Infelizmente, o companheiro Steve não entregou seu texto D:
Parabéns, Perna, em breve confeccionarei sua pena. \o
Quad-skates
O restaurante.
As saias rodadas pareciam mais curtas com a velocidade que as meninas patinavam por entre as mesas. Os patins artísticos “quad-skates” de rodas vermelhas e tecido rosa riscavam com poeira o chão de revestimento acrílico bem polido.
Nada parecia mais gracioso.
- Ei! Psiu! - O careca da mesa quatro chama a garçonete que atende a mesa seis. Esta responde com o indicador levantado, pedindo um segundo.
O careca faz barulho com o canudinho, puxando ar do copo vazio.
- Sim, em que posso ajudar? – fala a garçonete.
- Sabe quem você me lembra? Aquela menina que faz aquela série de TV sobre universos paralelos e tal.
Ele dá mais uma sugada no canudinho fazendo mais barulho, mantendo o olhar na garçonete.
- Esse teu jeito meio sério, carregando um olhar do tipo: “Vou resolver essa parada!” misturado com “Caceta! Quero minha mãe!” deixa você igualzinha a ela...
- O senhor quer pedir mais alguma coisa?
- Exceto pelo seu cabelo... Tá certo que você também é loira, mas o seu liso não é como o dela. As pontas do seu cabelo são ondulados...
- Senhor, deseja mais uma coca-cola?
- E também está meio avermelhado... Você freqüenta praias?
- Senhor... – ela para de falar, incrédula. – Perdão?
- Perguntei se você gosta de praias.
- Ah, sim! Gosto, gosto sim.
- Pois seus cabelos têm pontas avermelhadas. Sabe, não é daqueles que você vai ao salão e pede pra pintar. É igual àqueles de quando fica na praia, ou no sol, por muito tempo.
A garçonete olha para o seu próprio cabelo de forma tímida, ainda tentando entender a situação.
- Sabe, eu tinha uma prima, Carla o nome dela, que gostava muito de piscina. Ela tinha o cabelo claro também, não tão loiro como o seu, mas era um claro bonito, com as raízes meio acastanhadas. Enfim, ela passava muito tempo na piscina que a gente tinha atrás da nossa casa. Sabe aquelas piscinas de plástico?
O careca para de falar e vê que a garçonete olha para ele de uma forma não tanto amigável.
- Pois bem, eu tenho uma proposta. – recomeçou ele, ignorando o que estava falando antes. – Mas antes eu quero mais uma coca-cola e uma porção de nachos, por favor.
- Tudo bem senhor, só um instante.
A praia.
As ondas escuras batiam de forma tímida. Molhando a areia em algum ponto que a luz da lua não deixava visível.
As mãos magras brincavam com a mexa de cabelo loiro, fazendo pequenos cachos nas pontas avermelhadas.
- Olhando assim, você nem parece tanto com ela. Seus olhos são castanhos e seu maxilar é mais feminino. – ele fez uma leve pausa, virando o maxilar dela em direção ao seu rosto. –Acho você mais bonita, em certos aspectos.
O sorriso mórbido no rosto da garota não se modifica. Sua cabeça, recostada no colo do careca se move duramente quando este se reacomoda na areia.
- Sabe a minha prima que eu tava falando mais cedo? Então... Ela vivia nessa piscina que a gente tinha. Mesmo se tivesse nublado, ela enchia a piscina pra poder brincar. Acho que foram dois anos intensos de piscina até ela furar... Meu tio, o pai dela. Ele devia ter uns 110kg na época, tentou pular na piscina e ai ela arrebentou.
- Mas essa prima, apesar de ter ficado muito triste quando a piscina teve seu fim, ela ficou com o cabelo lindo. Assim como o seu. As pontas avermelhadas de forma natural, com alguns fios mais vermelhos que outros; outros fios nem sequer pegam cor. Lindo mesmo.
A garçonete não respondeu.
- Uma pena... Uma pena mesmo. – falou o careca.
O balconista.
Numa loja de conveniência, o balconista e uma criança olham para a televisão. Nela, uma repórter lê o seu texto enquanto imagens de uma das praias da região são mostradas.
- Testemunhas do restaurante “Grillizbacon” afirmaram que viram a garçonete saindo com um homem desconhecido do local. Colegas de trabalho também disseram que nunca tinham visto tal rapaz.
O menino se equilibra na ponta dos pés e coloca duas barras de chocolate e uma nota de dois reais em cima do balcão. O balconista olha para ele e fala:
- Dá um e oitenta, grande.
- O chefe de polícia não quis dar detalhes, mas afirmou que a vítima não sofreu nenhum tipo de abuso sexual.
A caixa registradora passa a compra e cospe a gaveta de dinheiro. O vendedor levanta da sua cadeira atrás de balcão e devolve os vinte centavos com os dois chocolates para a criança.
- O crime ocorreu por volta das 11 horas da noite e, segundo moradores da área, nenhum disparo foi escutado.
Ao sentar em sua cadeira, o balconista pega o controle remoto e troca de canal.
A proposta
- Sua coca, senhor. – falou a garçonete enquanto parava seus patins ao lado da mesa quatro.
- Eis minha proposta: eu aposto que consigo te levar na praia mais bonita dessa cidade hoje à noite.
- Os nachos já ficarão prontos. Mais algum pedido, senhor?
- Não me ignora, poxa! Eu sei que você gosta de praia, mesmo sendo branquinha assim... Eu conheço uma que a lua fica no meio do mar nessa época de ano. Olha pra cima!
O careca olhou para cima energicamente, seguido de forma desconfiada pela garçonete, que virou sua cabeça lentamente como se tivesse indo ver algo que ela sabia que não existia.
- Hoje é dia de lua cheia e ela vai ficar perfeita no meio da noite. Olha onde ela já está. – falou o homem apontando para o grande ponto branco, quase imperceptível naquele céu azul.
Ele virou o olhar para ela, pegou a coca e levantou as sobrancelhas.
- E então, você sai às 8?
Ela apenas sorriu.
Os patins.
Duas horas depois de a lua ter sido engolida pelo horizonte e as ondas escuras que tentavam engolir a praia só podiam ser vistas pelas luzes da rua que acompanhava a costa, a garçonete de cabelos loiros com pontas avermelhadas ainda jazia deitada na areia.
O vermelho do cabelo se misturou com o vermelho da areia, fazendo com que o loiro de sua cabeça se misturasse com o sangue fino que escorria.
No centro do seu peito, entre seu crachá e uma pequena mancha de ketchup, uma pequena faca se encontrava cravada.
O fio de sangue subiu pelo pescoço, percorreu sua nuca e manchou a areia branca de vermelho. Nesta, as pegadas se desfaziam com o vento que levava a noite e fazia uma das rodinhas dos patins girarem.
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