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Tópico: O Homem Eterno

  1. #21
    Avatar de Meltoh
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    Bom capítulo, apesar de não ter entendido algumas coisas, como a parte dos robôs e dos macacos. Mas não tem nada a ver com a escrita. Você escreveu muito bem. A propósito, você possui um amplo vocabulário e sabe usar muito bem as palavras. Parabéns!

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  2. #22
    Avatar de Emanoel
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    Seus capítulos me lembram episódios de séries como Mad Men e Six Feet Under, onde a ideia não é tão clara, mas as situações ― até as mais irônicas e esdrúxulas ― interessam pelo valor alegórico.

    Esse terceiro teve um quê de disse-não-disse, figuras de linguagem; talvez você não tenha percebido, mas acabou sendo mais complexo do que os anteriores. Ainda assim, manteve o ritmo e qualidade, o que só aumenta minha admiração pela história.

    Citação Postado originalmente por Drasty Ver Post
    E, Carlos admirava esse instinto de sua atriz.
    Citação Postado originalmente por Drasty Ver Post
    E, quase achou que não voltar a ouvir os barulhos do reinicio.
    Voltando a comentar sobre aquela rixa que tenho com a pontuação: iniciar uma frase com a quinta letra do alfabeto seguida por vírgula é o mesmo que fechar a porta da garagem bem em cima do carro. O narrador começa uma pausa, uma respiração, que não existe. Enfim, acaba sendo desgastante, trava o texto.

    Essa segunda frase, além da vírgula e do "reinicio" sem acento, parece ter sido mal formulada.


    Continue fazendo bom uso desse espaço que é o Histórias...

    Até.
    Última edição por Emanoel; 18-12-2009 às 04:59.

  3. #23
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    Obrigado pelos comentários.

    Capítulo IV
    Frágil

    Num domingo ensolarado, enquanto toda família participava de um banho de sol, Carlos estava trancado em seu escritório. Tão negro e vazio quanto seu coração. Em suas mãos, a foto de Valentinna sorrindo com uma expressão sufocante - de ser obrigada a parecer alegre - desenhada em seu semblante.

    Bastava olhar aquela figura para que seu humor aprumasse. O olhar fundo e perdido de sua amante lhe trazia paz verdadeira, diferente dessas pregadas em manifestações. Sentia sua alma alegrar-se.

    Mesmo assim foi inevitável. Ele voltou a pensar naquela crise na escola das crianças. Não era o tipo de pessoa que aceitava as coisas pelo que são. Sempre procurava as respostas. Só depois de obtê-las podia descansar. Isso servia para qualquer coisa. Doenças, problemas, mistérios. Sua mente funcionava como um grande centro pesquisador de quebra-cabeças. Tentando solucionar todo tipo de caso invencível.

    Exatamente nesse dia Carlinhos encontrou um novo quebra-cabeça. Estava congelado na sua frente. Durante os anos em que conheceu Valentinna ele nunca soube muito sobre sua vida. Sabia do trabalho dela como modelo de roupas intimas e do maltês enraivecido. Fora isso, absolutamente nada.

    Na eminência de descobrir ele se esqueceu. As semanas foram passando e logo se tornaram meses. Nem por isso uma angustia deixava de brotar nele toda vez que parava para pensar no assunto. Pouco a pouco, o esquecimento se tornou paranóia. Valentinna ligava menos e menos.

    No entardecer de um sábado, quando o sol estava quase se pondo, o celular da gaveta tocou em seu bolso. Nem precisou pensar para saber quem era. Só tinha de atender. Carlos sacou o aparelho das calças e contemplou a tela brilhante com o nome dela saltando. Em seguida, travou uma batalha consigo, atendê-la ou não? Num impulso, apertou o botão verde, o que recebia as ligações. Ainda ouviu o “alô” tímido de Valentinna, antes de novamente por impulso, apertar o vermelho. Seu corpo estava pesado assim como sua cabeça. Ele queria encontrar Amanda pelo corredor da casa mais do que qualquer coisa naquele momento.

    Cavalgando, como se atrás de uma presa, Carlinhos vagou pela – agora coberta de sombras – mansão. Batidas de pés no assoalho vinham da sala de jantar, dirigiu-se para lá e assim que passou pela porta trancou-a. Amanda olhou-o atônita e um pouco assustada.

    – Carlos? Está tudo bem, meu amor? – perguntou com medo da resposta.

    Não houve tempo para conversa, ele a segurou pelo pescoço e arremessou seu corpo sobre a mesa da sala. Em seus olhos uma nuvem cinza de raiva pairava e algo animalesco dominava seu ser. Embriagado pelos gemidos verdadeiros de Amanda, Carlos sentiu-se no controle do mundo. E, quando ela disparou um “eu te amo” mergulhada no seu suor, sentiu seu coração desacelerar rapidamente. Seus movimentos foram parando e parando, tornaram-se tão lentos que tudo pareceu eterno.

    Amanda sorriu ainda deitada, dessa vez um sorriso sincero. Não queria admitir, mas nunca sentira tanto prazer como havia sentido naquela mesa. Ela suspirou e apoiou suas mãos sobre os ombros de Carlinhos Baptista.

    – Foi incrível – disse.

    Ele sorriu. A nuvem cinza desapareceu de seus olhos.

    Depois da tensão do sexo sobre o lugar onde normalmente jantavam, ele foi até o escritório. Tomou nas mãos o celular prateado e ligou para Valentinna. Ela atendeu e Carlos teve a impressão de que chorava.

    – Valentinna? Tudo bom?

    – Tudo bem, Carlos. – sentiu que ela estava num impasse e que fazia força para falar. – Me encontra no Harvey daqui a meia hora?

    – Claro que sim, meu amor.

    Desligou em seguida. Não conseguia esconder a felicidade ao ouvir a voz chorosa de Valentinna. O quebra-cabeça não tinha sido resolvido, mas Carlos Baptista vingou-se amargamente naquele dia, tanto de Amanda quanto de sua amante. Naquela noite, ele dormiria tranqüilo. Carlinhos estava mudando.

  4. #24
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    Achei forçada aquela referência ao acontecimento do capítulo passado. E os primeiros parágrafos ficaram mal cadenciados, faltou conectar as ideias, você utiliza muitos pontos.

    Também notei alguns trechos que considero desnecessários...

    Citação Postado originalmente por Drasty Ver Post
    Num domingo ensolarado, enquanto toda família participava de um banho de sol, Carlos estava trancado em seu escritório.
    Citação Postado originalmente por Drasty Ver Post
    No entardecer de um sábado, quando o sol estava quase se pondo, o celular da gaveta tocou em seu bolso.

    O capítulo teve bons momentos, mas nada além do esperado (o protagonista parece resolver seus problemas sempre da mesma maneira). Acredito que, diferente dos anteriores, funciona melhor como uma ponte para o que está por vir.

    Aguardo pelo próximo.
    Última edição por Emanoel; 03-01-2010 às 05:00.

  5. #25
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    Agora está concluído, já tenho todos os capítulos prontos. Então serão postados num ritmo adequado. Agora só irei começar uma história quando tiver alguns capítulos adiantados (no mínimo). Bom, aqui vai.

    Capítulo V
    O único momento em que estivemos a sós

    Ele despertou de um devaneio com o próprio suspiro. A experiência não fora agradável, exalava medo. O rosto vazio da jovem sentada na sua frente lhe dava arrepios. O copo de uísque ainda em sua mão, só restava a água do gelo dançando com seus tiques. Seu coração dava pontadas. Perambulou os beiços fazendo caretas, por pouco não chorou. De repente, encheu-se de lembranças. Um álbum de fotografias fragmentadas cheia de sorrisos e sorvetes de creme surgiu veloz.

    Estava em uma sala redonda de um apê mal arrumado. Valentinna encontrava-se a sua frente sentada de pernas cruzadas vacilante. Ela olhava para ele chorosa e ressabiada. Colocara suas mãos sobre os joelhos gordos de Carlos e agora tentava se acalmar. Então, tomando coragem, levantou-se da cama e mirou o outro com as pálpebras semicerradas:

    – Carlos, eu estou namorando um cara ai – disse mordiscando os beiços e ensaiando um sorriso.

    O homem se assustou, buscou esconder o espanto em seu semblante, mas era complicado. Fingiu acreditar que havia mais um gole de uísque, embora soubesse a realidade. Deslizando os dedos pela testa, ele finalmente a olhou nos olhos. Com a cara mais falsa do mundo, respondeu:

    – Que bom, querida. Você merece o melhor.

    Valentinna atravessou o tapete da sala – uma peça persa que Carlos havia lhe dado – e beijou o rosto gorducho de seu ex-amante. Depois o abraçou verdadeiramente. Houve uma breve despedida regada a “seja feliz”. Eles tentaram não reavivar sentimentos antes percorridos, embora o libido dos dois incomodasse suas roupas. Um sorriso confortou a situação, por mais que este não fosse sincero. O gesto era insuficiente, porém não haveria como ir mais longe.

    Carlos procurou uma caneta e a fez um cheque. Deu-lhe um beijo suave, em seguida, foi embora.

    Dirigindo pela cidade Carlos não conseguia deixar de pensar em si mesmo. Um homem rico, casado e presenteado com dois filhos lindos. Porque esse homem incrível precisava de uma amante? Infelizmente, ele tinha a resposta. Carlos Baptista era um ser incompleto. Todo vez que as coisas se encaixavam em sua vida, precisava de algo capaz de romper o curso natural. Todos para ele deviam atuar segundo seu roteiro, do contrário, um vazio crescia em seu estômago e nenhuma guloseima poderia preenchê-lo.

    Olhando seu reflexo no espelho retrovisor, Carlinhos viu quem realmente era pela primeira vez. Assustou-se com o monstro que forçava um sorriso avermelhado. Ele contornou o álamo e estacionou a Mercedes ao lado de uma mercearia. A luz dos postes iluminava o caminhar assustado daquele homem. Dentro do estabelecimento, perguntou a um senhor de bigode se podia usar o banheiro.

    Quando o velho dono da loja achou a chave correta, ele já não podia mais se controlar. Como uma raposa, entrou na minúscula cabine e a trancou por dentro. De praxe, ao menos para ele, teria de tentar ignorar o que o homem lá fora estaria pensando sobre toda aquela pressa. Certamente, esquecer os pensamentos de um velhote suado seria tranqüilo para qualquer pessoa, porém Carlos Baptista em um momento sóbrio teria se torturado. Por sorte ou azar, estava fora de si.

    Ele titubeou os pés na escuridão do banheiro durante os instantes que procurava o interruptor. Quando finalmente acendeu a luz, deparou-se com seu rosto roliço a suar. Aquele homem o observava tristonho com as sobrancelhas inquietas. Os lábios se escondiam na boca, enquanto a língua caçava os dentes. Pouco sabia sobre a figura do espelho e nunca quisera saber demais.

    Baptista então decidiu que desejava ficar nu. Seguindo seus instintos, tirou todo seu vestuário, dobrando-os cuidadosamente e depois pousando o blazer e a calça sobre a pia. A barriga enorme saltava com os menores movimentos. Suas pernas eram cheias de algo que nunca tentara esconder, por mais que a estética o implorasse. Passou a mão pela face tremelicando nos fios da barba, desceu pelo peito e tocou seu abdômen. Nisso lembrou-se de todas as mulheres que tivera. Não eram poucas. Por mais que fosse feio e gordo, seu dinheiro lhe permitira ter quem quisesse. Mas agora, ele queria Valentinna. Nesse momento, sua fortuna não tinha mais serventia, eram só números numa tela de plasma.

    Notou seus braços marcados pelo trabalho ou como dizia: suas obras-primas. Pensou em Camargo e P3TU, o mais próximo de amigos que tinha. Depois pensou em Amanda e em seus gemidos. Por fim, ele se lembrou dos gêmeos. O dia em que nasceram ele chegara a acreditar na real felicidade. Acontece que a novidade torna-se comum e, logo, não é mais tão atraente e reconfortante. Nem mesmo tinha simpatia pelos filhos.

    Felicidade para ele tinha um nome e era o da jovem menina. Gostava de torturá-la quando ligava chorando. Cruel sua forma de mostrar carinho, mas era o jeito dele. E, ele se respeitava. Amava guardar o celular prateado na gaveta depois do último gole de uísque. O segredo fazia tudo mais excitante. Justamente por isso, jamais pensara em largar Amanda para ficar somente com a amante. Uma hora ela ia perder a graça e Carlos voltaria ao poço.

    Começara a sentir uma dor aguda no braço esquerdo. Ainda era pouco para entrar em pânico, entretanto, ele já pensara no pior. Afinal, era Carlos Baptista. Suava mais que o natural. Seus olhos saltavam crepitando. De repente, uma fisgada brusca. Tinha quase certeza. Imediatamente sua mão sufocou o local. Dois minutos de respiração dramática num silêncio etéreo. O cansaço o abatera, queria desistir do jogo. Em seguida, pedidos de morte e a escuridão total.




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  6. #26
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    Apesar do hiato de quase três meses, não precisei reler nada. A história é marcante, ponto para você.

    Impressão minha ou ocorreu um erro de "continuidade" na primeira "cena"? Valentinna estava logo a frente (com as mãos em seus joelhos) e ambos encontravam-se sentados. Ela levanta e logo depois precisa atravessar o tapete para lhe dar um beijo na testa. Estranho.

    Bem escrito, envolvente, intrigante. Curiosamente, também posso dizer que é exagerado e repetitivo, mas não de uma maneira negativa. Você está batendo na mesma tecla e ela afunda cada vez mais revelando novas facetas humanas.

    Mais uma vez, aguardo. Tome seu tempo.

  7. #27
    Avatar de zack746
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    Li os capitulos com uma paciência que realmente não tenho comumente. A historia é boa, na verdade me impressiona que as pessoas tenham criatividade e profundidade para escrever assim, como você...

    Mas cheguei a um dilema. É bom, tudo é pensado, colocado ao papel de forma completa inteira. Porém eu de certa forma não consegui me interessar totalmente pelo texto.

    Sinceramente não sei o que é, a historia é realmente otima. Mas não sinto aquele sentimento de me desligar do mundo ao ler o texto....

    Dá a impressão de ser o diário do narrador observando seu personagem mais caricato.

    Apenas.

  8. #28
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    Citação Postado originalmente por Emanoel Ver Post
    Apesar do hiato de quase três meses, não precisei reler nada. A história é marcante, ponto para você.

    Impressão minha ou ocorreu um erro de "continuidade" na primeira "cena"? Valentinna estava logo a frente (com as mãos em seus joelhos) e ambos encontravam-se sentados. Ela levanta e logo depois precisa atravessar o tapete para lhe dar um beijo na testa. Estranho.

    Bem escrito, envolvente, intrigante. Curiosamente, também posso dizer que é exagerado e repetitivo, mas não de uma maneira negativa. Você está batendo na mesma tecla e ela afunda cada vez mais revelando novas facetas humanas.

    Mais uma vez, aguardo. Tome seu tempo.
    Acho que não deixei implicito ela caminhando no quarto. E, concordo com uma certa repetitividade, até porque o estou preso na vida de um homem comum, nossas vidas são bem repetitivas. Obrigado pelos elogios.

    Citação Postado originalmente por Isaac
    Li os capitulos com uma paciência que realmente não tenho comumente. A historia é boa, na verdade me impressiona que as pessoas tenham criatividade e profundidade para escrever assim, como você...

    Mas cheguei a um dilema. É bom, tudo é pensado, colocado ao papel de forma completa inteira. Porém eu de certa forma não consegui me interessar totalmente pelo texto.

    Sinceramente não sei o que é, a historia é realmente otima. Mas não sinto aquele sentimento de me desligar do mundo ao ler o texto....

    Dá a impressão de ser o diário do narrador observando seu personagem mais caricato.

    Apenas.
    Acho que todo mundo acha algo seu no Carlos Baptista e, acaba tentando comparar-se com ele. Talvez seja apenas uma distância natural, devido ao tema real, as vezes numa fantasia você se amarra a um mundo diferente, novo. Aqui tudo é humano, então acaba de alguma forma tornando-se desinteressante.

  9. #29
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    Pois é, fico até emocionado em chegar ao fim dessa história (ou conto grande se preferir).

    Capítulo VI
    O Homem Eterno

    – Fizemos o possível, mas a senhora tem que entender que ele ficou muito tempo sem oxigênio no cérebro – houve uma pausa. O homem de branco apertou o cenho com os dedos e bufou. – Senhora Baptista, ele teve morte cerebral, ele está no que chamamos hoje de estado vegetativo. Ele está instável. Entretanto, ele ficará nesse estado para sempre. – Ficou quieto de novo. Levantou os olhos e observou os outros presentes na sala.

    Recolhera o telefone por um momento, estacionou-o em seu ombro. Seu rosto estava apático e tinha duas enormes olheiras, escuras como aquela sala.

    – Ela está pedindo que desliguemos as máquinas.

    – Ora Eduardo, diga a ela que estamos no Brasil – respondeu um senhor bem velho que carregava consigo com uma bengala esverdeada.

    Eduardo colocou o telefone no ouvido de novo.

    – Olha só Senhora Baptista, nosso país não permite a eutanásia.

    – TÁ DIZENDO QUE MEU MARIDO VAI FICAR AI PARA SEMPRE?

    Dessa vez a sala inteira ouviu sem qualquer esforço.

    – Enquanto o seguro dele cobrir, sim. São as maravilhas da medicina moderna, senhora. – ameaçou dar uma risadinha, mas percebera que tinha feito uma brincadeira na hora errada. O barulho de choro do outro lado da linha o fez continuar. – Olha, é assim que vai funcionar. Colocaremos seu marido num quarto especial onde ficam os pacientes que se encontram na mesma situação. O seguro da empresa dele cobre todas as despesas, então não haverá problemas. A senhora sabe qual a duração desse seguro de vida?

    Eduardo arregalou os olhos assustado. Todos na sala oval perceberam algo diferente no rosto do médico. Assim que ele colocou o telefone no gancho quase todos sentaram-se. De pé apenas o velho com sua bengala. Este parecia ter entendido de imediato. Doutor Eduardo abriu um sorriso sarcástico enquanto levantava-se.

    – Parece que o senhor Baptista vai viver mais do que nós. O seguro de vida desse paciente é vitalício.

    O velho doutor então completou:

    – Em 50 anos de medicina eu nunca tinha visto isso – depois soltou uma gargalhada. – o primeiro caso de um homem imortal! Esse Carlos Baptista vai viver para sempre, Eduardo. Para sempre! – ele não se continha.

    – Isso é um absurdo. Como esse paciente tem um seguro desses? – perguntou um médico, o único na sala sem o jaleco branco.

    – A esposa estava muito nervosa, não conseguiu me explicar direito. Mas tem haver com um grande amigo e uma dívida – respondeu Eduardo. Os seis médicos se entreolharam. – Bem, o que importa é que vamos ter que mantê-lo vivo, aparentemente para sempre.

    – Isso é demais! – dizia o doutor da bengala. Ele ainda riu bastante e depois saiu como um relâmpago.




    – Carlos Baptista dono da milionária empresa Baptista Eletrônicos teve morte cerebral, segundo o Dr. Eduardo Rodrigues ele se encontra em estado vegetativo. Seu corpo está ligado a máquinas que o manterão vivo. Devido a seu seguro vitalício, os médicos do hospital de Ensino Gregório Marques declararam que Carlos Baptista viverá para sempre. Esse pode ser o primeiro problema enfrentado pela medicina moderna... – de repente a voz da televisão foi cortada.

    Valentinna olhava os lábios do âncora se mexerem enquanto observava as imagens de Carlinhos no fundo da transmissão. Sabia que esse assunto seria repercutido em todo lugar e por todas as pessoas. Alguma hora ela precisaria dar sua opinião. Difícil seria segurar as lágrimas ao tocar no assunto, ainda mais quando se condenava pelo acontecido com seu ex-amante. Ela questionava a própria consciência a fim de averiguar se algum dia conseguiria superar seu dedo nessa história. Como a televisão dizia, Carlos estará sempre por perto.

    – Está tudo bem, querida? – perguntou um homem alto que se estendia atrás do sofá.

    Ela devia por um ponto final de vez, inventar um argumento indiscutível.

    – Esse Carlos Baptista era um grande amigo meu.

    Agora chorava. Com a consciência imunda. Mas ao menos, podia chorar sinceramente.




    – A senhora pode vir visitá-lo quando quiser – disse Eduardo consolando a viúva.

    – Obrigado, doutor. Posso ficar a sós com ele?

    Eduardo consentiu com a cabeça e saiu do quarto. Quando atravessou a porta o velho doutor de bengala o esperava. Ele o cutucou com o instrumento e apontou para a senhora que se curvava na cama do paciente. Em seguida, começou a gesticular com as mãos fazendo círculos no ar.

    – Tenha dó, Casagrande.

    – O que? A mulher dessa Baptista tem uma bunda linda, não adianta negar – Eduardo o olhou com um desprezo natural, como se fosse natural aquele linguajar entre médicos. Os dois caminharam a um passo lento e viraram-se um para o outro depois de alcançar uma boa distância do quarto.

    – Esse cara ai tinha tudo, dinheiro, uma mulher sensacional e dois filhos – disse Casagrande coçando a barba – alguma chance desse gorducho ter tido uma vida triste?

    Eduardo riu do sarcasmo vagabundo do companheiro e deu-lhe uns tapinhas nas costas. A enfermeira perguntou formalidades e depois entrou no quarto do homem eterno. Os dois médicos assinaram formulários e foram embora tomar uma cerveja gelada.
    E...

    Epílogo

    Diferente de autores de romances insossos, de heróis patrióticos ou de psicopatas bem sucedidos, Carlos viveria para sempre, não em linhas ou na memória de boas senhoras, mas sim na sala 213. Sem a garrafa de uísque 12 anos, sem Valentinna, sem ninguém. Somente ele e suas lembranças.

  10. #30
    Avatar de Ldm
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    O que é isso, companheiro?

    Puta que pariu, cara.

    Tive calafrios lendo o último capítulo. Só posso dizer... Sensacional.

    ***

    Bom, recuperado do choque inicial, retornei.

    A trama foi boa, porém, faltou um "quê" a mais; ficou aquela sensação "é só isso?, achei que tinha mais enredo!". Claro que não tira, de forma alguma, o teu mérito.

    Acabo pensando que sou insatisfeito: se tivesse havido mais enredo, um mistério a mais, eu teria dito que ficou muito fantasioso; do jeito que ficou, eu disse que está sem enredo.

    Mas acabo pensando também que deste jeito ficou melhor. A vida dele era mediocre, assim como as nossas também o são; nada de mistérios, segredos ultra-secretos: alguns tons de melancolia aqui; um segredo tão medíocre que chega a dar gosto; e um final belíssimo.

    E é claro, este personagem tão bem construído, tão complexo, tão fantástico que poderia ser qualquer um de nós. Grande Carlinhos — O Homem Eterno. Literalmente.

    Enfim, depois de dito tudo isso, posso te idolatrar parabenizar sem peso na consciência: parabéns por este grandioso personagem. E tratando-se desta seção, parabéns por ter finalizado esta magnifica saga.

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