Bom, primeiramente queria pedir desculpa pelo pequeno pessoal que acompanhava minha história, estava sem vontade de escrever e já que escrevo por lazer, parei de escreve-la. Esta ai o novo capítulo, leiam e metam o pau !
Lásvia
Capítulo 4 - Brigas na Taverna
- E ai, já escolheu ?
Jonathan fizera a pergunta lançando seus olhos sobre a população taverniana.
- Estranhamente ainda não, nunca demorei tanto assim para decidir, sempre tive facilidade em perceber minhas preferências, deis da cerveja mais forte que engulo, da carne mais crua que mastigo, até das mulheres mais altas e robustas que eu domino, nunca tive esse problema, claro que a maioria diria que apontar para uma carne azando no fogo são coisas bastantes distintas do que escolher a vida despreocupada na taverna a ser destruída. Já eu não enxergo tal diferença, o mesmo sangue que escorre do canto dos meus lábios após uma mordida na crua carne, apresenta a mesma cor e o mesmo cheiro do líquido que percorre a lâmina da minha espada após uma vitima abatida.
- Pare de brincadeira Loneos, não temos tempo, você nunca matou alguém, uma espada mal sabe manejar, e sua boca nunca encostou e encostará numa crua carne por receio de degustar o líquido que ela aguarda, para ser sincero mal pode ver sangue, e sempre que te vejo possuindo uma caneca, esta por sua vez, está sempre preenchida por um líquido branco e fresquinho, acabado de sair do animal.
- Jonathan, com é a graça de fazermos esse tipo de trabalho sem poder bancar esse tipo de pessoa ?
Como imaginado Jonathan responde a pergunta lançando novamente seus olhos sobre a população taverniana.
Encontrávamos no segundo andar da taverna, um local isolado que quase não fazia parte do estabelecimento, a escada velha que ligava os dois andares, o térreo e o segundo, mal era usada com exceção minha e do Jonathan, que subíamos os degraus nos isolando das conversas e dos abraços bêbados que avia aos montes, principalmente quando um felizado após segurar seu primeiro herdeiro passa pela porta anunciando de graça uma rodada de cerveja para todos. Não gostávamos da solidão e com certeza não sentávamos ali por capricho, mas sim pela visão proporcionada, dali víamos de cima praticamente toda a taverna, já que o segundo andar era pequeno e mal cobria um terço do debaixo, tornando assim um local perfeito para se encontrar uma vitima, mas mesmo com tal privilegiada visão ainda não encontrara nada, nenhum homem com algum artefato valioso que vale o risco ocorrido para roubá-lo, nem suas espadas hoje em dia são dignas de uma averiguação minuciosa, apenas ferros afiados, produzido pelo ferreiro da esquina mais próxima de suas casas. Já estava desanimando quando a vi.
- Olhe Jonathan, que linda, seu brilho dança em suas curvas finas colorindo essa taverna cinza, sua face totalmente amostra, pura e impecável, desafia aos que a encaram em procura de uma anomalia. Ela é única, se diferencia de tantas que já possuíra na vida, tão magnífica essa pedra preciosa.
- Jurava que mencionava outro assunto, mas pelo visto, ainda alimenta tal pensamento dentro da cabeça, desista logo, melhor escolhermos outro artefato mais seguro a furtar, tira-lo do General Gawtler será arriscado, afinal ele é um general e nenhum é presenteado com tal patente por meros feitos.
Jonathan estava certo, minha ganância novamente me pregara a mesma peça, retirá-la do cordão que envolve seu pescoço sem que seu tato e sua percepção treinada nota se seria algo audacioso, se o sucesso não for alcançado e minhas habilidades insuficientes para não acarretar erros, uma cela úmida como moradia pros próximos vinte anos seria a melhor das conseqüências, a oposta um enforcamento em praça publica.
Eu como um bom ladrão possuo qualidades, pena que até os bons também são preenchidos de defeitos, e logo esse veio me atormenta essa noite, a astuta ganância, sabe bem montar tentações para aqueles que a sofrem. Possível ou não, eu como um previsível ladrão aceito tal desafio.
- Desculpe Jonathan, hoje não me conterei, mesmo com minha vida em aposta, jogarei, e sabendo do preço amarga da derrota não pedirei que faça o mesmo, apenas que aprecie as minhas jogadas e que levemente ajude as porcentagens de minha vitória, distração seria a palavra correta traduzida.
- Sabe muito bem que minha vida não é a única que me preocupa.
- Sim... Sei muito bem, sei que ao meu lado apresentasse um bom amigo, é com essa convicção possuo a certeza que de sua parte, mesmo que demore, me compreenderá. Desculpe... Se te pedisse a sua excitação seria a resposta.
Com essas desculpas me encorajei agarrando-o pela sua camisa firmemente e forçando sua passagem por de cima do parapeito, o qual estava liga justamente para impedir tal acidente, o impulso produzido pelos músculos do meu braço assustou até a mim, seu corpo voara em pleno ar, e sua atitude fora como as dos pássaros que tentavam dominar o ar em troca do vôo, pena que ele se assemelhou mais a um filhote, caiu como uma pedra.
Me imaginei no lugar dos pobres bêbados lá embaixo, deu lhes até pena para ser sincero após muito pensado, como Jonathan pode cometer tal ato com os coitados do andar de baixo que estavam apenas tranqüilos e felizes, apreciando uma cerveja de qualidade em sua ultima caneca da noite, e pela inconveniência um safado cai justamente sobre sua mesa. Certamente eu ficaria bravo e bastante confusão nasceria em meus atos, já nos deles nasceram em dobro.
Com um pouco de orgulho apreciara a confusão como um criador aprecia sua cria, realmente a distração que precisava, socos e cadeiras voadores eram facilmente vistas, logo a briga até chegara nas redondezas do balcão do Ratão, tornando mais uma das memórias brigas da taverna do Ratão que futuramente será lembrada junta com um leque de casos iguais ocorridos. O pobre Jonathan não se via mais, provavelmente se apresentava bem contando com o fato da altura pequena de sua queda, já por ele ter sido a fagulha de todo esse incêndio eu desconheço, mas acreditando na sua esperteza e ainda mais em sua falta de coragem, apostaria que já estaria longe do ocorrido passando sorrateiramente por debaixo das pernas embriagadas.
Como dizem por ai, com o palco montado logo verá a atração principal, e eu não sou de me atrasar. Desço normalmente os degraus da escada que me separavam do camarote para o palco, já com o ultimo pé sobre o chão do térreo em poucos segundos meu maior desejo se torna subir novamente aquelas escadas, se não fosse a jóia que me esperava do outro lado meu desejo certamente seria cumprido, realmente parecia outro estabelecimento, bem distinto do outro que ficava apenas três metros acima, esse exalava um indiscutível cheiro de cerveja que embriagava seus pulmões a cada respiração, e nos meus primeiros segundos de amostra minha roupa logo fora batizada com os constantes pingos de cerveja das preenchidas canecas. Adentro-me na multidão a procura de Gawtler, o possuidor da pedra preciosa desejada, e logo me vejo, para cumprir esse objetivo, esquivando de socos perdidos e empurrando troncos suados, após uma longa jornada tendo como paisagens homens suados se esbarrando e escutando a melodia que só uma boa briga seria capaz de tocar me deparo finalmente com o final, o general Gawtler, estava apenas alguns metros de meu alcance e logo inconscientemente a adrenalina aumenta seu volume em minhas veias e não suportando-as mais me coloco em movimento, o único que seria capaz de extingui-las, roubar a tal preciosa pedra.
Gawtler estava vestindo seu uniforme padrão do exército, isso incluía ombreiras folheadas a ouros e inúmeros medalhas detalhadas com as mais variadas pedras preciosas, tudo isso encima de um bom pano azul do mais puro algodão, um tradicional general de guerra. Quanto mais pensava no nível da vitima mais vontade emergia dentro de mim, minhas mãos teriam que ser rápidas e firmes, sem cometer nenhum erro, valorizando o máximo a arte de roubar, claro que tinha um plano em minhas mentes, na verdade o que possuía mesmo era uma técnica aprendida e compreendida, para tal diferentes tipos de objetos que pretendes furtar se for um habilidoso ladrão existirá uma diferente técnica para utilizar, a do cordão apesar de ser simples na teoria, na pratica ela dificulta, suas ações das suas duas mãos devem ser perfeitamente sincronizadas, uma agarraria o cordão com a intenção de arrebentá-lo, já a outra seguraria firme outra parte do corpo da vitima, mas forte do que a ação do rebentar do cordão posso causar, desviando assim sua atenção sobre o dano infligido no seu pescoço, consequentemente não percebendo o item a menos que possui.
Meus passos começaram a aumentar, estava perto do alvo e preste a lançar meu único truque sobre ele, perdendo ou ganhando as conseqüências bateriam forte em minha porta, mas pela maldade ou proteção do meu anjo guardador no justo momento final algo aconteceu e absorveu toda minha atenção, na verdade não só a minha mas toda a taverna parou para observar o estranho homem que acabara de abrir as portas do estabelecimento, homens agarrando uns aos outros, socos interrompidos, todos congelados e obtendo o mesmo sujeito no campo de visão, com um pouco de imaginação poderia até se ver gotas de cerveja e cadeiras paradas em pleno ar, esperando o tempo caminhar novamente para atingir seus destinos, desconheço seu truque usada para absorver a atenção de todos da taverna, mas seu poder era facilmente notado, tão poderoso que o barulho do abrir da porta, os fleches iluminados dos relâmpagos e o frio vento da chuva que entrava pela nova passagem aberta não seriam capaz de produzir, talvez só o puro instinto de sobrevivência que adormece dentro de todos nós poderia fazer tal ato acontecer.
Sua aparência era assustadora, roupas sujas e rasgadas cobriram seu musculoso corpo, e suas únicas partes em amostrar eram detalhadas por inúmeros cortes que ainda expeliam gotas de sangue, sua altura já era vista como uma anormalidade pelos sussurros abafados da população taverniana, realmente um demônio cuspido das profundezas da terra.
Sua ação fora das mais normais, dirigindo-se ao balcão e pedindo uma bebida, a da população foi uma das normais mais mal interpretadas que já vira, fingindo-se rapidamente que nada tivera acontecido e voltando para suas conversas normalizadas, com o final da algazarra agora que me tocara do desaparecimento do general Gawtler, e logo avistara Jonathan com uma bochecha inchada, provavelmente causada por um soco bem dado, vindo ao meu encontro.
- Desgraçado, vou te matar, não sabe o quanto tive que me arrasta sobre esse chão banhado de cerveja para escapar da fúria da briga, e ainda sim minha face marca um leve erro que cometera em minha fuga.
Não pude agüentar sua face enraivecida, espontaneamente minha fala veio acompanhada com um leve sorriso.
- Disperse sua ira meu amigo, pois isso levará só para mais brigas, e pelo seu rosto, brigas tu não queres mais.
- Hahaha, sorte que não estou disposto a marcá-lo com o símbolo que acabara de ganhar no rosto, pois pelo menos algo me contenta, uma pequena amiga brilhosa.
- É... Bom parece que... Bem na hora que eu ia...
- Não acredito que não a roubou !? Uma cara inchada sem uma recompensa desanima uma pessoa.
- Calma, tenho uma outra alternativa, um segundo alvo já que me parece que o primeiro evaporara no ar. Poucos perceberam mas aquele homem estranho que acabara de entrar possui um anel com uma pedra preciosa cravada sobre ele, que ouso dizer que se assemelha muito ou até seja a própria pedra que se apresenta no cordão do general Gawtler, a mesma pureza e beleza, pensei que jamais viria uma outra com essas mesmas características.
- Oh, sim... Agora a estou vendo, mas causar outra distração semelhante seria complicado.
- Não se preocupe, não precisaremos de mais distrações, afinal um anel não se rouba com a mesma facilidade que um cordão, esse artefato é consideravelmente mais difícil, quase não se da para furtar, apenas quando a vitima se relaxa em seu mais profundo sono deitado sobre sua macia cama, e para isso terei que segui-lo para encontrar sua toca.
- O que !? Será muito perigoso seguirmos seus passos, ainda mais nas ruas desertas e escuras de Lásvia, se ele nos descobrir, temo o mesmo castigo que um mortal sofre ao ver um demônio cara a cara.
- Novamente sua dedução esta correta, mas novamente peço para que não se preocupe, pois não desejo que venha comigo.
- Novamente dizendo asneiras, mesmo que me peça para ficar e que a esse pedido meu coração desesperadamente queira aceitar, jamais te deixarei sozinho, ainda mais com ele.
- Reconheço seu companheirismo novamente, mas meu desejo de ir a sós não é movido por esse fato, simplesmente pela questão de ser muito mais eficaz uma perseguição com poucos pessoas, nesse caso, uma estar de bom tamanho, o resto só iria atrapalhar, mais erros para se preocupar.
Provavelmente Jonathan retrucou algo, mas meus ouvidos firam surdos ao ver o estranho homem se levantando e se retirando do estabelecimento, estava na hora de me molhar.
- Veja Jonathan, o homem acabou de sair por aquelas portas, me espere aqui que logo voltarei com um presente precioso.
Estava preste a atravessar a porta quando escutei a voz de Jonathan vindo logo atrás.
- Tem certeza disso ?
- Quando não tive ?
Respondera ao mesmo tempo que atravessava a passagem aberta pela porta, antes que ela se fechasse atrás de mim, me separando da aquecedora taverna do Ratão, pude escutar a fraca voz de Jonathan se perdendo ao obstáculo da porta.
- Que Deus te ilumine...
Agora estava eu no meio de uma forte chuva, com pretensão de andar sobre ruas que só se iluminavam com os freqüentes fleches de luzes que pulavam dos relâmpagos, com intenção de perseguir um homem que agora já se apresentava um pouco distante de mim onde caminhava em direção as ruas de Lásvia e torcendo para que Deus não escute as palavras de meu amigo, pois toda escuridão irei precisar.
Perseguição é uma arte em que poucos tem sucessos, ainda mais nas condições de terreno que me encontro, ruas vazias, silenciosas e cheia de poças d’aguas, qualquer ruído será ecoado em dobro, e esse tipo de arte é como um jogo, não vencerá quem acerta mais e sim quem errar menos, e um ruído aqui nesse jogo é considerado um erro. Há dois tipos de perseguição, as em terrenos populosos, onde existem bastante pessoas e objetos para disfarça sua presença, capacitando até uma perseguição de curta distância, e as de terrenos vazios, sem pessoas e com ruas retas, a mais difícil das perseguições, que é justamente a que eu me encontro, capacitando apenas uma perseguição de longa distância, marcada pelo tamanho de uma esquina e outra que o alvo virar, fico o observando, quando ele virar uma esquina corro até ela e dela espero pacientemente até ele virar numa outra, e assim vai consecutivamente, torcendo que na próxima ele não vire numa muito próxima onde não dará tempo de chegar e observá-lo.
Meus olhos arregalam em impulso a visão vista por eles, pronto, a hora chegou, minha mão tremula levemente e a adrenalina começa a dominar meu corpo, levo minha mão até meu peito, percebo que meu coração bate freneticamente em excitação, um sentimento de prazer e medo ao mesmo tempo é injetado em minhas veias, um erro seria o fracasso, o sucesso a pura admiração, o jogo tinha começado, e sem perceber meus lábios abriram pronunciando o mais puro pensamento que naquele momento maculava minha mente.
- Ele virou...
Continua...