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Tópico: :Monheim:

  1. #21
    Avatar de Drasty
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    Desculpem qualquer erro tosco de português, mas nesse computador aqui tô sem o pacote com língua portuguesa não deu pro Word corrigir.

    Capítulo 2 - Antenas Para o Paraíso

    Era uma sala quadrada e bem ampla. Se fazia difícil enxergar o que estava no outro extremo devido à iluminação deficiente. Só havia uma lâmpada fosca no centro do cômodo e dali se expandia a única fonte de luz. No corredor apenas as sombras pairavam, ameaçando entrar pela porta e engolir o único homem que ali estava. Sentando numa modesta cadeira, ele batia os pés chatos no chão ritmadamente. Os cabelos encaracolados cobriam quase totalmente os fones de ouvido mergulhados nas orelhas.

    Em volta de si estavam mais de duzentos armários, todos lotados. Escapavam pelas frestas um odor repugnante. Talvez da coisa mais nojenta que já pisou na face da Terra. Elas estavam aprisionadas nessa condição para sempre, essa era a forma de pagarem por sua estadia. E embora cada uma delas tenha nascido e vivido diferente, no fim, morrem igualzinho a todas as outras criaturas. Me imploram perdão e pedem permissão para entrar em meus jardins. Pobres seres inocentes.

    O homem sentando na cadeira sentia-se sozinho e tinha medo. Não havia ninguém para trocar algumas palavras. No mundo todo, jazia apenas ele e os últimos minutos da bateria de seu Ipod. Minutos que ele deliciaria como o trago em um cigarro Marlboro ou um passeio numa BMW. Para este homem aquele aparelho era como a família que nunca tivera, um alguém que estaria para ele no momento de redenção, enquanto contava as horas para encontrar o fim da linha.

    Naquele momento, o disco de folk soava como uma despedida. Daquelas mais ríspidas do que confortantes. Mas para ele ao menos era uma despedida. Sabia que o agora não existia mais e o relógio não mais regulava a hora de levantar e de deitar. Os ponteiros não contavam mais nada, a não ser seu próprio tempo.

    A bateria estava quase no fim.

    Uma lágrima desceu pelo rosto cheio de espinhas do homem. Ele olhou para a tela estática do Ipod e quase pediu para que ele trocasse algumas sílabas com ele. Seria pedir demais para um amigo leal e sincero. O que ele poderia dizer? “Adeus, você se fudeu”. Era o que eu teria dito. Aposto que a própria mãe do infeliz teria dito o mesmo. Um pouco mais doce, mas no fim estaria dizendo a mesma coisa. Aliás, eu nunca entendi para quê tanta alegoria com as palavras, afinal de contas, não importa quem escrevia com mais brios, na minha hora, todos foram embora. E é assim que tem que ser.

    Eu tenho um pouco de vergonha e pesar sobre tudo isso. Podia ter sido tudo tão bonito, sem essas companhias de táxi e pastas de amendoim. Qual é o problema de um amendoim natural? Tem muita gente me questionando, mas eu não estou nem ai. Nunca disse que ia ser para sempre, ficam colocando palavras na minha boca. Desculpem, mas não encontrei palavras melhores: é foda.

    Finalmente acabou a bateria do rapaz. Agora chegou a hora, vai chorar ainda mais e vai me pedir ajuda, vai pedir para não sofrer. O cara batia carteira, comia Fandangos e nunca parou para me agradecer pela mulherona que eu botei na vida dele. Feio para burro, vivia falando que tinha sorte. Sorte. Eles acreditam em cada coisa.

    Coitado também, é só um homem. Deve estar realmente arrependido de toda a porcaria que fez. E talvez abrisse mão daquele último disco por um dia a mais. O que é que eu vou fazer? Todo mundo teve sua hora, chegou a vez dele. Só falta ele.

    A luz da sala falhou duas vezes e depois apagou-se. O homem limpou o nariz sujo e passou a mão suada sobre a face. Agora na escuridão, o cheiro de morte o incomodava. Tinha se decidido, enfim. Não iria implorar para mim. Ótimo, pelo menos o sujeito é justo e viu que não fui eu que fiz besteira.

    De súbito, levantou os dois magros punhos ao teto. As mangas da camiseta escorregaram e depois ficaram presas nos cotovelos. O pranto cessou. Sorte minha. Assim mesmo ele esperou sua vez, tremendo sobre os calcanhares. Eu sou justo. Sempre. Então vou ao menos dar mais um minuto para ele curtir o ar que entra pelas narinas.

    Finalmente, ele pulou e balançou os braços alucinadamente. Dançava cantarolando, bêbado de pavor. Saltitava quase flutuando e já parecia livre do corpo que tinham lhe dado. Ainda não tinha aceitado o fim iminente, sem mais nem menos. Contudo, estava debochando de mim e daquele minuto adicional. Eu tive que rir.

    Deus te abençoe, rapaz. E a mim também.

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    Última edição por Drasty; 24-04-2010 às 14:02.

  2. #22
    Avatar de Emanoel
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    Fechou com chave de ouro, achei o melhor entre os quatro capítulos.

    Você foi descrevendo uma situação ambígua, abriu margem para novos pensamentos a cada frase, tudo bem construído. A mudança de narrador heterodiegético para homodiegético caiu como uma luva, assim como a maneira mais ríspida de retratar a situação (defendida pelo próprio personagem). A referência é leve, mas sincera e coesa, exatamente o que faltou em "Adormece".

    Talvez caia mal para quem nunca ouviu o álbum ou ficou esperando algum tipo de conexão direta entre as histórias, mas achei o resultado disso aqui bastante positivo.

    Parabéns por ter finalizado mais um projeto na seção.

  3. #23
    Avatar de Ldm
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    Capítulo confuso.

    A princípio, parecia narrado em terceira pessoa; quando o narrador mudou, houve um pequeno choque, até porque eu considerei as primeiras frases em primeira pessoa como erros.

    O narrador gerou dúvidas. Quanto mais o texto avançava, mais certeza o leitor tem de quem está a narrar os últimos momentos de vida do último homem na Terra; porém, a última frase do texto lança a dúvida no ar; não sei se foi uma ironia ou deboche do próprio narrador, ou até mesmo um erro de interpretação pela minha parte. Mesmo assim, a frase valeu; impactou o leitor.

    Você fez analogias que não pude compreender; não sei se foi proposital ou não. Pareceram interessantes, mas ficou muito subjetivo; talvez a ficha não tenha me caído.

    A pontuação utilizada (pelo menos nos primeiros parágrafos, onde eu realmente me preocupei com estrutura) não me agradou. Tornaram o texto seco, brusco; e não é deste capítulo. Talvez fosse mesmo a sua intenção causar este efeito, mas demorei para realmente entrar no clima da narrativa e prestar atenção no enredo.

    Também sugiro você não fazer menção a marcas específicas, como você fez com Marlboro (que foi escrito errado), BMW, Fandangos (que foi escrita foi letra minúscula) e até mesmo com o estilo da música (folk). É claro que pode ter havido alguma intenção ao mencioná-las, mas não ficou tão óbvio — ao menos para mim.

    Acho que ficou mais claro a sua intenção neste projeto. Embora as histórias não tivessem, aparentemente, relação alguma, acabaram fazendo algum sentido.

    Destaque para algumas frases bem colocadas.

    Enfim, acho que vou parar por aqui. Todo o resto do comentário seriam apens especulações.

    Parabéns pela finalização de mais um projeto; acho que não posso chamar de, realmente, uma história.

    Alguns errinhos:

    no outro extremo devido a iluminação deficiente.
    Acho que seria craseado, porque "devido" exige um "a". Ou seja, "devido a algo"... E como "iluminação" é feminino, junto dois "as".

    Escapavam pelas frestas um odor repulgnante.
    Repugnante, creio eu.

    na face da terra.
    Seria com letra maiúscula.

    Daquelas mais rispidas do que confortantes.
    Faltou um acento.

    O que ele podiria dizer?
    O correto seria "poderia".

    cheiro de morte o encomodava.
    Incomodava.

    não estou nem ai.
    Faltou um acento.

    Ainda não tinha aceitado o fim eminente, sem
    Pelo contexto, seria "iminente", ou seja, "que está próximo".

  4. #24
    Avatar de Drasty
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    @Ldm

    Esses erros ai boa parte por culpa da ausência de um corretor e pouco de desatenção. Mas obrigado pelo comentário. As citações no texto se fizeram necessárias para o contexto geral, não tive como fugir delas.

    Quando eu construi a estrutura do texto achei que esse seria mais acessível e a mudanção do narrador me parece bem calma, não achei tão brusca assim. Acho que é uma questão de gosto.

    Se quiser fazer especulações sobre o enredo faça, seria interessante saber o que cada um entendeu.

    @Emanoel

    Não fui muito preciso em Adormecer, errei em alguns pontos e deixei algumas lacunas abertas, coisa que tentei não dar margem em Antenas para o Paraíso. E acho que com esse capítulo quem não ouviu o disco poderá tirar conclusões mais elaboradas. Bem, vamos ver.

    Obrigado pelo comentário.

  5. #25
    Avatar de Meltoh
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    Antes de mais nada, parabéns por mais um projeto finalizado na sessão.

    Agora, sobre a história, não entendi o propósito desse capítulo, assim como nenhum dos outros, e realmente não esperava entender, já que não ouvi a música com a qual a história se relaciona.

    Tudo o que posso comentar é que os textos foram muito bem escritos, o que já é esperado num texto seu.

    Infelizmente não posso falar muito sobre esse capítulo. Não vi relação com os outros e não entendi.

    Novamente parabéns pela obra. Aguardando sua próxima história.




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    Última edição por Meltoh; 27-04-2010 às 15:48.
    Leia minha roleplay :Terras Distantes

  6. #26
    Banido Avatar de Hovelst
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    Atrasado, mas foda-se.

    Nunca ouvi esse som e pra mim foram apenas um emaranhado de palavras. Eu interpretei tudo como contos independentes por não ter ouvido o álbum, e cheguei aqui pensando em achar coisas meio que interligadas, mas não vi correlação alguma, e mesmo que eu ouvisse o álbum, não me imagino vendo uma relação entre os textos. Até acho que não existe uma...

    Interpretando os textos separadamente, o que mais me agradou foi o Antenas para o Paraíso seguido por Estática. Foram os capítulos mais "pertubadores", se é que posso chamar assim, e mais bem escritos. Estática tem um final interessante, com o sangue frio de um assaltante ao mesmo tempo que a tensão assola o pescoço dele.

    O último capítulo gostei, apesar de ter achado confuso de início. Reli de novo e achei o modo que trabalhou as frases muito foda, e foi por isso que gostei bastante do capítulo. Ficou algo que deixava a dúvida se o cara morrera ou que tudo não passava de uma brincadeira.

    Já os outros dois, prefiro não falar, porque achei eles bem normais e sem sal. Fracos, melhor dizendo.


    Mas enfim...Senão fosse o clima mórbido e talvez apocaliptico dos capítulos, eu diria que não teria semelhança alguma entre os textos. Nem de longe eu encararia esses textos como uma história. São mais contos semelhantes parecidos.



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