei nada, apenas minha presença e minha sombra. Despedi-me de Tra’kull. Esse me aconselhou a jamais me deixar persuadir pela fúria novamente, espalhando o Mooh’Tah por todo o Tibia. Disse que sim, mas eu partiria em outra viagem. Buscaria ser homem. Saí da cabana, abandonei tudo, mas alguém me barrou logo na saída, na minha entrada em uma canoa que ao ser remada, me levaria para o continente. Esse era Akkor.
– Já está indo? – Disse ele, sabendo meu local de estada.
– Sim, grande mestre.
– Sabe aonde deve ir? – Seu tom de voz inevitavelmente se referia àquilo.
– Eu... – Ele sabia o que apenas eu sabia. Quero dizer, somente nós dois sabíamos agora –... Eu sei – Tinha afirmado tudo aquilo que tinha se passado. Estava certo que eu tinha nascido em um corpo errado, talvez aquele não fosse mesmo o meu verdadeiro eu. Talvez eu realmente tivesse nascido para ser um humano.
– Bem, boa sorte – E veio a pausa assassina –... Tome cuidado, também.
E foram com essas singelas palavras que ele se despediu de mim. Desde então nunca mais vi Akkor e meu mestre Tra’kull, mas um dia ainda os verei, afinal, minha jornada por me tornar humano mal começou. Estou hoje na trilha dos deuses, ouvi dizer que somente eles podem mudar meu destino. Sim, destino... Vou procurar Nornur. Será difícil convencê-lo, mas conseguirei arrancar-lhe um corpo de homem para mim. Eu espero ter feito a minha parte como aprendiz do Mooh’Tah. Sei que apenas que depois disso Tra’kull e Akkor sairão em busca de novos alunos, todos pela busca do controle da mente e coisa e tal. Ah, sim, não mais ouvi falar de meu grande amigo Dottweigguin. Espero que ele ainda esteja vivo. Pairar em blocos de madeira estreitos já foi feito, só me resta usar uma luva de cinco dedos e calçar uma bota de couro.
Glossário
¹ Para especificar mais a área nos dias atuais, ela se localizaria ao leste da cidade de Venore. Naquela época, as terras todas existiam, incluindo Tiquanda e Ankrahmun, só depois da guerra elas submergiram e só restou a área da cidade Tibiana (atual capital Thais) e a das Planícies de Havoc.
² O queijo minotáureo é de grande sabor e requinte, comumente degustado pela nobreza humana. Grandes lendas envolvem as suas receitas e seus ingredientes. Uma delas, diz que eles (os queijos) não são feitos de leite, mas sim de terra e fezes dos próprios minotauros.
³ É muito raro um minotauro sonhar. Quando ele dorme, ele cai em um sono profundo e só acorda depois de horas ou até mesmo dias depois. Para compensar isso, eles podem ficar acordados por longas luas e ficar de pé por muitas batalhas seguidas. Voltando ao assunto dos sonhos, dizem que quando um minotauro sonha, significa que os deuses estão o chamando para algo, ou pode-se dizer que ele também está louco ou com alguma doença mental.
__________________________________________________ _______________
Está aí.
Diferente de "A História de Fa'Diel", não planejei a história tudo de uma vez pra nao ficar uma porcaria no final. Falem tudo o que tem para falar aí para mim melhorar no próximo, ok?
Obrigado e passe mais vezes...
Caboom
:mad2::mad2::mad2:
Publicidade:
Jogue Tibia sem mensalidades!
Taleon Online - Otserv apoiado pelo TibiaBR.
https://taleon.online







Curtir: 




ow...se zuo o naruto?