Os olhos de Sara
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Prólogo
Não posso dormir. Não posso dormir de jeito nenhum. Sara escorava-se desconfortavelmente na cabeceira metálica de sua cama, olhando fixamente um ponto qualquer no teto, a fim de não acabar caindo no sono sem querer. O frio toque do metal em seu pescoço causava-lhe arrepios, embora a noite fosse amena, e as grandes janelas de vidro de seu quarto estivessem fechadas. Já fazia dois dias desde que ela havia dormido pela última vez, e seus olhos estavam pesados e vermelhos. Se dormisse, sabia que acabaria se entregando aos seus demônios de sonho.
A noite passava enquanto Sara permanecia acordada o máximo que podia, por vezes quase cochilando, equilibrando-se na tênue linha que separa o consciente do inconsciente, onde residiam seus pesadelos. Por fim, ela acabou vencida pelo cansaço, e um espasmo de medo percorreu-a quando percebeu que sua fútil luta tinha chegado ao fim. Fechou os olhos, e os fantasmas do sono a engoliram. Não posso...
Encontrava-se no alto, muito mais alto do que algum dia lembrava-se de ter estado, como uma lua luminosa que contempla o mundo abaixo. Acima dela, os sóis, Fafnar e Suon, iluminavam um vasto mundo que se estendia abaixo, um grande continente cercado por vários arquipélagos. Sara aproximou-se mais, e os detalhes do mundo foram aparecendo. Viu até mesmo sua cidade natal, Liberty Bay, ocupando uma ilha ao sul do continente principal.
Ela viu os grandes líderes das nações do mundo travarem guerras entre si. Aqueles eram tempos de conflitos. O continente estava dividido entre dois grandes reinados antagonistas e havia sangue em todo lugar. Os arquipélagos do sul não estavam livres, pelo contrário, pareciam ser o berço de todo o conflito, e era aonde havia mais fogo e morte.
No entanto, não era isso que mais a assustava em seu sonho. Sara já tinha idade para entender que homens guerreavam entre si, e em guerras sempre havia sangue e morte. Era inevitável. O que ela via era outra coisa, algo que a assustava profundamente, e que ninguém mais podia ver. Havia alguma coisa terrivelmente errada com aquele mundo, como uma força terrível e ancestral, apenas esperando o momento certo para devastar a terra, sem se importar um instante com seus habitantes, fossem eles homens, elfos, anões ou qualquer outro.
Da terra, em todos os lugares, fendas abriram-se, e delas saíam coisas terríveis, coisas que nenhum homem são poderia imaginar. Demônios retorcidos e de olhos amarelados, negros, verdes e vermelhos, com asas e sem asas, grandes, pequenos e gigantescos. Alguns carregavam tridentes, outros espadas e outros coisa alguma, mas todos soltavam fogo, e incendiavam vilas e cidades. Os grandes líderes, ocupados como estavam lutando entre si, nada viram, até que o maior de todos eles saiu de sua fenda, e encobriu o mundo com uma colossal sombra negra. Só então os homens viram.
Ao olhar para o enorme rosto da criatura, Sara sentiu um aperto na garganta e o medo a atravessou mais forte do que nunca, o medo que existe logo antes de se acordar de um pesadelo. A dantesca criatura saiu completamente de seu abismo infernal, e ela viu o que aconteceu com o mundo depois. Daquela vez, não acordou.
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