Abrem-se as portas para a 36ª justa! Com vocês, Mestre Shake e Pernalonga:
Autor: Pernalonga
Autor: Mestre ShakeVingança
- Se você pudesse ouvir cada passo da sua morte, podendo prever onde ela pisará e como o chão vai se comportar, você acha que ela seria mais intensa? Ou você ficaria mais confortável com ela? Sabe, sentir a profundidade negra do abraço vindo de forma lenta, finalizando com você e seu sofrimento, tirando-lhe a vida. Isso te irritaria? Te assustaria?
Ou é mais frustrante sentir a vida sair por entre os dedos sem nem ao menos notar como aquilo começou? Vendo cada gota de seu ser se esvair num processo eterno e rápido, sem poder controlar ou ao menos entender o que está acontecendo. E, quando você acha que está começando a entender, a idéia se perde, se desfaz como um castelo de areia, voando com o vento, desmontando algo que nem ao menos chegou a ser montado.
Eu fico olhando esse quarto e me pergunto como você se sentiria sabendo que depois de tudo aquilo, veio parar aqui. Não ouvir mais os risos finos e graciosos, não ver mais os cabelos finos e esvoaçantes ao vento, não sentir mais o cheiro de algo novo e imaculado, não poder tocar a seda da inocência. E as lágrimas? Daria tudo para ver sua reação ao saber que não poderá mais saborear o leve salgado das primeiras lágrimas de uma vida.
Às vezes entendo sua obsessão, remonto seu discurso... Quem seria a melhor pessoa do que eu mesmo para tomar um gole da inocência alheia? Não deixar que esse mundo sujo e corrompido acabe com os sonhos de uma mente limpa da forma cruel como fez comigo. Então deixe que eu mesmo faça da forma correta a ser feita, deixe que eu mostre como às vezes o prazer pode ser misturado com dor. Que o horror pode ser algo bonito, que as conquistas não passam de falhas disfarçadas... Desgraçado!
...
Merda... Machuquei seu braço...
- Eu imaginei todos os motivos, todas as desculpas, todos os prazeres que poderiam ter te levado a fazer o que fez. Sabe, demorei anos... Depois dos 10 primeiros em choque, crescendo com a dúvida e o medo, eu consegui superar certas barreiras: comecei a falar “Bom dia” novamente, a cumprimentar estranhos e a não ficar desconfortável na presença de adultos.
Mais alguns anos se passaram e o terror e receio se tornaram raiva. Apenas pura e simples raiva, ódio. Sabe, imaginei coisas que ninguém deveria imaginar, li livros que não deveriam ser publicados, testei coisas que fariam outros vomitar. Queria te atropelar, te esfaquear, atirar em sua cabeça, revirar a pela da sua mão com você vivo, retirar seus testículos pela garganta, te despedaçar, te trucidar, te destruir. Ah! Como eu queria fazer aquilo! Toda aquela raiva, todos aqueles anos de desespero, sem entender o porquê de aquilo ter acontecido transformada em puro e simples ódio!
...
Mas eu me controlei, tá vendo? Larguei sua garganta sem ao menos deixar uma simples marca. Eu não queria que aquilo se tornasse algo simples. Fazer você sofrer por algumas horas, gritar como se não houvesse amanhã, sentir a morte correndo para cima de você era algo estúpido. Eu não queria que a morte corresse, eu quero que ela caminhe, quero que você consiga ver seu rosto, seus dentes e enxergar sua cara de medo no reflexo dos olhos dela.
Para tal eu te observei, sabia? Ah! Eu te segui por muito, muito tempo. Oito anos aprendendo a sua vida, aprendendo o seu “você”. Vi o deleite do seu olhar ao encontrar um sorriso de leite correndo desengonçado. Eu realmente vi a felicidade em seus olhos.
Mas também vi o desprezo, o desespero e o escárnio em você. Não conseguia sentir o cheiro de algo vivido; o peso do mundo carregado nos ombros dos que já viram mais que algumas décadas é repugnante para você, não é? Como são nojentas as pernas bronzeadas e torneadas dos adultos, não? Como é desgostoso sentir o hálito de vários anos de vida... Tá sentindo? Percebe cada dia frustrante entre meus dentes, sente meu cheiro, percebe a minha parte de mágoa que carrego? Tá sentindo?!
- Hahaha! Você sabe que quando você olha para mim desse jeito eu só fico mais feliz! É uma coisa incrível essa medicina, não? Quem diria que um acidente de carro, algo que não poderia ser mais sem graça para uma morte me deu você de presente. E todos aqueles médicos e esses equipamentos? Graça divina! Não pode se mover, não pode falar, não pode responder, apenas os olhos podem expressar. Você não sente, mas eu sei que você sente. Eu sei que você sente...
A mulher se afastou da cama, enxugando a saliva no canto da boca. No quarto de hospital o barulho da máquina que servia de pulmão artificial e o bip do aparelho que monitora as funções cardíacas quebravam o silêncio. Num movimento lento, ela retira a franja ruiva do seu rosto branco, se recompõe e com o olhar fixo no homem deitado, dá meia volta em direção à porta.
- Amanhã usarei um perfume novo. Não fique ansioso.
E a mulher caminhou para fora do quarto, os estalos secos do salto ecoando pelos espaçosos corredores, inundando os ouvidos do homem.
O tema é pedofilia e a votação segue até o fim do dia 2 de fevereiro.Legalmente Idiota
Você sabia que há mais de cinco agravantes de pena com o abuso de menores só pelo Código Penal? É verdade. Eu sei. E fiquei sabendo da pior forma possível.
O nome dele era 240-D, o artigo que quase me presenteou com uma passagem só de ida para um clube de férias que oferece um tratamento muito especial para aqueles que se enquadram neste artigo da lei de Lei n° 8.069, de 13 de Julho de 1990. Parabéns Gabriel! Você acaba de crescer de forma culta ao saber o nome oficial do Estatuto da Criança e do Adolescente. Pena que tenha custado tão caro!
Não me leve a mal. Você deve estar, até aqui, me achando tão maluco quanto aqueles caras da NAMPLA (North American Man/Boy Love Association), mas eu vou explicar certinho o que de fato aconteceu. Uma pena essa explicação tão amorosa não ter sido vista com bom olhos pelo juiz, sendo necessário algo bem peculiar para que não me enfiem atrás das grades cheias de homens ansiosos por carinho e atenção.
Era sexta-feira à noite, um pouco depois de a aula ter acabado, em um show-bar que só tocava sertanejo. Crítico, não? Eu detesto aquele tipo de música, mas sejamos sinceros ao admitir a verdade que havia mulheres muito bonitas onde tocava essa música infame, como já diziam meus amigos também por perto. O que a vontade de ter uma namorada apresentável faz com a gente, não é? Era minha primeira vez na verdade, já que costumava me esconder atrás de estatísticas de acidentes por dirigir embriagado, o pavor da música sertanejo e a falsa sensação de que tudo aquilo é muito vulgar. Uma pena que nós homens em certos momentos temos nossa mente subjugada por forças ocultas, o que é um eufemismo que tive que usar para explicar ao meu bem vestido e sério advogado que, geralmente, os homens são guiados pelo pênis.
Sim! É verdade que fui lá querendo me afundar em mulheres bonitas (mais um eufemismo para o que eu realmente quis dizer: “gostosas”), de talvez copular com alguém de minha idade (estranhamente, este não foi um eufemismo tão bom quando saiu pela minha boca) e socializar. Essa era minha verdadeira intenção, Senhor Juiz e Senhor Cinzento e Engomado Advogado! Juro! Mas de adiantou? Uma cerveja e ela era apenas uma menina. Duas e ela começava a parecer sexy. Três e eu já achava que ela provavelmente poderia ter 19, afinal olhe o tamanho daqueles... Hum. Quatro e algumas doses de SKY e eu já estava lá conversando com ela. Que garota especial! Quase nem tentei me apaixonar por ela, como tinha dito meus amigos que, naquele momento, jaziam bêbados e semi-acordados em algum lugar do mundo.
Bastou àquela fugidinha na parte de trás do show-bar, um beijo de língua e um policial de índole celestial para me comprometer. De um modo gentil que só os policiais sabem fazer, ele pediu a idade da garota e acho que, com minha boa memória de bêbado, ela disse que tinha 13 quase completando 14. Acho que todo bêbado é otimista, porque achei que só iria ser levemente repreendido por isto, afinal essa menina tinha um corpo de 21! Mas meu infeliz erro foi continuar agarrando a bunda dela enquanto falava com o guarda que, por motivos bem definidos me levou a delegacia e registrou o que aconteceu.
Talvez a pior parte do que eu tenha passado foi ver meus amigos e familiares me olharem diferente em todo o processo, como se de fato eu fosse um pedófilo só porque estava sendo acusado de pedofilia. Pra falar a verdade fazia sentido, só que eu não era pedófilo! Era apenas o Desventurado Gabriel numa situação em que todos duvidam de mim.
“Senhor Juiz”. Um erro quase risível de minha parte. O que o Direito tem contra leigos que acham que podem falar olhando para o Juiz como se ele fosse o Lorde Supremo da Clemência? Quem me disse isso foi o gesto do meu Querido e Entediado Advogado ao passar a mão na cabeça. E como o “Senhor Juiz” foi irredutível ao acatar todas as decisões negativas contra minha pessoa. Esses caras não deviam despir-se de suas personalidades para julgar um caso concreto? Parece-me que este Juiz em particular, meu Assombroso Promotor e meu Cinzento Advogado tinham sido abusados sexualmente na infância para culminarem tantas provas contra mim.
Mas o que me salvou como tinha dito antes foi aquela força “peculiar”. Que sorte tive da menina ter quase 14 anos, porque 14 anos é a idade legal para o reconhecimento de algumas ações e obrigações civis (se é que beijo de língua seja uma ação civil). Nada disso adiantaria se o “quase 14” não significasse que faltava apenas dois dias para o aniversário da garota. Provavelmente não ganharia um pedaço de bolo e nem usaria o chapeuzinho colorido das festas, mas a explicação que ela deu em seus recém completados 14 anos foi suficiente. Ela teve a bondade de dizer que me seduziu e que não falou sua idade (esperta ela, devia saber que ela não seria responsabilizada em nada mesmo assim). Eu pareci um palhaço na excitante narrativa, mas foi o bastante para que o “Senhor Juiz”, em sua índole não tão celestial quanto do guarda que me prendeu, julga-se que eu era apenas um idiota que não soube diferenciar uma menina de 13 anos de uma “mulher” de 18. Para mim estava ótimo, melhor ser um conhecido idiota do que brincar de “caça ao buraco” na cadeia.
Mas era injusto mesmo assim. Afinal, reparem bem o tamanho daqueles..
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