Garr e Guuk voltaram à morada de Ndeoulala, o velho macumbeiro das cavernas, inventor das galinha prêta, do despacho nas incruziáda, dos diários e ancestral de Tião Macumba. Era hora de Garr aprender o golpe que o ajudaria a derrotar o fedorento Anak, aquele repugnante e esverdeado ser pantanoso. Quando chegaram, o velho estava cantando alguma coisa para umas velas colocadas sobre umas pedras. Ele deu uma tossida, cuspiu um pouco de betel que estava mascando e dirigiu-se aos dois aventureiros.
"Eu sabia que suncês estava chegando. Sabia que Guuk tinha destruído montanhas. Sabia que Garr havia fornicado. Sabia que Guuk tem medo do escuro e toda noite quer colinho da mamãe e acorda triste, sem colinho e sem mamãe..."
Os dois ficaram na casa do Velho Bento e descansaram. Garr, principalmente, devia estar em forma para o dia seguinte. Pela manhã, o velho apareceu com tremoços, favas e brotos de alguma planta para o lanche. Guuk olhou triste e insatisfeito com essas coisas leves.
"Fui caçar", disse o macumbeiro pré-histórico. Ah! Aí Guuk não gostou.
"Caçar o quê, velho espanado? Tem bicho aí? Cadê meu pernil de cavalo? Meu toicinho de porco? Meu mocotó com banana? Isso sim é CAFÉ da MANHÃ!!!! Não esse projeto de horta." Garr acalmou o amigo, que comeu resmungando. O velho quase apanhou e comeu num canto. Pyuda foi catar mosquito. A casa estava cheia de mosquito gordo e recheado de sanguinho fresco. Uma vez todos vitaminados com clorofila, o velho chamou Garr com uma cara séria e o levou para uma cabana de palha de onde saia uma fumaça cheirosa.
"Vamos pá DEFÛMA, Garr. E você, Guuk, num entre lá por nada no mundo!! Ou suncê vai virar uma banana. Pra sempre!" O ilustre barbado despediu-se, indagando se eles inventariam a homossexualidade naquela cabana, mas Ndeoulala disse que isso viria apenas dois séculos e três dias depois...
Entrincheirados na cabana da defuma por dias, Garr e Velho Bento meditaram, viram coisas, cheiraram incensos, alucinógenos, compartilharam cogumelos e conversaram com larvas e besouros. Garr aprendeu a ouvir a terra, comunicar-se com a areia, sentir a brisa balançando cada pelo de seu sovaco e outros poderes inúteis. Até que, no último dia, anunciaram a ele:
Garr, é chegada a hora de aprender o maior golpe de todos, que pode apenas ser executado por suncê, home das brasa na testa. O "Vulcão dos Cocorutos Lapidados" é a maior arma de destruição em massa da nossa era. Agora suncê já poderá usá-la em momentos em que suncê estiver para explodir. Vamos experimentar lá fora.
Mal Garr saiu da cabana, Pyuda pulou na sua bunda e lhe aplicou umas 10 ferroadas venenosas que o fizeram urrar de dor. Antes que ele notasse, umas 20 árvores em sua frente já haviam sido pulverizadas. Guuk estava branco, apavorado. Anak não teria chances. Com olhos vermelhos apreensivos, o bom velhinho chegou até eles:
"suncês estão pronto. Já pode ir. Mas Garr... Devo adiantar que, no embate final, junto com a ativação de sua arma virá uma grande dor. Suncê ficará muito debilitado e impedido de lutar. Não terá uma segunda oportunidade para usar o golpe." Dito isso, apenas virou-se e entrou novamente em sua casa de pedra.