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Tópico: [J.L] 34ª Justa Literária Bela~ x Martiny, Categoria Fênix

  1. #1
    Avatar de Ashirogi Muto
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    Padrão [J.L] 34ª Justa Literária Bela~ x Martiny, Categoria Fênix

    Tema: Coma
    As votações vão até o dia 25/01.


    Texto de: Bela~
    A onda

    Enquanto via o asfalto surgir em meio à fraca iluminação das ruas, eu massageava o volante. Meu característico jeito de dirigir, acariciando o carro. Endireitei-me sobre o banco e aproximei os dedos da saída de ar-condicionado para verificar sua intensidade. Satisfeito com a temperatura fresca do interior do veículo, descansei a cabeça no encosto e concentrei-me na música que tocava, do Pink Floyd.

    Começava lenta, em um ritmo sedutor. Não queria admitir, mas eu realmente estava sonolento. Wasting my time... - a trilha sonora colaborava para minha vigília ser mais dura ainda – Resting my mind... - sacodi a cabeça para afugentar o cansaço.

    Por sorte, as doses de bebida não tinham sido suficientes para confundir minha visão como da última vez. Já tinha prática naquilo, eu estaria em casa antes mesmo das três e meia. Relaxei, feliz com a noite que tivera. Pisquei mais algumas vezes para assegurar a atenção e segui por uma ruela que garantiria um bom atalho até meu destino.

    No entanto, as luzes do outro automóvel aproximaram-se rápido demais para que eu pudesse fazer algo.

    *****

    Respiração lenta e compassada. Ligeiramente confuso, sentia que estivera cochilando por muito tempo. Decidi abrir os olhos.

    A praia era belíssima: costa se perdendo no infinito, maresia envolvendo meu corpo estendido sobre a areia. Ouvi o canto de pássaros, o que me fez desejar ter asas para voar junto àqueles animais. Levantei-me.

    Espreguiçando-me longamente, comecei a andar sem pressa. O que era aquilo se movendo ao sabor das ondas? Nereidas? Meneando a cabeça, livrei-me do pensamento e ri de minha fértil imaginação. Continuei a caminhar sem um rumo definido, os pés descalços sentindo o chão morno.

    Tomado pelo desejo de ter o vento arrebatando o rosto, iniciei uma corrida pelo macio tapete dourado. Como era bom! Abri os braços e sorri à natureza que me envolvia. Senti que quase podia pairar como uma ave.

    *****

    A sirene da ambulância parecia vir de muito longe. Embora pudesse enxergar o veículo de socorro por dentro, minha visão era turva. Meus sentidos, aliás, estavam todos entorpecidos.

    - Bêbado, como era de se esperar.

    Ao escutar aquilo, minha vontade foi de defender-me e negar o fato de estar embriagado, mas as palavras não me ocorreram e minha boca continuou debilmente entreaberta. Assim, aguardei passivo o desenrolar de tudo.

    - Um, dois, já! - meu peito passou por um espasmo e senti levíssimo choque - Mais uma vez, vamos.

    Outra contração, desta vez mais fraca ainda. O desfibrilador parecia ser ineficiente. Naquele momento, o ambiente ao redor girou algumas vezes até que eu não escutasse ou visse mais nada.

    *****

    A desenfreada corrida me deixara ofegante. Parado, mãos apoiadas nos joelhos, testa pingando suor. Mirei a gigantesca porção azul. Por que não? Sem demora, livrei-me da camiseta encharcada jogando-a para o alto.

    Ansioso por mergulhar, dirigi-me a passos largos até a água. À medida que chegava mais perto, ia diminuindo o ritmo, até parar próximo à fria espuma marinha. Respirei fundo a brisa salgada e finalmente entrei no mar.

    A baixa temperatura serviu para renovar a energia perdida minutos mais cedo. Nadando para além da arrebentação, dei meu primeiro e prazeroso mergulho. Olhei para frente e vi uma esfera grandiosa e ígnea imergindo no horizonte. Sorri, em completo regozijo.

    Decidi retornar e comecei a bater braços e pernas. A correnteza lutava contra mim, mas pouco me importei. De um jeito ou de outro, sem demora sentaria sobre a areia e contemplaria a chegada da noite. Já estava um pouco próximo à orla, mas tudo aconteceu tão repentinamente que mal sei como narrar.

    A onda veio enchendo meus olhos, nariz e boca de sal. Tentei firmar os pés no fundo, mas não o encontrei. Procurei pela luz do sol, mas até esta havia me abandonado. Gritei, porém o som foi sufocado pelo peso de um oceano.

    Quando notei, era puxado pelo forte turbilhão e penetrava nas trevas vazias da inconsciência.

    Texto de: Martiny
    Cicatriz

    Já era o quarto dia em que ouvia os barulhos da máquina. O bip se tornara uma música de fundo interminável, junto com o ritmo pesado da respiração lenta de seu filho. Não saíra do quarto desde o acidente, que o levou ao hospital em estado crítico. Quase não dormira, não havia tomado banho - nem trocado de roupas -, comia pouco e apenas bebia o suficiente para repor as lágrimas. Seu marido havia morrido a dois anos atrás, quando seu filho único tinha apenas quatro anos, e pensara que aquilo seria a última dor que sentiria em sua vida.

    Estava lavando roupas com suas mãos gordas quando o telefone tocou. Deixou seu serviço para trás e foi a caminho do telefone, levando um susto no caminho ao ver seu filho, com sua fantasia de homem-aranha, correndo pela casa e derrubando, sem querer, outro vaso no chão. O barulho foi alto e o menino já estava com lágrimas de olhos.

    - Porra, seu moleque - e um tapa no rosto. - Quantas vezes já falei pra não correr na casa, seu inútil? - outro, - Agora vai na lavanderia pegar uma vassoura antes que eu te arrebente. - o rosto do menino estava vermelho de um lado, com as lágrimas transbordando. Saiu correndo com as mãos nos olhos, a fim de esconder a vergonha e enxugar o rosto, e sua mãe foi ao encontro do telefone, com sua irmã do outro lado da linha. Ela trazia notícias da recente encontro que teve com o novo namorado, falando como o homem não sabia como tratar uma mulher, e como ele teve a coragem de pedir que ela pagasse metade da conta do restaurante. Apesar da curta paciência com os assuntos fúteis da irmã, aguentou quatro minutos inteiros, até que a interrompeu e disse que deveria terminar de arrumar a casa. Desligou o telefone e foi nervosa para a lavanderia, pronta para dar mais um esporro pela demora a trazer a vassoura para a sala, quando se deparou com o menino caído dentro do balde de água fria em que usara para lavar as roupas. O nervosismo se tornou em desespero, e em menos de um segundo ela havia o menino em seus braços, vendo se ele ainda respirava. Com o pouco que sabia de primeiro socorros, jogou-o no chão e tentou fazer seu coração bater novamente, mas devido a seus grossos braços e desespero, quebrou uma de suas costelas facilmente. Ainda mais desesperada, correu para o telefone e tentou chamar a ambulância, mas não conseguia se lembrar dos números de socorro. Desesperada e com medo, saiu nas ruas gritando por uma ambulância até sentir sua garganta sangrar. Poucos instantes depois - que pareciam milênios -, a ambulância chegou e, após gritar palavras incompreensíveis e apontar para sua casa aos paramédicos, o mundo pareceu perder seu chão.

    Ao entrar na ambulância, não havia um músculo em seu corpo que não se contorcia em pânico. Observou sua fantasia de homem-aranha ser rasgada na área do peito, enquanto tinha que suportar ver seu filho ter o pescoço cortado, para logo em seguida um tubo de respiração entrar em sua traquéia. A cena foi horripilante; ainda podia ver o sangue do filho na navalha do paramédico, e não podia fazer nada além de chorar assustada. Podia ver um lado do peito roxo, devido à costela quebrada.

    Logo estavam no hospital, onde os enfermeiros tiveram que afastá-la do filho à força para que ele entrasse na UTI. Após perceber que não poderia vencer a luta, se desprendeu dos braços dos enfermeiros e sentou-se. Recusou calmantes e copos de água nas primeiras horas, mas logo foi cedendo. Estava mais calma quando finalmente o médico veio falar com ela.

    - Acompanhe-me, por favor. - O homem a guiou até o quarto em que o menino se encontrava, onde a sinfonia de bips, respirações e lágrimas começava. - Você seria a mãe do paciente?

    - Sou eu

    - Lamento informar, senhora, mas o quadro é grave. Devido ao longo período de falta de oxigenação no cérebro - sabe o que é oxigenação, senhora? -, seu filho se encontra desacordado, em coma. Os agentes químicos engolidos, o trauma na cabeça devido à queda e a costela quebrada ajudaram a agravar a situação. Infelizmente, as chances de sair do coma sem nenhuma sequela é quase nula. Calculamos que a chance de sair desse estado sejam pequenas, e que cada dia passado, menores as chances. Você me entende senhora?

    Não conseguia falar com clareza, apenas leves resmungos sem vida, que logo foram substituídos por um silêncio mórbido. O médico continuava falando, mas não conseguia prestar mais atenção. Logo ele havia ido embora, e ela agarrou a mão do filho e sentou-se ao seu lado. A cada profunda respirava do filho ela cultivava uma esperança de vê-lo acordar a cada segundo que passava. Apenas saia de perto do filho quando as enfermeiras precisavam inserir o cateter ou movê-lo, a fim de prevenir escaras (rezava todos os dias para que ele não ficasse tempo suficiente para que elas se tornassem preocupações reais). Os psicólogos do hospital com frequência vinham tentar animá-la, mas falhavam todas as vezes. Nem quando sua irmã conseguiu fazê-la abrir a boca novamente. Apenas conseguia pensar nos tapas que havia dado no filho, da forma que ele deveria ter caído no balde, com as mãos nos olhos, correndo sem ver onde pisa, humilhado por algo inútil como um vaso. Poderia facilmente trocar sua própria vida pelo filho, mas mesmo assim o fez se afogar por um mero vaso quebrado.

    Não conseguia dormir devido a consciência pesada; apenas cochilava quando seu corpo não possuía mais energia alguma. Chegou ao quarto dia em que estava naquele quarto. Pensava nas chances que o médico calculou, e como o passar dos dias diminuía as chances de recuperação. Implorava à Deus todos os dias, ajoelhava-se com a saia levantada durante horas, até que seus joelhos, ao passar dos dias, começaram a sangrar. Os funcionários do hospital ficavam cada vez mais preocupados com seu estado, até que um psicólogo entrou no quarto.

    - Tome, um copo d'água. Vai te fazer bem. - Apesar de no início ela parecer distante, logo ela cedeu, e aceitou a água. Começaram a conversar lentamente em como tudo aquilo não era sua culpa, e que deveria continuar a rezar. Quando perguntado sobre as chances do menino sair sem cicatrizes desse estado, o psicólogo agilmente mudou de assunto e começou a falar sobre Deus. Ela, religiosa, se sentiu reconfortada pelas belas palavras do homem.

    Inesperadamente, as máquinas mudaram de ritmo. Aceleraram de um ritmo lento para algo mais contínuo, e o psicólogo logo se levantou e chamou as enfermeiras. Pegou a mulher pelo braço e a guiou gentilmente para fora, enquanto médicos e enfermeiras entraram na sala rapidamente, em passos largos.

    - O que está acontecendo?! Me larga! - olhava para trás preocupada e tentava se livrar do homem.

    - Acalme-se, senhora, por favor. Deus está no comando - E, apesar de ainda poder ver os olhos preocupadas a mulher, sentiu que ela parou de reagir.

    Logo após alguns minutos, o médico sai, com um rosto sério. - Você pode entrar agora, senhora. Ele está acordado, mas...

    - Graças a Deus! - disse, interrompendo-o e entrando rapidamente no quarto, sem dar ouvidos. Viu os olhos abertos do menino e sentiu lágrimas de alívio saírem dos olhos, e colocou a mão nos cabelos do menino. - Mamãe te ama, ok? Me desculpe, me desculpe -. Suas palavras saíam ofegantes e baixas, como se elas sugassem toda a pouca energia que ela possuía. - Mamãe te ama muito, muito, muito, muito -, e abraçava o filho, molhando seu travesseiro de lágrimas. No meio do longo abraço, ouviu seu filho abrir a boca para tentar falar algo, mas tudo o que ouvia eram resmungos. Se afastou e olhou o filho novamente; ele estava com os olhos fixos nos dela, babando e fazendo sons incompreensíveis. Ela olhou para o médico, preocupada.

    - A falta de oxigênio no cérebro causou danos irreversíveis. O poder da fala foi perdida, assim como algumas funções nervosas e alguns retardamentos mentais. - Ela notou no braço contorcido do filho e a baba escorrendo em suas bochechas. - Me desculpe.

    Ela olhou para o filho retardado. O pobre menino de seis anos, que nunca mais conseguiria correr em sua fantasia de super-herói. Suas lágrimas de alívio se tornaram lágrimas de angústia, e sua garganta doía novamente pela tristeza. Olhou para os olhos do filho, inocentes, e depois para seu corpo, para as máquinas, para o braço, para seu cabelo... observava sua eterna cicatriz de culpa.
    Que se iniciem as votações!

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    Última edição por Ashirogi Muto; 23-01-2012 às 16:30.

  2. #2
    Avatar de Ldm
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    Os textos abordaram o tema de formas diferentes; um, prezou pela imaginação, viagem, a subjetividade do coma; o outro, distanciou-se da abordagem onírica e partiu pra algo mais real e concreto.

    A princípio, o primeiro conto me agradou muito, e pelas referências artísticas eu presumi que era do Martiny. E a abordagem conseguiu captar meu interesse, tentou trazer algo um pouco mais poético, mais ousado.

    Só que o segundo texto foi muito bom. Talvez tenha sido pelo momento em que li esse texto, não sei; o fato é que acabei de emocionando e, enfim, senti um carinho especial por esse conto.

    Por outro lado, "A onda" é simples demais, muito leve, faltou um soco na boca do estômago. Enfim, bem escrito, boa tentativa, mas não me convenceu.

    "Cicatriz" pecou na falta do sonho. Foi bem duro, talvez até dramático demais, quem sabe. Acho que senti falta de esperança, de compaixão, de irrealidade, de loucura.

    Espero que esse meu comentário não tenha soado como "ele tem de achar defeito em tudo?".

    Edit:

    E esqueci de anotar meu voto.

    "A onda" ( ) x (1) "Cicatriz"

    Abraços.
    Última edição por Ldm; 19-01-2012 às 02:23.


    "Este tem sido o problema dos místicos. Alcançam o Definitivo, mas não podem relatar aos que lhes vêm após. Não podem relatá-lo a outros, que gostariam de ter essa compreensão intelectual. Tornaram-se um com o Definitivo. Todo o seu ser o relata, mas a comunicação intelectual é impossível. Poderão dá-lo a ti, se estiveres pronto para recebê-lo, poderão permitir que o alcances, se também o permitires, se fores receptivo e aberto. Mas as palavras não farão isso, os símbolos não ajudarão, teorias e doutrinas não serão de uso algum."

  3. #3
    Eu não floodo. Você sim Avatar de Dard Drak
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    Os dois textos são parelhos mesmo com as abordagens distintas, a meu ver, mas escolho “A Onda” por ter sido mais bem trabalhado, unicamente por isso. A história de “Cicatriz” me envolveu mais, admito; porém não voto nele por conta do número considerável de errinhos de digitação, além de certas frases que não me agradaram – nesse último caso, é algo totalmente pessoal, mas é um detalhe que influenciou na minha escolha.

    "A onda" (1) x (1) "Cicatriz"

    Dard*

  4. #4
    Avatar de sirtchuck
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    sou extremamente sensível a certas coisas.
    Vou admitir que, por um momento, o primeiro texto me cativou.
    Tratar de algo sério, usando de sonhos ou experiências que só existem na mente da pessoa é fantástico. Acaba transformando o drama da morte, ou do coma, em algo mais bonito. Já estava bem convencido de que escolheria o primeiro antes de ler o segundo. Mas..

    Bom, o segundo texto é forte, tragédia, mãe com arrependimentos. Confesso que me escorreu uma lágrima na narrativa do desespero da mãe. Isso me marcou, me fez desejar que o garoto ficasse bem.

    Como só da pra votar em um,
    A onda [1] x [2] Cicatriz

    presente amigo secreto OFF 2013. VALEU SCKARR!

  5. #5
    Keep farming Avatar de Martiny
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    Citação Postado originalmente por Dard Drak Ver Post
    Os dois textos são parelhos mesmo com as abordagens distintas, a meu ver, mas escolho “A Onda” por ter sido mais bem trabalhado, unicamente por isso. A história de “Cicatriz” me envolveu mais, admito; porém não voto nele por conta do número considerável de errinhos de digitação, além de certas frases que não me agradaram – nesse último caso, é algo totalmente pessoal, mas é um detalhe que influenciou na minha escolha.

    "A onda" (1) x (1) "Cicatriz"

    Dard*
    Fala os errinho e frases estranhas pra mim, porque quando eu escrevi, era no bloco de notas, sem revisão e nem corretor ortográfico. E não leio meus contos mais de 2 vezes por uma vergonha estranha.


    Ldm, fiz um conto bastante duro porque minha irmã é psicóloga de um hospital (Santa Casa), e lida com as famílias de pacientes em coma. É muito duro, de verdade.




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    Última edição por Martiny; 21-01-2012 às 15:09.

  6. #6
    Avatar de Ashirogi Muto
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    E acabaram-se as votações. "Cicatriz" de Martiny ganha a batalha!

  7. #7
    Avatar de Bela~
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    Porra, Martiny, desse jeito você quer matar seus leitores de chorar.

    Mas talvez eu é que seja sensível demais para essas coisas ç______ç





    Excelente texto. Catarse satisfatória, já eu eu mesma senti o remorso da mãe. Pena mais que merecida :,)

    Como você pediu, aqui vão os erros que encontrei pelo teu conto:

    Seu marido havia morrido a dois anos atrás,
    Além disso, ponha "há" OU "atrás". Juntos eles configuram redundância.

    A cada profunda respirava respiração do filho
    Apenas saía de perto do filho
    Não conseguia dormir devido à consciência pesada;
    Implorava a Deus todos
    Gostaria de ler suas impressões sobre A onda também. Abraços!
    Última edição por Bela~; 26-01-2012 às 10:56.

  8. #8
    Avatar de Mestre Shake
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    Ok vamos lá:

    Começarei pelo texto do Martiny:

    Me lembrou Conan, o Bárbaro, essa sua história. Agora você deve estar pensando "WHAT THE FUCK?" mas é verdade e eu explico: no Conan, o Bárbaro, alvo de muita crítica negativa, existiu o que chamamos de "violência pela violência", que é quando você vê um filme de ação que se preocupa em mostrar violência de forma mais barata achando que algumas cabeças explodindo sejam, de fato, o máximo da violência quando não são. Um exemplo de violência é "O Resgate do Soldado Ryan", e, como bom cinéfilo que sou, uma violência absoluta ocorre na cena em que dois soldados de lados opostos se enfrentam numa briga de facas quando um consegue enfiar lentamente uma faca no peito do outro que praticamente implorava pela vida só pelo olhar. Aquilo é violência, uma violência absoluta. Ok, mas o que tudo isso tem a ver? Tem a ver que eu achei o seu texto algo como "drama pelo drama", do tipo que tudo de errado está acontecendo em tragetória cada vez maior. Começa com uma mãe sendo bruta e de cara você já sabe que ela vai pagar caro e amargamente por aquilo, termina com um filho com sequelas para sempre e, como se não bastasse no "drama para drama" ele tem apenas 6 anos! Veja bem que seu texto é um exemplo perfeito de uma vida muito desgraçada a ponto de ser previsível e chata. O drama verdadeiro que imita a vida real não é feito de desgraças. Aonde o mundo iria parar se todas as vidas fossem tão desgraçadas pagando tão caro num verdadeiro exemplo de "teoria do caos"? Claro que um coma é sempre bem vindo nessa teoria, o que é mais desgraçado que ser um vegetal? Só que a vida nunca tem um clima contínuo de infelicidade porque a própria infelicidade pode se tornar ritmo e virar algo normal (O Discurso do Rei, um bom exemplo disso), e não estou sendo otimista não! É pessimismo, porque quando se chega no ponto em que a infelicidade é comum é que você pode criar algo pior como uma falsa esperança, talvez. Ou até mesmo um final feliz para que o leitor se aliviasse, mas sentisse amargura pelo que aconteceu, não sei! Agora o "drama pelo drama" é acontecer tudo cada vez pior e cada vez mais perfeito para se tornar pior ainda, a ponto de uma mente se tornar louca. Isso é um drama apressado, entende? Uma ilusão de impacto que se tem contra o leitor com o objetivo de faze-lo pensar em como a vida pode ser uma merda, quando no entanto o drama serve para mostrar como é a vida de fato e é ai que entra o clichê para não dizer que sua história é surreal. Ela é real, mas é clichê. Um marido falecido, uma mãe com clássica amargura da vida e impaciência não justificada por ela mesma (tanto que ela sofreu muito depois), um menino de seis anos (a idade perfeita para acontecer alguma desgraça mais impactante) e um sofrimento quase punitivo para a mãe e, como se não bastasse, o filho dela nem morreu para que um dia possa haver a esperança dela superar, pelo contrário, ele sobreviveu com sequelas para que, por toda a eternidade, a mãe se punisse pelo que aconteceu. Se eu fosse o diabo eu estaria me matando de rir dessa mulher.
    Foi bem escrito, no entanto, só que por causa do que eu escrevi acima meu voto vai para a Bela.

    Porque:

    O texto da Bela pode parecer ter pecado na brevidade da história, mas eu acho que não. Mostrou o estado de coma de uma perspectiva de quem está nele e acho que foi bastante fiel. Não teve "drama pelo drama", pelo contrário, teve um verdadeiro drama que está em coisas simples desde o descaso dos médicos, ao descuido do motorista que tem uma família que o leitor nem sabe como é, de modo que cabe a ele imaginar e não desvendar no texto todos os níveis possíveis da desgraça humana. Reforço que gostei da simulação que a Bela fez do Coma, como quando ele tentou se defender do que o médico disse e não pode porque tinha perdido seu domínio sobre o corpo. Há algo pior que isso? Isso é algo triste ao meu ver, não a punição de alguém que era próximo à vítima e sim a própria vítima. Ela nem se preocupou em colocar lágrimas para lá e para cá porque já está tudo bem subentendido.

    Então meu voto vai para a Bela.
    Última edição por Mestre Shake; 26-01-2012 às 14:37.



    ~

    "The woods are lovely, dark and deep, but i have promises to keep and miles to go before i sleep."

  9. #9
    Keep farming Avatar de Martiny
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    Entendo o ponto do "drama pelo drama", mas não concordo. Apesar de meu texto ser dramático, não é a pior história que eu já ouvi. Minha irmã é psicóloga de um hospital e acompanha famílias de pacientes com coma. A minha história foi muito feliz se comparada com aquelas, foi sim. Pelo menos minha criança viveu, mesmo que seja como retardado - não é incomum encontrar crianças mortas nos hospitais devido a acidentes, seja afogamento, consumo de remédios ou qualquer outra coisa. Fui "bom" o bastante pra deixá-lo viver com os olhos abertos, já que há pacientes em coma durante meses - se não anos - naquele hospital, sejam crianças, adultos ou idosos, e com chances muito, muito pequenas de abrirem os olhos novamente. Há um paciente no hospital em que a mãe apenas perguntou "[sobra a hora de ele morrer]... é hoje? Já tenho o caixão comprado". Parece "drama por drama", mas é um caso real, aqui da Santa Casa de Curitiba.

    A história teve esperança. Ela esteve lá, dia e noite, chorando, esperando pelo melhor, como qualquer mãe faria. Achei boa a ideia de fazê-la uma mãe que bate nos filhos, como muitas mulheres de baixa renda brasileiras, e não de fazer algo "mamãe é perfeita". Apesar de uma mãe bater nos filhos, como eu já vi muitas vezes, o amor está lá. De forma brutal, mas está, e esse amor é refletido honestamente em casos de tragédia. Ao meu ponto de vista, o conto levanta questões sobre "violência na hora da educação", se é realmente algo que temos que defender (para os contra da Lei da Palmada), e também nos deixa - ou pelo menos me deixou - emocionado ao pensar na violência pelo ponto de vista do filho. Ele não tem culpa, mas leve tabefes por qualquer erro. Seria correto? Seria a melhor maneira de refletir amor que nós sabemos que ela sente? Por que não mostrá-lo enquanto podemos?

    Esse conto é um dos meus preferidos. Tenho orgulho demais dele, justamente porque apesar de ser depressivo, se refletirmos em termos reais, essa mãe foi bastante sortuda, e apesar de ser "forte" - não acho que realmente seja forte -, é com propósito.

    Vou corrigir os erros e comentar o conto da Bela~ em breve.

    (citando em exemplos de cinema, acredito que você até poderia chamar Pulp Fiction de "violência por violência" ou Réquiem para um Sonho "drama por drama", justamente por um explorar a violência "aleatória" e o outro "muito drama, sempre com o pior caso possível". E esses filmes resumem bem o que eu tento atingir em alguma obra)
    Última edição por Martiny; 26-01-2012 às 15:13.

  10. #10
    Avatar de Mestre Shake
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    Pulp Fiction tem sua violência presente nas pequenas coisas, como eu já disse antes. Desde uma frase bem colocada como "Você viu o tamanho daquela arma?" até um cara morto no chão. É uma boa violência. Requiem é um exemplo bom de "drama por drama", mas a feliz sorte é que foi muito bem planejado os pontos de suspense da trama.

    Talvez eu tivesse ignorado o "drama pelo drama" se o final fosse diferente, até mesmo com o filho morto. Achei muito pior ele estar vivo e é óbvio que aquela mãe será obrigada a cuidar de um filho retardado até o resto da vida e, cada vez que olhar pra ele, ela vai se sentir incrivelmente culpada. Como eu disse, se eu fosse o diabo, estaria me matando de rir. É uma história que só acontece desgraças com o objetivo que pense-se em uma vida desgraçada. O drama tem uma essência muito mais profunda e menos "explicita", tal como é a vida real.

    PS: Um ponto que me fez desacreditar é a costela quebrada. É muito mais fácil uma costela quebrar na junção com a barriga, abdome e etc, mas o coração fica um pouco mais longe disso não? Em uma área que as costelas são mais juntas (bem mais juntas) e grossas. Perfurar uma costela naquela área é perfurar o pulmão praticamente. Ou ela tentou salvar o menino massageando sua barriga ou martelou seu peito, o que sem dúvida iria comprometer o pulmão já danificado e levar o menino a morte. Achei meio irreal essa parte.

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    Última edição por Mestre Shake; 26-01-2012 às 15:27.



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