Estava bolando um tópico sobre isso no exato momento que o Angus fez este. Por isso, pra não duplicar, vou colocar o que eu já tava escrevendo aqui.
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A hipótese de que o filho adolescente seja o autor do crime é a principal linha de investigação da polícia. Ainda falta o retorno de alguns exames, como os toxicológicos, mas, segundo a polícia, tudo aponta para um caso de parricídio.
Agora vem a questão: as coisas simplesmente não batem. Seja pelo choque de negação ao notar que um crime tão brutal como esse tenha sido cometido por uma menino de 13 anos, seja pela falta de consistência nas evidências levantadas pela Polícia.
Lendo alguns textos pela interwebz e conversando com meu pai, que por muito tempo foi perito criminal, é notável como há uma (ou várias) peça(s) desse quebra-cabeças que alguém deixou pra trás quando resolveu apontar o garoto como o autor. Alguns pontos:
- As vítimas tem sinais de execução, com disparos perfeitos na cabeça. Isso não é algo normalmente encontrado em vítimas assassinadas por conhecidos, porque eles tendem a hesitar e o disparo é impreciso, às vezes de raspão ou baixos demais (na altura do pescoço ou peito). Sem falar que um garoto de 13 anos dificilmente teria a perícia e a força necessária para manusear uma pistola .40 com tanta acurácia.
- O garoto não era violento e nem aparentava comportamento hostil ou anormal. Quando foi à escola no outro dia, os professores não notaram nada de estranho. Pessoas que cometem crimes de execução geralmente já tem um comportamento anormal, notado muito antes de comer um crime. Vide os autores dos massacres em escolas/universidades americanas.
- O pai, a tia-avó e a avó foram encontrados mortos na cama, o que indica terem sido baleados durante o sono. Porém, a mãe estava morta em posição de subjugação, de joelhos, ao lado da cama do casal. A polícia fala que a mãe teria se atirado sobre o corpo do marido antes de receber os disparos. Os parentes estavam em cômodos diferentes, o que quer dizer que houve um intervalo considerável entre as mortes, quando o som dos tiros poderia ter despertado alguém da casa. Isso muito estranhamente não aconteceu. O garoto provavelmente foi (muito) rápido.
- Depois do crime, o garoto, que tem 13 anos, teria usado o carro da família, estacionando-o em uma rua próxima da escola onde estudava. Ele teria passado a madrugada dentro do carro, e só saiu próximo das 7h da manhã para ir à aula. Problema: supostamente um garoto de 13 anos não é habilitado a dirigir um carro e talvez nem tenha essa capacidade. Outro problema: o guri passou cerca de seis horas dentro do carro sem fazer nenhuma necessidade fisiológica ou sair (não foram encontrados sinais disso, diz a polícia) e ainda trocou de roupa, colocando o uniforme da escola (?!?!).
- Pra voltar da escola, ele pegou carona com um pai de um colega. O garoto teria dito para o pai não buzinar, para não acordar os pais. Isso é realmente estranho. O garoto provavelmente não queria chamar a atenção. Ele estaria querendo encobrir o fato de que os pais não responderiam à chamada ou foi uma medida de proteção dele e do pai do colega contra algum possível assassino que estivesse dentro da casa aguardando pelo retorno do garoto?
- O garoto foi encontrado em posição fetal, deitado de barriga sobre a cama e a arma. Não precisa ser nenhum perito pra saber que um disparo de suicídio não resultaria em tal posição fetal. A tendência é cair no lado contralateral do disparo, com pelo menos o braço que segurou a arma esticado. Entretanto, é complicado até estabelecer a posição que o garoto estava antes.
- A "limpeza" da cena do crime é assustadora. Isso é inegável. Matar quatro pessoas com tiros certeiros, deixando o resto da casa arrumada e os corpos em posições "neutras" (ou seja, não houve correria, nem embate físico), é algo que guarda um profissionalismo macabro.
Por fim, ao meu ver, sobram três opções:
a) o garoto é o assassino (é a hipótese considerada pela PM, baseando-se no frágil sinal de que não houve arrombamento, por isso o assassino teria que ser íntimo).
b) o garoto sofreu coerção, isto é, foi pressionado ou induzido, por alguém para cometer os crimes, e esse alguém provavelmente estava presente (relativamente plausível, visto que a família é de policiais, treinados para se defender, e usar o garoto seria algo totalmente inesperado).
c) o assassino foi um terceiro, que elaborou a cena do crime para induzir a polícia a pensar na hipótese de parricídio e suicídio (parece coisa de filme, mas há de se considerar, levando em conta a "limpeza" da cena do crime e o fato do garoto ter ido a aula no outro dia e retornado para casa pedindo para o pai do colega não buzinar -- como se o assassino tivesse mandado a criança ir até a escola para mostrar que estava 'tudo bem').
Enfim, essa é a minha visão, totalmente amadora e limitada pela observação de fontes não confiáveis e discussões com amigos.
Sintam-se livres para dissertar.