Em 1988, um novo brasileiro campeão
Depois de alguns anos de amadurecimento na Lotus, Ayrton Senna estreava no GP do Brasil pela McLaren na temporada de 1988. Durante os testes de inverno, a equipe inglesa, chefiada por Ron Dennis, não tinha chamado a atenção do mundo da Fórmula 1. Mas logo nos primeiros treinos em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, o MP4/4 mostrava que seria um carro quase impossível de ser batido durante o ano.
Ayrton Senna conquistou a pole position em seu GP de estréia pela McLaren. Mas na hora da largada, teve problemas com seu carro e acabou interrompendo a corrida, que teria uma segunda largada. Antes dela, Senna trocou para o carro reserva, algo ilegal na categoria. Resultado: depois de largar dos boxes, o brasileiro reagiu, mas foi desclassificado quando estava na sexta posição. Alain Prost, seu companheiro de equipe, chegou em primeiro.
Após a frustração, Senna venceu o GP de San Marino com facilidade, com Prost em segundo. Na corrida seguinte, em Mônaco, o brasileiro também estava bem na frente, com quase um minuto de vantagem, quando cometeu um erro infantil e bateu na entrada do túnel. De tão irritado, Senna recolheu-se ao seu apartamento, a apenas duas quadras do local. Mais uma vitória de Prost.
Senna perdeu também a corrida seguinte, no México, mas começou a reagir no campeonato no GP do Canadá. O brasileiro lutou durante toda a corrida com Prost, mas conseguiu a ultrapassagem. O placar agora estava Prost 3 x 2 Senna em vitórias na temporada. Mas o brasileiro queria mais e conseguiu outro triunfo nas estreitas ruas de Detroit, no GP dos EUA.
A corrida seguinte seria na casa de Alain Prost. E o "professor" não perdoou, vencendo o GP da França depois de um belo drible em Ayrton Senna, que estava enrolado com alguns retardatários. Na corrida seguinte, com pista molhada, na Inglaterra, o brasileiro mostrou porque era o "Rei da Chuva". Senna deu show em um circuito conhecido como "Silvastone" em sua época de Fórmula 3 Inglesa. A condição do tempo se repetiu uma semana depois em Hockenheim, na Alemanha, e Senna venceu outra. Pela primeira vez o brasileiro estava à frente no placar de vitórias: 5 x 4.
Na Hungria, Senna começou a corrida brigando contra Nigel Mansell, mas acabou protagonizando um dos maiores duelos da história da categoria com Prost. O francês tentou a ultrapassagem na primeira curva, mas tomou o "xis" do brasileiro, que rumou para mais uma vitória. Na Bélgica, Senna conseguiu seu quarto triunfo consecutivo e começava a minar as chances de Prost no campeonato. Em vitórias: Senna 7 x 4 Prost.
Senna chegou ao GP da Itália como favorito. Prost teve problemas durante a prova, mas o brasileiro liderava com folga. Até que, em uma manobra afobada, tentou ultrapassar um retardatário na chicane após a largada e saiu fora da corrida. O outro piloto era Jean-Louis Schlesser, que substituía Mansell na Williams porque o inglês estava com caxumba. Dobradinha da Ferrari, com Berger em primeiro e Alboreto em segundo.
Nos dois GPs seguintes, em Portugal e na Espanha, Senna passou por um inferno astral. Além de Prost vencer ambos, o brasileiro chegou em sexto no circuito português e abandonou a prova diante da torcida espanhola. O francês reduziu a vantagem no campeonato, mas Senna só dependia de uma vitória em Suzuka, na corrida seguinte.
O GP do Japão começou de forma dramática para Senna. O carro do brasileiro apagou na largada, que por sorte acontecia em uma descida. O brasileiro conseguiu fazê-lo pegar no tranco, mas caiu para o fim do grid e numa recuperação espetacular se aproximou do líder Prost na 20ª volta. E, na 28ª passagem, o brasileiro superou o francês e sacramentou a conquista de seu primeiro título da Fórmula 1. Prost ainda venceria a última prova da temporada, na Austrália, mas ela já não valia mais nada.
Em 1990, redenção após acidente de Suzuka
Após o incidente do GP do Japão, em 1989, Ayrton Senna entrou mordido no Mundial seguinte. O brasileiro teria um novo companheiro de equipe após a saída de Alain Prost para a Ferrari. Gerhard Berger deixava a equipe italiana para assumir a vaga de segundo piloto.
Na primeira prova, nos Estados Unidos, Senna venceu após um fantástico duelo contra a revelação Jean Alesi, da Tyrrell. O GP do Brasil foi a segunda prova e Senna fez a pole. Ele liderava, até encontrar Satoru Nakajima no bico de pato e ter a asa dianteira quebrada. O brasileiro caiu para terceiro e entregou a vitória no colo de Alain Prost.
Em San Marino, vitória de Riccardo Patrese, com Senna fora e Prost em quarto. Em Mônaco, o brasileiro venceria sua terceira prova no circuito, fato que não se repetiria no México. Um pneu estourado na McLaren entregou de bandeja a vitória para Prost. Na França, mais uma vitória do “professor”, que fecharia uma série de três triunfos na Inglaterra, a prova seguinte.
Na Alemanha, Senna iniciaria uma reação fulminante. Em quatro provas, venceu três, completando a série na Bélgica e na Itália. Thierry Boutsen ganhou na Hungria. Em Portugal, Nigel Mansell conseguiu o triunfo e Alain Prost se recuperaria na Espanha. Mais uma vez, a decisão chegaria ao Japão, mas em situação inversa. Agora era Senna que poderia bater em Prost.
O brasileiro começou a se irritar na sexta-feira, quando descobriu que o pole largaria no lado sujo da pista. Mas a organização, instruída por Jean-Marie Balestre, não mudou, e Senna prometeu que não deixaria barato. O brasileiro largou pior, mas não saiu da trajetória e bateu com Alain Prost. O bicampeonato era de Senna, e Nelson Piquet venceria o GP, com Roberto Moreno em segundo, uma dobradinha da Benetton. O tricampeão repetiria a dose na última corrida, na Austrália.
Em 1991, decisão com rival diferente
As perspectivas para a temporada de 1991 eram de mais uma repetição do duelo entre Ayrton Senna, na McLaren, e Alain Prost, na Ferrari. O brasileiro ainda não estava satisfeito com o novo motor Honda V12 de seu carro, e o francês tinha conseguido um bom desempenho nos testes de inverno. Mas a temporada começou de forma diferente.
Ayrton Senna venceu facilmente o GP dos Estados Unidos, realizado no circuito de rua de Phoenix, na Costa Oeste. No Brasil, mais um triunfo, desta vez em condições extremas. O brasileiro ficou apenas com a sexta marcha durante a parte final da prova. Em San Marino, mais uma vitória, fato que se repetiria em Mônaco. 40 pontos em quatro provas, 100% de aproveitamento e nenhuma reação da Ferrari. A surpresa do ano era o desempenho da Williams, que demonstrava poder de reação.
Nas corridas seguintes, Ayrton Senna começou a experimentar a reação da escuderia inglesa. No Canadá, Nelson Piquet venceu a sua última prova na Fórmula 1, depois de Nigel Mansell abandonar na última volta. Mas a Williams mostrou seu poder com algumas vitórias. A McLaren só reagiu no GP da Hungria, onde estreou seu novo câmbio semi-automático. Vitória de Senna, que respirou, finalmente, no campeonato. Na corrida seguinte, mais um triunfo, e a vantagem na classificação aumentava.
No GP da Itália, Mansell reagiu, mas em Portugal, uma porca mal apertada em seu pit stop deixou Senna mais perto do tricampeonato. Em Barcelona, na corrida seguinte, Senna terminou apenas em quinto e reaproximou o inglês do título.
Em Suzuka, no Japão, a McLaren resolveu apostar no jogo de equipe. O brasileiro largou em segundo, enquanto Gerhard Berger disparava. Senna passou a tentar domar Mansell, que se enervou e acabou saindo da pista, dando o título para Senna. Ele alcançou seu companheiro e o ultrapassou, mas acabou cedendo a vitória a Berger na última curva. Ele já era tricampeão mundial. Na corrida seguinte, sob muita chuva, o brasileiro selou a conquista.
Tricampeão sofreu acidente fatal na curva Tamburello, em Imola, após quebra em Williams
Nesta quinta-feira, dia 1º de maio, o acidente fatal de Ayrton Senna completa 14 anos. O tricampeão mundial de Fórmula 1 em 1988, 1990 e 1991, que havia largado na pole position do GP de San Marino, em Imola, sofreu uma quebra na barra de direção de seu carro e passou reto a mais de 300km/h na curva Tamburello. Ele bateu com seu Williams no muro de proteção. Sua morte foi confirmada horas depois, no Hospital Maggiore, em Bolonha (Itália).
Ayrton Senna começou sua carreira no kart, aos 13 anos, e conquistou o título sul-americano em 1977, além do vice-campeonato mundial. Em 1981, Senna fez sua estréia na Fórmula Ford e conquistou o título na categoria logo em sua primeira temporada. Em 1982, ele foi para a Fórmula 2000 e terminou o ano como campeão inglês e europeu, além dos recordes de 21 vitórias, 15 pole positions e 21 voltas mais rápidas.
Antes de ingressar na Fórmula 1, Senna passou pela Fórmula 3 Inglesa, e conquistou mais um título. Na principal categoria do automobilismo, o tricampeão conquistou 41 vitórias e 65 pole positions, e é considerado um dos maiores pilotos da história da F-1.
Além da competência nas pistas, Senna também ficou conhecido pela generosidade fora delas. Ele iniciou obras filantrópicas que deram origem ao Instituto Ayrton Senna, que hoje atende a cerca de 400 mil crianças e jovens em todo o Brasil. Viviane, sua irmã, toca o projeto desde sua criação.
Sua importância para a Fórmula 1 é resumida em uma declaração de Bernie Ecclestone, chefão da categoria. Segundo ele, Senna foi o maior piloto de todos os tempos, status do qual nem Michael Schumacher se aproxima.
- Ayrton tinha um carisma que Schumacher não foi capaz de transmitir. Fernando Alonso ainda tem tempo para conquistar isso, mas ainda está muito longe de transmitir emoções parecidas às que Senna despertava nas pessoas – disse, em 2007.
Confira alguns números da vitoriosa carreira de Ayrton Senna:
Títulos na Fórmula 1: 3 em 1988, 1990, 1991 (todos com McLaren-Honda)
Vitórias: 41
Pole positions: 65
Pontos: 614
GPs disputados: 161
GPs finalizados: 105
Pódios: 80
Voltas na liderança: 2.987
Quilômetros na liderança: 13.676
Total de voltas percorridas: 8.219
Total de quilômetros percorridos: 37.934
Largadas na primeira fila: 87
Vitórias com pole position: 29
Vitórias de ponta a ponta: 19
Voltas mais rápidas: 19
Máximo de poles conseguidas em uma só temporada: 13 (em 1988 e 1989)
Pole positions consecutivas: 8, nos seguintes GPs: Espanha, Austrália, Brasil, San Marino, Mônaco, México e EUA (1988) e Brasil (1989)
Fonte: Globo Esporte
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