"Coisas para se ler sobre Tibia"

[Ace of Manaus]

- Fique quieto meu filho! - Era voz de meu pai grave e calma, como sempre fora. A voz que sempre soubera me acalmar, por mais assustadora que fosse a situação...
O silêncio da nossa humilde casa então, só era rompido pelo choro de meu franzino irmão, suplicando por leite. Atendendo a vontade de sua cria, a dedicada matriarca, punha pra fora da rota vestimenta o seio esquerdo - aquele que te amamentara nas noites em que teus deuses se mostravam cruéis – e mesmo ele já acusava sinais de esterilidade prematura, fatigado por anos de injustiça.
Eram tempos arduamente suportados, vivia-se olhando por cima dos homens, e por de trás deles; vez por outra os olhos cruzavam-se, mas insistiam em seu direito de enxergar dentro de sua própria carne, e apreciar a podridão nefasta a lhes tomar o que restava de humano.
Não fazia um longo período desde a criação do lugar - pouco mais de um século - entretanto, a fome fê-lo parecer uma eternidade, eternidade essa, repugnante e, no entanto, inesquecível. Como toada cidade, esta também teve sua glória efêmera - apenas uma - e indetectável pela própria efemeridade; bem como todas elas, as razões de ter sido fundada foram meramente políticas, ou seja: as idéias e ideais de sempre, à enfartar os pançudos em seus tronos e macular a alma de seus subservientes.É bem verdade que trabalhar para a elite se faz necessário, mas a cegueira do povo tem limites, e esta certamente o extrapolaria.
Contam os acadêmicos do continente – alguns poucos que raramente visitam a ilha para estudo - que o filho do Duque Vladimir, teria iniciado uma expedição para estudar a fauna e flora de distintas regiões das cercanias continentais. Bobagem!Todos sabem que não passava de um boa-vida e por ter espírito aventureiro descobriu por acaso a ilhota, após ter se perdido no oceano - ele mesmo não teria ido por vontade própria; os poucos navios a tentar alguma viagem por estas bandas foram destruídos impiedosamente pelos “monstros marinhos” o que tardiamente foram constatados como redemoinhos, decorrentes do encontro do mar quente que banha o oeste de Thais e o norte de Fíbula, com o oceano proveniente das “ilhas cristalinas”.O fato, é que após ter “descoberto” o tal lugar, Gedeon retornou, por sorte, com vida ao continente – há poucos que conseguem repetir uma façanha duas vezes (principalmente por casualidade) – e tratou logo de anunciar à seu pai que, prontamente, informou aos magistrados e no mesmo dia fora convocado à corte e convidado a explanar minuciosamente o seu feito.Pode parecer uma simples descoberta – de fato o era – mas naquele momento, e especialmente naquela época, tal acontecimento possuía uma função promissora; Thais e Carlin estavam em guerra havia 3 anos e não bastasse isso o reino sofria ameaça de revolta por conta da cidade de Venore; os cidadãos estavam indignados com os impostos, que realmente eram abusivos.Contudo, Venore era fonte de lucro certo; lucro que o reino thaisiense não queria perder.Sob estas circunstâncias, conquistar terras teria simbologia obvia de poder, poder este que fez reascender o brilho nos olhos do rei:
Mandem organizar uma expedição sob o comando de o nosso melhor marujo!
- E quanto à mim vossa majestade? – questionou Gedeon em falso tom de humildade e súplica.
- Ficarás no cargo de vice-capitão da expedição!E mais do que isso, seu nome ficará marcado para sempre nas páginas da história!
O burguês aventureiro sorriu com o canto da boca, havia um quê de sínico em seu sorriso, achava o rei um ingênuo, dava-se o trabalho de falar de glória, à Gedeon importava apenas ter para gastar. Seu pai, por outro lado, quase teve um infarto; tinham se passado longos anos desde o ultimo ato memorável de sua família, lutaram na Grande Guerra dois séculos atrás, um feito que aos poucos perdia sua viçosidade, por conta das vicissitudes da vida.
Ocorreu que, passado 1 semana e dois dias, a frota partiu do porto norte de Thais, -que mantinha comércio com Kazoordon - sob o nome de “Expedição Dínamo”.Equipados com os navios mais velozes da época e toda pompa dos grandes senhores, saiu a classe mais rica, - cerca de 3 navios - os demais estavam lotados de prisioneiros de guerra e criminosos que seriam a mão-de-obra, totalizando 12 navios.
E assim a esquadra seguiu mar adentro, sem ter idéia da sorte que os deuses lhes reservaram...


O texto era totalmente despretencioso, na verdade, havia tido uma idéia e acabei por desenvolver somente os fatos que antecedem a ideia, talvez continue, talvez não, é que não me agrada a idéia de sentir-me preso à coisa alguma... até mais e boa leitura.
:o

[Wu Cheng]

O tipo de letra e a falta de espaçamento entre os parágrafos dificultaram um pouco a leitura.

De qualquer forma, está escrito num português que busca um vocabulário mais amplo, o que é louvável, e construções corretas como "a fome fê-lo parecer uma eternidade" e "estavam em guerra havia 3 anos", que também é uma iniciativa de se elogiar.

Mas já que se prestou a ter um estilo mais "gramático", vamos dizer assim, capriche na revisão para não deixar passar alguns deslizes, por exemplo:

Fique quieto, meu filho!

[O vocativo deve ser separado por vírgula.]

Atendendo à vontade de sua cria

[A regência do verbo atender pede uma preposição "a", e vontade é uma palavra feminina que deve ser antecedida pelo artigo "a", formando a crase.]

a dedicada matriarca punha pra fora da rota vestimenta

[Não se separa com vírgulas o sujeito do verbo (nem o verbo do seu complemento, a não ser que haja algum elemento intercalado).]

que o filho do Duque Vladimir teria iniciado uma expedição

[Sem vírgula separando o sujeito de seu verbo.]

o que tardiamente foi constatado como redemoinhos

[O verbo constatar fica no singular porque o sujeito é "o que" e não "redemoinhos".]

O fato é que, após ter “descoberto” o tal lugar, Gedeon retornou

[Sem vírgula separando o sujeito (fato) de seu verbo (é), e vírgula isolando a locução adverbial deslocada do final.]

- Ficarás no cargo de vice-capitão da expedição!E mais do que isso, teu nome ficará marcado para sempre nas páginas da história!

[Seu diálogo começou na 2ª pessoa do singular, com "ficarás", então deve continuar na 2ª pessoa com "teu nome".]

Como pôde perceber, são pequenos detalhes que não influenciam no andamento da trama.

Não é do meu feitio ficar apontando essas filigranas, é que, no caso do seu texto, a correção gramatical pode se tornar uma marca de estilo que o habilita a voos mais altos: objetos pleonásticos, mesóclises extravagantes e regências pouco usuais.

Só que o leitor deve confiar que o português está perfeitamente escrito antes dessas aventuras do escritor.

Sobre a forma da narrativa, estranhei a passagem entre os parágrafos 4º e 5º. A história migrou da descrição de uma paupérrima cidade e do provável protagonista para as proezas de Gedeon num piscar de olhos, de maneira muito abrupta.

Se não me enganei demais com este prólogo, será uma história ambientada em Rookgaard.

Espero que continue, pois o texto é promissor.

[Drasty]

Parece que vai vir algo bom, mas só esperando pra ver.

No mais, eu achei a dissertação sobre a cidade bem enrolada e massante. Não gostei do jeito exagerado que você escreveu. O salto para o outro parágrafo foi bem desagradável também.

Enfim, aguardando por mais.