Estou sem tempo agora pra ler os contos com calma e dar uma nota.
Mas reservo o espaço pra meus votos em breve.
@Steve: nas regras, na hora do copy/paste escapou um "Como os autores dos poemas só serão revelados após o término da votação", devia ser os autores dos contos, não?
EDITADO:
A Batalha dos Campos da Glória
True-Blue é um nome estranho para um conto medieval, mas como Tibia é fantasia pode-se admitir que os nomes vão desde complicados "suggested names" até um prosaico "Bubble".
Ainda assim, acho que a história ganha muito mais força (e vida própria, independente do jogo) quando os nomes vêm em português, como Legião Vermelha, Rocha de Ulderek e Colinas de Fêmur.
Não conheço as patentes militares em Tibia, mas achei estranho que meros tenentes (oficiais subalternos) fizessem parte do Estado-Maior de Bistur Kahs.
A história ficou ótima, com muitas passagens que alternaram descrições e pensamentos dos personagens perfeitamente.
A polaridade entre os atores principais funcionou muito bem: o idealismo fanático de Bistur Kahs (insanidade?) e o realismo cético de Harter, um homem do povo, um mero tenente preso na armadilha da história.
Só o desfecho não emocionou. Quando o narrador admite que seria pouco o espaço para tantos feitos heróicos, parece que desiste de emocionar e se contenta em retratar um final já previsto.O Fantasma do Corsário
O conto foi bem costurado e tinha um foco bem definido: contar a história de um sequestrado por piratas que conseguiu escapar com a ajuda de um fantasma.
Parece que faltou uma terceira camada ao conto. A ideia está boa, a narrativa flui naturalmente, mas faltou desenvolver os personagens.
Aí entra uma técnica que sempre lembro aqui: A história principal tem um trajeto definido (uso a metáfora da linha reta). Mas não basta isso, é preciso criar um ou vários pequenos acontecimentos paralelos, que vão circundando esta linha reta principal (uso da metáfora linha senoidal).
A linha reta mantém seu curso, inalterável, rumo ao desfecho imaginado. Mas neste meio tempo o escritor "confunde" o leitor com pequenas informações extras, que vão contribuir para a história principal nos pontos de interseção entre a senoidal e a reta.
A senoidal é que dá profundidade aos personagens, porque traz fatos relevantes destes, mas dispensáveis para a linha reta. E, talvez mais importante, impede que o leitor veja claramente o desfecho, criando uma cortina de novos acontecimentos e permitindo a surpresa.
O escravo sequestrado, apesar de narrador, não criou empatia com o leitor. Ele não tem nenhuma característica ou "gancho" que nos permita diferenciá-lo dos muitos outros personagens. É só um cidadão de Thais sequestrado.
Os piratas foram apenas piratas, mas aí não há problema, porque a função destes é só essa mesmo, serem os antagonistas.
Já o fantasma que possibilita a fuga merecia também ser melhor explorado. Não é fundamental, mas um fantasma louco e com um passado a ser revelado poderia ser a cereja que enfeita o bolo da história principal.
Em cinema, vários personagens secundários com este poder de carisma depois acabam ganhando seus próprios filmes, como o Wolverine, de X-Men.
Não digo para contar uma história dentro da história, porque pode se perder o foco, mas dar pequenas informações que façam o leitor pensar: existe um passado por trás deste cara.Sem Título
Houve grande preocupação em localizar perfeitamente o leitor que também seja jogador de Tibia.
Assim se conquista a simpatia deste e torna a leitura mais interessante para quem percorre as diversas referências ao jogo seguindo o enredo.
O lado negativo é que, com tantas citações, o leitor leigo em Tibia acaba perdendo o interesse.
As referências não têm tanta importância para o andamento da história, são como brincadeiras internas para os "iniciados" no mundo tibiano.
Como é uma categoria Tibiana, não vejo problemas nisso, apenas o conto fica com um público mais restrito.
Algumas passagens de diálogos e pensamentos me pareceram conflitantes, como quando o ânimo de Gorn murcha e logo em seguida sugere uma expedição.
Alguns sentimentos também me soaram forçados, um pouco melosos ou rebuscados demais, por exemplo: "Quase chorei"; "Um par de olhos penetrantes ... me avaliou. Senti-me como se estivesse nu".
Isso é questão de estilo, estou citando não como um defeito, mas é que as considerações do personagem criam a imagem que o leitor tem dele. Na hora que li achei que estava descrevendo um personagem efeminado (é possível que Gorn seja gay, não sei).
Colaborou com essa impressão o fato do guarda do palácio de Thais ter caçoado de Gorn e seus "bilhetinhos e flores para seus companheiros".
Mas no geral as situações descritas e divagações dos personagens se adequaram perfeitamente ao clima aventuresco pretendido.
O final anti-clímax foi uma boa sacada, poderia ter durado mais um pouco. A passagem entre encontrar a caverna que os próprios heróis haviam cavado e a revelação de que esta não levava a lugar algum foi muito rápida.De heróis e vilões
Uma coisa que notei foram as descrições dos personagens num modelo rígido de citar o nome em seguida de suas características físicas.
Acho que funciona bem num jogo de roleplay, mas num conto soa um pouco forçado. O ideal é o leitor saber destas informações sem nem ao menos se dar conta disto.
Por exemplo: Sonja era uma excelente guerreira e como todas as ruivas não levava desaforo para casa. Seu tamanho de deusa nórdica também ajudava a manter o respeito de homens e mulheres. Principalmente dos homens afoitos, que se iludiam com sua pele clara e feições delicadas e pensavam estar lidando com alguma jovem dama da corte.
Num parágrafo sabemos que Sonja é ruiva, jovem, alta e bela, além de guerreira e de temperamento forte. Tudo isso sem demonstrar que o narrador queria dar estes dados, que são secundários ao enredo mas importantíssimos para formar a cena no imaginário do leitor.
Sobre o uso de asteriscos para dividir as cenas, não gosto. Considero que a narrativa pode acontecer com clareza sem necessidade destes artifícios. A não ser que seja uma obra que faça uso extensivo de recursos gráficos, como tipos de letras diferentes, cores, asteriscos e outras tipografias.
Afora estas pequenas observações, foi interessante saber como o herói Linus derrotou Morgaroth e se tornou o sucessor do rei Tibianus.~*~Cerco em Carlin
Não entendi muito bem a parte que uma amazona diz que os orcs estão acampados há dias e por isso estariam fracos e com fome. Normalmente nos cercos quem fica sem suprimentos é a cidade sitiada.
Outro detalhe curioso é que, pela história, em Carlin as amazonas utilizavam os serviços de arqueiros homens.
O conto tem uma narrativa eficiente e, apesar da guerra, acredito que a ideia principal foi narrar a relação entre a rainha mãe e sua filha, o que só descobrimos no final.
Na realidade pouca ação acontece, e vários personagens e cenários nos são apresentados, como o grifo e a câmara secreta do feiticeiro Drulak.
Para ver como se pode aproveitar ao máximo a tensão dramática que uma espera pode proporcionar, sugiro o filme Te pego lá fora, que narra as 2h, em tempo real, em que um moleque de escola terá que esperar até o recreio antes de apanhar do valentão que o desafiou.
Se quiserem alguma coisa mais cult, tem Esperando Godot, uma peça do Beckett.
O ponto em comum é que o foco principal não é o que os personagens anseiam (seria como um McGuffin* do Hitchcock) mas sim o que a tensão proporcionada por aquele evento causa neles.
*McGuffin é alguma coisa muito importante para os personagens da história mas sem nenhuma importância para o desenrolar da narrativa. Muitas vezes um McGuffin nem sequer é mostrado ou explicado ao público.
Sinceramente, este concurso apresentou ótimos contos, sem exceção.
Não estou fazendo média, falo como um leitor que não tem gosto pela literatura tibiana, mas que se surpreendeu.
OBS.: Minhas notas estão no post abaixo, para ter destaque e o Steve conseguir ver.







Curtir: 




Responder com Citação