Infelizmente, o cavaleiro Horelo não se apresentou, mesmo com o prazo estendido para que ele pudesse escrever. Esperamos que não tenha morrido, mas não dá pra esperar pra sempre.
Aqui vai apenas o texto da Bela~. O tema é Pesadelo.
A seca realidade de um Martini
A brisa acanhada lambia seu rosto com gentileza. Encontrava-se em tão agradável estado de dormência que a voz a seu lado pareceu-lhe distante:
- Deseja algum drinque, Senhor?
Em tom arrastado, respondeu à mocinha uniformizada que queria uma dose de Martini. Tal qual um rei, espreguiçou-se na cadeira larga e contemplou, uma vez mais, o horizonte que se descortinava à sua frente. Era como em algum filme que vira tempos atrás, só não lembrava o nome. Os bangalôs ao longe, o entardecer emoldurado por taças de haste fina e a mistura fragrante de mar com aroma de bebidas caras. Estalou a língua de prazer incontido.
Em uma mesa próxima, um grupo de homens de meia-idade. Percebeu que sua conversa alternava entre a Bolsa e o destino da empresa, o que o fez esboçar sorriso discreto. Aqueles não sabiam mesmo jogar o jogo da vida, não se desligavam do mundo por um só instante. Coitados. Que assuntos de seriedade fossem deixados para o almoço, o pôr-do-sol fora feito para as futilidades essenciais ao corpo e à mente.
Foi entre um gole e outro da dose que admirou a esfera alaranjada deitar-se sobre a água. Degustou com calma, sabia bem ser um apreciador da arte alcoólica. Quando caiu a noite, veio o vento frio e ele decidiu que era hora de se recolher. Caminhou pelo píer quase vazio, não fosse por um casalzinho que formava uma única silhueta na sombra.
No quarto amplo do hotel seis estrelas, a meia-luz. Despiu-se sem demora e se jogou na cama macia. Não tinha muito sono, mas a vontade boa de fechar os olhos e deleitar-se com o vácuo do silêncio. Relaxou e, no instante seguinte, tirava um cochilo leve.
Passos apressados, buzinas irrequietas. De repente, sentiu seu corpo gelado, o que contrastava com o calor terno de minutos antes.
- Acorda, vagabundo! Vai trabalhar, que eu não quero desocupado na frente da minha padaria, não.
Sob os cutucões do velho português, o maltrapilho endireitou-se e esfregou o rosto marcado pelo sono. Resmungando, apanhou o papelão em que estava deitado e recolheu seus trapos sujos. De fardo nas costas e pés descalços, caminhou sem rumo, sentindo o gosto de um Martini que nunca provara. Acordou, começava o pesadelo.
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